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sexta-feira, 13 de janeiro de 2012


Sexo oral só é pecado “caso o orgasmo seja alcançado”, afirma site da Universal

Publicado por Tiago Chagas em 13 de janeiro de 2012
Sexo oral só é pecado “caso o orgasmo seja alcançado”, afirma site da Universal
tema sexo vem marcando presença entre os assuntos mais tratados pela Igreja Universal nos últimos dias. Em sua sessão de perguntas e respostas, o site Arca Universal publicou um artigo em que explica se a prática do sexo oral é pecado ou não.
No texto, a resposta para a pergunta é condicionada ao quão longe chega a carícia: “É pecado caso o orgasmo seja alcançado por meio dessa prática. Isso porque, semelhantemente ao que ocorre no sexo anal – quando o reto recebe uma introdução estranha à sua natureza – a boca foi feita exclusivamente para falar e receber o alimento”.
Para o caso de a carícia não provocar orgasmo, não há problema algum, segundo o texto: “Isso não impede, no entanto, que, durante o início da relação – mais conhecido como preliminares – o casal realize a prática como um carinho, para que ambos sejam estimulados a alcançar o ápice. Não faz diferença se for introduzido na boca um órgão genital, um dedo da mão ou do pé, desde que o momento de maior prazer sexual aconteça por meio do método reprodutivo básico dos seres humanos”.
O texto não especifica se essa carícia pode ser feita por casais que ainda não se casaram ou se deve acontecer apenas dentro do casamento.
Em seu blog, o bispo Edir Macedo afirmou recentemente que o assunto sexo oral não é regulamentado pela Bíblia: “A Palavra de Deus não fala nesse assunto em detalhes, mas como já escrevi num blog passado, tudo depende da sua fé. Se a sua consciência dói, é porque é pecado para você. Se não, é porque não é”.
Fonte: Gospel+

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Vaticano censura livro sobre “diversidade familiar”


Autor defende que a sexualidade “é um desejo válido”

09.01.2012 - 18:03 Por PÚBLICO
Uma editora católica argentina foi obrigada a retirar do mercado um livro sobre sexualidade e diversidade das famílias. O seu autor, o pastor metodista Pablo Manuel Ferrer, defende que “a sexualidade é um desejo válido”.
O livro, cujo título em castelhano é “Parejas y sexualidad en la comunidad de Corinto”, tinha sido publicado em 2010 pela editora argentina San Pablo. Mas agora a editora recebeu uma carta do responsável pela Congregação para a Doutrina da Fé, o cardeal norte-americano William Levada, com advertências sobre “opiniões contrárias à doutrina da Igreja acerca da sexualidade”, noticiou o diário espanhol El País.

Na carta, enviada a 5 de Novembro, é feito um pedido para que a situação “seja remediada o quanto antes”. Alguns dias depois a editora retirou das lojas todos os exemplares da obra, eliminou-a do seu catálogo e proibiu que seja publicitada em qualquer das suas publicações.

O livro centra-se na questão da diversidade das famílias e tinha sido publicado no âmbito de uma colecção de obras ecuménicas e de reflexão sobre temas bíblicos. Para a edição da colecção foram convidados vários teólogos de outras igrejas, entre eles o pastor metodista Pablo Manuel Ferrer, de 40 anos.

“Quando me convocaram para publicar um livro estranhei, mas pareceu-me muito interessante a questão ecuménica”, disse Ferrer ao El País. Este pastor metodista até já tinha pensado em escrever um livro sobre casais e sexualidade porque, adiantou ao diário espanhol, “Jesus abriu novas possibilidades”.

Exigiu que a editora não alterasse “nem uma vírgula”, e o livro acabou por ser publicado tal e qual como Ferrer o tinha escrito. “A leitura bíblica tem uma diversidade de interpretações. Também a tive no momento de escrever. A Bíblia não é homogénea”, adiantou.

