domingo, 19 de agosto de 2012

Seminário discute drogas e sexualidade na escola

Maceió 08h15, 19 de Agosto de 2012

O Conselho Gestor de Saúde de Ipioca realizará durante os dias 24, 25 e 26 de outubro de 2012 o 12º Seminário Sobre Drogas e Sexualidade de Ipioca com o tema "Abra o olho! Olhe além do crack. Olhe para o álcool, o tabaco e a internet. Olhee dê atenção às pessoas" e o 2º Encontro da Infância, da Juventude e Melhor Idade de Ipioca com o tema "Assassinatos de jovens na sua comunidade. Isto é da sua conta!".
O público alvo são alunos da Escola Marechal Floriano Peixoto, Escola Estadual Jornalista Raul Lima e moradores daquela localidade.
O evento acontecerá no Alto de Ipioca onde estão localizadas as duas escolas, a unidade de saúde, o clube Floriano Peixoto, a igreja matriz e a Praça Padre Cícero.
Durante os três dias, voluntários de diversas áreas promoverão palestras, oficinas e orientações sobre os diversos temas extraídos dos dois temas centrais acima citados. Além disso, serão realizadas ações de saúde, educação, esporte e cultura. O encerramento será no dia 26 de outubro, dia em que acontecerá um grande ato pela paz com um abraço a Praça Padre Cícero e um Pai Nosso Coletivo (Ato Ecumênico).
Este projeto nasceu da inquietação do Psicólogo Condillac Hock de Paffer Neto, hoje Presidente do Conselho Gestor de Saúde de Ipioca, com o objetivo de junto com a comunidade local desenvolver espaços que pudessem dar maior visibilidade para o bairro de Ipioca, onde há carência em diversas áreas, principalmente na área da saúde, educação e segurança.
Há 12 anos o projeto vem sendo realizado com a colaboração de parceiros e voluntários que acreditam que juntos podemos muito mais e que devemos fazer da cidadania não mais uma palavra bonita no dicionário, mas uma maneira de construir um mundo melhor.
Sendo assim,serão ofertadas palestras e oficinas com os seguintes temas: Drogas, violência doméstica, violência no trânsito, o uso exagerado da internet pelas crianças e jovens, o uso abusivo de medicamentos, sexualidade infantil, sexualidade na adolescência, sexualidade na maior idade, o álcool na maior idade, gravidez precoce, bullying, o envolvimento do jovem na sua comunidade, entre outros.
Será muito bem vinda a participação de grupos culturais ligados aos movimentos sociais tais como capoeira, maracatu, baianas, coco, teatro, entre outras artes.
Solicitamos ainda material educativo para distribuição com os alunos e população local durante o evento.
Para maiores informações:
https://www.facebook.com/events/102698066542132/


domingo, 12 de agosto de 2012

Reportagem - Transexualidade: um drama existencial



ESTA REPORTAGEM ESTA ESCRITA E INTEGRADA NO CENÁRIO BRASILEIRO. 



Transexualidade: um drama existencial
Cirurgia de redesignação sexual e documentação adequada são apenas duas das difíceis etapas e angústias por que passam aqueles que buscam concordância entre a anatomia e o psíquico


shutterstock

Faz 10 anos que o Conselho Federal de Medicina aprovou a cirurgia de redesignação sexual em pessoas que nasceram homens, mas que interiormente eram mulheres como também o oposto, mulheres que em sua essência sentiam-se homens. “A transexualidade pode ser determinada por uma alteração genética no componente cerebral, combinada com alteração hormonal e fator social. Entretanto, a hipótese mais aceita é de que se trata de uma diferenciação sexual prejudicada no nível cerebral”, esclarece a profª Maria Jaqueline Coelho Pinto, psicóloga da Equipe de Adequação Sexual da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto – FAMERP e membro do Grupo Sexualidade Vida, da USP/CNPq.
Alguns especialistas acreditam que após a cirurgia este transtorno de identidade seja sanado, como explica o psiquiatra, sexólogo e prof. doutor da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, Dr. Sergio Almeida: “é feita uma adequação entre o corpo fisiológico e o mental, então a pessoa entra em harmonia, pois não irá mais existir esta discrepância entre a identidade de gênero e a fisiológica”, afirma.
Da mesma opinião, a psiquiatra Coordenadora do Comitê de Sexualidade da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH) e Professora da Faculdade de Medicina da USP, Dra. Carmita Helena Najjar Abdo, diz que o transexual resolve o seu drama de identidade e se sente curado após fazer a cirurgia.
Indo mais além nesta questão, a advogada Tereza Vieira afirma que a cura global só acontecerá depois de adequar a documentação, pois só assim não será mais vítima de preconceito ou discriminação social. “Não precisará se candidatar a subempregos nem terá mais vergonha de mostrar a identidade. O nome corresponderá ao seu biotipo”, diz.
Já a endocrinologista do Hospital das Clínicas, Dra. Elaine Maria Frade Costa, acredita que a cirurgia não corrigirá o transtorno de identidade sexual do indivíduo. “Ela apenas proporcionará uma adequação do fenótipo (características externas) ao sexo psíquico, porém o transtorno continuará existindo apesar de o indivíduo ser adequado socialmente, pois o transexual nunca será um homem ou mulher absoluto em relação ao órgão genital e suas funções, mas a cirurgia deixará apenas a aparência e função da genitália o mais próximo possível da sua identificação”, diz.
O ciurgião-plástico Dr. Jalma Jurado lembra que nenhum ser humano está plenamente satisfeito com sua plástica; ninguém afirma que nasceu perfeito, independente de ser ou não transexual. É importante ter consciência de que a medicina evoluiu e que não é mais preciso esconder-se ou não se aceitar. “O médico vai ajudá-lo, respeitando o que está impresso no cérebro dele e tornando-o adequado à linha masculina ou feminina”, argumenta.

As Cirurgias de Transgenitalização
Redesignado mulher 
Para o cirurgião-plástico Jalma Jurado o grande drama é o aspecto externo da vulva. “A vagina é o canal e a vulva é o aspecto externo. O que precisa ser feito é uma vulva que não choque o parceiro”, diz.

Procedimento cirúrgico: a técnica mais avançada é aquela que usa somente a pele do pênis, que é muito elástica, extremamente lisa e tem pouco pêlo. “Eu deixo os vasos que nutrem a pele e os nervos porque o gatilho do orgasmo precisa de sensibilidade normal”, explica Jurado.

Vantagens: essa pele virada ao contrário vai fazer o forro da vagina, sua fricção vai provocar prazer chegando até o orgasmo.

Pós-operatório: fisioterapia no canal vaginal durante dois meses ou o uso do molde vaginal por pelo menos quatro horas ao dia. “O objetivo é assegurar que a neovagina se recupere corretamente e que mantenha seu tamanho e funcionalidade”, diz Jaqueline.
Após a retirada dos testículos, indica-se tomar hormônio indefinidamente para não ocorrer menopausa instantânea, “ou problemas relacionados à falta de hormônio como osteoporose, perda da musculatura, insônia, calor, irritação etc.”, orienta o urologista e prof. Dr. Carlos Cury da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto.
Existem outras técnicas para se fazer a neovagina, como a realizada pelo cirurgião plástico norte-americano, Dr. Gary Alter, que faz o clitóris a partir da cabeça do pênis (glande) e garante que há bem poucas complicações depois que ocorre a cirurgia de redesignação. “É uma mulher, urina sentada, já que o canal da urina é encurtado”, diz. Já Dr. Jurado usa partes restantes do canal urinário para fazer o clitóris e mantém a glande no interior da vagina imitando o útero.

Redesignado homem 
A cirurgia se baseia no conhecimento da técnica que foi feita num homem que perdeu ou amputou o pênis para fazer num transexual feminino que vai ser redesignado homem.

Procedimentos cirúrgicos: intervenções complexas que envolvem a mastectomia bilateral – redução significativa dos seios, a histerectomia – retirada do útero, a ooforectomia bilateral – extirpação dos ovários e tratamento hormonal, vaginectomia – remoção da cavidade vaginal, colocação de próteses testiculares de silicone e faloplastia – construção plástica do pênis.
Como é feita a faloplastia: a operação é feita com a pele ou o músculo do abdômen ou ainda com a pele da virilha. “Dentro do tubo de pele é construído um canal por onde vai passar a urina e dentro deste tubo colocam- se materiais aloplásticos (prolipropileno) que farão o neopênis ter um pequeno enrijecimento que permitirá a relação sexual”, explica Jurado. Durante a operação é criado o escroto usando os lábios vaginais.
Pós-operatório: não haverá ereção espontânea. O transexual terá que levantar o órgão para introduzi-lo. O orgasmo poderá ser decorrente da sensibilidade do clitóris que estará embaixo do pênis. “No mundo inteiro os resultados desta cirurgia não são bons, porém os transexuais femininos encontram outras formas para agradar suas parceiras”, revela Dr. Cury.
No Brasil esta cirurgia ainda é experimental. Há cirurgiões que usam a pele do braço para reconstruir o pênis por meio de microcirurgia; porém, o procedimento deixa uma marca muito grande e caso a cirurgia não seja bem-sucedida poderá ocorrer trombose no neopênis. Alguns operam a cartilagem do pescoço e outros as cordas vocais. “O que muda a voz são os exercícios praticados com uma fonoaudióloga (60%) ou a cirurgia da corda vocal (40%)”, esclarece Dr. Cury.

HUTTERSTOCK
A transexualidade é um distúrbio de identidade sexual no qual o indivíduo necessita alterar a anatomia

No Brasil, a maioria dos transexuais chega ao consultório com a nova aparência formada. “O transexual masculino já está tomando hormônio feminino e o transexual feminino já vem tomando hormônio masculino, ou seja, o fenótipo está bastante modificado. Resta para esta pessoa uma situação muito mais relacionada com o genital para adequar ao seu fenótipo”, explica Carmita. O nome dado a este fenômeno é transexualidade
.

LONGO PERCURSO 
A maior dificuldade dos transexuais é esperar por muitos anos para fazer a cirurgia. Recentemente, houve uma determinação da Justiça Federal para que o Sistema Único de Saúde (SUS) inclua em sua lista de procedimentos a cirurgia de transgenitalização. A medida é resultado de ação civil pública movida pelo Ministério Público Federal (MPF) contra a União. O MPF considera a garantia da cirurgia um direito constitucional.
Os transexuais reivindicam o direito à saúde e, por ser um problema diagnosticável e com tratamento, não há motivo para que eles não sejam atendidos. Caso o SUS não inclua a cirurgia terá que pagar multa diária no valor de R$ 10 mil. A decisão vale para todo o território nacional. “Encaro essa decisão como um grande avanço em prol de pessoas que sofrem inconformados com o seu sexo. Mas penso que a discussão em relação à falta de atenção com os transexuais deva ir além da cirurgia”, adverte a psicóloga Maria Jaqueline.

