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terça-feira, 24 de julho de 2012

Abusos sexuais ocorrem mais com menores de 4 anos, diz estudo


22 de Julho de 2012 - 08:16
Fonte: A Gazeta
 Crianças menores de 4 anos são a maioria das vítimas de abuso sexual em Cuiabá. Quase 90% das 245 que foram atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) se encaixam nessa faixa etária. Os números foram revelados pelo Mapa da Violência 2012, que analisou os atendimentos feitos em 70 municípios brasileiros com mais de 20 mil crianças e adolescentes (0 a 19 anos) e que tiveram as maiores taxas de abuso em 2011. Cuiabá ocupou a 15a posição com 67,2 casos para cada grupo de 100 mil menores.
A média está bem acima da registrada no país, que foi de 16,4. No ano, 10.245 meninos e meninas foram atendidos após sofrerem algum tipo de violência sexual. A grande maioria do sexo feminino - 83% -, sendo a maior incidência na faixa etária de 10 e 14 anos.
O estudo também apontou que um grande número dos crimes ocorre dentro dos próprios lares das vítimas. Realidade que também é constatada pela Polícia em Mato Grosso. A delegada Daniela Maidel explica que isso ocorre porque os agressores são, em sua maioria, pessoas que têm vínculo familiar ou afetivo com o menor. "São tios, padrastos, amigos da família, ou até mesmo os pais e avós".
Agressores - Prestativos, atenciosos e calmos. Assim se apresenta a maioria dos autores de violência sexual. Com este perfil, eles ganham a amizade e confiança dos pais da criança. "Não são pessoas violentas. Elas primeiro ganham a confiaça dos adultos para depois fazerem suas vítimas. E na maioria das vezes ameaçam a criança para que não revele o abuso, caso contrário vai agir contra a pessoa que ela mais ama".
A delegada lembra que outra tática dos criminosos é não deixar vestígios do crime praticado. Para conseguir isso, nem sempre concretizam a penetração nos órgãos genitais da criança. "Quando a criança é muito pequena, se ocorre a penetração, ficam lesões, o que é muito visível. Por isso eles evitam. Até mesmo quando já são crianças maiores, eles utilizam de outras estratégias, como a manipulação dos órgãos genitais da vítima e o sexo oral".
Quando o crime é descoberto, quase a totalidade dos acusados tem como reação a negação da prática, utilizando como defesa a falta de provas. "Eles já falam que podemos fazer o exame que não vamos provar nada. Então buscamos outros vestígios, como por exemplo o depoimento da própria criança, onde é possível saber se ocorreu algo de anormal".
Primeira batalha - Como envolvem pessoas com laços afetivos que tomam todos os cuidados para não deixar rastros, um grande número de crimes sexuais fica no anonimato. Daniela aponta que alguns, mesmo sendo descobertos pela mãe, não são denunciados. Isso ocorre, segundo ela, porque muitas não querem se indispor com o agressor, com quem têm alguma relação afetiva.
Esta é uma das grandes batalhas no combate ao abuso sexual de menores. A metade das denúncias que chegam até a Polícia é feita por terceiros, vizinhos e educadores da escola onde a vítima estuda e que percebem atitudes estranhas. A psicóloga do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), Karoline Araújo de Miranda, destaca que são pequenos "detalhes" que podem delatar a violência.
Ela explica que, quando muito pequenas, as crianças não têm noção do abuso sofrido, podendo confundi- lo até com uma brincadeira, devido as estratégias usadas pelos abusadores. "A criança não tem discernimento do que está acontecendo. Mas em algum momento ela vai acabar revelando, seja na mudança de comportamento ou em conversas".
Por isso, lembra ela, é importante que os pais fiquem atentos. "Até mesmo uma brincadeira que a criança passa a ter com outras. É preciso ficar alerta e investigar".
Trauma - Culpa e vergonha. Estes são, na maioria, os sentimentos que as vítimas de abuso carregam, o que dificulta não só a descoberta do crime, mas também o desenvolvimento dos pequenos. Karoline afirma que, desde os 6 meses, a criança já começa a reter informações e recordações. Portanto, mesmo que a violência sexual seja cometida quando ela ainda é bebê, os traumas poderão se apresentar anos depois. "Ela pode nem lembrar que foi vítima de abuso, mas quando ter um relacionamento afetivo com alguém, uma simples palavra ou gesto pode causar reações inexplicáveis. Muitos só descobrem tudo isso quando fazem terapias". Para evitar que isso ocorra, é fundamental que o menor receba acompanhamento psicológico e social após o abuso.
Segunda batalha - Mas assim como na denúncia, a resistência da família também é encontrada no tratamento da criança ou adolescente. A coordenadora do Creas da área central de Cuiabá, Francislene Rodrigues Santos, conta que, em muitas situações, é preciso pedir a intervenção da Justiça para obrigar os pais a levarem o menor. "Em todos os casos nós somos informados para prestar o atendimento a vítima e a seus familiares. Muitas vezes temos que ligar, ir atrás da família, e mesmo assim elas não comparecem".
A atitude, segundo ela, é justificada pela maioria das pessoas para amenizar o sofrimento do menino ou menina. Mas não é isso que acontece. A psicóloga lembra que não falar sobre a agressão, não vai fazer com que a vítima esqueça. "É pior, porque um dia isso vai se apresentar. É preciso falar e tratar, mas da forma correta. É o que fazemos". No Creas, o acompanhamento é feito num período mínimo de 3 meses, podendo ser maior dependendo dos resultados obtidos. Depois as vítimas são encaminhadas para outros especialistas.
Combate - Este ano, o Creas também começou a desenvolver o projeto Faça Bonito em escolas do município, orientando as próprias crianças sobre os tipos de violência sexual. Francislene explica que é uma forma de evitar novos crimes e aumentar o número de denúncias. "Nas salas, algumas já revelam informações que apontam indícios de que trata-se de uma criança vítima de abuso. A partir daí passamos a investigar. Além disso, elas mesmo passam a se proteger, pois entendem que algumas atitudes não são normais".