A carta enviada à editora do livro terá tido origem numa denúncia ao Vaticano. A obra não refere a questão da homossexualidade, do aborto ou dos anticonceptivos, mas fala da diversidade das famílias, e é por isso que o autor julga ter desagradado ao cardeal Levada. “A minha obra é sobre a carta em que o apóstolo Paulo responde à comunidade de Corinto, de onde lhe dizem ‘Bom é para o homem não tocar na mulher’. Isso implica dizer que o desejo é perigoso. Paulo responde que o desejo existe. O meu livro fala da sexualidade como um desejo válido”, adiantou Ferrer ao El País.

Professor no Instituto Superior Evangélico de Estudos Teológicos de Buenos Aires, na Argentina, Ferrer sublinha que “no tempo em que o Império Romano quis impor normas para a família, o apóstolo Paulo defendeu que devia haver diversidade”. E adianta: “O meu livro deve ter causado ruído porque digo que a família composta por pai, mãe e filho é uma das possíveis construções familiares”.

No livro, Ferrer deixa bem claro que não é católico. O facto de a obra ter sido retirada das livrarias deixou-o surpreendido. “Não esperava que acontecesse isto, mas é evidente que a Igreja Católica oficial foi muito severa. (...) A mim o cardeal não pode fazer nada, mas se fosse um sacerdote já devia estar a dar explicações.”

Ferrer não sabe se tentará publicar o livro por outros meios, uma vez que cedeu direitos de autor à editora San Pablo. Mas garante que se a obra voltar a ser publicada “serão acrescentados outros capítulos sobre homossexualidade”.

Ainda nesta segunda-feira, o Papa Bento XVI criticou as políticas de alguns países e defendeu que, ao questionar a família tradicional baseada na união entre um homem e uma mulher, “ameaçam a dignidade humana e o próprio futuro da humanidade”. 

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Ser gay é pecado?



Sociedade


11.11.2011 11:40

Cynara Menezes

Fé e sexo

Ser gay é pecado?

Em seu programa de tevê e nos cultos, o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus, um dos maiores porta-vozes do conservadorismo religioso no País, costuma repetir a ladainha: “Homossexualidade na Bíblia é pecado. Pode tentar, forçar, mas é pecado”. Mas será mesmo pecado ser gay? Não, contestam, baseados na interpretação da mesma Bíblia, sacerdotes cristãos, tanto católicos quanto evangélicos. Para eles, a mensagem de Jesus era de inclusão: se fosse hoje que viesse à Terra, o filho de Deus teria recebido os homossexuais de braços abertos.
A representação de São Sérgio e São Baco, símbolos da causa LGBT
“Orientação sexual não é o que vai definir a nossa salvação”, afirma o bispo primaz da Igreja Anglicana no Brasil, dom Maurício Andrade. “É muito provável que as pessoas homoafetivas fossem acolhidas por Jesus. O Evangelho que ele pregou foi de contracultura e inclusão dos marginalizados”, opina. Segundo o bispo, ao mesmo tempo que não há nenhuma menção à homossexualidade no Novo Testamento, há várias passagens que demonstram a pregação de Jesus pela inclusão. Não só o conhecido “quem nunca pecou que atire a primeira pedra” à adúltera Maria Madalena.
"A orientação sexual não é o que vai definir a nossa salvação", diz dom Maurício Andrade, bispo primaz da Igreja Anglicana. Foto: Sergio Amaral
No Evangelho de João, capítulo 4, Jesus está a caminho da Galileia, partindo de Jerusalém. Cansado, decide descansar ao lado de um velho poço, em plena região da Samaria, cujos habitantes eram desprezados pelos judeus. E inicia conversação com uma mulher samaritana que vinha buscar água, e lhe oferece a salvação da alma, para espanto de seus próprios apóstolos, que a consideravam ímpia. Também quando Jesus vai à casa de Zaqueu, o coletor de impostos decidido a passar a noite lá, os discípulos murmuram entre si que se hospedaria “com homem pecador”. Mas Jesus não só o faz como também oferece a Zaqueu, homem rico tido como ladrão, a salvação. “Hoje veio a salvação a esta casa, por este ser também filho de Abraão.”
“Jesus inaugura o momento da Graça, os Evangelhos atualizam vários trechos do Velho Testamento. Ou alguém pode imaginar apedrejar pessoas hoje em dia?”, questiona dom Maurício, para quem a interpretação da Bíblia deve se basear no tripé tradição, razão e experiência cotidiana. “Quem interpreta que a Bíblia condena a homoafetividade está sendo literalista. Cada texto bíblico está inserido num contexto político, histórico e cultural, não pode ser transportado automaticamente para os dias de hoje. Além disso, a Igreja tem de dar resposta aos anseios da sociedade, senão estaremos falando com nós mesmos.”
Também anglicano, o arcebispo Desmond Tutu, Prêmio Nobel da Paz em 1984, lançou em março deste ano o livro Deus Não É Cristão e Outras Provocações, que traz um texto sobre a inclusão dos cidadãos LGBT à Igreja e à sociedade. Para Tutu, a perseguição contra os homossexuais é uma das maiores injustiças do mundo atual, comparável ao apartheid contra o qual lutou na África do Sul. “O Jesus que adoro provavelmente não colabora com os que vilipendiam e perseguem uma minoria já oprimida”, escreveu. “Todo ser humano é precioso. Somos todos parte da família de Deus. Mas no mundo inteiro, lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros são perseguidos. Nós os tratamos como párias e os fazemos duvidar que também sejam filhos de Deus. Uma blasfêmia: nós os culpamos pelo que são.”
Nos Estados Unidos, a Igreja Anglicana foi a primeira a ordenar um bispo homossexual, em 2004. “Não por ser gay, mas porque a Igreja reconheceu o serviço e o ministério dele”, alerta dom Maurício. Foi com base na demanda crescente de respostas por parte dos fiéis homossexuais ou com -parentes e amigos gays que os anglicanos começaram a rever suas posturas, a partir de 1997. No ano seguinte, foi feita uma recomendação para que os homoafetivos fossem escutados, embora a união de pessoas do mesmo sexo ainda fosse condenada e que se rejeitasse a prática homossexual como “incompatível” com as Escrituras.
No Brasil, onde possui mais de 60 mil seguidores, a Igreja Episcopal Anglicana realizou em 2001 a primeira consulta nacional sobre sexualidade, quando seus fiéis decidiram rejeitar “o princípio da exclusão, implícito na ética do pecado e da impureza”, e fazer uma declaração pública em favor da inclusividade como “essência do ministério encarnado de Jesus”. Em maio deste ano, os anglicanos divulgaram uma carta de apoio à decisão do Supremo Tribunal Federal de permitir a união civil entre pessoas do mesmo sexo, baseados não só na defesa da separação entre Estado e Igreja como no reconhecimento de que as relações homoafetivas “são parte do jeito de ser da sociedade e do ser humano”.
Com o reconhecimento pelo Superior Tribunal de Justiça, em 25 de outubro, da união civil de duas lésbicas, é possível que a intolerância religiosa contra os homossexuais volte a se acirrar. No Twitter, Malafaia atiçava os seguidores a enviar e-mails aos juízes do Tribunal pedindo a rejeição do recurso. Em vão: a união entre as duas mulheres gaúchas, juntas há cinco anos, ganhou por 4 votos a 1.
Homossexual, o padre Alison não tem função como pároco. Foto: Olga Vlahou
A partir da primeira decisão do STF, foi criada, informalmente até agora, uma frente religiosa pela diversidade sexual, que reúne integrantes de diversas igrejas: batistas, metodistas, anglicanos, luteranos, presbiterianos, católicos e pentecostais. Coordenador do grupo, o metodista Anivaldo Padilha (pai do ministro da Saúde, Alexandre Padilha) diz que a homossexualidade é hoje um dos temas que mais dividem as igrejas, tanto evangélicas quanto católicas. “Quem alimenta o preconceito são as lideranças. Os fiéis manifestam dificuldade em obter respostas, porque no convívio com amigos, colegas ou mesmo parentes que sejam homossexuais não veem diferença.”
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Mais: segundo Padilha, a proporção de homossexuais entre os evangélicos é bastante similar à da sociedade brasileira como um todo. Sua convicção vem da pesquisa O Crente e o Sexo, do Bureau de Pesquisa e Estatística Cristã, entidade que possui o maior banco de dados com e-mails de evangélicos brasileiros – mais de 1,6 milhão. Na pesquisa, foram ouvidos pela internet 6.721 solteiros evangélicos de todo o País, entre 16 e 60 anos. Os resultados, divulgados em junho deste ano: 5,02% dos evangélicos tiveram uma experiência homossexual e 10,69% disseram desejar experimentar ter relações com pessoas do mesmo sexo.
Uma pesquisa feita em 2009 pelo Ministério da Saúde com os brasileiros em geral apontou que 7,6% das pessoas- entre 15 e 64 anos haviam tido relações com o mesmo sexo na vida. Quer dizer, a diferença entre os hábitos sexuais dos crentes e do resto da população é quase nula. “A questão não é teológica”, argumenta Padilha. “O que existe é que esse tema tem sido utilizado politicamente pela direita brasileira. Como não existe mais o comunismo, conseguem manipular a opinião pública assim. Eles têm o direito de expressar opiniões, mas não se pode impor ao Estado conceitos de pecado que não dizem respeito aos que professam outras religiões, ou nenhuma.”
De acordo com historiadores, a posição religiosa em relação à homossexualidade mudou ao longo dos séculos: de mais tolerante para menos. O americano John Boswell, pesquisador da Universidade Yale que morreu de Aids- aos 47 anos em 1994 e que dedicou a vida acadêmica a investigar a homossexualidade relacionada ao cristianismo, afirmava que a Igreja Católica não condenou as relações entre o mesmo sexo até o século XII. Ao contrário: o historiador, contestado por alguns e aclamado por outros, revelou no livro O Casamento entre Semelhantes – Uniões entre pessoas do mesmo sexo na Europa pré-moderna (1994) a existência de manuscritos que comprovam a celebração de rituais matrimoniais religiosos durante toda a Idade Média por sacerdotes católicos e ortodoxos para consagrar uniões homossexuais.