Os transexuais reivindicam o direito à saúde e, por ser um transtorno diagnosticável e com tratamento, não há motivo para que eles não sejam atendidos
Pessoas contrárias à cirurgia dizem que, como o órgão masculino funciona e as mamas são perfeitas, a operação seria um crime. Em razão deste pensamento, muitos transexuais mutilaram-se, massacraram suas mamas, entraram em profunda depressão e até se suicidaram. Além disso, é por meio do órgão masculino que se constrói a neovagina, tanto que os tratamentos atuais já orientam aos transexuais a aceitarem o órgão, pois têm que estar sadios para ser usados para reconstrução da vagina (veja no quadro As Cirurgias de Transgenitalização como é feito o procedimento).
Cabe aqui citar a opinião do juiz federal Roger Raupp Rios: “a partir de uma perspectiva biomédica, a transexualidade pode ser descrita como um distúrbio de identidade sexual no qual o indivíduo necessita alterar a designação sexual sob pena de graves conseqüências para sua vida, dentre as quais se destacam o intenso sofrimento, a possibilidade de auto-mutilação e de suicídio”.
O magistrado decidiu obrigar o SUS a pagar os custos da cirurgia de transgenitalização com o seguinte parecer “a prestação de saúde requerida é de vital importância para a garantia da sobrevivência e de padrões mínimos de bem-estar dos indivíduos que dela necessitam e se relaciona diretamente ao respeito da dignidade humana”.
                  Wilton Junior/AE
O que ainda continua moroso é não haver uma lei completa, pois são precisos laudos médicos, às vezes perícia, e um advogado que seja profundo conhecedor das leis de saúde e jurídicas para provar ao juiz e promotor que esta pessoa precisa adequar o seu nome e documentos para gozar o direito de uma vida sem discriminações. “Como prega a Constituição, o direito à saúde é dever do Estado e no Art.13 do Código Civil de 2002 está escrito que, salvo por exigência médica, a pessoa não poderia dispor de uma parte do corpo. Portanto, por exigência médica, para melhorar a saúde pode ser realizada a cirurgia”, defende Dra. Tereza, responsável por regularizar a documentação da transexual Roberta Close e de inúmeros casos de transexuais no Brasil.
Para acabar com preconceitos ou falta de informação sobre este assunto vale relembrar o que disse o juiz Raupp Rios “quanto à possibilidade de criminalização do médico – que poderia decorrer do efeito mutilador da cirurgia, conforme alegou a União, cito a doutrina segundo a qual, em procedimentos cirúrgicos realizados com o consentimento expresso ou tácito do paciente, em caso de interesse médico, não há crime” (AC 2001.71.00.026279-9/TRF)”.
A advogada vai mais além e faz a seguinte comparação: “se não existisse a lei (Art 13, Cód. Civil 2002), ninguém poderia retirar o rim saudável para transplantá-lo em uma pessoa doente, como também não existiriam vários tipos de cirurgia plástica visando reparar alguma parte do corpo afetada por um acidente ou deformidade congênita”.
Esta constatação é comprovada por médicos de diferentes áreas da saúde e por especialistas da área psi. Por esses motivos, a Justiça percebeu que a saúde física e psíquica do ser humano não é da sua alçada. “Tanto que, quando surge este tipo de problema, o juiz nomeia um perito, figura desempenhada por um médico ou psicólogo”, complementa Tereza.
Será que nestes casos comprovados de transexualidade não seria menos desumano aprovar o ajuste da documentação enquanto se espera pela realização da cirurgia? “Eu defendo que o nome é aquele pelo qual a pessoa é conhecida, e não o do registro. Como também a troca de nome para pessoas cujos nomes as colocam em situações sociais de extremo sofrimento e constrangimento. Imagine uma pessoa com todas as feições femininas e silhueta arredondada ser obrigada a apresentar a identidade com o nome de João”, questiona Tereza.
Após a cirurgia tem de haver uma adequação social e profissional, pois a cirurgia apenas elimina a discrepância entre o genital e o mental
Será que nestes casos comprovados de transexualidade não seria menos desumano aprovar o ajuste da documentação enquanto se espera pela realização da cirurgia? “Eu defendo que o nome é aquele pelo qual a pessoa é conhecida, e não o do registro. Como também a troca de nome para pessoas cujos nomes as colocam em situações sociais de extremo sofrimento e constrangimento. Imagine uma pessoa com todas as feições femininas e silhueta arredondada ser obrigada a apresentar a identidade com o nome de João”, questiona Tereza.
Para Dr. Oswaldo M. Rodrigues Júnior, diretor e psicoterapeuta sexual do Instituto Paulista de Sexualidade, a adequação cirúrgica é apenas uma parte do que será necessário para que os transexuais se sintam felizes e confortáveis. “Desenvolver a capacidade de lidar com as novas situações de vida ainda é uma necessidade primordial para alcançar um equilíbrio e felicidade”, enfatiza.
Além disso, após a cirurgia haverá a necessidade da adequação social aliada ao histórico profissional que permita obter uma vaga numa empresa, pois a cirurgia apenas elimina a discrepância entre o genital e o mental. “Muitos acabam até se prostituindo por não conseguirem emprego depois da cirurgia; inclusive aqueles que têm um emprego o fazem pela impossibilidade de continuar no trabalho que exerciam antes”, lamenta a psiquiatra Carmita.
“O primeiro avanço seria a sociedade perceber o transexual como cidadão, reconhecendo os seus direitos à família, educação, saúde, moradia, trabalho etc.”, defende Cassio Rodrigo, Coordenador Geral de Assuntos de Diversidade Sexual da Prefeitura de São Paulo.
Durante a terapia pode-se atestar a subjetividade do indivíduo, para certificar a importância de viver no gênero desejado antes da cirurgia
Com certeza a fase mais conflitante vivida pelo transexual é a adolescência. Neste período ocorre o inverso para cada gênero: para as meninas os pêlos; para os meninos as mamas se acentuam, ocorre a menstruação, tudo isto ocasionado pelas transformações hormonais.
Talvez por este fator muitos transexuais se arrisquem a já ir tomando o hormônio adequado a sua identidade e, não raro, sem prescrição médica. “Essa fase é caracterizada pela exacerbação da diferenciação sexual, que conduz a uma sensação de inadequação, ocasionando vergonha e não aceitação de seu genital”, esclarece Jaqueline.

Estudos sobre transexualidade: medicina baseada em evidências
A identificação ocorre na fase intra-útero quando o transexual sofrerá uma ambigüidade cerebral. “O hipotálamo tem um núcleo de células responsáveis pela sexualidade. No caso dos transexuais eles têm um “inprint” exatamente do outro sexo. A anatomia destas células, dos transexuais masculinos, é idêntica à da mulher. Nasce com células cerebrais femininas que obrigam o corpo e a mente a se comportarem no outro sexo e o inverso também ocorre. O transexual tem certeza de sua identidade e sempre vai querer ser operado”, explica Dr. Jurado.
Experiências e estudos realizados na Holanda, em autópsias com transexuais, verificaram que o tamanho das células do transexual masculino é semelhante ao da mulher e dos transexuais femininos, igual ao do homem.
“Pesquisadores holandeses acham que nascemos com a identidade de gênero (masculina ou feminina) já definida por células de uma parte do cérebro chamada Stria Terminalis, localizada no hipotálamo”, diz o psiquiatra e psicoterapeuta Dr. Ronaldo Pamplona da Costa em seu livro Os Onze Sexos – As múltiplas faces da Sexualidade Humana, Kondo Editora.Para Ronaldo, esta região cerebral se apresenta maior no homem do que na mulher e é ela que regula o comportamento de gênero masculino ou feminino. Esta região cerebral também recebe influências do meio ambiente e educação, porém após os três anos de idade não sofrerá nenhuma mudança; o gênero já estará totalmente definido. “Em 1995, um estudo do Instituto do Cérebro, também na Holanda, verificou em seis transexuais masculinos que todos tinham o mesmo tamanho da Stria Terminalis de uma mulher”, revela Dr. Ronaldo.
Atualmente a medicina considera que o hipotálamo tem fundamental importância no comportamento do ser humano. “O sistema nervoso central tem o cérebro como seu principal órgão; nele estão zonas relacionadas a todas as atividades biológicas e psicológicas do ser humano. Durante a gestação o cérebro receberá banhos de hormônios masculinos no feto macho e hormônios femininos no feto fêmea que influenciarão no desenvolvimento do hipotálamo”, afirma.
A endocrinologista e psicoterapeuta Dra. Dorina Epps, pioneira no tratamento da transexualidade no HC, revelou que ocorre alteração hormonal nos transexuais. “Revendo a literatura sobre o assunto, verificou-se que alguns hormônios hipotalâmicos não são secretados de maneira normal e, sim, com picos sucessivos e com maior freqüência”, relata.
“Os transexuais têm a sensação de terem nascido num corpo trocado, ou seja, sentem-se aprisionados num outro corpo e com o desejo de viverem e serem aceitos como pessoas do sexo oposto”