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Experta en delitos sexuales sobre pederastas: “no sienten culpa ni empatía”


24 de Junio del 2012
Psicólogas explican cómo abordar la temática del abuso sexual infantil, cuando se sospecha de que un menor ha sido agredido. Además, hablan sobre la personalidad de los victimarios.
Marcela Catalán

Desde hace dos semanas, la coyuntura noticiosa nacional ha estado marcada por denuncias de abusos sexuales a menores. En consideración de ello y en vista de que este 24 de junio quienes tienen esta parafilia “celebran” el Día del Orgullo Pedófilo, diario El Rancagüino consultó con especialistas en la materia, acerca de cómo encarar esta problemática no sólo cuando se sospecha que niños han sido vulnerados. También para prevenir este tipo de situaciones.

En el caso de ya estar pensando que un menor ha sido transgredido en el ámbito sexual, Margarita Rojo, psicóloga forense de la PDI experta en delitos sexuales, aclara que es relevante distinguir entre indicadores indirectos e indirectos de estas vulneraciones.

Los primeros “también pueden estar asociados a otros cuadros clínicos, como que el niño tenga pesadillas, pierda el control del esfínter o cambie de ánimo. Puedes encontrar esto cuando sufre de bullying, está ansioso o depresivo. Pero los indicadores directos son, por ejemplo, que los menores presenten conductas sexualizadas reiterativas y no acordes a su edad”, explica la experta.

Al mismo tiempo agrega que estas actitudes se refieren a abusos sexuales, especialmente cuando se trata de niños pequeños o pre escolares, por cuanto “tienen a repetir e imitar lo que un adulto le ha hecho” en un contexto de transgresión de tipo erótica.

Respecto a los niños mayores, Rojo indica que “empiezan con cambios de ánimo. Lo más tímidos pueden tener conductas más agresivas o descontextualizadas”. Sin embargo, vuelve a afirmar que este tipo de actitudes son signos indirectos. De igual modo, es significativa la manera de tratarlos a la hora de hacerles consultas. “Es muy importante realizar preguntas abiertas, no cerradas ni sugestivas. Decir, “cuéntame, ¿y esto? ¿lo viste? ¿Donde lo aprendiste?”.

La psicóloga explica que estas consultas dan pie para conversar con los hijos, restando presión a los pequeños. “Es muy importante que los padres estén tranquilos, no transmitiendo ansiedad a los niños”, añade. Posteriormente, el paso a seguir es ir a la PDI. “Ésta generalmente cuenta con psicólogos o policías expertos para tomar relato”. Así, la madre puede explicar y los policías desestimar o confirmar el abuso e iniciar una investigación.