Nos 80 manuscritos descobertos por Boswell sobre as bodas gays entre os primeiros cristãos, invocava-se como protetores os santos católicos Sérgio e Baco, tidos como homossexuais. Celebrados no dia 7 de outubro, São Sérgio e São Baco aparecem juntos em toda a iconografia religiosa a partir do século IV depois de Cristo e atualmente são objeto de homenagem de vários artistas plásticos ligados ao movimento LGBT. Soldados do imperador romano Maximiano, foram ambos martirizados por se recusar a entrar em um templo e adorar Júpiter. Baco, flagelado com chicotadas, morreu primeiro. Uma crônica, provavelmente do século- X, conta que Sérgio “com o coração enfermo pela perda de Baco, chorava e gritava: ‘te separaram de mim, foste ao Céu e me deixaste só na Terra, sem companhia nem consolo’”.
Em fevereiro deste ano, o pesquisador e professor de Literatura Carlos Callón, da Universidade de Santiago de Compostela, na Espanha, foi premiado pelo ensaio Amigos e Sodomitas: A configuração da homossexualidade na Idade Média, onde conta a história de Pedro Díaz e Muño Vandilaz, protagonistas do primeiro matrimônio homossexual da Galícia, em 16 de abril de 1061. No documento, o casal compromete-se a morar juntos e se cuidar mutuamente “todos os dias e todas as noites, para sempre”. Segundo Callón, há muitos relatos semelhantes, inclusive com rituais religiosos similares aos heterossexuais, com a diferença de que as bênçãos faziam alusão ao salmo 133 (“Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos”), ao amor de Jesus e João ou a São Sérgio e São Baco.
Sem dogmatismo: Gondim, evangélico contra os excessos neopentecostais. Foto: Olga Vlahou
“Trato também na pesquisa de como na lírica ou na prosa galego-portuguesa medievais aparecem alguns exemplos de relações entre homens”, diz o professor. “As relações homossexuais são documentáveis em todas as épocas, o que houve foi um processo de adulteração, de falsificação da história, para nos fazer pensar que não.” Outro dado importante ressaltado pelo pesquisador é que a perseguição contra os homossexuais vem originalmente do Estado. Só mais tarde a Igreja se converteria na principal fonte do preconceito.
“Os traços básicos do preconceito contra a homossexualidade tiveram sua origem na Baixa Idade Média, entre os séculos XI e XIV. É nessa altura que emerge a intolerância homofóbica, desconhecida na Antiguidade. Inventa-se o pecado da sodomia, inexistente nos mil primeiros anos do cristianismo, a englobar todo o sexo não reprodutivo, mas tendo como principal expoente as relações entre homens ou entre mulheres. Com o tempo, passará a ser o seu único significado”, explica Callón.
De fato, a palavra “sodomia” para designar o coito anal em geral e as relações homossexuais em particular, e ao que tudo indica foi introduzida na Bíblia por seu primeiro tradutor ao inglês, o britânico John Wycliffe (1320-1384). Wycliffe traduziu o termo grego arsenokoitai como “pecado de Sodoma”. Daí a utilização da palavra “sodomita” para designar os gays, o que acabou veiculando-os para sempre com o relato bíblico das pecadoras cidades de Sodoma e Gomorra, destruídas por Deus com fogo e enxofre para punir a imoralidade de seus habitantes. Mas o significado real de arsenokoitai (literalmente, a junção das palavras “macho” e “cama”) é ainda hoje alvo de controvérsia.
O próprio termo “homossexual” para designar as pessoas que preferem se relacionar com outras do mesmo sexo é recente: só passou a existir a partir do século XIX. A versão revisada em inglês da Bíblia, de 1946, é a primeira a utilizá-lo. Isto significa que as menções à “homossexualidade”, “sodomia” e “sodomitas” nas escrituras seriam mais uma questão de interpretação do que propriamente de tradução.
“A Bíblia, infelizmente, tem sido usada para defender quaisquer posicionamentos, desde a escravidão (sobram textos que legitimam a escravatura) ao genocídio”, opina o pastor Ricardo Gondim, da Igreja Betesda de São Paulo, protestante. “Como o sexo é uma pulsão fundamental da existência, o controle sobre essa pulsão mantém um fascínio enorme sobre quem procura preservar o poder. Assim, o celibato católico e a rígida norma puritana não passam de mecanismos de controle. O uso casuístico das Escrituras na defesa de posturas consideradas conservadoras ou ‘ortodoxas’ não passam, como dizia Michel Foucault, de instrumentos de dominação.”
