terça-feira, 25 de abril de 2017

Fato e farsa!: Tesão de vaca: fato ou farsa?! Uma das mais famosa...

Fato e farsa!: Tesão de vaca: fato ou farsa?! Uma das mais famosa...: Hoje nós vamos falar de uma lenda urbana extremamente popular nas últimas décadas, que não faz sucesso somente no Brasil, mas também em algu...

Tesão de vaca: fato ou farsa?! Uma das mais famosas lendas urbanas da história...

Hoje nós vamos falar de uma lenda urbana extremamente popular nas últimas décadas, que não faz sucesso somente no Brasil, mas também em alguns países da América Latina – tais como: Argentina, Chile, Colômbia e México. Trata-se do chamado “tesão de vaca”. Será que isso realmente existe, tem algum fundo de verdade, ou simplesmente é uma farsa total? É o que vamos descobrir na postagem de hoje.


Tesão de vaca é uma lenda urbana surgida nos anos 80 na Argentina, referente a um suposto composto químico que, ao ser colocado na bebida das mulheres, geralmente em noitadas em boates, faria com que tivessem sua libido aumentada a níveis extremamente altos e acima do normal, passando a ter, momentaneamente, uma vontade obsessiva de praticar sexo com quem quer que fosse.

De acordo com a lenda urbana, o tesão de vaca seria um medicamento de uso veterinário, proibido para humanos, que faria com que vacas, ovelhas e éguas tivessem a ovulação exacerbada no cio e aumentasse a vontade de ter o coito com o macho, facilitando a gravidez destes animais.


Aproveitando-se desta lenda urbana disseminada na América Latina, e mais recentemente nos Estados Unidos, diversas empresas produtoras de itens para sex shops produzem supostos afrodisíacos com o nome “tesão de vaca” em seus produtos a fim de chamar comércio e publicidade boca a boca. Entretanto, há muitos esclarecimentos que devem ser pontuados em relação a isso.

1º esclarecimento – Em 2007, uma página mantida pelo Ministério da Saúde do Brasil traz o relato de uma menina que alegou ter tomado tesão de vaca antes de ter perdido a virgindade, sendo que este teria sido ministrado misturado a um refrigerante de guaraná;
2º esclarecimento – Em uma petição à Câmara Municipal de Unaí, Minas Gerais, um vereador apresentou uma denúncia contra a diretora de uma escola municipal, e dentre os supostos fatos citados estava a intenção da mesma em colocar o tesão de vaca na bebida de uma professora;
3º esclarecimento – Em setembro de 2011, um menor foi internado em Nova Friburgo, Rio de Janeiro, com a informação de que teria ingerido tal substância;
4º esclarecimento – Na Argentina há várias histórias envolvendo suposto uso de tesão de vaca contra jovens em boates, festas e escolas.


Mas há outro ponto que deve ser considerado. De acordo com zootécnicos de universidades federais em diversos sites e blogs esclarecedores, há medicamentos que fazem, sim, o serviço da ovulação da fêmea ser acelerado, mas isso é feito mediante aplicação – via injeção – de hormônios específicos e que demoram certo tempo para atuarem no sistema reprodutor. Entretanto, a história do tesão de vaca instantâneo através da ingestão de comprimidos não é válida, de acordo com os zootécnicos.

Portanto, o tesão de vaca pode até existir, mas não pode existir na forma como as lendas urbanas latinas o concebem: um comprimido “milagroso” colocado na bebida das mulheres em festas. Ele só faria efeito desejado após a aplicação coordenada dos hormônios. Entretanto, no Paraguai, a droga ecstasy é conhecido como tesão de vaca.


De um modo geral, podemos dizer que o tesão de vaca existe e não existe ao mesmo tempo. Existe porque há medicamentos específicos na forma de hormônios e injeções tratados durante um tempo; e não existe porque não há uma maneira de fazer a mulher ovular instantaneamente mediante o uso de comprimidos escondidos na bebida.

quinta-feira, 20 de abril de 2017

sua vida íntima: QUAL A DIFERENÇA ENTRE VAGINISMO E DISPAREUNIA?

sua vida íntima: QUAL A DIFERENÇA ENTRE VAGINISMO E DISPAREUNIA?: Na próxima semana darei uma aula no Congresso Mineiro de Ginecologia e Obstetrícia, que acontecerá em Belo Horizonte, entre os dias 11 e 14...

QUAL A DIFERENÇA ENTRE VAGINISMO E DISPAREUNIA?

