quinta-feira, 10 de março de 2011

Sexualidade é assunto de criança - Saúde e Ciência - Extra Online

Sexualidade é assunto de criança

Tatiana Clébicar - O Globo Online Tamanho do textoA A A


Quando falar de sexo com as crianças? Como explicar por que há meninos que gostam de meninas e meninos? Por que alertar para os riscos de abusos sexuais? Para responder a questões com as quais nem sempre os pais lidam bem, a psicanalista Maria Cecília Pereira da Silva reuniu artigos de especialistas em crianças e adolescentes no livro "Sexualidade começa na infância" (Casa do Psicólogo). Doutora pela PUC-SP e membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise, Maria Cecília defende que os conceitos aprendidos e as experiências vividas na infância serão determinantes na vivência da sexualidade na idade adulta. Por isso, pais e professores têm de estar preparados para lidar com o tema com naturalidade e seriedade. Leia aqui orientações para pais e professores.

- Os pais transmitem seus valores sobre a sexualidade mesmo sem nada a dizer. Se estiverem à vontade para conversar sobre sexualidade com as crianças desde cedo, provavelmente, os filhos terão mais liberdade e prazer na vida adulta.

Para a médica o mais importante diante de uma pergunta é entender o criança quer saber. E não há limites de idade para se tocar no assunto. A curiosidade da criança é o que define quando é a melhor hora de conversar sobre sexo ou outros temas:

- Ao compreender o tamanho e o conteúdo da pergunta, é preciso dar uma resposta cientificamente correta e objetiva e corrigir informações erradas. Responda sempre, mesmo que seja para dizer que não sabe. Nunca diga "quando você crescer, eu respondo", "pergunte ao papai quando chegar", "pergunte à sua mãe", "isso é coisa de mulher", "foi a cegonha que te trouxe", ou "não tenho tempo agora".

Reprimir é um perigo

Ela alerta que as conseqüências da repressão podem ser danosas para todo o desenvolvimento da curiosidade existencial.

- Se não podemos saber de onde viemos, não podemos investigar o mundo. Além disso, conforme o nível de repressão toda possibilidade ao prazer na vida fica interditada - diz ela, acrescentando que os pais devem tratar a descoberta da sexualidade pelas crianças de maneira acolhedora, porém firme. - Por exemplo, uma conversa particular com a criança que se masturba em situações de grupo pode ajudar. Os pais devem explicar que alguns comportamentos íntimos, que dizem respeito apenas à própria pessoa, devem acontecer em lugares reservados, com privacidade. Como outras normas de convivência social, as crianças rapidamente entendem a diferença entre o que pode e o que não pode ser feito em público e procuram se adequar a elas.

Programa de TV tem hora

Maria Cecília enfatiza que a brincadeira é a forma que a criança encontra para dar vazão à sua curiosidade sexual. Mas alerta: brincadeiras repetitivas podem ser sinal de que algo não vai bem. Ela critica ainda o excesso de estímulos sexuais em programas de TV ou na internet. (Vote aqui: Você conversa sobre sexo com seus filhos?)

- Programas com muito estimulo sexual criam uma excitação na criança com a qual ela não é capaz de lidar - afirma, comentando a polêmica envolvendo personagens do universo infantil como Harry Potter e o dinossauro Barney nos quais alguns pais e estudiosos enxergavam tendências homossexuais. - As questões de gênero podem ser trabalhadas a todo o momento na sala de aula ou fora da escola. é importante tomar cuidado com as fantasias e projeções dos adultos, evidenciando muitas vezes preconceitos, sobre as brincadeiras e programas infantis. Acredito que o mais importante é que as crianças tenham modelos masculinos e femininos para se identificar e conte com adultos críticos para conversar sobre aquilo a que assiste. Lidar com as diferenças é muito importante e todo o tempo as crianças se deparam com elas no seu dia-a-dia, inclusive com meninos que brincam de boneca e meninas que não largam a bola.
http://extra.globo.com/noticias/saude-e-ciencia/sexualidade-assunto-de-crianca-662530.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário