05.05.2010 | 02h29
Veja alguns dos clichês sobre sexo
Mauren Motta
Quando o assunto é sexo, orgasmo, preferências e fantasias, todo mundo tem um palpite (muitas vezes errado). Muitas pessoas acreditam cegamente nas frases feitas que dizem por aí. Conheça alguns clichês sobre o sexo:
As mulheres não gostam de sexo anal: muitas mulheres dizem não gostar de fazer sexo anal, mas isso não quer dizer que todas detestem. Nos anos 90, o Instituto Paulista de Sexualidade fez uma pesquisa sobre o assunto. Cerca de 200 universitárias, entre 18 e 30 anos, foram entrevistadas e 87% disseram que não gostam, mas praticam sexo anal para satisfazer o namorado. Somente 2% afirmaram chegar ao orgasmo somente com o sexo anal. Entre as que fazem frequentemente, 45% disseram que ele faz parte do jogo sexual, mas não é o objetivo final do sexo. O estudo apontou que muitas mulheres não gostam de fazer sexo anal por acharem sujo, outras disseram que é um meio de submissão ao homem.
Você sente menos tesão depois que tem filhos: com ou sem filhos é normal ocorrerem oscilações no desejo sexual. Algumas mulheres, quando se tornam mães, se sentem super poderosas, alvo de todas as atenções do parceiro e, por isso, sentem mais tesão e mais vontade de transar com ele. Entretanto, é normal a vontade diminuir quando a mulher fica grávida, pois começa a produzir progesterona, que faz com que ela se torne mais maternal e menos sexual. Mas isso não significa que a libido irá diminuir, mas sim (por um tempo) que a mulher dará mais prioridade a cuidar do bebê.
Toda mulher finge orgasmo alguma vez na vida: sim. Todas as mulheres do mundo já fingiram orgasmo (ou fingirão) ao menos uma vez na vida ou então omitiram que não chegaram lá. Muitas mulheres preferem não magoar seus parceiros, por isso se calam. O problema é passar a vida fingindo e nunca atingir o orgasmo. Se isso acontecer, é preciso procurar ajuda. Algumas mulheres sentem prazer mesmo sem gozar.
Sexo com amor é bem mais gostoso: hoje em dia as mulheres conseguem diferenciar uma coisa da outra. Há 50 anos, as coisas andavam juntas e elas só se permitiam viver experiências sexuais se estivessem emocionalmente envolvidas. Atualmente, as mulheres transam mesmo quando não tem qualquer tipo de vínculo afetivo e mostram que também é possível ter sexo sem amor.
Os homens não sentem tesão por mulheres mais cheinhas: isso não existe. Vários homens adoram as mulheres cheinhas. Outros tantos gostam de mulheres gordas. Hoje em dia mulher seca não está na preferência masculina e eles não se importam se as parceiras não estão dentro dos padrões das capas de revistas. Algumas mulheres, inclusive, reclamam que os namorados querem que elas fiquem com as formas mais arredondadas.
http://gazetaweb.globo.com/v2/noticias/texto_completo.php?c=204450
domingo, 20 de março de 2011
TJ-SP condena pais acusados de abusar das filhas
TJ-SP condena pais acusados de abusar das filhas
POR FERNANDO PORFÍRIOsegunda, dia 11janeiro de 2010
Dois casos de pedofilia surpreenderam experientes desembargadores do Tribunal de Justiça de São Paulo. Os homens abusaram sexualmente de suas filhas e as engravidaram. Em um dos recursos, o réu tornou-se pai-avô. No outro, a menina abortou aos sete meses de gestação. A corte paulista revisou as apelações e condenou os acusados por estupro e violência presumida.
Na época do julgamento em primeira instância ainda não havia sido regulamentado a Lei 12.015/2009 (que alterou parte do Código Penal, do Estatuto da Criança e do Adolescente e da Lei dos Crimes Hediondos). A nova norma acabou com a figura da vítima de estupro mediante violência presumida, que passou a se chamar “estupro de vulnerável”. De acordo com a redação da nova lei, ocorre o chamado estupro de vulnerável na hipótese da prática de conjunção carnal ou ato libidinoso diverso contra menores de 14 anos. Nos dois casos em julgamentos no TJ paulista, as meninas contavam com 13 anos.
O primeiro julgamento tratou de um processo de Pindamonhangaba. A sentença de primeira instância afastou a presunção legal de violência, com o juiz entendendo ser esta relativa e com isso concluindo pela não existência de crime. No julgamento, W. foi absolvido com base nos incisos III e VI (o fato não constituiu infração penal e existiriam circunstâncias que excluíam o crime ou isentavam o réu) do artigo 386 do Código de Processo Penal. Inconformado com a decisão de primeira instância, o Ministério Público se debateu pela condenação junto ao Tribunal de Justiça.
O caso ficou sob a relatoria do desembargador Ericson Maranho, da 6ª Câmara Criminal. A turma julgadora entendeu que a confissão policial encontrou apoio na prova produzida sob o crivo do contraditório e que por conta disso merecia crédito. Para os julgadores, a prova tem valor não pelo lugar em que foi prestada, mas pela força de convicção e da harmonia que guardou com restante dos fatos e circunstâncias apresentadas.
“A vítima ofereceu detalhes sobre as relações sexuais mantidas com seu genitor, estando, na ocasião, grávida de três meses”, afirmou o relator. “Em juízo, procurando ajuda-lo, negou as relações sexuais, confirmando, no entanto, ter dormido sob o mesmo teto que ele nos meses de dezembro e janeiro”, completou do desembargador.
D., a mãe da vítima, contou que tanto sua filha como o ex-marido confirmaram terem mantido relações sexuais e ambos salientaram que foi por vontade da garota. Tempos depois ficou sabendo que a filha estava grávida e que após alguma relutância esta confirmou que o pai da criança era o seu genitor. De acordo com a mãe o aborto foi natural, aos sete meses de gestação, e a vítima foi atendida num hospital da cidade.
O Tribunal de Justiça entendeu de forma oposta ao do juiz de primeiro grau. Para os desembargadores da 6ª Câmara Criminal, não havia razão para a sentença do juiz. Segundo a turma julgadora, a vítima não possuia condições psicológicas para dar seu consentimento para o ato.
“Embora seja certo que alguns adolescentes, com essa idade [13 anos], já tenham maturidade sexual, na verdade não ocorre o mesmo com o desenvolvimento psicológico”, ponderou Ericson Maranho. “Assim, o fundamento do dispositivo é a circunstância de que o menor de 14 anos não pode validamente consentir pelo desconhecimento desses atos sexuais e de suas consequências”, argumentou.
Ao analisar a presunção de violência quando a vítima do abuso sexual é menor de 14 anos comparou com a regra que faz do menor de 18 anos como inimputável. “Assim como não vale alegar que o menor de 18 já alcançou a plenitude de suas faculdades mentais, para fazer dele um imputável, também não colhe alegar-se que a vítima menor de 14 anos já não era ingênua, para excluí-la da proteção legal.”
A turma julgadora acolheu o pedido do Ministério Público e aplicou a pena nos termos da redação anterior do Código Penal. Ainda aplicou a regra do crime continuado por conta dos delitos terem sido cometidos em circunstâncias de tempo, lugar e maneira de execução que podem ser considerados como unidade jurídica. E, por fim, condenou o réu a pena de 14 anos, seis meses e 29 dias de reclusão e mandou expedir mandado de prisão.
A defesa recorreu da decisão. A presidência da Seção Criminal do Tribunal de Justiça admitiu a subida de recurso especial ao Superior Tribunal de Justiça. O caso foi distribuído à ministra Maria Thereza de Assis Moura, da 6ª Turma.
Pai avô
O outro caso que abalou desembargadores do Tribunal de Justiça aconteceu entre janeiro e fevereiro de 1996, no município de Francisco Morato, na Grande São Paulo. O julgamento do recurso chegou à corte paulista com um atraso de mais de uma década. A vítima A. tinha 11 anos e era virgem quando manteve a primeira relação sexual com seu pai, E.. Depois vieram outras. Por conta dessas relações, A. engravidou e, no dia 18 de outubro de 1996, deu à luz a P., uma menina, hoje com 13 anos. O réu nega que seja o pai e avô da menina.
E. foi condenado em primeiro grau a uma pena de 10 anos de reclusão em regime integral fechado. O acusado teve a prisão preventiva decretada em setembro de 2002. A sentença condenatória, expedida pela 1ª Vara de Francisco Morado, foi de março de 2004. Em outubro de 2008 o réu foi solto. Antes da soltura, inconformado com a condenação apelou ao Tribunal de Justiça paulista buscando absolvição com o fundamento de insuficiência de provas e atipicidade de conduta. O recurso caiu na 9ª Câmara Criminal, mas só foi julgado um ano depois que E. já estava solto.
A garota contou em depoimento à Justiça que aos 11 anos foi violentada pelo pai. Disse que E. a ameaçava com um revólver e que mataria a família inteira se ela não cedesse a sua vontade. O réu era casado com M. e esta contou que jamais desconfiou da relação entre pai e filha. Afirmou que não percebeu que a filha estava grávida e imaginou que as transformações no corpo da menina eram decorrentes da idade. Disse que depois que a filha deu à luz expulsou o marido de casa.
O exame de DNA realizado pelo Instituto de Medicina Social e Criminologia de São Paulo (Imesc) prejudicou a negativa sustentada pelo acusado. A perícia concluiu que o réu não poderia ser excluído como o pai biológico da criança P., uma vez que a probabilidade de paternidade foi de 99,99%.
http://www.conjur.com.br/2010-jan-11/tj-paulista-condena-dois-pais-acusados-abusar-filhas
POR FERNANDO PORFÍRIOsegunda, dia 11janeiro de 2010
Dois casos de pedofilia surpreenderam experientes desembargadores do Tribunal de Justiça de São Paulo. Os homens abusaram sexualmente de suas filhas e as engravidaram. Em um dos recursos, o réu tornou-se pai-avô. No outro, a menina abortou aos sete meses de gestação. A corte paulista revisou as apelações e condenou os acusados por estupro e violência presumida.
Na época do julgamento em primeira instância ainda não havia sido regulamentado a Lei 12.015/2009 (que alterou parte do Código Penal, do Estatuto da Criança e do Adolescente e da Lei dos Crimes Hediondos). A nova norma acabou com a figura da vítima de estupro mediante violência presumida, que passou a se chamar “estupro de vulnerável”. De acordo com a redação da nova lei, ocorre o chamado estupro de vulnerável na hipótese da prática de conjunção carnal ou ato libidinoso diverso contra menores de 14 anos. Nos dois casos em julgamentos no TJ paulista, as meninas contavam com 13 anos.
