Amor e Sexo entre Primos.
Oswaldo M. Rodrigues Jr.
O relacionamento e mesmo casamento entre primos é historicamente comum e depende de circunstâncias sociais e culturais.
O relacionamento amoroso e sexual entre primos é mais comum em sociedades menores e que mantém regras restritas e pouco movimento social entre grupos, classes e dos membros para fora do grupo.
Em nosso país são três circunstâncias onde ocorrerão relacionamentos entre primos:
- comunidades pequenas e isoladas – pequenos povoados no interior do país onde a possibilidade de relacionamentos se restringe aos próprios membros da comunidade que são, em muitas situações, da mesma família. A proscrição de irmãos se envolverem é mais forte, e mais impositiva do que entre primos, permitindo, na falta de outras pessoas, o relacionamento destes.
- famílias de costumes que incluem o relacionamento e casamento entre primos. Assim são os libaneses radicados no Brasil. Casarem-se os primos ocorre com frequência, e muitos ao redor nem se apercebem.
- restrições dentro do grupo familiar que facilitam o encontro de primos em vários momentos entre a infância e a adolescência através dos quais as necessidades sexuais e afetivas encontram como serem satisfeitas. Uma valorização dos padrões morais intragrupo facilitam a aproximação dos primos.
Na adolescência é quando aparecerá de modo a possivelmente preocupar conhecidos e familiares, pois as brincadeiras anteriores, de infância, serão consideradas “brincadeiras de criança”, e é justamente quando os adultos ensaiam como devem viver no futuro...
As reações familiares ocorrerão de acordo com os padrões morais de cada família. Os padrões morais são as regras que a família e cada família reagirá de acordo com estas regras.
As regras são percebidas como formas de defender a família, cada dos indivíduos e o mundo todo ao redor. Então por mais sofrido que seja a aplicação das regras, elas parecem certas para a família.
A princípio não fará sentido para a família deixar de aplicar as regras, mesmo que sejam sanções para este membro que deseja relacionar-se com um(a) primo(a).
Quando um filho ou filha está se tornando social e economicamente independente terá facilidade de impor-se aos familiares na tomada de decisões de estabelecer relacionamentos, com quem namorar e casar.
Muitas vezes, no entanto, podem os primos manter um relacionamento escondido das famílias e preferirem manter assim. Às vezes estão aguardando um momento que consideram seria útil para contar à família, o que pode conduzir ao rompimento pelo relacionamento não conduzir ao que ambos procuram.
Quando os dois dependem das famílias de origem, provavelmente não se mostrarão, pois sabem que estão quebrando regras sociais e familiares.
Raramente falarão, e quando falarem podem receber uma negativa, e precisarão aprender a lidar com a frustração de não poderem empreender um futuro juntos.
Sempre será mais fácil assumir o relacionamento quando forem socialmente e economicamente independentes.
Enfrentar as regras sociais, negando-as trará a autopercepção negativa. Com esta forma de se perceber, outras formas negativas serão acrescidas à identidade pessoal, permitindo-se a ser errado em outras situações e continuando a viver problemas.
As adaptações ao mundo facilitam os relacionamentos com o mundo, e vice-versa.
A moralidade ocidental contrária aos relacionamentos entre primos divulga há longo tempo que estes casamentos trariam problemas genéticos, fazendo-o de tal maneira que seria como se sempre ocorressem estes problemas.
Sim, existe aumento de possibilidades de problemas genéticos, mas parece que nem tanto, ou populações inteiras de judeus e libaneses teriam muito problemas genéticos, além de serem muito parecidos no visual. Problemas genéticos existentes numa família são multiplicados na prole de primos. Isto é observado em pequenas comunidades que produziram aumento de consaguinidade por falta de outras pessoas permitindo variação genética.
Genericamente não sobram grandes circunstâncias da repressão aos primos para os filhos que vierem a ter. Serão integrados às famílias, que manterão a sanção para que não ocorra novamente um relacionamento entre primos.
Precisamos lembrar que a humanidade toda da atualidade descende de um grupo relativamente pequeno de uma época em que sobreviveram perto de dez mil humanos há muitos milhares de anos. Isto produziu uma restrição da variação genética possível. Assim, desde as pré-história mecanismos sociais precisaram ser desenvolvidos para coibir a proliferação de problemas genéticos. Uma destas formas é reforçar a proibição de casamento de primos, mesmo que continuem acontecendo
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