Na próxima semana darei uma aula no Congresso Mineiro de Ginecologia e Obstetrícia, que acontecerá em Belo Horizonte, entre os dias 11 e 14 de maio. O tema de minha aula é: DSM-V, A NOVA NOMENCLATURA DAS DISFUNÇÕES SEXUAIS, IMPLICAÇÕES CLÍNICAS.
O tema desta aula incentivou-me a escrever algo sobre as síndromes de dor sexual, chamadas até agora de VAGINISMO E DISPAREUNIA. Mesmo no meio médico, pouca gente sabe o que é isso, ou qual a diferença entre essas duas disfunções sexuais. 
Diz-se que a mulher é portadora de vaginismo quando ela de alguma forma atrapalha ou impede a penetração vaginal(seja pelo pênis, ou por absorventes íntimos, ou por aparelhos ginecoógicos, ou brinquedos sexuais) devido a  uma contração dos músculos internos da pelve. O vaginismo pode ser completo. Nesse caso a mulher não consegue obter qualquer tipo de penetração vaginal. Pode ser, por outro lado, incompleto, permitindo alguma ou total penetração, porém com contração dos músculos da pelve, ou até dos músculos de todo o corpo.  Já a dispareunia é a dor à penetração. A mulher não tem uma contratura da vagina à penetração, mas sente dor, seja durante a relação sexual, a masturbação, a introdução de outros objetos, etc., e às vezes mesmo sem nenhuma penetração. 
O DSM-V, que é a quinta edição do manual da Associação Psiquiátrica Americana(APA) que regula os diagnósticos das doenças mentais retirou esses dois diagnósticos da publicação, englobando-os em um único nome: Transtornos da Dor Genito-Pélvica e da Penetração. Isso porque a a dispareunia e o vaginismo são às vezes indistinguíveis um do outro ou quase sempre aparecem juntos. O componente atual  destas duas disfunções é um medo da penetração vaginal, seja porque ela causa dor, sente porque a mulher tem medo de sentir a dor. O grau de medo varia de mulher para mulher, podendo  chegar a ser uma verdadeira fobia. Hoje em dia há muitos tratamentos para a dispareunia e o vaginismo, ou como quer o DSM-V, para o transtorno da dor gênito-pélvica e da penetração, mas sabemos que o melhor de todos os tratamentos é interdisciplinar. Medicina, psicologia e fisioterapia, principalmente, podem oferecer uma abordagem conjunta para a melhor resolução. Estas síndromes são mais complexas do que parecem e existe até uma associação internacional para o estudo delas. Só muito recentemente na medicina passamos a dar a verdadeira importância a elas, pois entre 15 a 25% das mulheres a possuem. Abaixo vou colocar a nomenclatura atual (do DSM_V) para o transtorno da dor gênito-pélvica e da penetração, para que as mulheres possam saber do que se trata. 
O DSM-V, tem alguns critérios básicos para a classificação de todas as disfunções sexuais, que é muito importante ter em mente para não tornar todas as mulheres doentes. Para que se classifique alguém como tendo o transtorno de dor gênito-pélvica e da penetração é preciso que :
a) o transtorno esteja ocorrendo há mais de 6 meses
b)Ele ocorra em mais de 75% das tentativas de penetração vaginal
c)Ele esteja provocando sofrimento psíquico à mulher(esse critério é muito importante).

Se então, os três critérios acima existirem  chamaremos de transtorno da dor gênito-pélvica e da penetração(segundo o DSM-V):
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TRANSTORNO DA DOR GÊNITO-PELVICA/PENETRAÇÃO(Genito-pelvic pain/penetration disorder)
A. Dificuldades persistentes ou recorrentes com um (ou mais) dos seguintes:
1. Penetração vaginal durante a relação sexual.
2. Dor vulvovaginal ou pélvica intensa durante a relação sexual vaginal ou nas tentativas
de penetração.
3. Medo ou ansiedade intensa de dor vulvovaginal ou pélvica em antecipação a, durante ou
como resultado de penetração vaginal.
4. Tensão ou contração acentuada dos músculos do assoalho pélvico durante tentativas
de penetração vaginal.


Na faculdade de Ciências Médicas, onde trabalho e coordeno o ambulatório de sexologia, fazemos trabalhos interdisciplinares sobre dor sexual, principalmente em conjunto com o departamento de fisioterapia da saúde da mulher. Em meu consultório particular, já atendi uma centena de mulheres com dor sexual. Essas mulheres  perambulam de consultório em consultório sem encontrar tratamento adequado, pois o conhecimento do problema é pequeno, entre os profissionais. Trata-se de uma área em que os estudos são crescentes. Há muito interesse no tema. 
A síndrome de dor sexual é uma síndrome psicossomática e assim deve ser abordada. Está fora do escopo deste artigo aprofundar mais sobre as causas, os procedimentos de tratamento, etc...
Para as mulheres que entendem bem a língua inglesa, indico um livro sobre o tema, escrito para leigos, denominado "When Sex Hurts ", de Andrew Goldstein, Corline |Pukall e Irwin Goldstein,, editora Da. Capo, Press., Em português há um livro específico de Fátima Protti e Oswaldo Rodrigues Júnior, intitulado "Vaginismo" da editora Biblioteca 24x7. Há artigos meus publicados em várias revistas médicas e no meu blog em artigos anteriores(onde se encontram as referências aos artigos)
O mais importante é a mulher entender o que tem e saber onde e como procurar ajuda, e acreditar que é possível ter uma vida sexual sem dor.

terça-feira, 20 de dezembro de 2016