O primeiro julgamento tratou de um processo de Pindamonhangaba. A sentença de primeira instância afastou a presunção legal de violência, com o juiz entendendo ser esta relativa e com isso concluindo pela não existência de crime. No julgamento, W. foi absolvido com base nos incisos III e VI (o fato não constituiu infração penal e existiriam circunstâncias que excluíam o crime ou isentavam o réu) do artigo 386 do Código de Processo Penal. Inconformado com a decisão de primeira instância, o Ministério Público se debateu pela condenação junto ao Tribunal de Justiça.
O caso ficou sob a relatoria do desembargador Ericson Maranho, da 6ª Câmara Criminal. A turma julgadora entendeu que a confissão policial encontrou apoio na prova produzida sob o crivo do contraditório e que por conta disso merecia crédito. Para os julgadores, a prova tem valor não pelo lugar em que foi prestada, mas pela força de convicção e da harmonia que guardou com restante dos fatos e circunstâncias apresentadas.
“A vítima ofereceu detalhes sobre as relações sexuais mantidas com seu genitor, estando, na ocasião, grávida de três meses”, afirmou o relator. “Em juízo, procurando ajuda-lo, negou as relações sexuais, confirmando, no entanto, ter dormido sob o mesmo teto que ele nos meses de dezembro e janeiro”, completou do desembargador.
D., a mãe da vítima, contou que tanto sua filha como o ex-marido confirmaram terem mantido relações sexuais e ambos salientaram que foi por vontade da garota. Tempos depois ficou sabendo que a filha estava grávida e que após alguma relutância esta confirmou que o pai da criança era o seu genitor. De acordo com a mãe o aborto foi natural, aos sete meses de gestação, e a vítima foi atendida num hospital da cidade.
O Tribunal de Justiça entendeu de forma oposta ao do juiz de primeiro grau. Para os desembargadores da 6ª Câmara Criminal, não havia razão para a sentença do juiz. Segundo a turma julgadora, a vítima não possuia condições psicológicas para dar seu consentimento para o ato.
“Embora seja certo que alguns adolescentes, com essa idade [13 anos], já tenham maturidade sexual, na verdade não ocorre o mesmo com o desenvolvimento psicológico”, ponderou Ericson Maranho. “Assim, o fundamento do dispositivo é a circunstância de que o menor de 14 anos não pode validamente consentir pelo desconhecimento desses atos sexuais e de suas consequências”, argumentou.
Ao analisar a presunção de violência quando a vítima do abuso sexual é menor de 14 anos comparou com a regra que faz do menor de 18 anos como inimputável. “Assim como não vale alegar que o menor de 18 já alcançou a plenitude de suas faculdades mentais, para fazer dele um imputável, também não colhe alegar-se que a vítima menor de 14 anos já não era ingênua, para excluí-la da proteção legal.”
A turma julgadora acolheu o pedido do Ministério Público e aplicou a pena nos termos da redação anterior do Código Penal. Ainda aplicou a regra do crime continuado por conta dos delitos terem sido cometidos em circunstâncias de tempo, lugar e maneira de execução que podem ser considerados como unidade jurídica. E, por fim, condenou o réu a pena de 14 anos, seis meses e 29 dias de reclusão e mandou expedir mandado de prisão.
A defesa recorreu da decisão. A presidência da Seção Criminal do Tribunal de Justiça admitiu a subida de recurso especial ao Superior Tribunal de Justiça. O caso foi distribuído à ministra Maria Thereza de Assis Moura, da 6ª Turma.
Pai avô
O outro caso que abalou desembargadores do Tribunal de Justiça aconteceu entre janeiro e fevereiro de 1996, no município de Francisco Morato, na Grande São Paulo. O julgamento do recurso chegou à corte paulista com um atraso de mais de uma década. A vítima A. tinha 11 anos e era virgem quando manteve a primeira relação sexual com seu pai, E.. Depois vieram outras. Por conta dessas relações, A. engravidou e, no dia 18 de outubro de 1996, deu à luz a P., uma menina, hoje com 13 anos. O réu nega que seja o pai e avô da menina.
E. foi condenado em primeiro grau a uma pena de 10 anos de reclusão em regime integral fechado. O acusado teve a prisão preventiva decretada em setembro de 2002. A sentença condenatória, expedida pela 1ª Vara de Francisco Morado, foi de março de 2004. Em outubro de 2008 o réu foi solto. Antes da soltura, inconformado com a condenação apelou ao Tribunal de Justiça paulista buscando absolvição com o fundamento de insuficiência de provas e atipicidade de conduta. O recurso caiu na 9ª Câmara Criminal, mas só foi julgado um ano depois que E. já estava solto.
A garota contou em depoimento à Justiça que aos 11 anos foi violentada pelo pai. Disse que E. a ameaçava com um revólver e que mataria a família inteira se ela não cedesse a sua vontade. O réu era casado com M. e esta contou que jamais desconfiou da relação entre pai e filha. Afirmou que não percebeu que a filha estava grávida e imaginou que as transformações no corpo da menina eram decorrentes da idade. Disse que depois que a filha deu à luz expulsou o marido de casa.
O exame de DNA realizado pelo Instituto de Medicina Social e Criminologia de São Paulo (Imesc) prejudicou a negativa sustentada pelo acusado. A perícia concluiu que o réu não poderia ser excluído como o pai biológico da criança P., uma vez que a probabilidade de paternidade foi de 99,99%.
http://www.conjur.com.br/2010-jan-11/tj-paulista-condena-dois-pais-acusados-abusar-filhas
Pediatra condenado por pedofilia não consegue revogar prisão
Pediatra condenado por pedofilia não consegue revogar prisão
quinta, dia 2fevereiro de 2006
O médico paulista Eugênio Chipkevitch, condenado por abusar sexualmente de meninos adolescentes durante as consultas médicas, não conseguiu que o Superior Tribunal de Justiça revogasse o decreto de sua prisão.
Chipkevitch cumpre pena de 114 anos e está preso desde 20 de março de 2002. Ele é médico hebiatra (pediatra com formação específica para lidar com adolescentes) e inicialmente tinha sido condenado a 124 anos de prisão em regime integralmente fechado. No recurso ao Tribunal de Justiça de São Paulo, os desembargadores reduziram a pena para 114 anos.
No STJ, a defesa de Chipkevitch afirmou que faltaram fundamentos no decreto que manteve a prisão do médico. Também afirmou que o decreto de prisão não pode se basear em “meras suposições, muito menos se restringir à mera referência ao artigo do CPP (Código de Processo Penal), sem explicitar como são as suas exigências satisfeitas pelos fatos constantes nos autos”. Sustentou ainda que não houve fato concreto que indicasse a intenção do médico de atrapalhar o processo ou de fugir.
A defesa também traçou um perfil de Chipkevitch, alegando que ele seria um terapeuta de renome internacional, réu primário, com bons antecedentes, residência fixa e renda assegurada, além de família constituída.
O presidente do STJ, ministro Edson Vidigal, não acolheu os argumentos. O mérito da ação ainda será apreciado pela 5ª Turma. O relator será o ministro Gilson Dipp.
HC 53.120
http://www.conjur.com.br/2006-fev-02/pediatra_condenado_pedofilia_continuara_preso
quinta, dia 2fevereiro de 2006
O médico paulista Eugênio Chipkevitch, condenado por abusar sexualmente de meninos adolescentes durante as consultas médicas, não conseguiu que o Superior Tribunal de Justiça revogasse o decreto de sua prisão.
Chipkevitch cumpre pena de 114 anos e está preso desde 20 de março de 2002. Ele é médico hebiatra (pediatra com formação específica para lidar com adolescentes) e inicialmente tinha sido condenado a 124 anos de prisão em regime integralmente fechado. No recurso ao Tribunal de Justiça de São Paulo, os desembargadores reduziram a pena para 114 anos.
No STJ, a defesa de Chipkevitch afirmou que faltaram fundamentos no decreto que manteve a prisão do médico. Também afirmou que o decreto de prisão não pode se basear em “meras suposições, muito menos se restringir à mera referência ao artigo do CPP (Código de Processo Penal), sem explicitar como são as suas exigências satisfeitas pelos fatos constantes nos autos”. Sustentou ainda que não houve fato concreto que indicasse a intenção do médico de atrapalhar o processo ou de fugir.
A defesa também traçou um perfil de Chipkevitch, alegando que ele seria um terapeuta de renome internacional, réu primário, com bons antecedentes, residência fixa e renda assegurada, além de família constituída.
O presidente do STJ, ministro Edson Vidigal, não acolheu os argumentos. O mérito da ação ainda será apreciado pela 5ª Turma. O relator será o ministro Gilson Dipp.
HC 53.120
http://www.conjur.com.br/2006-fev-02/pediatra_condenado_pedofilia_continuara_preso
sábado, 19 de março de 2011
Como usar a tevê em benefício de seus filhos
Comportamento
› Assuma o controle
São José do Rio Preto, 30 de Janeiro, 2011 - 1:50
Como usar a tevê em benefício de seus filhos
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Francine Moreno e Vívian Lima
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Orlandeli/ Editoria de arte
Pais e filhos precisam aprender a assistir televisão. A dica é de Bia Rosenberg, que coordenou a programação infantil da TV Cultura por 20 anos e é autora do livro “A TV Que Seu Filho Vê - Como Usar a Televisão no Desenvolvimento da Criança” (Panda Books). Criadora dos programas “X-Tudo”, “Castelo Rá-Tim-Bum”, “Cocoricó” e “Glub-Glub”, Bia explica que é comum encontrar pais preocupados com a relação dos filhos com a tevê, mas totalmente desorientados e perdidos. Para ela, a tevê não é positiva nem negativa: o desafio é usá-la a favor dos filhos.
Para Bia Rosenberg, a pouca reflexão sobre o tema pende sempre para o lado negativo da relação criança/ tevê. Atualmente, é impossível ignorar os avanços tecnológicos do âmbito familiar e simplesmente desligar a televisão. A presença dela é inevitável e proibir só aguça ainda mais a curiosidade.
Neste caso, os pais têm de conquistar e exercer autonomia em relação ao uso, e ao mesmo tempo, selecionar a programação, orientar o filho e saber negociar. “O ideal é um bate papo familiar e informal sobre o que é adequado e o que não é.” Não há acordo sobre o tempo ideal para as crianças assistirem tevê, mas a Academia Americana de Pediatria considera adequado duas horas por dia.