Os especialistas ensinam que neste período é melhor compreender que a mudança é gradual respeitando o seu processo de aceitação e adaptação. “Muitos casos de dúvida acabam levando a conseqüências altamente desastrosas, depressões profundas, até risco de suicídio quando o que deveria ser feito não o é devidamente”, constata Carmita.
O drama poderá ficar maior quando estão terminando a faculdade. “O compromisso social com o trabalho invoca mais conflitos”, considera Rodrigues Junior. O incômodo pode se acentuar quando já exercem atividade financeiramente produtiva e o trabalho exige atitudes apropriadas ao gênero que não é sentido como próprio.
“A família e a sociedade precisam entender que o transexual é realmente o que sente e acredita ser e, como todo ser humano, ele é responsável por seus atos. Portanto, não pode ser mais vítima de humilhação ou marginalização nem de repressão”, adverte a psicóloga Dra. Lourdes Brunini, diretora-presidente da Faculdade de Ciências da Saúde de São Paulo.
O Prazer após redesignação sexual
A relação sexual da mulher (transexual masculino), na maioria das vezes, é satisfatória com penetração peniana completa. “O clitóris é uma estrutura estética e a paciente tem prazer na relação com a penetração, pois a glande peniana no fundo da vagina funciona como tecido excitável”, conta Dra. Elaine.
Após a cirurgia ela deve investigar o novo genital e ao se masturbar vai experimentar os primeiros orgasmos e assim se encaminhar a desenvolver a sua plena sexualidade. “Possibilitará o ‘encontro’; o corpo fragmentado e parcial reconhece- se agora como integrado e próprio. O clitóris é apenas colocado esteticamente, o prazer e sensações mesmo vão ser explorados na vagina”, revela Jaqueline.
De acordo com o psiquiatra Sergio Almeida a relação com a neovagina será ótima. Em média a mulher passa a ter orgasmos depois de 6 meses quando a cabeça, o psicológico, já se adapta ao novo corpo feminino. “O prazer se dá pela fricção. No transexual o clitóris só tem função estética”, revela o psiquiatra e sexólogo.
O orgasmo se dará quando o pênis do parceiro bater na glande que está lá no fundo da neovagina. “Chamamos a glande de “útero”, pois após a cirurgia ela ficará semelhante a um útero”, explica Sergio.
No caso do homem, seu novo pênis deverá passar pelos mesmos processos experimentais e poderá atingir orgasmo, porém com ausência de ejaculação. “O prazer orgásmico se dá pelo processo de percepção e não pela fricção física. O orgasmo é sentido mentalmente”, revela Dr. Oswaldo.
É mais comum os homens (transexuais femininos) ficarem satisfeitos com a ablação das mamas, terem o corpo masculinizado, com barba, e não menstruar, já que foram retirados o útero e os ovários. “Vivem a sexualidade sem a necessidade de transformação, completando o prazer com o uso de objetos”, explica Dra. Carmita.


AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA
Compreender os principais problemas vivenciados pelos transexuais requer entrevistas. "Também utilizamos recursos psicoterápicos para o atendimento individual e/ou grupal, orientação e conscientização do processo pré, trans e pósoperatório, orientação dos pacientes e familiares no período de internação e nos retornos ambulatoriais e facilitação para a ressocialização no período pós-operatório”, explica Jaqueline.
Segundo a psicóloga, durante o tratamento poderá ser atestada a subjetividade daquele indivíduo, que deverá se apresentar diferente em gênero da sua natureza física e, assim, será certificada a importância da experiência de viver no gênero desejado antes da definição cirúrgica, que é irreversível.
A psicoterapia serve para que o terapeuta ajude o paciente a fortalecer sua real identidade. “Compreender o contexto de suas relações e valores, adquirir uma visão mais realista do tratamento cirúrgico e de sua vida após a cirurgia, pois a maioria deposita na cirurgia o poder mágico de solução para todos os problemas”, esclarece Jaqueline.
reprodução
O filme A Má Educação (La Mala Educación), de Pedro Almadôvar, fez grande sucesso com o ator Gael Garcia Bernal dando vida à personagem transexual vivendo seus dramas

No decorrer do trabalho psicoterápico, Rodrigues Junior cita a importância da terapia individual para desenvolver o mecanismo de confiança social. “O processo psicoterápico pode durar anos, porém as mudanças psicossociais básicas precisam de cerca de dois anos para se instalar e a pessoa passar a viver pelas regras do gênero psicológico, aprontando- se para os processos cirúrgicos”, diz.
De acordo com o psiquiatra Sergio Almeida, para ser feita a cirurgia de adequação para o gênero feminino, os resultados das avaliações psicológicas precisam ficar em torno de 90 a 95% para o perfil feminino. “Assim como heterossexuais teriam este valor. Pois ninguém é 100% homem ou mulher”, afirma.
Todas as especialidades citadas até aqui na reportagem só existem em atividade concomitante nos Hospitais das Escolas de Medicina, porém o tratamento terapêutico também é encontrado em consultórios particulares.
INSERÇÃO SOCIAL 
Com o laudo médico, o advogado entra com um processo para ajustar a certidão de nascimento e carteira de identidade com o nome real, um passaporte condizente com o gênero (feminino ou masculino), sem nenhum tipo de discriminação, para atestar que se trata de transexual. “Nós, profissionais do Direito, devemos contribuir para o não-prolongamento do sofrimento destas pessoas auxiliando- as na necessária adequação de seus documentos, pois sua manutenção impede a inserção social e profissional do indivíduo. Ao Direito e à sociedade interessam a identificação correta do indivíduo, portanto sexo social, psicológico e jurídico devem coincidir sob pena de o indivíduo acometido por este problema ser condenado ao ostracismo, a subempregos, ser um verdadeiro pária social, sem poder gozar dos seus direitos mais básicos como saúde e educação”, esclarece Tereza.

Segundo a advogada, na carteira de identidade ocorrerá apenas a mudança de nome, pois dela não consta o sexo. Na certidão de nascimento haverá a alteração do prenome e do sexo. “No espaço destinado às observações poder-se-á inscrever ‘registro feito na forma da lei’, ‘contém averbações’, mas nada que exponha o indivíduo a situações vexatórias. Há sentenças em que o juiz solicita que nada se inscreva no espaço destinado às observações na certidão de parcial teor”, explica.
João MIguel Júnior
Rogéria: travesti conhecido é um dos poucos que mantêm sua identidade feminina sem recorrer à cirurgia ou à nova documentação
Quando o assunto é casamento, trata-se de uma questão ética e moral, muitas vezes não há como dizer se é certo ou errado contar o passado para quem vai se casar. O futuro cônjuge pode não ter a compreensão e conhecimento esclarecido sobre a disforia de gênero e assim pode exigir a anulação até três anos depois da data da celebração. “Em havendo o temor da realização de um possível casamento, incorrendo em erro o pretendente, basta se averbar no livro de registro (não na certidão) de nascimento que tal alteração é determinada por sentença judicial. Assim, o eventual pretendente (bem como as autoridades) conhecerá sua história, caso ainda não tenha sido contada, pois para se casar será exigida a certidão de nascimento de inteiro teor (com todas as informações)”, explica Dra. Tereza.
Quanto aos diplomas escolares e universitários, basta levar a certidão para que a secretaria escolar regularize toda a documentação condizente com o correto gênero.
Dentre outros, o direito do transexual está baseado no direito à saúde (art. 196), no direito à vida privada (art.5, X) tutelados pela Constituição Federal. Os arts. 13 e 21 do novo Código Civil resguardam a disposição do próprio corpo quando recomendadas por médicos e tutelam a vida privada, respectivamente.
Além disso, a advogada alerta a sociedade dizendo: “o Direito deve facilitar e colaborar para inclusão social do transexual, pois, conforme declarou certa vez o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Celso Mello, ‘de nada adianta superar este impasse – a dicotomia entre realidade morfológica e psíquica – se a pessoa continua vivendo o constrangimento de apresentar documentos do sexo oposto’”, relembra a doutora.

