Nvunda Tonet
Traumas para a vida toda
O psicólogo clínico Nvunda Tonet considera que as crianças vítimas de violação, abuso ou qualquer meio de coação no campo sexual podem desenvolver alguma perturbação da primeira infância e adolescência, como a hiperactividade, ansiedade generalizada, perturbação de oposição e, em alguns casos transtorno de conduta.
“É importante ressaltar que cada criança reage de forma única, ou seja, duas crianças podem ser violadas, mas cada uma delas tem uma resposta fisiológica e psíquica diferente. O meio social, o apoio dos pais ou encarregados de educação e amigos é fundamental para que a criança possa lidar com esse acontecimento”, explicou. O professor de Psicopatologia na Universidade Óscar Ribas declarou que a criança, além de todo o sofrimento que ela teve durante o abuso sexual, pode sofrer danos a curto e longo prazos. Na sua óptica, uma simples intervenção precoce e efectiva pode modificar todo o desenvolvimento da criança.
Nvunda Tonet disse ainda que esta acção provoca na vítima a falta de auto-estima, problemas com a sexualidade, dificuldade em construir relações duradouras e falta de confiança em si e nas pessoas. “Com tudo isso, a sua visão do mundo e dos relacionamentos se torna muito diferente do jeito das outras pessoas”.
Quanto à possibilidade de a mesma ter um relacionamento sadio com os seus irmãos, o psicólogo declarou que eles podem apresentar resistência face ao problema e, na maioria das vezes desenvolvem uma aversão aos adultos, que geralmente é ultrapassada quando se atinge a adolescência.
Atendendo ao facto de a mãe da criança a ter deixado em casa para ir ver uma telenovela no dia em que a mesma foi violada pela primeira vez, Nvunda Tonet disse que a pobreza é um dos principais elementos responsáveis pelo descuido educacional nas famílias.
“As preocupações com necessidades primárias, principalmente com a saúde e alimentação, leva todo o ser humano a desenvolver improvisadas actividades para garantirem o sustento da sua família. Soma-se a isso a inércia de um Estado que não procura compensar essas carências, que além de deixar a população desprovida de necessidades básicas à sua sobrevivência, não supre a ausência”.
10 de Junho de 2011
http://www.opais.net/pt/opais/?id=1657&det=21538&ss=sexualidade
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