A associação também não recomenda que crianças menores de dois anos assistam televisão. E nada de fazer lição, comer ou dormir diante da tela. Cuidar do tempo e do que os filhos vão assistir é tarefa dos pais. A criança deve dar sua opinião sobre o que gosta, mas cabe aos pais enriquecer essas escolhas com opções de qualidade.
Assim, vale até bloquear a tevê para canais e horários em que o conteúdo é considerado inadequado ou o que não acrescente nada a formação delas. Alguns pacotes de assinatura de tevê a cabo dão essa opção. As crianças começam a interagir com o que veem na televisão com seis meses. Bia Rosenberg é taxativa em em relação à programação adulta que elas têm acesso.
“Os programas conhecidos do horário nobre, como novela e telejornal, não são adequados para crianças menores de sete anos e não acrescenta nada de positivo, apenas dão uma percepção errada e alterada sobre a realidade. Assistir a crimes e desastres naturais nos jornais, por exemplo, só as atormentam se aquilo pode ou não acontecer com elas, o que é assustador.” E se a criança chegar a imitar algo violento ou de teor sexual, “os pais não devem se desesperar. Nada de promover debates nem passar sermões, mas dialogar sobre o que foi visto.”
Se a criança assistiu a algo impróprio, a dica de Bia Rosenberg é comentar o que viu e tentar dar exemplo. Aquilo que poderia ser uma avalanche pode servir de pretexto para uma conversa sobre como resolver os conflitos sem a força. “É preciso explicar que brigar não é algo bom, perguntar à criança o que ela achou e dizer que o pai e a mãe resolvem a questão de outro maneira.” Essa troca de informações serve para a criança se sentir valorizada. “Ao perceber que ela deu sua opinião, a criança se sente importante e, consequentemente, aprende o que é certo e o que é errado.”
Um estudo da psicóloga Dorothy Singer, pesquisadora do Centro de Consultoria e Pesquisa sobre Família e Televisão da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, afirma que pais não podem abrir mão do controle remoto. Bia Rosemberg concorda e afirma que essa é a mesma atenção que se deve dar sobre ensinar a não atravessar a rua sozinho, escovar os dentes ou fazer a tarefa escolar. São funções paternas.
Segundo ela, por mais arbitrário que pareça, é o mesmo direito que os pais têm de proibir o filho de brincar com uma faca. Para ela, colocar limites desde cedo é mais fácil do que quando o filho é um adolescente e há mais probabilidade de conflitos. “Separar uma hora do dia para ver tevê junto com a criança e explicar a diferença entre ficção e realidade é bacana”, aconselha.
Para os pais que trabalham fora, mas querem ficar antenados sobre o que seu filho assiste, a dica é, quando checar em casa, perguntar o que ele fez durante o dia. E, neste bate papo informal, questionar o que assistiu, se viu algo bacana, se não gostou de alguma cena e sugerir o que assistir no outro dia. “Além de discutir, os pais devem ir também passando os próprios valores por meio do programas da televisão”.
De acordo com a especialista, há de existir uma parceria. “Neste cenário em que circulam milhões de informações, as crianças precisam dos pais para mediar os fatos. Isso ajuda a desenvolver uma visão crítica.” Na opinião de Bia, a televisão é uma “geladeira”: depende o que põe dentro.
Para o psicólogo e psicoterapeuta sexual, Oswaldo M. Rodrigues Jr., do Instituto Paulista de Sexualidade, desenhos animados com traços mais simples e cores fortes são os mais indicados para crianças. “Mesmo que tenham o que nos parece violência, pois assim eles podem aprender como administrar a violência na vida real.”
Diálogo contribui na formação dos valores
Os programas podem, sim, influenciar a sexualidade precoce das crianças. Mas, antes de culpar apenas a televisão, é preciso avaliar o contexto. Crianças até dez anos usam um método de aprender: imitam positiva ou negativamente os comportamentos dos adultos. E isso acontece simplesmente pelo prazer de copiar ou reproduzir. As crianças usarão os estímulos a partir da tevê para modelarem seu comportamento e suas atitudes. “É por meio do diálogo que ela vai aprender a refletir sobre o que é considerado mau comportamento e o que deve ser evitado”, afirma o psicólogo e psicoterapeuta sexual, Oswaldo M. Rodrigues Jr., do Instituto Paulista de Sexualidade.
Antes de esconder o controle remoto, os pais devem refletir sobre o quanto eles próprios influenciam a relação da criança com os meios de comunicação. Se os pais adoram passar horas vendo seus programas favoritos com conteúdo impróprio a ela, o ideal é que a criança pequena não esteja presente. Neste caso, é preciso decidir a programação da família e até abrir mão de uma novela, por exemplo. “Programação para adultos é para adultos. Se expusermos crianças à programação de adultos, estamos programando as crianças para reagirem como adultos, mesmo ainda sendo crianças”, diz.
Os pais não podem usar como desculpa a crença de que o filho assiste a canais impróprios para a idade dele porque gosta. “Crianças têm papéis específicos e quando fazem algo diferente do que se espera delas, isso traz problemas, mesmo que faça sem consequên-cias problemáticas. E conse-quências que são problemas implicam em correr riscos para os quais ainda não estão preparadas para resolver e deles se livrar”, afirma.
O poder de influência da tevê é incontestável. Estudos revelam que crianças que passam mais tempo na frente da tevê com conteúdo comercial são propensas a pedir aos pais que comprem o que viram na tela.
Outro cuidado é não achar que a tevê vai substituir os pais. De acordo com o psicoterapeuta sexual, o papel dos pais é filtrar o que os filhos assistem. “Os pais precisam ser insistentes, constantes neste objetivo.” E completa: “Os pais precisam tomar cuidado com o sentimento de culpa por passarem muito tempo fora de casa e pouco tempo com os filhos.”
Puberdade precoce
Para o endocrinologista pediátrico Raphael Liberatore, o conteúdo exibido pela mídia é um reflexo da sociedade e não a causa das mudanças verificadas no comportamento dos espectadores, em especial das crianças. Dessa forma, para ele, não é a tevê que desencadeia a puberdade precoce - situação caracterizada pelo aparecimento de sinais de puberdade em meninas abaixo dos 8 anos (como o aparecimento de mamas) e meninos abaixo dos 9 anos de idade (com o aumento do volume dos testículos).
Liberatore explica que, em todo o mundo, é crescente o número de caso de puberdade precoce, em especial nas meninas, mas as causas desse fenômeno ainda não estão esclarecidas. O médico conta que há aproximadamente dois anos cientistas descreveram uma proteína chamada kisspeptina.
Essa proteína seria produzida na região do córtex cerebral e estaria relacionada com o desenvolvimento da puberdade. Com base nisso, surgiu a suposição de que estímulos externos sobre o córtex, como os conteúdos de programas de tevê, por exemplo, possam, consequentemente, exercer influência também sobre a puberdade. “Mas isso não está provado cientificamente. É uma conjectura”, diz o médico.
Liberatore cita ainda outras situações que impedem uma relação direta entre tevê, puberdade e sexualidade precoces. Ele comenta que o amadurecimento mais cedo de meninas e meninos também é verificado em países muçulmanos e nos Estados Unidos, onde o acesso a conteúdos eróticos é bastante fiscalizado.
Thomaz Vita Neto
Daniela e Dênis com o filho Rafael: ‘Ele sabe quando falam palavrão, mas entende que é ruim’
Tevês pagas ignoram adequação de horário
No Brasil, quem classifica e monitora os programas de televisão (assim como filmes e jogos eletrônicos) de acordo com a faixa etária é o Ministério da Justiça. Com base em critérios de violência e sexo, os programas são classificados como livres ou podem ser ainda não recomendados para menores de dez, 12, 14 , 16 e 18 anos.
Na tevê aberta, filmes e programas devem ser exibidos em horários determinados. E as classificações estão vinculadas a faixas horárias de exibição. Assim, programas de classificação livre ou não recomendados para menores de dez anos podem ser exibidos em qualquer horário. Já as obras audiovisuais classificadas como não recomendadas para menores de 12 anos só devem ser exibidas a partir das 20 horas; para menores de 14, a partir das 21 horas; para menores de 16, a partir das 22 horas; e para menores de 18, só após às 23 horas.
As tevês por assinatura também precisam indicar a classificação etária de cada atração. Contudo, elas não são obrigadas por lei a vincular faixa etária e horários. Isso acontece porque as televisões pagas têm ferramentas de controle de programação, como dar ao cliente a possibilidade de bloquear canais que considerem inadequados para seus filhos. “As tevês por assinatura têm tecnologia que permite o controle ideal da criança diante da tevê”, diz Alexandre Annenberg, presidente da Associação Brasileira de Televisão por Assinatura.
Cada operadora de tevê paga tem seu sistema de bloqueio. Eles, geralmente, estão descritos nos manuais, nos canais de serviços e até mesmo nos sites de cada uma delas. O cliente pode bloquear, por meio de senha, os canais que não quer que seus filhos vejam. Quando um adulto quiser ter acesso à programação, basta digitar a senha e liberar o canal. O processo de bloqueio varia com as operadoras e também com os diferentes decodificadores que elas oferecem (veja alguns exemplos de bloqueios no quadro acima).
O Ministério da Justiça realiza atualmente um debate público, na internet, sobre a classificação indicativa. Hoje, essa classificação é feita com base em cinco portarias. A intenção é fazer uma portaria única. O diretor do Departamento de Justiça, Classificação, Títulos e Qualificação do Ministério da Justiça, Davi Pires, explica que o objetivo é também realizar ajustes para que a lei possa ser atualizada. Quem quiser dar sua contribuição para a discussão deve acessar a página culturadigital.br/classind.
Processo
É o representante legal da obra audiovisual quem faz uma autoclassificação em sua produção. Em seguida, a classificação pretendida é apresentada ao Ministério da Justiça, que tem 60 dias para monitorar essa obra e aceitar a classificação inicial ou reclassificar o produto. No caso de conteúdo televisivo, Pires explica que uma lei de 2001 estabeleceu que televisores teriam de ter sistema de bloqueio de canais.
