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quarta-feira, 15 de julho de 2020
quarta-feira, 25 de março de 2020
A ciência da psicologia e as crises
Informações de pesquisas comportamentais que facilitam lidar com o Covid-19
Oswaldo M. Rodrigues Jr.
InPaSex -Instituto Paulista ed Sexualidade
Vivemos
uma época complicada no Brasil que se acostumou a não registrar as crises na
memória. Esquecemos da dengue que nos assola há 30 anos e que anualmente produz
milhares de mortos, mas o mosquito é visível e pode ser combatido, emobra não o
seja efetivamente.
E quando um vírus se espalha e
não será visto?
Como reagiremos?
Desta vez guardaremos na memória
a situação de crise?
Mudaremos a atitude do povo
brasileiro?
Vejamos!
As
pesquisas psicológicas sobre crises podem ajudar as pessoas a lidar com o
cotidiano, até mesmo a cada hora com os noticiários sobre coronavirus.
A
pandemia do Covid-19 trouxe um mundo novo e os pesquisadores de saúde
Uma
nova pandemia é única em muitos sentidos, mas sempre podemos fazer algo
aprendido a partir de uma grande soma de material estudado na psicologia sobre
reagir e as consequências de desastres.
A
seguir o que já aprendemos:
1- as mídias sociais aumentam ansiedade mais do
que a mídia tradicional
Com
o surto de Zika, em 2016, psicólogos estudaram o risco da percepção da doença.
À
medida que as pessoas liam mais sobre o vírus nas mídias sociais, a percepção
de risco aumentava
Quando
o volume de informação sobre o Zika aumentou na mídia tradicional as pessoas
pareciam se envolver mais em comportamentos de proteção.
As agências de saúde pública deveriam dedicar-se a
uma mídia social para rapidamente despertar a consciência sobre novos problemas
e deveriam atuar na mídia tradicional para evitar confusão quando quiserem
divulgar atualizações e novos conhecimentos e ações. (Social Science & Medicine, Vol. 212, No. 1, 2018).
O
volume de notícias na atual pandemia pode ser o problema e diferenciar-se da
epidemia de Zika.
2- Muita mídia de qualquer tipo pode destruir a
saúde mental
A
quantidade de exposição a informações faz diferença.
Revendo
pesquisas passadas sobre crises em saúde pública pode-se compreender como a
atenção da mídia pode ampliar o mal estar.
Após
as bombas na Maratona de Boston, e, 2013, pode-se perceber uma forte associação
entre a exposição pela mídia ao cobrir o ataque os sintomas de estresse agudo.
As pessoas mais expostas à cobertura do atentado pela mídia estressaram mais do
que as diretamente expostas ao atentado. (PNAS, Vol. 111, No. 1, 2014).
Durante
a crise do Ebola, em 2014 na África, ouve uma imensa cobertura da imprensa nos
Estados Unidos associando diagnósticos de saúde mental e a exposição aos
relatórios a respeito do vírus. As pessoas que se mostraram estressadas com ao
ataque a bomba na Maratona de Boston foram as que mais se estressaram com as
informações a respeito do Ebola, mesmo que não houvesse possibilidade de
contágios nos Estados Unidos pelo vírus existente na África. (Thompson, R.R., et.
al., Clinical Psychological Science, Vol. 5, No. 3, 2017).
Assim,
quem já viveu estresses em desastres anteriores tem maiores possibilidades de
respostas emocionais negativas durante uma epidemia hoje em dia.
As
pessoas, no Brasil que estiveram envolvidas com as epidemias de Dengue e Zika,
mais possivelmente tem reações negativas com as notícias sobre o Covid-19.
Quando
a infomação sobr riscos é comunicada de modo consistente e por meios de
autoridade (não autoritários) as pessoas podem aprender e se beneficiar.
O
problema será quando estresse e ansiedade podem sser exacerbados exageradamente
pela mídia.
Manter-se
informado por fontes fidedignas é o caminho, porém, devemos ter cuidado com o
excesso de informações e o tempo dedicado a “saber” sobre o que ocorre.
3- Escolha de fonte de informação
As
pessoas elegem a forma pela qual querem receber informações, não interessando
se é correta ou não. Esta compreensão foi o resultado de pesquisas durante o
surto do Ebola em países fora da África, em 2014. E isto ocorre mesmo quando as
pessoas sabem onde procurar informações a respeito da epidemia. (Risk Analysis, Vol. 38, No. 1,
2018). As pessoas consideram que as autoridades de saúde deveriam
fornecer as informações que necessitam, mesmo que elas aumentem a preocupação
nas ruas.
4- A fala de controle alimenta o estresse.
Há
décadas que as pesquisas em psicologia demonstram que nossa percepção de risco
é mobilizada por nossas emoções. Assim avaliamos os problemas pela emoção que
vivemos, sem nos importamos com os números e evidência sobre o problema. O
velho chavão de que quando temos convicção não interessam as provas.
Raiva
diminui a percepção de risco e medo aumenta! (Current
Directions in Psychological Science, Vol. 15, No. 6, 2006)
Alguns
fatores aumentam o medo, e com isso a percepção de perigo. Quando o que pode
atrapalhar é novo e não comum, com o sentimento de pouco controle sobre a
situação e a exposição a situação de doença e morte temos o aumento de sensação
de risco.
Assim,
essa nova leva de coronavirus tem todos os elementos para aumentar o alarme
social para os riscos.
Isso
não significa que estamos alarmados além da conta. Se pensarmos no que ocorreu
na Itália, onde a catástrofe se desenvolveu muito rapidamente, sabemos que
temos que tomar medidas sérias, e rápidas.
Mas
estas pesquisas sobre comportamentos demonstram que precisamos estar
preparados, pois irá ocorrer o sofrimento e o aumento do medo com esta
percepção de risco também aumentando.
5- Lidar com estresse o mais breve para prevenir
problemas de longo prazo
As
pessoas que viveram situações de estresse agudo nas semanas após um evento
traumático têm maiores possibilidades de desenvolverem problemas emocionais de
longo prazo e pioras de qualidade de saúde, aumento de percepção de dor,
depressão, ansiedade e problemas psicológicos e conflitos familiares, além de
aumento de risco de morte. (Journal of Psychosomatic Research, Vol. 112, No. 1,
2018).
6- Não esquecer das necessidades dos que
trabalham com a saúde
Quando
tivemos o SARS (a Síndrome de problemas respiratórios severos agudos) em 2003
pudemos perceber a associação significatia de estresse nos profissionais de
saúde. (Canadian
Journal of Public Health, Vol. 99, No. 6, 2008).
Para
melhorar resiliencia nestes profissionais da linha de frente já se recomendam
medidas técnicas da psicologia, sejam para administar o estresse ou como
enfrenta-lo (Psychooncology, Vol. 9, No. 1, 2000) ou utilizar
os princípios de primeiros socorros psicológicos (Psychological First Aid Field
Operations Guide: 2nd Edition, 2006).
7- Quarentena
e isolamento aumentam as consequências negativas
Estudos sobre o impacto de
quarentena em adultos (The Lancet, publicado online,
2020) mostram efeitos psicológicos negativos, incluindo sintomas de
Estresse pós-traumático, confusão e raiva.
Para minimizar a problemática
psicológica, a quarentena deve ser feita em passos, por aproximação sucessiva
pelas administrações públicas o mais rapidamente possível. Outro ponto é prover
de informações claras e racionais constantemente sobre os protocolos de
quarentena e garantir acesso a alimentos e itens de necessidade básica à
população.
As
pesquisas também nos mostram algo sobre como lidar com as crianças e famílias
quando as escolas fecham e as famílias devem estar isoladas em quarentena. (The Lancet, publicado online,
2020).
Para reduzir o risco de consequências psicológicas negativas durante
o confinamento devemos ter comunicação clara e afetiva entre pais e filhos,
educação mantida através da internet com uso de vídeos educativos que promovam
uma vida saudável e um estilo de vida dentro de casa que auxilia vencer o
período de quarentena. Os serviços on line de psicólogos devem ser utilizados
para auxiliar as crianças a administrarem a ansiedade e tensão que se acumularão.
E já temos grupos fazendo
reuniões através de aplicativos pela interent, inclusive com amigos com quem
não se reuniam havia muito tempo. Favorecer estas novas formas de comunicação
será de grande auxilia na mudança de como reagimos às situações cada vez maiores
e mais fortes.
Agora é hora de gerenciamento de
riscos e procedimentos!
Faça sua parte para reduzir o risco e reduzir a propagação do vírus.
Espalhe apenas fatos e números de fontes confiáveis, mas o mais importante é
espalhar os fatos de como reduzir o risco e a propagação.
Nem todo mundo vai pegar o vírus,
mas TODOS serão afetados pelas consequências. Por favor, mantenha-se informado
sobre como se preparar para o vírus.
terça-feira, 14 de janeiro de 2020
segunda-feira, 8 de abril de 2019
O problema sexual que ainda assusta o homem
Oswaldo M. Rodrigues Jr.
Psicoterapeuta sexual e de casais
Instituto Paulista de Sexualidade
A
incapacidade de manter uma relação sexual é o grande problema masculino, ainda
neste final da segunda década do século XXI.
Não
conseguir obter ou manter uma ereção peniana rígida suficiente para conseguir a
penetração vaginal continua trazendo homens ao consultório de sexologia, tal
qual ocorria nas décadas anteriores e no século XX.
Interessante
é compreender que até a década de 1970, nos textos científicos da psicologia, e
da década de 1990 nos textos médicos, a frase ‘impotência sexual masculina’ era
como se usava para designar esta dificuldade sexual dos homens.
O
nome “impotência” era e continua sendo o grande medo masculino e esconde muitas
coisas nesse medo, pois impotente significa não ser homem, e esta é uma
destruição da condição de ser, sendo desclassificado, enfraquecido e percebendo-se
sem o poder que deveria ter para ser homem.
A
dificuldade com a ereção atinge o homem da forma mais intensa, como uma doença
debilitante, fazendo-o perder a identidade que aprendeu a viver e defender.
Deixando
de sentir-se homem, masculino, sente-se incapaz de relacionar-se com outra
pessoa, seja com finalidades sexuais ou trabalho, compreendendo-se com
qualidades de quem terá que perder, pois já é um perdedor.
Mas
precisamos compreender um pouco mais esta dificuldade sexual.
Primeiro
devemos observar do ponto de vista científico, a partir de uma compreensão de
ser humano e de como funcionamos para viver sendo humano.
Se
este homem compreender que para ser homem ele precisa penetrar e ejacular dentro
de uma mulher, ele precisará de rigidez peniana. Porém, e esta rigidez depende
do que compreende seja a rigidez. E este homem em particular tem suas compreensões
individuais para estabelecer a rigidez necessária para cumprir sua tarefa.
Assim baseia-se nas experiências pessoais de vida, lembranças e das regras que
sabe que determinam sua masculinidade, sua macheza. Se, em verdade tiver uma
ereção peniana rígida o suficiente para penetrar, mas acreditar que precisa de
muito mais, ele não será capaz de efetuar a relação sexual, chamando-se de impotente.
Assim,
precisamos, nos consultórios de sexologia, considerar este homem desde sua
perspectiva pessoal, individual, subjetiva. Não adianta dizer a ele que “não
tem nada”, que “é psicológico”, que “precisa tirar férias”, que “é estresse”,
que “é muito trabalho”...
Tem
outro aspecto muito importante em jogo.
Todos
aprendemos desde muito criança a dar nomes a nossas incapacidades físicas, considerando-as
“doenças”. No sexo é igual. Então, se o pênis não funciona como queríamos que
funcionasse, “ele” deve estar doente. Esta outra compreensão do mundo também
terá consequências, e muitas vezes desastrosas.
Hipotetizar
que a dificuldade na relação sexual é devida a uma doença física tem um
objetivo: ser curado pelos mesmos métodos que curam outras doenças, como uma gripe
ou uma infecção na pele. Esta compreensão coloca a responsabilidade de
solucionar este problema em outra pessoa que lhe dará um remédio, algo que
coma, tome, engula, injete. Assim não precisará fazer nada, pois funcionará “naturalmente”.
Assim
temos uma condição determinista complicada.
Este
homem não percebe que estamos referindo que sexo depende de relacionamento
interpessoal, depende de muito mais que apenas obrigar o pênis a funcionar.
Este
homem sente, tem sentimentos, emoções, sofre com esta dificuldades e quer se
livrar delas o mais rápido possível. Mas terá que responsabilizar-se na maneira
de cuidar de seu corpo, e só aceitando que precisa mudar suas formas de
compreender o mundo onde vive, e mudar suas compreensões de como é e como pode
funcionar é que solucionará esta dificuldade sexual.
E
como é que se pode deixar de sofrer?
Precisa
tomar algum ansiolítico?
Afinal,
sempre ouvimos que o lado psicológico precisa ser tratado e que com ansiedade temos
dificuldades sexuais.
É
verdade que sob ansiedade homens e mulheres não permitem seus corpos funcionarem
sexualmente. Mas tomar um remédio para acabar com a ansiedade não os fará potentes...
alguns homens continuarão incapazes de obter ou manter uma ereção, e nem se
sentirão ansiosos...
Mudar
a atitude, mudar a forma do corpo reagir emocionalmente às situações pré e pró
sexuais será o caminho e fazer isso pode precisar de orientação externa especializada
de um profissional que possa compreender o que lhe passa em termos de comportamento,
de como o corpo age e reage. E este será um psicólogo que possa dedicar atenção
à sexualidade e aos comportamentos sexuais.
Ainda
são muitos homens que sofrem calados com estas dificuldades.
Estatísticas
mostram que até adolescentes de 10-15 anos consideram que tem estas dificuldades
e poucos terão ambiente familiar que os permita conversar com os pais e
procurar um profissional de saúde comportamental.
Mas
a faixa etária que mais apresenta homens com estas dificuldades é aquela de
mais de 40 anos. E só estamos nos referindo aos homens que admitem e
compreendem que sofrem com a falta ou incapacidade de ter um pênis rígido
suficiente para o coito, para a relação sexual.
Ainda
podem se passar vários anos para que este sofrimento seja considerado para que
um tratamento seja buscado.
Muitos
homens compreendem que isto não é coisa para se falar, para se reclamar, e
nunca puderam perceber onde procurar ou que profissionais procurar para
solucionar esta dificuldade sexual. E como compreendem a dificuldade de
funcionamento como algo do corpo e por isso parecido com uma doença, acreditam
que precisam procurar um médico que lhes receitará um remédio. Por isso levarão
mais outros anos sem solucionar sua dificuldade sexual afinal, comportamento não
se modifica com remédios.
Tem
esta dificuldade?
Isto
é um problema em sua vida?
Tem
interesse em solucionar o problema?
Vamos
conversar?
Mudar
comportamentos é algo possível e não precisa manter sofrimentos e afetar
relacionamentos conjugais.
A
psicologia tem como ajudar a mudar comportamentos sexuais!
Ajude-se!
Lute
por um futuro positivo e feliz!
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