Saiba mais
Livros 
Vivência Transexual: o corpo desvela seu drama, Profª Maria Jaqueline Coelho Pinto, Editora Átomo (2003); Bioética – Temas Atuais e seus Aspectos Jurídicos, autora Dra. Tereza Rodrigues Vieira, Editora Consulex (2006); Os Onze Sexos – As Múltiplas Faces da Sexualidade Humana, autor Dr. Ronaldo Pamplona da Costa, Kondo Editora (2005); O extrasexo, autora Catherine Millot, Editora Escuta (1992).
Filmes
*Transamérica
*A Má Educação
*Os Homens também Choram
*Minha Vida em Cor-de-Rosa
Sites
www.transexual.com.br
www.osonzesexos.com.br
www.paradasp.gov.br
www.saude.gov.br
www.anvisa.gov.br
www.abiaids.org.br



De acordo com a Classificação Internacional de Doenças, o Transtorno da Identidade Sexual – Transexualismo é um desejo de viver e ser aceito como pessoa do sexo oposto. Este desejo se acompanha em geral de um sentimento de malestar ou de inadaptação por referência a seu próprio sexo anatômico e do desejo de submeter-se a uma intervenção cirúrgica ou a um tratamento hormonal a fim de tornar seu corpo tão conforme quanto possível ao sexo desejado.
Fonte: CID-10, F64 e F64.0
Anna Melo é jornalista e escreve sobre saúde

http://transexualidadeportuguesa.blogspot.com.br/2012/07/transexualidade-um-drama-existencial.html

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Falta de desejo sexual é psicológico?


30/07/2012 às 00:00:00 - Atualizado em 29/07/2012 às 21:32:32

Amanhã comemora-se o Dia Internacional do Orgasmo e por isso, nada melhor do que falarmos sobre a falta de desejo sexual, que certamente faz muita diferença para se ter um orgasmo.

A vida sexual, especialmente a feminina, tem que ser construída a partir do pessoal de cada um, de como se encara o sexo e de como se deseja realizá-lo. Porém, não é apenas o fator psicológico que pode modificar a libido. O fator hormonal também exerce grande influência.

Veja alguns dos fatores que podem provocar essa desregulagem e afetar na vida sexual:

- Tireoide: as disfunções na tireoide, glândula responsável pela produção de hormônios, podem acarretar queda na disposição sexual. A boa notícia é que o tratamento, normalmente feito com medicamentos, regulariza o quadro.

 - Período da menopausa: a chegada da menopausa caracteriza-se por uma queda brusca nos níveis de estrogênio no organismo feminino. Produzido pelos ovários, o hormônio é responsável pela elasticidade e lubrificação da vagina. É importante lembrar que isso não é uma regra. Há mulheres que continuam com a vida sexual ativa e satisfatória na menopausa. Para as que não têm a mesma sorte, há maneiras eficazes para evitar os sintomas relacionados ao período. Um dos tratamentos mais conhecidos é a terapia de reposição hormonal (TRH), que visa a regularização dos níveis hormonais no organismo feminino.

 - Prolactina: depois que engravida, a mulher passa a secretar uma quantidade maior de prolactina, substância que estimula a produção do leite materno e reduz o apetite sexual. Esse distúrbio também pode ser controlado com a ajuda de medicamentos.

 - Pílulas anticoncepcionais: em algumas mulheres elas podem prejudicar o desejo sexual. Isso acontece porque um dos componentes da pílula é o estrogênio, que aumenta a produção de SHBG em inglês Sex Hormone Binding Globulin, a principal proteína transportadora de hormônios sexuais. Por sua vez, isso reduz o nível de testosterona no sangue, o que pode afetar a libido de determinadas pessoas. Para estes casos é recomendado uma pílula com dosagem menor de estrogênio ou até mesmo trocar o método contraceptivo.

- Medicamentos que agem no sistema nervoso central (SNC): a hipófase, glândula localizada no cérebro, é responsável por produzir hormônios importantíssimos para o funcionamento adequado do corpo inteiro. Por isso, qualquer remédio que iniba o SNC (como antidepressivos e calmantes) pode provocar uma verdadeira bagunça nos níveis hormonais, tendo como uma das consequências a perda de libido. Para esse problema, existe a possibilidade de passar para um remédio com menos efeitos colaterais ou usar um medicamento que atue como uma espécie de antídoto para bloquear o desconforto provocado pelo antidepressivo.