Contudo, a lei não “pegou”. Por isso, há a necessidade de uma classificação vinculando faixa etária e horário na tevê aberta. Se as determinações de exibição não forem cumpridas, as emissoras podem ser penalizadas. Em caso de irregularidade, o Ministério da Justiça comunica o Ministério Público, que vai exigir o cumprimento das normas. A penalidade pode variar de multa à suspensão da programação por até dois dias, nos casos mais graves. Denúncias podem ser feitas no site do ministério (www.mj.gov.br).
O ministério defende que a classificação indicativa resulta do equilíbrio entre a liberdade de expressão e o dever de proteção à criança e ao adolescente. Pires explica que o ministério faz a classificação acreditando que um conteúdo inadequado pode influenciar negativamente a criança que assistir sozinha, sem auxílio dos pais, a um determinado programa.
Para Pires, quando há o amparo da família, um programa não recomendado pode até ser visto pela criança e gerar um debate, um aprendizado. Como exemplo, ele cita obras que abordam discriminação. Os pais, juntos com as crianças, podem ver esse conteúdo e explicar que a discriminação não é correta.
Thomaz Vita Neto
O casal Solange e Nivaldo acompanha de perto o que as filhas Laura e Letícia assistem na tevê
Canais têm o dever de entreter e informar
Entre um programa educativo e outro, o canal Discovery Kids, cujo público-alvo são crianças em idade pré-escolar, exibe o cãozinho curioso e aventureiro Doki. O mascote do canal pago ensina truques científicos e conta histórias sobre suas aventuras. Outros programas contam histórias criativas que estimulam as crianças a desenvolver um estilo de vida saudável e feliz.
A funcionária pública Solange Zamarioli Moura, 46 anos, mãe de Laura, 9 anos, e Letícia, 5, acredita que o canal é o mais indicado para as pequenas. Ela, que acompanha atenta o desenvolvimento das filhas, entende que a tevê pode influenciar negativamente quando assistem a conteúdos não apropriados. “Em casa não assistimos filmes com temas violentos ou com bruxaria, que podem atrapalhar o sono das minhas filhas.”
A solução para a questão é deixar a tevê ligada na Discovery, e mais do que isso, dialogar sobre o que é visto lá. O que já trouxe resultados. “Esse tipo de educação reflete no comportamento. A Laura, por exemplo, já tem um critério para o que vai assistir. Ela sabe que em um desenho, quando um garoto responde para os pais, não é bacana e pede para mudar.”
Na casa do pequeno Rafael Quinhone Santana, 5 anos, a regra é a mesma. Na tevê aberta, canal é Cultura e, na fechada, Discovery Kids, e mesmo assim a mãe, a dona de casa Daniela, 29 anos, e o pai Dênis, 35, ficam sempre por perto. “Os pais têm o papel de filtrar o que os filhos assistem. Além disso, devem dar o exemplo”, conta Daniela.
Ela sabe que o filho é uma criança inteligente e crítica e, por isso, não esconde o que é certo ou errado. “Ele sabe quando alguém na tevê fala palavrão, mas entende que isso é ruim.” Esse comportamento se reflete na escola. “Ele não é uma criança agressiva e se dá bem com todos os amigos e professores.”
De acordo com Bia Rosenberg, autora do livro “A TV Que Seu Filho Vê - Como Usar a Televisão no Desenvolvimento da Criança” (Panda Books), a criança só assiste o que gosta, pois ela ainda não tem a consciência do que é saudável ou não. “Por isso, cabe aos pais a tarefa de fazê-las experimentar programas bacanas”, afirma.
O caminho para isso inclui estimulá-las a assistir programas educativos e controlar o tempo em que ficam vendo tevê e não fazer da escolha uma moeda de troca. Vale destacar, ainda, que a influência dos pais é provavelmente mais importante que a de qualquer comercial ou programa. “Para a criança aprender a gostar de algo, ela tem de experimentar antes. E isso, claro, começa em casa.”
Diversão e informação
Entreter e informar. Esse é o objetivo de alguns canais que têm o público infantil e adolescente como maioria. Entre eles está o Nickelodeon, que afirma apresentar questões que levem a audiência a pensar, discutir e se engajar em assuntos atuais, como responsabilidade social, bullying, atividades físicas, tolerância e respeito à diversidade. “O canal procura trabalhar com os conceitos de humor, diversão, irreverência e relação aberta com todos os públicos, incluindo diferentes raças, cores e religiões”, posiciona-se a Nickelodeon, em nota.
O gerente de programas infanto-juvenis da TV Cultura e diretor do “Cocoricó”, Fernando Gomes, defende que a principal função da tevê é o entretenimento, mas que este pode estar atrelado ao bom conteúdo e informação. Para ele, programa certo para o espetador certo traz ganhos. “Bons programas, com temas divertidos e curiosos, bem produzidos e voltados ao público certo têm tudo para estimular a criatividade.”
A emissora também destaca a importância da família. “Os pais são os responsáveis pelo que seus filhos menores podem ou não assistir, e isso vale tanto para a TV aberta quanto para os canais fechados”, conclui Anna Valéria Tarbas, gerente de programação da Cultura.
http://www.diarioweb.com.br/novoportal/Divirtase/Comportamento/46704,,Como+usar+a+teve+em+beneficio+de+seus+filhos.aspx
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São José do Rio Preto, 30 de Janeiro, 2011 - 1:50
Como usar a tevê em benefício de seus filhos
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Francine Moreno e Vívian Lima
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Orlandeli/ Editoria de arte
Pais e filhos precisam aprender a assistir televisão. A dica é de Bia Rosenberg, que coordenou a programação infantil da TV Cultura por 20 anos e é autora do livro “A TV Que Seu Filho Vê - Como Usar a Televisão no Desenvolvimento da Criança” (Panda Books). Criadora dos programas “X-Tudo”, “Castelo Rá-Tim-Bum”, “Cocoricó” e “Glub-Glub”, Bia explica que é comum encontrar pais preocupados com a relação dos filhos com a tevê, mas totalmente desorientados e perdidos. Para ela, a tevê não é positiva nem negativa: o desafio é usá-la a favor dos filhos.
Para Bia Rosenberg, a pouca reflexão sobre o tema pende sempre para o lado negativo da relação criança/ tevê. Atualmente, é impossível ignorar os avanços tecnológicos do âmbito familiar e simplesmente desligar a televisão. A presença dela é inevitável e proibir só aguça ainda mais a curiosidade.
Neste caso, os pais têm de conquistar e exercer autonomia em relação ao uso, e ao mesmo tempo, selecionar a programação, orientar o filho e saber negociar. “O ideal é um bate papo familiar e informal sobre o que é adequado e o que não é.” Não há acordo sobre o tempo ideal para as crianças assistirem tevê, mas a Academia Americana de Pediatria considera adequado duas horas por dia.
A associação também não recomenda que crianças menores de dois anos assistam televisão. E nada de fazer lição, comer ou dormir diante da tela. Cuidar do tempo e do que os filhos vão assistir é tarefa dos pais. A criança deve dar sua opinião sobre o que gosta, mas cabe aos pais enriquecer essas escolhas com opções de qualidade.
Assim, vale até bloquear a tevê para canais e horários em que o conteúdo é considerado inadequado ou o que não acrescente nada a formação delas. Alguns pacotes de assinatura de tevê a cabo dão essa opção. As crianças começam a interagir com o que veem na televisão com seis meses. Bia Rosenberg é taxativa em em relação à programação adulta que elas têm acesso.
“Os programas conhecidos do horário nobre, como novela e telejornal, não são adequados para crianças menores de sete anos e não acrescenta nada de positivo, apenas dão uma percepção errada e alterada sobre a realidade. Assistir a crimes e desastres naturais nos jornais, por exemplo, só as atormentam se aquilo pode ou não acontecer com elas, o que é assustador.” E se a criança chegar a imitar algo violento ou de teor sexual, “os pais não devem se desesperar. Nada de promover debates nem passar sermões, mas dialogar sobre o que foi visto.”
Se a criança assistiu a algo impróprio, a dica de Bia Rosenberg é comentar o que viu e tentar dar exemplo. Aquilo que poderia ser uma avalanche pode servir de pretexto para uma conversa sobre como resolver os conflitos sem a força. “É preciso explicar que brigar não é algo bom, perguntar à criança o que ela achou e dizer que o pai e a mãe resolvem a questão de outro maneira.” Essa troca de informações serve para a criança se sentir valorizada. “Ao perceber que ela deu sua opinião, a criança se sente importante e, consequentemente, aprende o que é certo e o que é errado.”
Um estudo da psicóloga Dorothy Singer, pesquisadora do Centro de Consultoria e Pesquisa sobre Família e Televisão da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, afirma que pais não podem abrir mão do controle remoto. Bia Rosemberg concorda e afirma que essa é a mesma atenção que se deve dar sobre ensinar a não atravessar a rua sozinho, escovar os dentes ou fazer a tarefa escolar. São funções paternas.
Segundo ela, por mais arbitrário que pareça, é o mesmo direito que os pais têm de proibir o filho de brincar com uma faca. Para ela, colocar limites desde cedo é mais fácil do que quando o filho é um adolescente e há mais probabilidade de conflitos. “Separar uma hora do dia para ver tevê junto com a criança e explicar a diferença entre ficção e realidade é bacana”, aconselha.
Para os pais que trabalham fora, mas querem ficar antenados sobre o que seu filho assiste, a dica é, quando checar em casa, perguntar o que ele fez durante o dia. E, neste bate papo informal, questionar o que assistiu, se viu algo bacana, se não gostou de alguma cena e sugerir o que assistir no outro dia. “Além de discutir, os pais devem ir também passando os próprios valores por meio do programas da televisão”.
De acordo com a especialista, há de existir uma parceria. “Neste cenário em que circulam milhões de informações, as crianças precisam dos pais para mediar os fatos. Isso ajuda a desenvolver uma visão crítica.” Na opinião de Bia, a televisão é uma “geladeira”: depende o que põe dentro.
Para o psicólogo e psicoterapeuta sexual, Oswaldo M. Rodrigues Jr., do Instituto Paulista de Sexualidade, desenhos animados com traços mais simples e cores fortes são os mais indicados para crianças. “Mesmo que tenham o que nos parece violência, pois assim eles podem aprender como administrar a violência na vida real.”
Diálogo contribui na formação dos valores
Os programas podem, sim, influenciar a sexualidade precoce das crianças. Mas, antes de culpar apenas a televisão, é preciso avaliar o contexto. Crianças até dez anos usam um método de aprender: imitam positiva ou negativamente os comportamentos dos adultos. E isso acontece simplesmente pelo prazer de copiar ou reproduzir. As crianças usarão os estímulos a partir da tevê para modelarem seu comportamento e suas atitudes. “É por meio do diálogo que ela vai aprender a refletir sobre o que é considerado mau comportamento e o que deve ser evitado”, afirma o psicólogo e psicoterapeuta sexual, Oswaldo M. Rodrigues Jr., do Instituto Paulista de Sexualidade.