Junto con ello, la especialista recomienda que los niños sean tratados por psicólogos expertos en el área de los delitos sexuales con el fin de poder superar estas situaciones. Este periodo duraría entre uno o dos años. “Va a depender también la estructura de personalidad previa del menor, porque si ésta es fuerte o tiene un buen nivel de desarrollo probablemente salga más rápido que un niño tímido”.

No obstante, la experta de la PDI aclara que generalmente estos agresores sexuales buscan niños vulnerables, ya sea en el ámbito emocional, económico o social. De ahí que Amalia Pavez, psicóloga que trabaja con menores, enfatice que la prevención de este tipo de delitos pasa por la comunicación que los infantes tengan con sus padres. “En la educación y formación acerca de cómo se dan las relaciones con las personas”.

En esta línea, cabe poner atención y dar confianza para que cuenten sus inquietudes tanto en cosas grandes como pequeñas. En esto no deben ser sancionados o criticados; “sino reforzados a contar”, agrega.

Además, indica que para superar el abuso “el entorno no debe estar constantemente hablando del tema. En ocasiones uno observa que es asunto de conversación en actividades familiares, no dando importancia a si el niño está presente o no. Esto impide continuar con una vida normal”.

Igualmente aclara que es relevante que los padres no utilicen delante de los menores frases como “le embarró toda su vida”. A juicio de Pavez “esto puede generar un trauma que no está” e indica: “los niños están comenzando su vida y pueden superar dificultades con muchos más recursos de los que los adultos suponen”.

CARACTERÍSTICAS DE LOS ABUSADORES
Se habla de pedófilos, pederastas, violadores, de distintos tipos de agresores sexuales. Es por ello que para Margarita Rojo es significativo establecer las diferencias: “La pedofilia es una parafilia en la cual el sujeto tiene una orientación fundamental por los niños, buscando abusar a la mayor cantidad de estos. Por eso ingresan a lugares donde hay muchos”.

Respecto a los pederastas, aclara que estos son quienes llevan a cabo sus fantasías, pasando a la acción. “Buscan nichos y por esto muchas veces son encontrados en colegios de lenguaje, lugares donde hay niños con vulneraciones emocionales, están solos, con padres ausentes o que ellos detectan como tímidos, que no van a hablar. Los pedófilos no se casan e “invierten toda su vida y recursos en estar cerca y abusar de menores”, agrega.

“También hay abusadores sexuales que no tienen pedofilia, pero que sí agreden a niños porque pasan por situaciones de impotencia sexual”. En ese sentido, Rojo aclara que estos sujetos eligen personas que no les van a exigir el mismo rendimiento sexual. “Por eso vulneran niños y aprovechan las circunstancias, pero muchas veces pueden tener relaciones con adultos e incluso casarse”.

Por otro lado, la psicóloga forense comenta que en diversas ocasiones estas personas padecen desviaciones en el ámbito sexual. Esto puede llevarlos a “participar en situaciones donde hay pedófilos o en las cuales observan los actos. Ahí se habla de perversiones en la gama de la sexualidad”. No obstante, afirma que éste es otro diagnóstico que no necesariamente corresponde a la pedofilia. “Muchas veces se entregan a participar y se vuelven más osados en situaciones más perversas sexualmente”.

En esta línea es que Rojo cita un estudio de la Asociación de Psiquiatría Americana (APA). Según éste “las personas que no necesariamente son pedófilos, pero sí se exponen a la pornografía infantil, el 30 por ciento de estos podría agredir a un niño. Entonces es súper importante que los adultos tomen situaciones de auto cuidado. Un adulto que se expone a estas situaciones, alguna desviación tiene”.

Respecto al Registro Nacional de Pedófilos, la profesional de la PDI explica que éste sólo incluirá casos comprobados y explica que esta parafilia no tiene cura. Por lo tanto, quienes la tienen vuelven a cometer estos hechos. De ahí que Rojo comente que se debe pensar en el tema, considerando que estos agresores no pueden ser rehabilitados. “Hay que pensarlo desde ese punto de vista también. Que no sólo haya un registro, sino que también formas de controlarlos”.

