terça-feira, 12 de julho de 2011

‘Pornografia sempre foi um lesa vidas’

Jerónimo Cahinga

‘Pornografia sempre foi um lesa vidas’

O director da Faculdade de Teologia da Universidade Católica de Angola (UCAN), Jerónimo Cahinga, considera que a pornografia nunca trouxe nada de benéfico em lado nenhum, mesmo naqueles países que vão lidando com esta realidade há vários anos.

O padre salienta que a pornografia sempre actuou como um ‘lesa vidas’, considerando mesmo como um atentado não só a moral como também à própria espiritualidade a que as pessoas têm direito. “Sabemos que a questão da sexualidade vem do próprio Deus, que permite através dela que o mundo de multiplique e o homem se reproduza. Só o facto de ser um meio de fazer a vida deve ser respeitado, não pode ser banalizado. E quando se banaliza a sexualidade está-se a banalizar a vida da própria pessoa humana”, garantiu o prelado. Jerónimo Cahinga pensa que a comercialização de objectos pornográficos está aliado ao facto de muitas pessoas não verem os meios para atingirem determinados fins. E, segundo ele, a pornografia, tal como a prostituição, é uma das grandes fontes económicas que muitos utilizam, infelizmente. Favorece-lhes a introdução de meios e leva, às vezes intencionalmente, a diluir a moral das pessoas e fragilizar ainda mais aquilo que têm como imoralidade e espiritualidade.

“De uma certa forma”, segundo o padre, “a entrada de produtos pornográficos acontece como a droga”, porque, na realidade existe um combate contra esta substância e na prática também não há esta batalha.

“Porque algumas drogas sempre entram apesar do combate que se fala, àqueles que estão mais ligados a este tipo de comercialização. Há um certo tipo de anuência da parte de uma ou outra personalidade das forças orientadoras do Governo ou alguém com um certo prestígio a nível da sociedade, que deixa com que se fechem os olhos a isso”, explicou o padre.

O pastor e docente universitário defende que o mal deveria ser combatido pela raiz, com todos os meios ao alcance do próprio Executivo, mesmo que nesta actividade estejam implicadas pessoas de bom ou maus nomes.

Acredita ainda que a pressão comercial muitas das vezes ultrapassa as forças daqueles que gostariam de lutar contra. O padre acredita que se as pessoas levantarem as mãos em ‘pé de guerra’ contra a comercialização destes produtos poderão retardar a sua expansão no mercado, podendo travar durante um tempo a possível instala-

ção de lojas para a venda destes objectos pornográficos. Jerónimo Cahinga acha que a Igreja e a própria sociedade poderão fazer algo contra isso, uma vez que a pornografia destrói lares, vidas e o futuro da própria congregação. “A Igreja teria uma voz mais alta no sentido de se resistir a este tipo de introdução de material que prejudica, afinal, aqueles que seriam os verdadeiros crentes e cristãos, que poderiam levar a frente a demonstração de uma moral sã que é necessária para ajudar a sociedade a viver uma vida tranquila”, acrescentou.

O nosso interlocutor explica que uma sociedade com valores sãos ela própria auto-constrói-se e encontra meios para torná-la num país e numa sociedade de referência.

A pornografia e a prostituição acabam por diluir a força de vontade e de ânimo de lutar contra tudo aquilo que se torna corrupção, maldade, delinquência ou violência. O padre contou que quando esteve em Itália teve a oportunidade de assistir a um debate no canal televisivo RAI, quando foi lançado o comprimido viagra. A pílula foi introduzida para estimular os homens. “Uma jornalista perguntou a uma actriz presente, se em relação a ela era necessário que se utilizasse viagra no seu lar.

“A senhora respondeu que o viagra para o meu marido sou eu, quem tem de atrair ou estar pronta sou eu. Se não sirvo, viagra também não serve”, contou o director da faculdade de Teologia da Universidade Católica, realçando que “se prevalecer o verdadeiro amor, este mesmo amor leva as pessoas a uma afectividade e uma relação íntima sem precisar de produtos químicos e vídeos pornográficos. É uma questão de os casais reverem o seu passado e o presente”.

O padre considera que se a sexualidade não significar a conclusão de um amor profundo que liga duas pessoas, então ela é artificial. Ou, como o próprio fez questão de acrescentar, pode ser mesmo uma ‘sexualidade pornográfica’, porque não é a que leva a unidade entre duas pessoas, mas apenas juntarem-se naquele momento e depois separarem-se como indivíduos que se conheceram em plena rua. E que precisavam destes estímulos e produtos.

Dani Costa

11 de Julho de 2011
http://www.opais.net/pt/opais/?id=1657&det=22072

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