Antes de esconder o controle remoto, os pais devem refletir sobre o quanto eles próprios influenciam a relação da criança com os meios de comunicação. Se os pais adoram passar horas vendo seus programas favoritos com conteúdo impróprio a ela, o ideal é que a criança pequena não esteja presente. Neste caso, é preciso decidir a programação da família e até abrir mão de uma novela, por exemplo. “Programação para adultos é para adultos. Se expusermos crianças à programação de adultos, estamos programando as crianças para reagirem como adultos, mesmo ainda sendo crianças”, diz.
Os pais não podem usar como desculpa a crença de que o filho assiste a canais impróprios para a idade dele porque gosta. “Crianças têm papéis específicos e quando fazem algo diferente do que se espera delas, isso traz problemas, mesmo que faça sem consequên-cias problemáticas. E conse-quências que são problemas implicam em correr riscos para os quais ainda não estão preparadas para resolver e deles se livrar”, afirma.
O poder de influência da tevê é incontestável. Estudos revelam que crianças que passam mais tempo na frente da tevê com conteúdo comercial são propensas a pedir aos pais que comprem o que viram na tela.
Outro cuidado é não achar que a tevê vai substituir os pais. De acordo com o psicoterapeuta sexual, o papel dos pais é filtrar o que os filhos assistem. “Os pais precisam ser insistentes, constantes neste objetivo.” E completa: “Os pais precisam tomar cuidado com o sentimento de culpa por passarem muito tempo fora de casa e pouco tempo com os filhos.”
Puberdade precoce
Para o endocrinologista pediátrico Raphael Liberatore, o conteúdo exibido pela mídia é um reflexo da sociedade e não a causa das mudanças verificadas no comportamento dos espectadores, em especial das crianças. Dessa forma, para ele, não é a tevê que desencadeia a puberdade precoce - situação caracterizada pelo aparecimento de sinais de puberdade em meninas abaixo dos 8 anos (como o aparecimento de mamas) e meninos abaixo dos 9 anos de idade (com o aumento do volume dos testículos).
Liberatore explica que, em todo o mundo, é crescente o número de caso de puberdade precoce, em especial nas meninas, mas as causas desse fenômeno ainda não estão esclarecidas. O médico conta que há aproximadamente dois anos cientistas descreveram uma proteína chamada kisspeptina.
Essa proteína seria produzida na região do córtex cerebral e estaria relacionada com o desenvolvimento da puberdade. Com base nisso, surgiu a suposição de que estímulos externos sobre o córtex, como os conteúdos de programas de tevê, por exemplo, possam, consequentemente, exercer influência também sobre a puberdade. “Mas isso não está provado cientificamente. É uma conjectura”, diz o médico.
Liberatore cita ainda outras situações que impedem uma relação direta entre tevê, puberdade e sexualidade precoces. Ele comenta que o amadurecimento mais cedo de meninas e meninos também é verificado em países muçulmanos e nos Estados Unidos, onde o acesso a conteúdos eróticos é bastante fiscalizado.
Thomaz Vita Neto
Daniela e Dênis com o filho Rafael: ‘Ele sabe quando falam palavrão, mas entende que é ruim’
Tevês pagas ignoram adequação de horário
No Brasil, quem classifica e monitora os programas de televisão (assim como filmes e jogos eletrônicos) de acordo com a faixa etária é o Ministério da Justiça. Com base em critérios de violência e sexo, os programas são classificados como livres ou podem ser ainda não recomendados para menores de dez, 12, 14 , 16 e 18 anos.
Na tevê aberta, filmes e programas devem ser exibidos em horários determinados. E as classificações estão vinculadas a faixas horárias de exibição. Assim, programas de classificação livre ou não recomendados para menores de dez anos podem ser exibidos em qualquer horário. Já as obras audiovisuais classificadas como não recomendadas para menores de 12 anos só devem ser exibidas a partir das 20 horas; para menores de 14, a partir das 21 horas; para menores de 16, a partir das 22 horas; e para menores de 18, só após às 23 horas.
As tevês por assinatura também precisam indicar a classificação etária de cada atração. Contudo, elas não são obrigadas por lei a vincular faixa etária e horários. Isso acontece porque as televisões pagas têm ferramentas de controle de programação, como dar ao cliente a possibilidade de bloquear canais que considerem inadequados para seus filhos. “As tevês por assinatura têm tecnologia que permite o controle ideal da criança diante da tevê”, diz Alexandre Annenberg, presidente da Associação Brasileira de Televisão por Assinatura.
Cada operadora de tevê paga tem seu sistema de bloqueio. Eles, geralmente, estão descritos nos manuais, nos canais de serviços e até mesmo nos sites de cada uma delas. O cliente pode bloquear, por meio de senha, os canais que não quer que seus filhos vejam. Quando um adulto quiser ter acesso à programação, basta digitar a senha e liberar o canal. O processo de bloqueio varia com as operadoras e também com os diferentes decodificadores que elas oferecem (veja alguns exemplos de bloqueios no quadro acima).
O Ministério da Justiça realiza atualmente um debate público, na internet, sobre a classificação indicativa. Hoje, essa classificação é feita com base em cinco portarias. A intenção é fazer uma portaria única. O diretor do Departamento de Justiça, Classificação, Títulos e Qualificação do Ministério da Justiça, Davi Pires, explica que o objetivo é também realizar ajustes para que a lei possa ser atualizada. Quem quiser dar sua contribuição para a discussão deve acessar a página culturadigital.br/classind.
Processo
É o representante legal da obra audiovisual quem faz uma autoclassificação em sua produção. Em seguida, a classificação pretendida é apresentada ao Ministério da Justiça, que tem 60 dias para monitorar essa obra e aceitar a classificação inicial ou reclassificar o produto. No caso de conteúdo televisivo, Pires explica que uma lei de 2001 estabeleceu que televisores teriam de ter sistema de bloqueio de canais.
Contudo, a lei não “pegou”. Por isso, há a necessidade de uma classificação vinculando faixa etária e horário na tevê aberta. Se as determinações de exibição não forem cumpridas, as emissoras podem ser penalizadas. Em caso de irregularidade, o Ministério da Justiça comunica o Ministério Público, que vai exigir o cumprimento das normas. A penalidade pode variar de multa à suspensão da programação por até dois dias, nos casos mais graves. Denúncias podem ser feitas no site do ministério (www.mj.gov.br).
O ministério defende que a classificação indicativa resulta do equilíbrio entre a liberdade de expressão e o dever de proteção à criança e ao adolescente. Pires explica que o ministério faz a classificação acreditando que um conteúdo inadequado pode influenciar negativamente a criança que assistir sozinha, sem auxílio dos pais, a um determinado programa.
Para Pires, quando há o amparo da família, um programa não recomendado pode até ser visto pela criança e gerar um debate, um aprendizado. Como exemplo, ele cita obras que abordam discriminação. Os pais, juntos com as crianças, podem ver esse conteúdo e explicar que a discriminação não é correta.
Thomaz Vita Neto
O casal Solange e Nivaldo acompanha de perto o que as filhas Laura e Letícia assistem na tevê
Canais têm o dever de entreter e informar
Entre um programa educativo e outro, o canal Discovery Kids, cujo público-alvo são crianças em idade pré-escolar, exibe o cãozinho curioso e aventureiro Doki. O mascote do canal pago ensina truques científicos e conta histórias sobre suas aventuras. Outros programas contam histórias criativas que estimulam as crianças a desenvolver um estilo de vida saudável e feliz.
A funcionária pública Solange Zamarioli Moura, 46 anos, mãe de Laura, 9 anos, e Letícia, 5, acredita que o canal é o mais indicado para as pequenas. Ela, que acompanha atenta o desenvolvimento das filhas, entende que a tevê pode influenciar negativamente quando assistem a conteúdos não apropriados. “Em casa não assistimos filmes com temas violentos ou com bruxaria, que podem atrapalhar o sono das minhas filhas.”
A solução para a questão é deixar a tevê ligada na Discovery, e mais do que isso, dialogar sobre o que é visto lá. O que já trouxe resultados. “Esse tipo de educação reflete no comportamento. A Laura, por exemplo, já tem um critério para o que vai assistir. Ela sabe que em um desenho, quando um garoto responde para os pais, não é bacana e pede para mudar.”
Na casa do pequeno Rafael Quinhone Santana, 5 anos, a regra é a mesma. Na tevê aberta, canal é Cultura e, na fechada, Discovery Kids, e mesmo assim a mãe, a dona de casa Daniela, 29 anos, e o pai Dênis, 35, ficam sempre por perto. “Os pais têm o papel de filtrar o que os filhos assistem. Além disso, devem dar o exemplo”, conta Daniela.
Ela sabe que o filho é uma criança inteligente e crítica e, por isso, não esconde o que é certo ou errado. “Ele sabe quando alguém na tevê fala palavrão, mas entende que isso é ruim.” Esse comportamento se reflete na escola. “Ele não é uma criança agressiva e se dá bem com todos os amigos e professores.”
De acordo com Bia Rosenberg, autora do livro “A TV Que Seu Filho Vê - Como Usar a Televisão no Desenvolvimento da Criança” (Panda Books), a criança só assiste o que gosta, pois ela ainda não tem a consciência do que é saudável ou não. “Por isso, cabe aos pais a tarefa de fazê-las experimentar programas bacanas”, afirma.
O caminho para isso inclui estimulá-las a assistir programas educativos e controlar o tempo em que ficam vendo tevê e não fazer da escolha uma moeda de troca. Vale destacar, ainda, que a influência dos pais é provavelmente mais importante que a de qualquer comercial ou programa. “Para a criança aprender a gostar de algo, ela tem de experimentar antes. E isso, claro, começa em casa.”
Diversão e informação
Entreter e informar. Esse é o objetivo de alguns canais que têm o público infantil e adolescente como maioria. Entre eles está o Nickelodeon, que afirma apresentar questões que levem a audiência a pensar, discutir e se engajar em assuntos atuais, como responsabilidade social, bullying, atividades físicas, tolerância e respeito à diversidade. “O canal procura trabalhar com os conceitos de humor, diversão, irreverência e relação aberta com todos os públicos, incluindo diferentes raças, cores e religiões”, posiciona-se a Nickelodeon, em nota.