DÍA DEL ORGULLO PEDÓFILO
Desde 1998 sujetos que sienten atracción sexual por los niños han convocado al “Día internacional del amor por los niños”, denominado igualmente como Día del Orgullo Pedófilo. A raíz de lo anterior, Margarita Rojo comenta que lo celebran cada solsticio de invierno y de verano. Quienes “festejan” esta fecha, piden legalizar el mantener relaciones sexuales con niños. De hecho, hasta 2010 funcionó un partido con dichas ideas en Holanda.

En vista de aquello, la psicóloga forense aclara que “no es posible (apoyarlos), y lo digo como profesional, porque hay una relación asimétrica. Un niño no ha terminado de desarrollarse psicológica y emocionalmente como para poder elegir esa vida. Lo que debemos hacer es resguardar los derechos del niño, pues éste no está preparado para elegir”.

En cuanto a teorías explicativas sobre estos agresores, comenta que hay diversos estudios relativos al tema. “Lo que sí sabemos es que hay un trastorno fuerte del apego. Se invierte el objeto sexual, porque éste debería ser un adulto”. Al mismo tiempo, indica que estos sujetos tienen características antisociales que los llevan a perpetuar estos delitos. “Algunos pedófilos viven su parafilia, pero sin dañar niños. Pero el que agrede sí posee características antisociales”.

“Hay una página de los boylovers, donde ellos dicen que dan amor a los menores. Estamos frente a un discurso donde se distorsiona cognitivamente lo que es bueno y malo. Afirman que aman a los niños, que los cuidan, pero les están destruyendo la vida. Hay sujetos que se dan cuenta que los dañan; sin embargo son pocos casos. Por eso digo que hay un componente antisocial en ellos, en la personalidad y un componente psicopático. El psicópata no siente culpa, no siente empatía”, advierte.

http://www.elrancaguino.cl/rancaguino/noticias.php?cod=1028

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Criança diz ter recebido R$ 1,90 do padrasto por sexo oral em Piracicaba


20/06/2012 21h39 - Atualizado em 20/06/2012 21h39

Garoto de nove anos foi abusado diversas vezes e era ameaçado de morte.

Abuso foi relatado nesta quarta-feira (20) à mãe, que denunciou o marido.

A Polícia Militar de Piracicaba (SP) prendeu, nesta quarta-feira (20), um homem de 27 anos por pedofilia. A vítima era o enteado de nove anos, que contou à mãe ter recebido R$ 1,90 para fazer sexo oral no padrasto, que o ameaçava de morte para não ser denunciado. Assim que soube do relato, a mulher ligou para a PM, que prendeu o suspeito em flagrante.
De acordo com o Boletim de Ocorrência registrado no 1º Distrito Policial, o garoto procurou a mãe por volta de 12h e mostrou as moedas que recebeu. Ele relatou que o abuso já havia ocorrido outras vezes e não contava por medo de ser agredido. Levado para a Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), ele manteve o relato.
O padrasto negou a versão dada pela criança, mas foi encaminhado para a Cadeia de Sorocaba, que recebe acusados de crime sexual em todo o Estado. Será feito um exame de corpo de delito na criança e ela passará por acompanhamento psicológico. A partir das sessões o caso poderá ser esclarecido.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Mãe e padrasto são suspeitos de drogar e estuprar bebê, em Goiás



01/06/2012 19h27 - Atualizado em 01/06/2012 19h27


Criança de 1 ano e 8 meses está internada em Anápolis, em estado grave.
Mãe nega acusações e diz que a cocaína estava no meio dos brinquedos.

Mãe e padrasto são suspeitos de estuprar bebe de 1 ano, em Pirenópolis (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)Mãe e padrasto são suspeitos de estuprar e drogar
bebê (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)


A mãe e o padrasto de uma menina de 1 ano e 8 meses são suspeitos de drogar a criança na cidade de Pirenópolis, a 127 quilômetros de Goiânia. Segundo a delegada Ginia Maria Eterna, a garota, que está internada em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital de Anápolis, região central do estado, apresenta também sinais de violência sexual. A comprovação foi feita por meio de exames realizados no Instituto Médico Legal (IML), após solicitação do Conselho Tutelar.
A menina foi levada para um hospital dePirenópolis na quinta-feira (30) com convulsões. Ela foi transferida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para Anápolis e, no caminho, sofreu parada cardiorespiratória. Sem conseguir identificar o problema da menina, os médicos fizeram um exame de urina e constataram altas doses de cocaína no organismo.