“Um teólogo que eu admiro muito, Carlos Mesters, costuma dizer que a Bíblia é uma flor sem defesa. Dependendo da mão e da intencionalidade de quem a usa, a posição mais castradora ou a mais libertadora pode ser defendida usando-a”, concorda a pastora Odja Barros, presidente da Aliança de Batistas do Brasil, espécie de dissidência da Igreja Batista que aceita homossexuais entre seus integrantes – são seis igrejas no País. Tudo começou há cinco anos, conta Odja, quando se colocou diante de sua igreja, em Maceió, o desafio: um homossexual converteu-se e não queria abrir mão de seu gênero. Foi uma pequena revolução. Alguns integrantes deixaram a Igreja, outros se juntaram a ela, e houve fiéis que, animados, também resolveram se revelar homossexuais. “Em todas as comunidades evangélicas existem gays, mas são reprimidos”, afirma a pastora.
"A sociedade caminhou mais rápido e é um desafio à Igreja, quando deveria ser o contrário", diz Odja Barros. Foto: Thalita Chargel
Um dos pontos principais para a compreensão da questão à luz da Bíblia, de acordo com Odja Barros, é desconstruir as leituras mais hegemônicas, patriarcais, que afetam a vida não só dos gays, como das mulheres. Há trechos, por exemplo, que justificam a submissão e a violência contra a mulher. A própria Odja só se tornou pastora graças a essa releitura. “As pessoas vêm me dizer que sou feminista, que sou moderna, mas me sinto muito fiel a algo -muito -antigo, que é a defesa da dignidade do ser humano sobre todas as coisas. O Evangelho tem a ver com esses valores”, argumenta. “A sociedade caminhou mais rápido e é um desafio à Igreja, quando deveria ser o contrário.”
Entre os católicos, curiosamente, a homossexualidade não é vetada a partir da Bíblia, mas a partir da concepção de que seria antinatural, ou seja, fora do objetivo da procriação. É assim, até hoje, que prega a Igreja, daí a condenação também ao uso de contraceptivos como a camisinha. Tudo isso vem de uma época em que se conhecia muito pouco de biologia. A descoberta do clitóris como fonte do prazer feminino, por exemplo, é do século XVI. O ovário, que sacramentou a diferença entre homem e mulher, só foi descoberto no século XVIII. Até então, pensava-se que a mulher era um homem em desvantagem, um corpo masculino “castrado”.
“Além disso, hoje temos conhecimento de uma gama impressionante de comportamentos sexuais entre os animais, o que inclui homossexualidade e hermafroditismo”, defende o padre católico James Alison, britânico radicado em São Paulo. Homossexual assumido, Alison conta que se situa numa espécie de “buraco negro” em que se encontram, segundo ele, muitos padres católicos gays: sem função como párocos, não estão subordinados a bispos e, por isso mesmo, escapam de sanções da Igreja. O padre, que vive como teólogo, compara a homossexualidade a ser canhoto. Ou seja, um porcentual- da população nasceria -homossexual, assim como nascem pessoas que escrevem com a mão esquerda. “Aproximadamente 9,5% das pessoas são canhotas e isso também já foi considerado uma patologia.”
Alison conta que a Igreja Católica faz um malabarismo ideológico para sustentar a proibição de ser homossexual-, pois no ensino teológico do Vaticano o fato em si não é considerado pecado. “Eles dizem que ‘enquanto a inclinação homossexual não seja em si um pecado, é uma tendência para atos intrinsecamente maus’, uma coisa confusa e insustentável a essa altura.” O padre acredita, porém, que a aceitação da homossexualidade pelos católicos melhorou sob Bento XVI. “Neste tema, os prudentes calam e os burros gritam. João Paulo II promovia os gritões. Hoje a tendência é prudência. Já não se veem bispos falando publicamente que é uma patologia. Se a Igreja reconhecer que não há patologia, será natural reconhecer a homossexualidade. É um lado bom de Ratzinger, mas tudo isso ocorre caladamente, nos bastidores da Igreja.”
Para o padre, a falta de discussão no catolicismo sobre a homossexualidade “emburreceu” as pessoas para o debate em torno da pedofilia, que tanto tem causado danos à imagem da Igreja nos últimos anos. Daí a reação lenta diante das denúncias. E também se tornou um obstáculo à evangelização. “A homofobia instintiva já não é mais realidade, há cada vez mais solidariedade fraterna concreta. Muitos jovens são por natureza gay friendly. E se perguntam: por que seguir Jesus se tenho de odiar os gays?”