O gerente de programas infanto-juvenis da TV Cultura e diretor do “Cocoricó”, Fernando Gomes, defende que a principal função da tevê é o entretenimento, mas que este pode estar atrelado ao bom conteúdo e informação. Para ele, programa certo para o espetador certo traz ganhos. “Bons programas, com temas divertidos e curiosos, bem produzidos e voltados ao público certo têm tudo para estimular a criatividade.”
A emissora também destaca a importância da família. “Os pais são os responsáveis pelo que seus filhos menores podem ou não assistir, e isso vale tanto para a TV aberta quanto para os canais fechados”, conclui Anna Valéria Tarbas, gerente de programação da Cultura.
http://www.diarioweb.com.br/novoportal/Divirtase/Comportamento/46704,,Como+usar+a+teve+em+beneficio+de+seus+filhos.aspx
Com cirurgia liberada, transexuais têm batalha para trocar 'nome oficial'
22/01/2011 08h00 - Atualizado em 22/01/2011 08h35
Com cirurgia liberada, transexuais têm batalha para trocar 'nome oficial'
Operação é feita pelo SUS, mas Justiça demora para reconhecer novo sexo.
Casos ganharam destaque com eliminação de Ariadna do BBB.
Iberê Thenório
Do G1, em São Paulo
imprimir
A cirurgia para trocar de sexo é apenas parte da mudança que os transexuais enfrentam para criarem uma nova identidade. Além da operação – que leva pelo menos 24 meses de preparação quando é feita no Sistema Único de Saúde (SUS) – muitos deles passam anos 'brigando' com a justiça para trocar de nome.
Foi o que ocorreu com Cristyane Oliveira, 37, que vive em Porto Alegre. Ela esperou dois anos para fazer a cirurgia pelo Sistema Único de Saúde (SUS), em 2002. “Depois, ainda levou cinco anos para conseguir retificar meus documentos. Eu tinha um direito conquistado e outro negado. Nos meus documentos, ainda era outra pessoa”, conta.
Ariadna revelou aos colegas que era transexual
quando deixou o BBB .(Foto: Reprodução/TV Globo)
Casos como esse ganharam destaque após a participação da cabeleireira Ariadna, de 26 anos, no "Big Brother Brasil 11". Ela evitou declarar publicamente aos colegas que era transexual, e deixou para contar o segredo quando foi eliminada do programa, na última terça-feira (18).
A intimidade sobre a condição sexual, contudo, fica evidente quando o transexual não muda o nome. Com aparência e personalidade de mulher, tem que usar documentos de homem – ou o contrário – e contar ou não contar deixa de ser uma escolha.
“Antes da cirurgia eu havia feito um curso de cabeleireira, mas não pendurava o diploma na parede porque o nome [escrito nele] não era o que eu tinha. É um sofrimento, é uma coisa que traz muitos incômodos”, relata Cristyane, que montou um blog onde conta os desafios que tem que enfrentar como transexual.
Barrada no restaurante
O constrangimento vai além de ter documentos que mostram um sexo diferente. Paula (nome fictício), 29, fez a cirurgia de readequação sexual há quatro meses, e conta que teve problemas ao entrar no restaurante da universidade onde estuda, em São Paulo. “A mulher que cuidava da entrada achou que eu estava usando a carteirinha de outra pessoa. Ela falou alto, gritou comigo”, relata.
A estudante conta que, antes da cirurgia, chegou a entrar na Justiça pedindo que o nome e o sexo em seus documentos fossem mudados, mas não obteve parecer favorável. Agora, com o sexo fisicamente mudado, pretende enfrentar uma nova batalha judicial. “Não quero perder oportunidades por causa do meu nome.”
Carla Amaral conseguiu trocar de nome e de sexo
nos documentos, mas ainda não conseguiu fazer
a cirurgia. (Foto: Arquivo pessoal)
Oficialmente mulher
Carla Amaral, 38, de Curitiba, vive o problema oposto. Há três anos, ela entrou ná Justiça e mudou o nome e o sexo em seus documentos, mas ainda não conseguiu fazer a cirurgia pelo SUS. “Eu estou há cinco meses esperando a primeira consulta”, conta ela, que é diretora-presidente de uma ONG que luta pelos direitos de travestis e transexuais.
Apesar de não ter operado, Carla é oficialmente uma mulher, e em seus documentos não há indícios de que ela nasceu com corpo masculino. Ela poderá se aposentar antes dos homens, pagar menos no seguro do carro e se casar de forma comum – sua união com um homem não é considerada um relacionamento homossexual.
Segundo a advogada Maria Berenice Dias, especialista em Direito Homoafetivo, casos como esse têm sido cada vez mais comuns, e representam um avanço na Justiça brasileira. “Nem sempre as pessoas querem fazer a cirurgia. A mudança do feminino para o masculino, por exemplo, não é uma cirurgia bem-sucedida. Além disso, o exercício da sexualidade não tem muito a ver com a genitália”, defende.
Para a advogada, é necessária uma lei que permita aos transexuais trocar de nome e de sexo nos documentos sem a necessidade de entrar na Justiça. Ela admite, porém, que isso poderia trazer problemas inusitados.
“Se a pessoa tiver filhos, quem era pai deixa de ser, passa a ser mãe. Tem gente que sustenta que quem tem filhos não pode trocar de nome. Na minha opinião, tem que trocar, mas o filho tem que ter acesso a essa informação.”
Cirurgias gratuitas
Na área da saúde, os transexuais encontram menos problemas. Sua condição é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como transtorno da personalidade. “Trata-se de um desejo de viver e ser aceito enquanto pessoa do sexo oposto”, define o documento internacional que classifica problemas de saúde.
Cristyane Oliveira fez cirurgia em 2002 e levou 5
anos para trocar o nome. (Foto: Arquivo pessoal)
A cirurgia de mudança de sexo do masculino para o feminino é feita gratuitamente pelo SUS em hospitais universitários de São Paulo, Porto Alegre, Rio de Janeiro em Goiânia. Segundo o Ministério da Saúde, 60 pessoas já fizeram a operação, que foi liberada no sistema público em 2008.
Como a modificação dos órgãos sexuais é irreversível, é exigido que os candidatos passem por um tratamento psicológico ou psiquiátrico de dois anos, para ter certeza da escolha.
Feminino para masculino
No início deste ano, o governo de São Paulo anunciou que começará a realizar gratuitamente a retirada de órgãos femininos de transexuais que se consideram homens. As cirurgias liberadas serão a da retirada de útero e a de mama. A operação de construção do pênis não foi liberada porque só é permitida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) em caráter experimental.
“As técnicas para essa cirurgia não são boas ainda. Se alguém quiser fazer, vai ter que ser como pesquisa”, relata o médico Edvar Araujo, relator da resolução do CFM que liberou a operação de retirada do útero, ovário e mama em transexuais.
Contar ou não contar?
Depois da modificação do corpo e dos documentos reconhecidos, os transexuais ganham a opção de manter segredo sobre terem nascido com um sexo diferente.
“Não tenho nenhum problema de falar, mas não acho que seja uma obrigação. Não vou chegar em um coquetel e falar ‘Sou Cristyane Oliveira, uma transexual’.” Paula, que fez a cirurgia há poucos meses, concorda. “Se for uma pessoa importante, eu conto, mas na universidade, não falo. Quem sabe, é por causa dos meus documentos.”
Carla, de Curitiba, diz que durante a adolescência tentou esconder, mas hoje não se preocupa mais com isso. “Se as pessoas querem ser minhas amigas, meu amor, têm que saber quem eu sou, qual é a minha identidade, minha história.”
http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2011/01/com-cirurgia-liberada-transexuais-tem-batalha-para-trocar-nome-oficial.html
Com cirurgia liberada, transexuais têm batalha para trocar 'nome oficial'
Operação é feita pelo SUS, mas Justiça demora para reconhecer novo sexo.
Casos ganharam destaque com eliminação de Ariadna do BBB.
Iberê Thenório
Do G1, em São Paulo
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A cirurgia para trocar de sexo é apenas parte da mudança que os transexuais enfrentam para criarem uma nova identidade. Além da operação – que leva pelo menos 24 meses de preparação quando é feita no Sistema Único de Saúde (SUS) – muitos deles passam anos 'brigando' com a justiça para trocar de nome.
Foi o que ocorreu com Cristyane Oliveira, 37, que vive em Porto Alegre. Ela esperou dois anos para fazer a cirurgia pelo Sistema Único de Saúde (SUS), em 2002. “Depois, ainda levou cinco anos para conseguir retificar meus documentos. Eu tinha um direito conquistado e outro negado. Nos meus documentos, ainda era outra pessoa”, conta.
Ariadna revelou aos colegas que era transexual
quando deixou o BBB .(Foto: Reprodução/TV Globo)
Casos como esse ganharam destaque após a participação da cabeleireira Ariadna, de 26 anos, no "Big Brother Brasil 11". Ela evitou declarar publicamente aos colegas que era transexual, e deixou para contar o segredo quando foi eliminada do programa, na última terça-feira (18).
A intimidade sobre a condição sexual, contudo, fica evidente quando o transexual não muda o nome. Com aparência e personalidade de mulher, tem que usar documentos de homem – ou o contrário – e contar ou não contar deixa de ser uma escolha.
“Antes da cirurgia eu havia feito um curso de cabeleireira, mas não pendurava o diploma na parede porque o nome [escrito nele] não era o que eu tinha. É um sofrimento, é uma coisa que traz muitos incômodos”, relata Cristyane, que montou um blog onde conta os desafios que tem que enfrentar como transexual.
Barrada no restaurante
O constrangimento vai além de ter documentos que mostram um sexo diferente. Paula (nome fictício), 29, fez a cirurgia de readequação sexual há quatro meses, e conta que teve problemas ao entrar no restaurante da universidade onde estuda, em São Paulo. “A mulher que cuidava da entrada achou que eu estava usando a carteirinha de outra pessoa. Ela falou alto, gritou comigo”, relata.
A estudante conta que, antes da cirurgia, chegou a entrar na Justiça pedindo que o nome e o sexo em seus documentos fossem mudados, mas não obteve parecer favorável. Agora, com o sexo fisicamente mudado, pretende enfrentar uma nova batalha judicial. “Não quero perder oportunidades por causa do meu nome.”