De acordo com a delegada Ginia Maria Eterna, responsável pelo caso, a mãe da garota nega qualquer envolvimento. A mulher de 28 anos está grávida de nove meses do terceiro filho – ela tem outro filho de três anos - e não foi presa por falta de flagrante. O padrasto também está em liberdade.
Investigação
“A mãe diz que estava dormindo quando as crianças saíram da casa e ficaram brincando próximo da rua. De acordo com ela, entre os brinquedos, a menininha encontrou um papel alumínio que teria vestígios de cocaína”, explica a delegada. Os brinquedos foram apreendidos para averiguar se há vestígios de droga e como ela teria parado lá. “Já instauramos inquérito para apurar possíveis maus-tratos e o crime de estupro de vulnerável”, conta Ginia Maria.
A pediatra da criança, Gina Tronconi, informou ao G1 na noite desta sexta-feira (1º) que o quadro da menina é considerado grave. Ela respira com a ajuda de aparelhos. Horrorizada, a pediatra diz que é cedo para falar em sequelas, mas que o maior risco que a garota corre é o de morrer.
“Sinceramente, nunca tinha visto isso em 30 anos de profissão. Já vi inimagináveis tipos de agressão contra criança. Mas igual a essa, não. Ela chegou aqui e aparentemente não tinha sinais de maus-tratos. É chocante”, afirma.

http://g1.globo.com/goias/noticia/2012/06/mae-e-padrasto-sao-suspeitos-de-drogar-e-estuprar-bebe-em-goias.html

segunda-feira, 14 de maio de 2012

80% de abusos sexuais ocorreram com crianças de 0 a 15 anos


08/05/12, 10:37


Os dados são dos primeiros quatro meses de 2012. Dos 138 exames, 108 foram realizados em crianças de 0 a 15 anos.

No próximo dia 18 de maio é lembrado pelo Dia Nacional de Luta o Abuso e a Exploração Sexual Infantil. Até o dia 27 de abril, o Serviço de Atenção às mulheres Vítimas de Violência Sexual – (Samvvis) atendeu 138 atendimentos, sendo que 108 foram feitos a crianças de zero a 15 anos, ou seja quase 80% dos casos envolvem crianças e adolescentes.  

No ano passado, foram realizados 341 atendimentos de corpo de delito que depois foram encaminhados para psicólogos, ginecologistas e assistentes sociais, em caso de estupros, destes 263 foram em crianças de até 15 anos.

Divulgação

De acordo com a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), uma média de duas a três denúncias de abuso sexual são recebidas por dia. E a maioria dos acusados são pessoas conhecidas das vítimas, sendo a maioria, de acordo com o juiz Almir Adib Tajra, da 7ª Vara Criminal, familiares e vizinhos.

A psicóloga Kislley Sá Urtiga afirma que as crianças não tendem a denunciar porque infringem os sofrimentos e danos as elas por quem deveria dar proteção. 

Essas crianças tendem a apresentar diversas mudanças de comportamento. “Os sintomas variam desde apatia, ansiedade, depressão, timidez, agressividade, sexualidade exacerbada, ansiedade, depressão, distúrbio de personalidade, uso de drogas, risco de suicídio, falta de apetite, isolamento, comportamentos hostis, fadiga crônica, medo, insônia, baixa autoestima, somatização de doenças, falta de expectativas no futuro, entre outros”, destacou a psicóloga.

Foto: Raoni Barbosa/Revista Cidade Verde
Psicóloga Kislley Sá Urtiga

Veja entrevista com a psicóloga sobre os traumas que a violência pode provocar numa criança:

1. Por que as crianças tendem a não contar o fato?
 
Porque infringem sofrimentos e danos a criança, exercidos, geralmente, por adultos que deveriam ser, a princípio, os responsáveis pela segurança, supervisão e proteção. No entanto, falham nessas tarefas, não estabelecendo relações recíprocas e apresentando desequilíbrio nas funções relativas ao poder. 

2. É possível perceber que a criança sofre de abuso sexual? Como? Há mudança de comportamento, especifica?
 
