02/09/2013 - 15:19
"As disfunções sexuais são um problema comum a ambos os sexos", alerta Carlos Rabaçal, director do Serviço de Cardiologia do Hospital de Vila Franca de Xira, adiantando que um inquérito internacional, conduzido em vários países dos cinco continentes, revela que 28% dos homens e 39% das mulheres são afectadas por um qualquer distúrbio do foro sexual, avança o portal Vital Health.
Em Portugal, dados do estudo Episex sugerem que as disfunções sexuais, embora com uma prevalência elevada no homem (24%), são muito mais frequentes na mulher (56%).
Carlos Rabaçal, que desenvolveu o tema "Disfunção sexual e doença cardíaca" na reunião "3rd Challenges in Cardiology", em Leiria, lembra que, se atendermos às várias entidades que compõem as disfunções sexuais, chega-se à conclusão de que o homem é mais frequentemente afectado por problemas relacionados com a excitação e o orgasmo, enquanto na mulher, além dos problemas ligados à excitação, existem também os que se prendem com o desejo, o orgasmo e as síndromes dolorosas.
"No homem, as entidades mais comuns são a disfunção eréctil (DE) e a ejaculação prematura. Na mulher, de uma forma mais equilibrada do que no homem, identificamos os problemas relacionados com o hipodesejo sexual, mas também com a própria excitação sexual, com o orgasmo e a dor", adianta.
Embora as disfunções sexuais sejam mais comuns na mulher, a verdade é que os estudos têm sido mais aprofundados no homem. Esta situação resultará, no seu entender, do simples facto de estarem disponíveis, desde há 10-15 anos, terapêuticas eficazes para o tratamento de alguns destes distúrbios do homem, contrariamente ao que acontece com a mulher.
Adicionalmente, o especialista explica que a relação entre as disfunções sexuais (em particular, a DE) e as doenças cardiovasculares também está mais bem estabelecida e estudada no homem.
Base fisiológica e molecular
"Para compreendermos o que é a DE, é necessário entender os mecanismos subjacentes à função sexual normal no homem", concretiza Carlos Rabaçal, acrescentando que, para isso, é necessário ter a noção de que "muitos destes fenómenos com expressão no corpo têm uma base fisiológica e molecular que se encontra bem estudada e que se prende com a biodisponibilidade de óxido nítrico (NO) nas células musculares lisas dos corpos cavernosos e das artérias do pénis do homem.
Por outro lado, indica, "subjacente à DE, poderá existir disfunção endotelial, entendida como o denominador comum das doenças cardiovasculares e da DE. Em comum, estas patologias dependem, ainda, dos mesmos factores de risco, particularmente os major (diabetes, hipertensão, dislipidemia e tabaco)".
"No grupo de indivíduos em que é possível fazer o diagnóstico de DE, na maior parte dos casos, esta detecção é feita de um modo simples, através da resposta a um inquérito padronizado, também validado em Portugal", afirma, adiantando que, fazendo apenas cinco perguntas, é possível determinar o seu diagnóstico.
"A partir daqui, temos a noção de que estamos a olhar para um doente que tem uma probabilidade elevada de sofrer um evento coronário no espaço de 3-5 anos e que, por isso, faz sentido considerá-lo de risco e controlar todos os factores de risco de forma muito rigorosa", refere Carlos Rabaçal, concluindo: "Se ambas as patologias têm a mesma base, é fácil entender que um paciente com uma qualquer doença cardiovascular – enfarte ou AVC, por exemplo – tenha uma probabilidade maior de já ter também DE".
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