Sexo & Facebook


Com mais de quatro milhão de utilizadores em Portugal e mais de oitocentos milhões em todo o mundo, o Facebook é uma rede social que permite encontros que provavelmente não se dariam na vida real. O atrativo erótico está no seu potencial máximo, a comunicação escrita é rápida, e o facto de se dizer sem olhar nos olhos do outro acende o imaginário e permite desinibições ousadas e eficazes. Há casamentos que não resistem a encontros na rede de Mark Zuckerberg, há quem deixe de estar sozinho, há facadinhas em matrimónios que não passam disso mesmo. Há relações para todos os gostos. E uma coisa é certa: há muito sexo na rede.
Casamentos desfeitos, by Facebook
A casa parece manca. Há espaços que ficaram subitamente vazios, a cama grande de mais para um corpo só, a moldura sem fotografia dentro, pousada na mesinha de cabeceira, estantes desprovidas dos livros que antes as faziam abaular.
Marta (nome fictício), 41 anos, também parece incompleta. Desigual. Está triste e não faz o mínimo esforço para disfarçar. Os filhos estão na escola e ela tem um camisolão largo vestido, umas calças de ganga velhas e uns chinelos. Pede desculpa pela indumentária, desaba no sofá com um suspiro que lhe vem de muito dentro, e é impossível não reparar nas meias circunferências negras que lhe sublinham os olhos e que gritam a sua miséria.
Foi há três meses que ele saiu de casa. Marta tem esse momento impresso no cérebro e está como que tolhida por essa imagem, sem conseguir andar para a frente. «Todos os dias me lembro do dia em que ele saiu por aquela porta e deu cabo de 15 anos de um casamento que eu achava feliz.»
A culpa, garante Marta, foi do Facebook. «Toda a gente diz que a culpa tem de ter sido minha, também, que de certeza que a nossa relação já não estava bem, que se calhar me descuidei, que nos deixámos cair na rotina, que talvez não lhe tenha dado sexo com fartura, que não dei atenção aos sinais. E eu digo e repito: estava tudo bem ou, pelo menos, assim parecia. Namorávamos, passeávamos, sempre nos demos bem, e a cama também nunca esmoreceu. Ok, não fazíamos amor todos os dias... Mas, caramba, estávamos casados há 15 anos!»
Quinze anos de casamento, dois filhos, duas casas, uma em Lisboa, grande e bonita (se bem que agora manca), e outra no Algarve. Uma família que todos diriam feliz. Até que ele começou a ficar cada vez mais tempo agarrado ao computador. No início ela não ligou. Até achou graça. Afinal, era uma descoberta tardia com o consequente deslumbramento. «Ele nunca tinha ligado nenhuma ao Facebook e até fui eu quem insistiu. Lembro-me de lhe ter chamado totó imensas vezes porque ele nem sequer tinha conta e, mesmo quando passou a ter, não sabia mexer naquilo, não ligava, ficava que tempos sem lá ir.»
O pior foi que o seu entusiasmo tardou mas deu-lhe forte. Começou a acumular «amigos» e foi como se uma janela enorme se tivesse aberto na sua vida. Estava eufórico. Falava dos amigos reencontrados, recordava outros tempos, e de repente parecia que a vida real não lhe chegava. «Era como se aquela realidade paralela, virtual, que remetia para o passado, fosse mais interessante do que a vida real, a nossa, a de todos os dias.»
E o interesse aumentou com a descoberta de uma ex-namorada. Marta tornou a não dar muita importância. Afinal, também ela tinha no seu grupo de «amigos» alguns namorados de antigamente. «Toda gente tem», garante. «E até compreendi, perfeitamente, que ele tivesse essa curiosidade. Acho que sentia a nossa relação tão segura que nem pus a hipótese. Se calhar, se tivesse sido mais cautelosa, isto não teria acontecido.»
Mas aconteceu. Durante um ano ele foi-se perdendo dela, sumido para dentro de um ecrã. As discussões aumentaram, a distância que não havia - ela, pelo menos, garante que não havia - criou-se. Ele começou a ter trabalho até tarde, jantares da empresa e uma noite não veio dormir. «Sempre disse à boca cheia que não toleraria que ele não viesse dormir. Mas tolerei. Assim como tolerei que me dissesse que tinha dormido com ela. Que era só sexo e mais nada. Que não voltava a acontecer. E depois tolerei quando descobri que tinha voltado a acontecer. Tolerei porque achei que se lhe passasse o devaneio talvez a nossa vida pudesse voltar ao que era. Tolerei porque... oh, tolerei porque sou uma parva. Uma burra. E perdi-o na mesma.»
Ana Alexandra Carvalheira, psicóloga clínica e presidente da Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica (SPSC), também acredita que não é preciso que a relação esteja a viver um mau momento para que o Facebook dê cabo do resto. «A relação até pode ser feliz e saudável. Só que esta rede social é muito rápida. Tudo é fácil e imediato. As pessoas reencontram outras e entram em contacto. Ora, a comunicação escrita permite a idealização do outro. É muito fácil sonhar o outro, sonhar uma situação... não o estamos a ver e, assim à distância, o outro pode ser perfeito. E, de repente, há uma erotização do outro. E quase sem que se deem conta, as pessoas estão envolvidas. Depois, ao procurarmos amigos do passado ou ex-namorados, estamos à procura de sentimentos antigos, estamos à procura do que nós éramos, do que vivemos. E alimentamos essa nostalgia, essas saudades de um tempo que passou mas que, se calhar, até pode voltar.»
No caso de Pedro (nome fictício) voltou mesmo. Quinze anos de casamento e dois filhos não foram suficientes para o fazer ficar no presente. «Resta saber se o passado o vai fazer mais feliz ou se, passada a excitação inicial, vem o arrependimento. Mas aí já será tarde de mais», desabafa Marta que já tolerou mais do que podia imaginar.
A presidente da SPSC, que já recebeu no seu consultório bastantes casos de relações amorosas desfeitas (ou em apuros) por causa do Facebook, não descarta a hipótese do desencanto. «A idealização do outro pode ser tão diferente da realidade que essa desilusão é possível, claro que sim. Além disso, como a comunicação e a intimidade são muito rápidas, não se pode falar num conhecimento efetivo daquela pessoa. Pode haver intimidade na internet, porque a intimidade pressupõe que eu me sinta validada e compreendida e isso acontece, mas conhecer as pessoas a fundo acontece depois, na vida real. E aí, sim, pode haver lugar à desilusão.»
Facadinha no casamento, by Facebook
Sofia (nome fictício), 30 anos, torna a pedir, pelo amor da santa mãe e das alminhas, que o seu nome verdadeiro não apareça na reportagem. Em jeito de brincadeira promete até retaliações físicas para o caso de algum deslize: «Eu juro que descubro onde mora!» Não era preciso tanto, garantimos. Mas o caso não é, afinal, para menos. Sofia é casada, jura que bem casada (e pelas fotos do Facebook lá garboso é o cônjuge!), mas isso não a impediu de dar uma facadinha no matrimónio com um amigo que não via há muito mas com quem sempre existiu, no passado, uma aura de romance nunca concretizado: «Foi preciso existir o Facebook para darmos o passo que nunca demos.»
Depois de se reencontrarem e começarem a falar, o clima avançou rapidamente. Ele a dizer que ela estava linda, ainda melhor do que antigamente. Ela a achar o mesmo. Os dois a jogarem o perigoso e estimulante jogo da sedução. «Em pouco tempo percebi que estávamos envolvidos. Excitava-me imenso a ideia de ir para a net e encontrá-lo online. Já vivia a antecipação de o encontrar, de coração aos saltos. Quando o via online e ele não dizia nada ficava triste. Como se o meu dia já não fosse igual. Claro que, também em pouco tempo, começámos com dirty talk no chat. Eu fazia-te, eu acontecia-te se estivesses aqui agora... Aquelas conversas supereróticas deram outro colorido à minha vida.»
Até que um dia o erotismo à distância passou a sexo puro e duro. Sofia e o amigo combinaram encontro num hotel desses que servem para isso mesmo, e puseram fim a anos de expetativas adiadas. «O quarto tinha uma cama redonda e espelhos por todo o lado e foi exatamente como tinha imaginado. Sexo selvagem e maluco, sem amor. Só dois corpos famintos um do outro. Foi mesmo bom! E sabe? Sem qualquer peso na consciência. Porque eu amo o meu marido e jamais me passaria pela cabeça trocá-lo por este amigo de longa data. Foi só o que foi: sexo. As mulheres também gostam de one night stand (relações de uma só noite).»
Sofia garante que conseguiu manter a relação extraconjugal nesse patamar, sem a deixar crescer e tomar conta de outros espaços. O marido nunca se apercebeu de nada e o casamento continuou, talvez ainda mais feliz do que antes. «Cumpri uma fantasia que tinha mas compreendi que era só isso. Nunca misturei as coisas. O amor que tenho pelo meu marido está num campeonato à parte.»
Para a psicóloga Ana Alexandra Carvalheira a história de Sofia faz todo o sentido, à luz do contexto social que vivemos: «Estamos num momento da História em que as pessoas querem realizar-se a nível amoroso e sexual. E querem essa realização já, no imediato. Ora, a internet permite isso. O Facebook permite isso. Por outro lado, nesse contexto de transformações a nível social há mulheres que procuram uma one night stand, sem consequências.»
A presidente da Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica vai mais longe, para falar de outros casos: «Tomemos o exemplo de mulheres mais velhas, a partir dos 50 anos, que não têm parceiro, seja porque ficaram viúvas, seja porque nunca casaram, ou porque são divorciadas. Onde é que elas podem encontrar parceiro? Vão sozinhas para um bar beber copos? Vão para um banco de jardim? Não. Vão para grupos desportivos, escolas de dança e, claro, vão para a internet e para o Facebook.»
Do mesmo assunto fala Cláudia Morais, psicóloga clínica e autora do livro O Amor e o Facebook (Oficina do Livro): «Já conheci senhoras com 60 e tal anos que reencontram no Facebook o teenage sweet hear(namoradinho da adolescência) e veem naquele reencontro a possibilidade de viverem a sua própria vida. Uma vida que lhes foi vedada por relacionamentos muitas vezes amargos, ou por uma vida exclusivamente dedicada aos filhos.»
A vida facilitada de um pinga-amor, by Facebook
Não se sabe se é tudo verdade ou se há muita gabarolice à mistura. Alguns amigos juram a pés juntos que o Pedro (sim, adivinhou, o nome é fictício, que isto de confessar devaneios sexuais em revistas requer algum recato) tem mesmo uma vida carnal desmedida, que praticamente tudo o que é «amiga» no Facebook já lhe conhece os sinais mais recônditos do corpo. Ele ri-se e confirma. «Digamos que o meu conta-quilómetros já deu a volta...»
Pedro tem 27 anos e diz que o Facebook é o seu guia. Além dos amigos propriamente ditos, que herdou da vida real, tem as amigas, que «angaria» (palavras do próprio) de outros amigos. «Ando sempre à coca de miúdas giras. Vejo as fotos, adiciono, e depois é meter conversa, ou seja, lançar o isco. A maior parte morde e deixa-se apanhar. É muito fácil e por isso é que a coleção é tão grande. Há muita mulher insatisfeita por aí. E para isso é que está cá o Pedro.»
A maior parte do que diz, suaviza de seguida com um «Não ligues, estou a brincar». Por isso é que fica difícil saber a percentagem do que é a sério e a percentagem do que é pura ficção. Porém, ao dar uma vista de olhos ao seu mural percebe-se que há muito peixe às voltas perto do anzol. Agradecimentos por «uma noite especial», «quando é que tomamos o tal café?» e muitos sorrisos e cumplicidades que não parecem rivalizar entre si. «É sexo. Só. Não ando à procura de amor. Tive uma namorada muitos anos, não fui fiel, e agora não me apetece um relacionamento sério. Acho que sou diletante por natureza e o Facebook serve-me na perfeição. A sério, é que nem preciso de sair à noite. No Face dá muito menos trabalho. É canja.»
Uma canja que é, para a presidente da SPSC, simples de explicar: «O jogo erótico é mais rápido, saltam-se até algumas etapas e há a perceção de uma escalada de intimidade muito mais veloz. As pessoas sentem-se íntimas muito rapidamente.» Além disso, explica Ana Alexandra Carvalheira, tem tudo que ver com a diversidade de graus de compromisso que se pretende: «Neste contexto social em que vivemos, há quem queira um relacionamento com um compromisso muito forte, menos forte ou totalmente inexistente. E no Facebook há de tudo, para todos os gostos.»
Para a psicóloga, de resto, o amor hoje é mais difícil do que nunca. «Queremos alguém que encaixe. Que seja a nossa cara-metade. Que nos acompanhe a nível cultural, profissional, socioeconómico... Que queira ter cinco filhos, como nós, e não três. Ou que não queira ter filhos. Temos pouca paciência para fazer concessões. E temos pouca paciência (ou nenhuma) para esperar. Queremos alguém, e queremos já. Mais uma vez, o Facebook tem milhões de pessoas, à disposição, à distância de um -olá-, teclado de forma descomprometida.» Daí em diante... é só deixar arder o rastilho.
P&R
Cláudia Morais, psicóloga e autora do livro O Amor e o Facebook (Oficina do Livro)
Tem, na sua experiência clínica, muitos casos de relacionamentos afetados pelo Facebook?
_ Sim. Aparecem-me muitos casos de infidelidade. Pode ser uma infidelidade consciente ou uma infidelidade que nasceu de um momento de fragilidade. É muito fácil trair a partir do Facebook. Quando se reencontra alguém que fez sentido para nós, há vários anos, pode nascer ali uma chama qualquer. Ou então, se estivermos numa má fase da vida, às tantas começamos a desabafar com aquela pessoa que, de repente, se torna um ombro amigo. Às vezes é alguém que acabámos de conhecer mas com quem a intimidade cresce de forma galopante.
Porque é que há essa rapidez?
_Porque no Facebook estamos despidos dos pudores que temos socialmente. Ali comunica-se por escrito e, por isso, falta a maior parte dos elementos da comunicação. Não ouvimos a voz, não temos a expressão corporal, não temos o olhar. É muito fácil criarem-se equívocos.
Tem encontrado mais homens ou mulheres que se traem no Facebook?
_Mais homens. Mas a diferença não é tão significativa como seria de pensar. Além disso, os homens são mais frequentemente apanhados em falso do que as mulheres. São muito menos atentos aos pormenores.
É possível que se abra espaço para outra pessoa, no Facebook, se uma relação for sólida ou acha que isso só acontece no caso de relações já muito desgastadas?
_ Na maior parte das vezes as coisas já não estariam bem. Podia não haver tensões identificadas, mas os dois admitem, a posteriori, que a rotina já estava instalada. Mas também acontece, e não tão poucas vezes quanto isso, que uma relação sólida, satisfatória para os dois lados, de repente é abalada nas suas estruturas por alguém que apareceu no Facebook. E ouve-se frases como: «Até há uma semana eu estava tão bem, tão feliz, e agora dou por mim com o coração acelerado sempre que aquela pessoa aparece online.» É muito fácil. E perigosamente imediato.exo & Facebook
Por Sónia Morais Santos Fotografia de Gerardo Santos/Global Imagens