A violência sexual corresponde aos atos de natureza sexual impostos a uma criança ou adolescente por um adulto que explora seu poder hierarquicamente superior, sob a forma de assédio verbal, invasão de limites corporais ou psicológicos com toques ou palavras e relações sexuais genitais, orais ou anais. No abuso sexual, as atividades sexuais não estão sintonizadas com o nível de desenvolvimento do adolescente, o qual é incapaz de dar o seu consentimento. 

O abusador poderá envolver a vítima em situações de estupro, incesto e exploração sexual. A violência pode desencadear uma ou mais reações específicas nas pessoas envolvidas e no contexto nas quais estão inseridas. O comportamento mais observado, são pessoas frustradas e vulneráveis, a expressar agressividade.

Os sintomas variam desde apatia, ansiedade, depressão, timidez, agressividade, sexualidade exacerbada, ansiedade, depressão, distúrbio de personalidade, uso de drogas, risco de suicídio, falta de apetite, isolamento, comportamentos hostis, fadiga crônica, medo, insônia, baixa auto-estima, somatização de doenças, falta de expectativas no futuro, entre outros.
 
3. Que traumas essa criança pode ter após sofrer abuso sexual?
 
São atos de hostilidade e agressividade que podem influenciar na motivação, na autoimagem e na autoestima. Podendo ser associado no futuro a graves disfunções sexuais.  

4. Como tratar esse trauma?
 
Devem ser trabalhados aspectos relacionados à autoestima, autoimagem, bem-estar emocional, de acordo com o grau de severidade e de comprometimento da vítima da violência;

Atendimento psicológico familiar, com o objetivo de trabalhar as crenças, mitos, segredos familiares, autoestima dos membros da família e fortalecê-la para resolver seus conflitos e estabelecer a comunicação entre os membros;

Além das propostas citadas anteriormente, cabe aos psicólogos desenvolverem uma visão estratégica, isto é, ter ações eficazes para a valorização dos potenciais individuais.
 
5. As sequelas ficam para a vida toda? Essa criança pode se tornar um pedófilo?
 
O abuso sexual deve ser analisado em relação à sua frequência, intensidade, severidade e duração. Se a criança é submetida, desde cedo, a situações de abuso, maior será o comprometimento em relação ao seu desenvolvimento.

A pedofilia é um desvio sexual, o qual, a maioria dos crimes envolvendo atos sexuais contra crianças são realizados por pessoas que não são consideradas clinicamente pedófilas, já que não sentem atração sexual primária por crianças. Mundialmente, apenas um quarto dos abusos sexuais de crianças são praticados por pedófilos. Esses abusos sexuais são praticados por pessoas que simplesmente acharam mais fácil fazer sexo com crianças, seja enganado-as ou utilizando de intimidação ou força.

6. Qual deve ser o comportamento dos pais/responsáveis após a descoberta do crime para com a criança?

Comunicar a autoridades policiais para que investigue e tomem as medidas legais cabíveis.
 
Atendimento no Samvvis

O atendimento no Samvvis começa depois que a vítima presta queixa em alguma delegacia especializada. Com o Boletim de Ocorrência em mãos, funcionários do Samvvis acionam um médico legista, que faz o exame de corpo de delito. Em seguida, são tomadas providências, que incluem atendimento psicológico, ginecológico e de assistência social

O tratamento inclui medicamentos contra gravidez indesejada, em caso de estupro, com orientação médica e aplicação de vacina contra hepatite.

Estatísticas 2011/2012

De 0 A 15 Anos
2011- 263
2012- 108

De 16 A 21 Anos 
2011 – 43
2012 – 16

Acima De 21 Anos
2011- 33
2012- 03


Caroline Oliveira
carolineoliveira@cidadeverde.com

http://www.cidadeverde.com/80-de-abusos-sexuais-ocorreram-com-criancas-de-0-a-15-anos-101723

terça-feira, 17 de abril de 2012

Técnicos escolares terão que seguir novas regras após caso de abuso sexual nos EUA


