Circuncisão: boa para a saúde ou ato bárbaro?
Por Natasha Romanzoti em 2.05.2011 as 22:39
Circuncisão é a remoção cirúrgica do prepúcio (dobra de pele) do pênis de um bebê. Essa prática, muito antiga, é o centro de um debate na sociedade. Seus defensores clamam seus benefícios para a saúde, citando sua história como ritual religioso e alegando que previne a propagação da AIDS. Já seus opositores argumentam contra a natureza bárbara do procedimento e querem banir a prática de vez do mercado.
A circuncisão começou como um ato ritual entre os egípcios, em 2.500 a.C., e mais tarde foi incorporada pelo povo judeu. A operação marca a passagem de um menino para a masculinidade. Outras razões incluem: uma marca para distinguir aqueles de maior status social; uma “menstruação” do sexo masculino, ou sinal do início da puberdade; e uma forma de desencorajar a masturbação.
Desde então pessoas de muitas fés começaram a seguir esse exemplo. A circuncisão é agora o procedimento cirúrgico mais realizado em homens nos Estados Unidos. Em uma pesquisa de 1999 a 2004, 79% dos homens relataram ser circuncidados.
A circuncisão é acreditada para prevenir doenças como o HIV. Há algumas evidências de que ela reduz o risco de transmissão de AIDS em relações de homem com mulher.
O mecanismo proposto é que a circuncisão remove as chamadas células de Langerhans do prepúcio, que são mais suscetíveis à infecção por HIV. As células de Langerhans são equipadas com receptores especiais que podem permitir o acesso do HIV no corpo.
Três estudos publicados em 2009 revelaram que homens circuncidados tinham 54% menos probabilidade de contrair HIV. Os testes incluíram mais de 11.000 homens na África do Sul, Uganda e Quênia.
A prática também pode proteger as mulheres. Uma pesquisa com mais de 300 casais na Uganda, em que o homem era HIV positivo e a mulher não, mostrou que a circuncisão reduz a probabilidade de que a mulher seja infectada em 30%.
Embora a prevenção do HIV se torne um bom argumento para a circuncisão em países em desenvolvimento, não é tão forte nos Estados Unidos. A eficácia da circuncisão se aplica apenas para o sexo peniano-vaginal, o modo predominante de transmissão do HIV na África, enquanto que o modo predominante de transmissão sexual do HIV nos Estados Unidos é sexo anal-peniano (entre homens).
Quanto a complicações médicas, uma revisão de 52 estudos de 21 países afirmou que a circuncisão de crianças por profissionais treinados experientes raramente mostra resultados adversos para a saúde.
Por exemplo, os pesquisadores descobriram que entre aqueles com idade inferior a um ano, havia apenas 1,5% de risco médio de efeitos adversos, como sangramento excessivo, inchaço e infecção. Complicações graves são muito raras.
Ainda assim, os contra estão agindo com veemência: nos EUA, existe uma proposta de proibir a circuncisão em São Francisco com mais de 12.000 assinaturas. Se a petição tiver assinaturas válidas suficientes, a proibição vai aparecer nas urnas nas eleições de novembro. Isso tornaria a circuncisão de qualquer homem com idade inferior a 18 uma infração, sujeito a multa e prisão.
De acordo com o líder da proposta, a circuncisão é uma cirurgia extremamente dolorosa e que danifica permanentemente, sendo forçada sobre os homens quando eles estão mais frágeis e vulneráveis.
Instituições americanas de saúde não concordam que o procedimento seja doloroso. Segundo eles, dados mostram que com anestesia a maioria das crianças não tem nenhuma reação de dor objetiva. Além disso, a proibição da circuncisão pode ser uma medida extrema demais, especialmente porque o procedimento não é obrigatório.
De qualquer forma, os dois lados ainda têm muitas perguntas a responder e argumentos a convencer. [LifesLittleMysteries]
http://hypescience.com/circuncisao-boa-para-a-saude-ou-ato-barbaro/
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