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

La Biblia no es un tratado de Sexología



Leannes Imbert.- Leyendo un artículo del reverendo norteamericano gay Dr. Mel White, he reparado en que mucha gente dentro de la sociedad civil defiende su postura contra la homosexualidad basándose en la Biblia (o en lo que interpretan de ella), sin haber realmente estudiado lo que dice o no la Biblia sobre el tema. Y también en que son muchos los cristianos que son a la vez lesbianas, gays, bisexuales y transgéneros, que aman a Dios y toman muy en serio las Escrituras.
Por mi parte, he de confesar que no soy dada a frecuentar la iglesia ni a rezar un Padre Nuestro cada día, pero sí creo fervientemente en la existencia de Dios y en que la Biblia tiene un mensaje igual para homosexuales y heterosexuales, y no es el mensaje condenatorio que escuchamos a menudo de boca de aquellos que se han tomado la atribución de hablar en nombre de Dios. La mayoría de los que aseguran que la Biblia condena la homosexualidad no ha estudiado cuidadosamente lo que dicen los textos sagrados.
Como asegura White en su artículo, muchos cristianos desconocen que ni Jesús ni los profetas judíos dicen nada sobre las relaciones sexuales con personas del mismo sexo y que, sólo seis o siete versículos de la Biblia hablan sobre relaciones entre personas del mismo sexo, aunque ninguno de ellos se refiere a la orientación homosexual como la entendemos hoy.
Es triste y a la vez irrisorio ver cómo la suposición de que la Biblia condena la homosexualidad está tan generalizada entre los cristianos, que lo repiten frecuentemente, cuando la mayoría no sólo no sabe ni dónde se encuentran los supuestos versículos que hacen referencia a las relaciones sexuales entre personas del mismo sexo, no conocen el sentido original de las palabras ni en hebreo ni en griego y, mucho menos se han esforzado en comprender el contexto histórico en que fueron escritas.
El reverendo White recuerda que durante siglos la gente que no comprendía o malinterpretaba la Biblia, ha hecho cosas terribles: ¨Se ha usado la Biblia para defender cruzadas sangrientas e inquisiciones trágicas; para apoyar la esclavitud, el apartheid y la segregación; para perseguir a los judíos y otros creyentes no cristianos; para apoyar el Tercer Reich de Hitler y el Holocausto; para oponerse a las ciencias médicas; para condenar el matrimonio interracial; para ejecutar a las mujeres como brujas; para apoyar al Ku Klux Klan¨.
La mayoría de las personas, no sólo interpretan mal lo que dice verdaderamente la Biblia sino que se sienten satisfechos cuando descubren algún texto que supuestamente apoye sus prejuicios y se pasan el resto de sus vidas citándolo, no importa si bien o mal. Y, es que, como decía este reverendo, ¨aún cuando creemos que las escrituras son sin error, es muy peligroso pensar que nuestra interpretación de cada texto es también sin error “.
Lo que sé de la Biblia es que es un libro de amor. Habla del amor que siente Dios por esta humanidad que ha ido rescatando y renovando; habla del amor que quiere Dios que cada ser humano le profese al prójimo; habla de muchas cosas, pero no es un tratado de sexología.
Muchos de los que aseguran que Dios condena la homosexualidad hacen alusión con frecuencia a los hechos de Sodoma y Gomorra. Según su interpretación, estas ciudades fueron destruidas por causa de que en ellas se practicaba la homosexualidad, pero cualquiera que lea este pasaje (Génesis, capítulo 18 y 19) encontrará que la homosexualidad no se menciona. Las verdaderas razones de la destrucción de estas ciudades fueron la soberbia, la falta de hospitalidad, la idolatría y la falta de caridad.
Lo que verdaderamente disgustó a Dios fue que el pueblo de Israel volvía a caer en la idolatría y de ser pueblo de Dios pasaban a adorar ídolos, olvidándose de Jehová.
Particularmente, vivo con la convicción de que sólo Dios tiene el derecho de juzgar la conducta sexual de las personas y que ningún ser humano debe juzgar a otro por su sexualidad, y mucho menos afirmar con fe absoluta que la homosexualidad es un pecado. Más bien creo que alguien verdaderamente cristiano debería ver con profunda compasión la angustia y el sufrimiento que muchos homosexuales experimentan al vivir en una sociedad como la nuestra. De hecho, si los cristianos cubanos, que también han sufrido el ostracismo, el odio y la persecución de un Gobierno intolerante como el nuestro, no logran aceptar y respetar a quienes son diferentes, ¿quién entonces, en nombre de Dios, lo hará?
Les guste o no a aquellos que odian a los homosexuales, diga lo que diga la Biblia, los homosexuales seguiremos existiendo. Depende en gran medida de esos intolerantes y homofóbicos continuar permitiendo que tantas personas se auto reprueben durante todas sus vidas sin encontrar una salida, o ayudar a que tengan una vida digna y sana física, emocional, moral y socialmente.