sexta-feira, 27 de julho de 2012

«Es un error creer que en el sexo el tamaño importa o que el objetivo es el orgasmo»


«El estrés reduce los juegos eróticos con penetración a la cama, donde, a veces, lo que realmente apetece es dormir más que entregarnos al placer»

ANA FERNÁNDEZ Sexóloga avilesina que dirige un curso de la Universidad de Oviedo

Myriam MANCISIDORLa sexóloga avilesina Ana Fernández.

La sexóloga avilesina Ana Fernández.  ricardo solí


Ana Fernández nació el mismo día en el que los investigadores Masters y Johnson publican «La respuesta sexual humana», un 13 de enero de 1966. Esta avilesina fue en su adolescencia usuaria del servicio municipal de atención sexual que había en Galiana y entonces decidió qué quería ser de mayor: sexóloga. Primero estudió psicología y luego realizó estudios de postgrado en Sexología en la universidad de Alcalá de Henares. Más tarde se formó en el Instituto de Sexología «Incisex» durante tres años. De regreso a Asturias fundó la Asociación Asturiana para la Educación Sexual, «Astursex». Ana Fernández ocupó además el cargo de presidenta de la Asociación estatal de profesionales de la sexología, cargo del que renunció hace dos años. Durante años atendió también el consultorio sexológico de la revista juvenil «Nuevo Vale». Actualmente trabaja como sexóloga y profesora de Secundaria. 