Carla Amaral conseguiu trocar de nome e de sexo
nos documentos, mas ainda não conseguiu fazer
a cirurgia. (Foto: Arquivo pessoal)
Oficialmente mulher
Carla Amaral, 38, de Curitiba, vive o problema oposto. Há três anos, ela entrou ná Justiça e mudou o nome e o sexo em seus documentos, mas ainda não conseguiu fazer a cirurgia pelo SUS. “Eu estou há cinco meses esperando a primeira consulta”, conta ela, que é diretora-presidente de uma ONG que luta pelos direitos de travestis e transexuais.
Apesar de não ter operado, Carla é oficialmente uma mulher, e em seus documentos não há indícios de que ela nasceu com corpo masculino. Ela poderá se aposentar antes dos homens, pagar menos no seguro do carro e se casar de forma comum – sua união com um homem não é considerada um relacionamento homossexual.
Segundo a advogada Maria Berenice Dias, especialista em Direito Homoafetivo, casos como esse têm sido cada vez mais comuns, e representam um avanço na Justiça brasileira. “Nem sempre as pessoas querem fazer a cirurgia. A mudança do feminino para o masculino, por exemplo, não é uma cirurgia bem-sucedida. Além disso, o exercício da sexualidade não tem muito a ver com a genitália”, defende.
Para a advogada, é necessária uma lei que permita aos transexuais trocar de nome e de sexo nos documentos sem a necessidade de entrar na Justiça. Ela admite, porém, que isso poderia trazer problemas inusitados.
“Se a pessoa tiver filhos, quem era pai deixa de ser, passa a ser mãe. Tem gente que sustenta que quem tem filhos não pode trocar de nome. Na minha opinião, tem que trocar, mas o filho tem que ter acesso a essa informação.”
Cirurgias gratuitas
Na área da saúde, os transexuais encontram menos problemas. Sua condição é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como transtorno da personalidade. “Trata-se de um desejo de viver e ser aceito enquanto pessoa do sexo oposto”, define o documento internacional que classifica problemas de saúde.
Cristyane Oliveira fez cirurgia em 2002 e levou 5
anos para trocar o nome. (Foto: Arquivo pessoal)
A cirurgia de mudança de sexo do masculino para o feminino é feita gratuitamente pelo SUS em hospitais universitários de São Paulo, Porto Alegre, Rio de Janeiro em Goiânia. Segundo o Ministério da Saúde, 60 pessoas já fizeram a operação, que foi liberada no sistema público em 2008.
Como a modificação dos órgãos sexuais é irreversível, é exigido que os candidatos passem por um tratamento psicológico ou psiquiátrico de dois anos, para ter certeza da escolha.
Feminino para masculino
No início deste ano, o governo de São Paulo anunciou que começará a realizar gratuitamente a retirada de órgãos femininos de transexuais que se consideram homens. As cirurgias liberadas serão a da retirada de útero e a de mama. A operação de construção do pênis não foi liberada porque só é permitida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) em caráter experimental.
“As técnicas para essa cirurgia não são boas ainda. Se alguém quiser fazer, vai ter que ser como pesquisa”, relata o médico Edvar Araujo, relator da resolução do CFM que liberou a operação de retirada do útero, ovário e mama em transexuais.
Contar ou não contar?
Depois da modificação do corpo e dos documentos reconhecidos, os transexuais ganham a opção de manter segredo sobre terem nascido com um sexo diferente.
“Não tenho nenhum problema de falar, mas não acho que seja uma obrigação. Não vou chegar em um coquetel e falar ‘Sou Cristyane Oliveira, uma transexual’.” Paula, que fez a cirurgia há poucos meses, concorda. “Se for uma pessoa importante, eu conto, mas na universidade, não falo. Quem sabe, é por causa dos meus documentos.”
Carla, de Curitiba, diz que durante a adolescência tentou esconder, mas hoje não se preocupa mais com isso. “Se as pessoas querem ser minhas amigas, meu amor, têm que saber quem eu sou, qual é a minha identidade, minha história.”
http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2011/01/com-cirurgia-liberada-transexuais-tem-batalha-para-trocar-nome-oficial.html
Unesco dá parecer favorável à distribuição de material contra homofobia nas escolas
23/02/2011 - 09h01
Unesco dá parecer favorável à distribuição de material contra homofobia nas escolas
Amanda Cieglinski
Da Agência Brasil
Em Brasília
A distribuição de kits informativos de combate à homofobia nas escolas públicas ganhou mais apoio nesta semana. A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) deu parecer favorável ao material que, na sua avaliação, “contribuirá para a redução do estigma e da discriminação, bem como para promover uma escola mais equânime e de qualidade”.
Atualmente o material está sob análise do Ministério da Educação (MEC). O kit homofobia, como vem sendo chamado, foi elaborado por entidades de defesa dos direitos humanos e da população LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e travestis) a partir do diagnóstico de que falta material adequado e preparo dos professores para tratar do tema. O preconceito contra alunos homossexuais tem afastado esse público da escola, apontam as entidades.
“Todas as pesquisas mostram que em torno de 40% da população escolar têm preconceito com esse público. O material vai ensinar os professores a trabalhar isso”, defendeu Toni Reis, presidente da ABGLT. O kit é formado por cartazes, um livro com sugestão de atividades para o professor e três peças audiovisuais sobre o tema. O material foi elaborado pelo projeto Escola sem Homofobia, a partir de seminários e de uma pesquisa aplicada em escolas públicas.
A previsão era de que o material fosse distribuído a 6 mil escolas, mas começou a enfrentar resistência em alguns setores da sociedade. O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) quer convidar o ministro da Educação, Fernando Haddad, para prestar esclarecimentos no Congresso e permitir que os parlamentares tenham acesso ao material. Ele é contra a proposta e promete mobilizar a bancada religiosa para impedir a distribuição dos kits.
“Isso [o material] é um estímulo à homossexualidade, à promiscuidade e uma porta à pedofilia”, afirmou. Segundo ele, caso os kits cheguem às escolas, os próprios pais não deverão permitir que os vídeos sejam exibidos. “Eu já tenho apoio de pais e diretores que me procuram preocupados e vão acionar o corpo docente”, acrescentou. O MEC não se posicionou sobre o assunto.
Para Toni, a posição dos fundamentalistas religiosos é preconceituosa porque o material sequer foi divulgado. Algumas pessoas puderam ver parte dos vídeos que criaram a polêmica. Um deles, chamado Encontrando Bianca, conta a história e os dilemas de convivência no ambiente escolar de um menino que se vê mulher e se descobre travesti. O Conselho Federal de Psicologia também deu parecer favorável às obras, considerando-as adequadas à faixa etária indicada.
Para a pesquisadora em sexualidade e professora da Universidade Federal de Sergipe (UFS) Claudiene Santos, a polêmica existe porque ainda há a crença de que a homossexualidade pode ser ensinada ou incentivada pela escola. “Na verdade, o que está se discutindo é uma diversidade que já existe, não foi a escola que inventou. Há um temor da sociedade quando se mexe naquilo que se entende como padrão ou o que chamamos de sexualidade hegemônica”, explicou.
Mesmo com as resistências, ela acredita que o material chegará aos professores e alunos. “A escola é um espaço privilegiado para a promoção dos direitos humanos, mas há uma dificuldade do professor em ter acesso a esse conhecimento. Muitas vezes, há omissão por parte das escolas em coibir qualquer tipo de discriminação, que termina em práticas violentas. Na medida em que você não faz nada, você concorda com aquilo [a homofobia]”, afirmou.
A pesquisadora apontou que afastada da escola pelo preconceito, a população LGBT acaba marginalizada, sem acesso a bons empregos ou à qualificação profissional. “Será que todo travesti gosta de ir para a prostituição ou a gente não dá espaço para que essas pessoas tenham acesso aos direitos que todo cidadão tem?”, questionou.
Em 2009, a Agência Brasil publicou um especial sobre homofobia nas escolas que mostra que o preconceito está presente nas salas de aula e prejudica o desempenho dos alunos vítimas de discriminação.
http://educacao.uol.com.br/ultnot/2011/02/23/unesco-da-parecer-favoravel-a-distribuicao-de-material-contra-homofobia-nas-escolas.jhtm
Unesco dá parecer favorável à distribuição de material contra homofobia nas escolas
Amanda Cieglinski
Da Agência Brasil
Em Brasília
A distribuição de kits informativos de combate à homofobia nas escolas públicas ganhou mais apoio nesta semana. A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) deu parecer favorável ao material que, na sua avaliação, “contribuirá para a redução do estigma e da discriminação, bem como para promover uma escola mais equânime e de qualidade”.
Atualmente o material está sob análise do Ministério da Educação (MEC). O kit homofobia, como vem sendo chamado, foi elaborado por entidades de defesa dos direitos humanos e da população LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e travestis) a partir do diagnóstico de que falta material adequado e preparo dos professores para tratar do tema. O preconceito contra alunos homossexuais tem afastado esse público da escola, apontam as entidades.
“Todas as pesquisas mostram que em torno de 40% da população escolar têm preconceito com esse público. O material vai ensinar os professores a trabalhar isso”, defendeu Toni Reis, presidente da ABGLT. O kit é formado por cartazes, um livro com sugestão de atividades para o professor e três peças audiovisuais sobre o tema. O material foi elaborado pelo projeto Escola sem Homofobia, a partir de seminários e de uma pesquisa aplicada em escolas públicas.
A previsão era de que o material fosse distribuído a 6 mil escolas, mas começou a enfrentar resistência em alguns setores da sociedade. O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) quer convidar o ministro da Educação, Fernando Haddad, para prestar esclarecimentos no Congresso e permitir que os parlamentares tenham acesso ao material. Ele é contra a proposta e promete mobilizar a bancada religiosa para impedir a distribuição dos kits.
“Isso [o material] é um estímulo à homossexualidade, à promiscuidade e uma porta à pedofilia”, afirmou. Segundo ele, caso os kits cheguem às escolas, os próprios pais não deverão permitir que os vídeos sejam exibidos. “Eu já tenho apoio de pais e diretores que me procuram preocupados e vão acionar o corpo docente”, acrescentou. O MEC não se posicionou sobre o assunto.
Para Toni, a posição dos fundamentalistas religiosos é preconceituosa porque o material sequer foi divulgado. Algumas pessoas puderam ver parte dos vídeos que criaram a polêmica. Um deles, chamado Encontrando Bianca, conta a história e os dilemas de convivência no ambiente escolar de um menino que se vê mulher e se descobre travesti. O Conselho Federal de Psicologia também deu parecer favorável às obras, considerando-as adequadas à faixa etária indicada.
