Mulheres frígidas
Especialista esclarece os mitos que permeiam a vida sexual de algumas mulheres
Por Ilana Ramos
15/08/2011
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Apesar de toda a revolução cultural e sexual do último século, alguns assuntos continuam sendo tabu. Na década de 1980, a banda Blitz lançou a música "Betty Frígida", que ironiza o fato de uma mulher não conseguir relaxar e transar com o seu parceiro. Vista muitas vezes por um ângulo pejorativo, a frigidez feminina é um termo amplo e que aborda diversas formas de dificuldade sexual feminina, bem como as causas para a sua ocorrência. O primeiro passo para tratar o problema é deixar o preconceito de lado, garantem os especialistas.
Não gostar de sexo? Não conseguir atingir o orgasmo? Muitos conceitos ambíguos e pejorativos tentam explicar o que é, afinal de contas, a frigidez feminina. Segundo Oswaldo Rodrigues, psicólogo e sexólogo e coordenador de pesquisas do Grupo de Estudos e Pesquisa do Instituto Paulista de Sexualidade (GEPIPS), "a frase 'frigidez sexual' era usada até a década de 1970, quando os profissionais que atuavam com psicologia e sexualidade perceberam que frigidez poderia se referir às formas de inibição do desejo sexual, dificuldades de excitação que também produziam dores durante a penetração e/ou dificuldades em obter orgasmos. Desta forma, a expressão “frigidez” somente será usada hoje quando existir um objetivo moral de hostilização contra a pessoa a quem se refere".
A capacidade de expressar a sexualidade é inata a todas as mulheres, exceto por raras exceções, e Oswaldo explica que as alterações desse sentido são geradas ao longo da vida sexual. "As mulheres com queixas sexuais desenvolvem esses problemas ao longo da vida, seja por não desenvolverem as qualidades sexuais, seja por outras dificuldades e barreiras emocionais que as impedem de sentir prazer sexual. Essas dificuldades sexuais femininas são, na maioria das vezes, de ordem psicológica. A esfera dos problemas psicológicos envolvem dificuldades de expressão emocional, processos cognitivos inadequados e patológicos, dificuldades de relacionamento interpessoal, problemas conjugais, emocionais (em especial ansiedades e depressões)", diz ele.
A frigidez pode referir-se à inibição do desejo sexual, mas muitas mulheres ainda conseguem transar, mesmo sem vontade. "Esta mulher pode aprender a transar, desenvolver o comportamento que permite a penetração, mas apenas o faz, sem que exista um desejo sexual coerente, e que geralmente não produz prazer ou satisfação erótica. Muitas mulheres compreendem que é um dever delas fazerem sexo. Em nossa cultura, legalmente, as pessoas casadas têm a obrigação de manter relacionamentos sexuais. Assim, muitas mulheres que não têm desejo, motivação sexual, e sabem que precisam fazer sexo, o fazem, o que não melhora o mal estar. Deixar de fazer também não resolve, produzindo a manutenção do problema sexual", explica Oswaldo.
Por ser uma dificuldade sexual com causa muitas vezes psicológica, o tratamento deve seguir a mesma ordem. "O tratamento da dificuldade sexual depende do que diagnosticamos. Para as causas psicológicas, o tratamento será a psicoterapia focalizada na sexualidade, preferencialmente com a participação do parceiro sexual nas consultas, que são chamadas de sessões. As sessões são semanais, muitas vezes intercalando as individuais com as de casal. A mulher deverá compreender como se dá o funcionamento psicológico e como precisa mudar. Em paralelo, o casal precisa desenvolver formas de interação que facilitem o comportamento sexual desejado pelo casal. Semanalmente, as vivências serão questionadas para que a mulher tenha a compreensão e a integração das questões envolvidas no problema sexual e possa produzir modos novos para a superação da dificuldade sexual", conclui Oswaldo.
http://www.maisde50.com.br/editoria_conteudo2.asp?conteudo_id=8390
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