-El próximo lunes inaugura en Avilés el curso «Sexología: erótica, deseo, amor y pedagogía» de la Universidad de Oviedo. ¿A quién va dirigido?


-En principio va dirigido a estudiantes universitarios y profesionales de cualquier ámbito, porque abordamos conocimientos que luego pueden aplicar a su trabajo, sea este el que sea, o a su vida personal. Los objetivos son acercar la Sexología a estudiantes y profesionales que estén interesados en conocer esta disciplina. El año pasado hablamos de las regulaciones legales relativas a la sexualidad y este año me apetecía entrar en esos temas que están siempre en nuestras conversaciones con los amigos, en nuestras confidencias, y abordarlos desde una perspectiva profesional. Hablar del amor, de los buenos amores y de los malos amores, del deseo, las fantasías eróticas, de la pornografía... También hablaremos de los límites del deseo, cuándo se traspasan las fronteras de lo legal y las consecuencias que ello puede tener. A mí me parece apasionante.


-En pleno siglo XXI, ¿aún necesitamos que alguien nos forme en materia sexual?


-Es que muchas veces se reduce lo sexual a lo genital, cuando sexual en realidad significa de los sexos, es decir, de lo que somos como personas sexuadas en femenino, en masculino, de cómo nos relacionamos, de nuestros deseos, de nuestros amores, de nuestra erótica? Y en todo esto siempre hace falta alguien que nos eche una mano cuando surge algún problema. O cuando tenemos dudas. Y en el caso de los más jóvenes como parte de su educación, desde los primeros años. Es mucho más amplio que hablar de lo que parece.


-¿Cuáles son los problemas sexuales más comunes?


-Las dificultades más consultadas suelen ser las que tienen que ver con lo que Masters y Johnson llamaban la respuesta sexual: problemas con la erección o con la eyaculación en los hombres, dolor o dificultad en el coito en las mujeres. También problemas en ambos con el orgasmo, porque no se alcanza o porque se alcanza antes de lo deseado. Y cada vez más, sobre todo en mujeres, se ven consultas que tienen que ver con el deseo o con la falta de este. 


-¿El sexo es algo que solo ocurre en la cama?


-La relación sexual puede darse en cualquier circunstancia porque al no referirnos solo al coito, una simple mirada de seducción o una frase susurrada al oído pueden ser muy estimulantes eróticamente y no necesitan ningún escenario concreto. Pero aún si nos referimos a juegos eróticos que incluyan penetración pueden darse en muchos lugares alternativos a la cama. Lo que sucede es que nuestras agendas y el estrés de nuestra vida cotidiana los van reduciendo al dormitorio donde, por cierto, a veces lo que realmente apetece es dormir más que entregarnos al placer. Y eso acaba complicando las cosas.


-¿Es cierto eso de que la pasión sexual desaparece con los años?


-El morbo, el deseo, la complicidad y la seducción no tienen porqué desaparecer en una pareja estable por muchos años que lleven juntos. Pero hay que alimentarlos constantemente. Y tener espacios reservados para ello. En una pareja con hijos, por ejemplo, hay que buscar momentos para una cena romántica y a solas, para sentirse atractiva o atractivo, para coquetear, para ser sexy? A cualquier edad no solo es posible, es que es imprescindible.


-¿Cómo está afectando la crisis a las relaciones de pareja?


-Pues lo cierto es que las consultas sexológicas se ven incrementadas. Nosotros pensamos que tal vez se trata de que sale más barato intentar solucionar los problemas de la pareja que separarse por culpa de estos problemas.


-Dígame al menos tres creencias erróneas que, a su juicio, influyen en nuestra forma de vivir la sexualidad


-Pensar que un gran tamaño importa: tanto en el cuerpo masculino que suele ser el pene como en el femenino, que suelen ser los pechos. Lo que nos seduce y lo que nos excita es esa persona concreta y no nos importa cómo sea su cuerpo sino el deseo y el morbo que sea capaz de producirnos con él. También es un mito creer que hay unos tiempos estándar de duraciones y frecuencias y es un error buscar el orgasmo como objetivo de la relación. 


-Entonces el sexo no se resume en un orgasmo...


-En absoluto. El orgasmo no es más que una respuesta fisiológica a unos determinados estímulos. El sexo es lo que somos, hombres y mujeres, homosexuales o heterosexuales, con pareja o sin pareja, con discapacidades o sin ellas. Y está presente en cómo nos relacionamos y cómo nos seducimos, y cómo amamos y cómo deseamos. Los juegos eróticos propios de cada persona y de cada relación pueden incluir un coito o no, pueden incluir orgasmo o no. 
http://www.lne.es/aviles/2012/07/10/error-creer-sexo-tamano-importa-o-objetivo-orgasmo/1268215.html

La sexología y la demografía, en los Cursos de Verano de la Universidad


AVILES

16.07.12 - 02:37 - 

XV Congreso venezolano de sexología

Globovisión/Nota de prensa 
28/06/2012 12:57:49 a.m.
Las Sociedades Venezolanas de Sexología Médica, de Orientadores en Sexología y de Psicología Sexológica se encuentran preparando su XV CONGRESO VENEZOLANO DE SEXOLOGÍA, SEXUALIDADES…..VISIÓN PROSPECTIVA, el cual tendrá lugar los días 27, 28 y 29 del presente mes de junio en el Aula Magna de la Universidad Central de Venezuela.

Este congreso representa el magno evento de la Sexología en Venezuela, y reúne entre sus conferencistas, ponentes y facilitadores a un grupo de expertos venezolanos de gran experiencia y trayectoria, quienes han hecho de la sexualidad humana parte de su quehacer profesional. Entre ellos se encuentran, por nombrar algunos, los Dres. Mario Comegna, Andrés Lemmo, Rubén Contreras, Manuel Guzmán, Ricardo Blanch, Guillermo Rodríguez, Miguel Sira, Rubén Hernández, Luz Jaimes, Fernando Bianco, entre otros, quienes disertarán sobre las diferentes vertientes de la sexualidad.

Algunas de las conferencias serán Contagio de HIV en estudiantes universitarios, Dinámica de pareja cuando el hombre tiene eyaculación rápida, Anticoncepción de emergencia, Imagen y sexualidad, La educación como herramienta de cambio en la formación de la sexualidad en los jóvenes, Tu y yo tenemos diferencias pero quiero vivir contigo, Me voy rápido qué hago… por nombrar sólo algunas de las muchas ponencias que podrán ser disfrutadas por el público asistente al grandioso escenario del Aula Magna.

Serán sin duda tres días intensos, que le permitirán al público asistente aclarar dudas, adquirir nuevos conocimientos, enterarse de nuevas tendencias en el manejo de la problemática sexológica, en fin, el contacto con la vanguardia del movimiento sexológico venezolano.

Las charlas, conferencias, talleres y demás actividades serán siempre en un lenguaje sencillo, al alcance de todo público, fáciles de entender sin necesidad de ser especialistas en el área.
http://globovision.com/news.php?nid=236910