Para a pesquisadora em sexualidade e professora da Universidade Federal de Sergipe (UFS) Claudiene Santos, a polêmica existe porque ainda há a crença de que a homossexualidade pode ser ensinada ou incentivada pela escola. “Na verdade, o que está se discutindo é uma diversidade que já existe, não foi a escola que inventou. Há um temor da sociedade quando se mexe naquilo que se entende como padrão ou o que chamamos de sexualidade hegemônica”, explicou.
Mesmo com as resistências, ela acredita que o material chegará aos professores e alunos. “A escola é um espaço privilegiado para a promoção dos direitos humanos, mas há uma dificuldade do professor em ter acesso a esse conhecimento. Muitas vezes, há omissão por parte das escolas em coibir qualquer tipo de discriminação, que termina em práticas violentas. Na medida em que você não faz nada, você concorda com aquilo [a homofobia]”, afirmou.
A pesquisadora apontou que afastada da escola pelo preconceito, a população LGBT acaba marginalizada, sem acesso a bons empregos ou à qualificação profissional. “Será que todo travesti gosta de ir para a prostituição ou a gente não dá espaço para que essas pessoas tenham acesso aos direitos que todo cidadão tem?”, questionou.
Em 2009, a Agência Brasil publicou um especial sobre homofobia nas escolas que mostra que o preconceito está presente nas salas de aula e prejudica o desempenho dos alunos vítimas de discriminação.
http://educacao.uol.com.br/ultnot/2011/02/23/unesco-da-parecer-favoravel-a-distribuicao-de-material-contra-homofobia-nas-escolas.jhtm
Igreja trata homossexualidade como 'vício' em escolas e cria polêmica na Espanha
04/03/2011 - 10h21
Igreja trata homossexualidade como 'vício' em escolas e cria polêmica na Espanha
Anelise Infante
De Madri
Para a BBC Brasil
Uma proposta da Igreja Católica de ensinar moral sexual a crianças tratando o homossexualismo como "vício" está causando polêmica na Espanha.
O Arcebispado de Valência elaborou um curso extracurricular - como opção aos cursos oficiais de educação sexual aprovados pelo governo - que será disponibilizado a todas as escolas interessadas.
Esse curso, dirigido a crianças de 5 a 14 anos, apresenta como "vícios" temas como erotismo, pornografia, homossexualidade, masturbação, voyeurismo e obsessão por sexo.
O programa aborda a sexualidade "a partir de uma visão integradora com aspectos biológicos, fisiológicos, psicológicos, sanitários, antropológicos, morais e sociais", disse à BBC Brasil o porta-voz do arcebispado valenciano.
O chamado Programa de Educação Afetivo-Sexual será dividido em três módulos, de acordo com a faixa etária.
As crianças menores de cinco a sete anos de idade, terão aulas sobre precaução contra abusos, heterossexualidade e pudor.
Crianças de oito a 11 anos aprenderão sobre vícios, erotismo e pornografia.
Os maiores, de 12 a 14 anos, vão ter lições sobre o homossexualismo, as famílias convencionais e a castidade até o casamento.
'Referência'
O programa foi apresentado aos colégios diocesanos, dependentes do arcebispado, e instituições religiosas de ensino. Para todos os centros escolares, o programa será oferecido como uma "proposta educativa": não obrigatória porém como "material de referência".
O presidente da Comissão Diocesana de Ensino, Rafael Cerda, disse que muitos centros católicos expressaram interesse em implantar o programa.
O programa também foi oferecido a 300 mil alunos aos bispados das províncias de Valência, Alicante, Mallorca, Menorca e Ibiza.
Organizações de gays criticaram a proposta, acusaram a Igreja de retrógrada e discriminatória e prometeram contestar o plano na Justiça.
"(São) Lições absolutamente fora da realidade que, além do mais, violam a Constituição, pois nos consideram pessoas disfuncionais, portanto serão levadas aos tribunais", disse à BBC Brasil José de Lamo, coordenador-geral da associação Labmda, que representa gays, lésbicas, transexuais e bissexuais espanhóis.
"Não permitiremos que as crenças religiosas discriminatórias sejam colocadas acima dos direitos fundamentais e do respeito. Imagine que há muitas crianças que tem pais homossexuais e querem ensinar nas escolas que estas famílias são patológicas", acrescentou.
Críticas
A queixa da associação Lambda se baseia principalmente no módulo dois do programa católico, que afirma que "a relação entre homossexuais é errônea e estes não devem ser considerados esposos, nem pais".
A Constituição espanhola permite o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a adoção de crianças por casais gays.
Um dos criadores do método, no entanto, acha que a Igreja apenas defende sua doutrina e tem o direito atender às demandas dos fieis por uma linha de educação para seus filhos coerente com sua crença.
"Tratamos a educação sexual de acordo com nossas convicções, isso é também um direito reconhecido pela Constituição espanhola", disse à BBC Brasil Juan Andrés Taléns, diretor da cátedra de Ciências do Matrimônio e Família do Pontifício Instituto João Paulo 2º, um dos 20 especialistas convocados pelo arcebispado para elaborar o programa.
"Está claro que a política educativa nacional está fracassada. O grande número de abortos, gestações indesejadas e doenças de transmissão sexual são derivados de uma sexualidade inadequada", afirmou.
Nos próximos meses, o programa será estendido a todas as escolas católicas do país como matéria facultativa.
"O problema é que mesmo em colégios católicos, estamos em um país laico, onde a Igreja não é a encarregada de formar sexualmente os alunos", afirmou a presidente da FAPA (Federação de Associações de Pais e Mães de Alunos), Maria José Navarro.
A dirigente disse à BBC Brasil que para elaborar "os conteúdos retrógrados deste programa chamado educativo ninguém contou com a opinião dos pais".
"Esta forma de impor critérios é própria de uma igreja castradora, que nem sequer se questiona se a maioria dos pais quer uma educação de qualidade e respeitosa com todo mundo", afirmou.
http://educacao.uol.com.br/ultnot/bbc/2011/03/04/igreja-trata-homossexualidade-como-vicio-em-escolas-e-cria-polemica-na-espanha.jhtm
Igreja trata homossexualidade como 'vício' em escolas e cria polêmica na Espanha
Anelise Infante
De Madri
Para a BBC Brasil
Uma proposta da Igreja Católica de ensinar moral sexual a crianças tratando o homossexualismo como "vício" está causando polêmica na Espanha.
O Arcebispado de Valência elaborou um curso extracurricular - como opção aos cursos oficiais de educação sexual aprovados pelo governo - que será disponibilizado a todas as escolas interessadas.
Esse curso, dirigido a crianças de 5 a 14 anos, apresenta como "vícios" temas como erotismo, pornografia, homossexualidade, masturbação, voyeurismo e obsessão por sexo.
O programa aborda a sexualidade "a partir de uma visão integradora com aspectos biológicos, fisiológicos, psicológicos, sanitários, antropológicos, morais e sociais", disse à BBC Brasil o porta-voz do arcebispado valenciano.
O chamado Programa de Educação Afetivo-Sexual será dividido em três módulos, de acordo com a faixa etária.
As crianças menores de cinco a sete anos de idade, terão aulas sobre precaução contra abusos, heterossexualidade e pudor.
Crianças de oito a 11 anos aprenderão sobre vícios, erotismo e pornografia.
Os maiores, de 12 a 14 anos, vão ter lições sobre o homossexualismo, as famílias convencionais e a castidade até o casamento.
'Referência'
O programa foi apresentado aos colégios diocesanos, dependentes do arcebispado, e instituições religiosas de ensino. Para todos os centros escolares, o programa será oferecido como uma "proposta educativa": não obrigatória porém como "material de referência".
O presidente da Comissão Diocesana de Ensino, Rafael Cerda, disse que muitos centros católicos expressaram interesse em implantar o programa.
O programa também foi oferecido a 300 mil alunos aos bispados das províncias de Valência, Alicante, Mallorca, Menorca e Ibiza.
Organizações de gays criticaram a proposta, acusaram a Igreja de retrógrada e discriminatória e prometeram contestar o plano na Justiça.
"(São) Lições absolutamente fora da realidade que, além do mais, violam a Constituição, pois nos consideram pessoas disfuncionais, portanto serão levadas aos tribunais", disse à BBC Brasil José de Lamo, coordenador-geral da associação Labmda, que representa gays, lésbicas, transexuais e bissexuais espanhóis.
"Não permitiremos que as crenças religiosas discriminatórias sejam colocadas acima dos direitos fundamentais e do respeito. Imagine que há muitas crianças que tem pais homossexuais e querem ensinar nas escolas que estas famílias são patológicas", acrescentou.
Críticas
A queixa da associação Lambda se baseia principalmente no módulo dois do programa católico, que afirma que "a relação entre homossexuais é errônea e estes não devem ser considerados esposos, nem pais".
A Constituição espanhola permite o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a adoção de crianças por casais gays.
Um dos criadores do método, no entanto, acha que a Igreja apenas defende sua doutrina e tem o direito atender às demandas dos fieis por uma linha de educação para seus filhos coerente com sua crença.
"Tratamos a educação sexual de acordo com nossas convicções, isso é também um direito reconhecido pela Constituição espanhola", disse à BBC Brasil Juan Andrés Taléns, diretor da cátedra de Ciências do Matrimônio e Família do Pontifício Instituto João Paulo 2º, um dos 20 especialistas convocados pelo arcebispado para elaborar o programa.
"Está claro que a política educativa nacional está fracassada. O grande número de abortos, gestações indesejadas e doenças de transmissão sexual são derivados de uma sexualidade inadequada", afirmou.
Nos próximos meses, o programa será estendido a todas as escolas católicas do país como matéria facultativa.
"O problema é que mesmo em colégios católicos, estamos em um país laico, onde a Igreja não é a encarregada de formar sexualmente os alunos", afirmou a presidente da FAPA (Federação de Associações de Pais e Mães de Alunos), Maria José Navarro.
A dirigente disse à BBC Brasil que para elaborar "os conteúdos retrógrados deste programa chamado educativo ninguém contou com a opinião dos pais".
"Esta forma de impor critérios é própria de uma igreja castradora, que nem sequer se questiona se a maioria dos pais quer uma educação de qualidade e respeitosa com todo mundo", afirmou.
http://educacao.uol.com.br/ultnot/bbc/2011/03/04/igreja-trata-homossexualidade-como-vicio-em-escolas-e-cria-polemica-na-espanha.jhtm
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