O ex-professor Eric Justin Toth é acusado de pornógrafo infantil, quando encontraram imagens de crianças em uma câmera que usava no trabalho; ele encabeça a lista dos dez mais procurados pelo FBI
O ex-professor Eric Justin Toth é acusado de pornógrafo infantil, quando encontraram imagens de crianças em uma câmera que usava no trabalho; ele encabeça a lista dos dez mais procurados pelo FBI
O caso de Jerry Sandusky, um ex-coordenador de defesa do time de futebol da Penn State acusado de dezenas de atos de abuso sexual de menores, está tramitando nos tribunais. Mas está tendo um impacto duradouro sobre milhares de outros técnicos, tanto pagos quanto voluntários, que se veem diante de um novo escrutínio por parte dos pais, organizações esportivas e até legisladores estaduais.
Desde que o escândalo da Penn State veio à tona em novembro, legisladores em mais de uma dúzia de estados -incluindo Nova York, Califórnia e Pennsylvania- entraram com projetos de lei para que técnicos, diretores atléticos ou funcionários das universidades sejam "obrigados a denunciar" se suspeitarem de abuso ou negligência para com as crianças. No mês passado, leis como estas foram aprovadas na Virgínia, Washington e West Virgínia, e vários outros estados devem seguir o exemplo em breve.
Embora as leis variem, algumas impõem punições significativas, incluindo multas, acusações por delitos e até tempo de prisão, para técnicos ou funcionários que violem as novas leis de denúncia.
As leis, como um todo, têm a intenção de evitar que se repita a resposta aparentemente negligente dos funcionários da Penn State -inclusive do falecido técnico Joe Paterno. Segundo críticos da universidade, foi isso que permitiu que Sandusky continuasse abusando de crianças durante anos, depois que as suspeitas surgiram.
"O que vimos na Penn State foi uma conspiração de silêncio, e este é o principal alvo do meu projeto de lei", disse o representante estadual Kevin Boyle, democrata que entrou com o projeto de lei na Pennsylvania em meados de novembro. "Quero impedir que as instituições mantenham os abusos em segredo."
De acordo com a Conferência Nacional de Legislativos Estaduais, que acompanha essas leis, a maioria dos estados diz exatamente quais profissões são obrigadas a delatar o abuso infantil, entre elas professores, assistentes sociais e funcionários da saúde. E os legisladores dizem que as novas leis propostas não têm a intenção de lançar dúvidas sobre técnicos inocentes, mas simplesmente fechar as brechas onde eles não são citados especificamente nas leis de denúncia de abusos.
"Tomara que este seja um passo positivo em vez de punitivo", disse o legislador Roger Dickinson, democrata que apoiou um dos vários projetos de lei ainda pendentes na Califórnia.
As checagens dos históricos dos técnicos também cresceram, assim como as iniciativas para acabar com as brechas nessas checagens. Este mês, o Conselho Nacional de Esportes Juvenis deve anunciar um critério mais rígido e amplo, acrescentando especificamente a uma lista de "alerta" qualquer condenação ou acusações pendentes envolvendo exposição indecente, prostituição ou crimes envolvendo danos a um menor, para alertar as ligas a não convocarem voluntários questionáveis.
As novas regras, que deverão ser usadas nas ligas de vários esportes para determinar quem pode ser técnico, devem fortalecer uma série de normas de "tolerância zero" que já listam crimes como a crueldade contra animais e posse de drogas como ofensas que podem desqualificar o candidato, não importa quando tenham acontecido.
"Se alguém quer ser voluntário, e acha que não deve porque se preocupa com o que quer que tenha acontecido no passado, então não se voluntarie", disse Sally S. Johnson, diretora-executiva do conselho. "Tenho certeza que há outras pessoas por aí que querem ser técnicos".
Apesar de todas as mudanças concretas que afetam os técnicos, a nova supervisão também levou a mudanças mais sutis nas atitudes e abordagens. "Eu sei que os pais dos meus jogadores nunca suspeitariam que eu me portasse mal", disse Raven Scott, jogador de vôlei na escola de segundo grau Millsaps College em Jackson, Mississippi, que também é técnico de um time feminino. "Mas ao mesmo tempo, sei que agora eles estão ainda mais inclinados a estarem presentes em práticas para monitorar com uma mentalidade de 'apenas para garantir'".
Os técnicos – muitos dos quais são pais também – disseram que estavam mais cientes de como se comunicam com os jogadores. Alguns dizem que passaram a enviar mais e-mails e textos para suas equipes, para fornecer um registro das interações no caso de que surjam acusações, enquanto outros disseram que também mudaram a forma de cumprimentar os vencedores ou consolar os perdedores.
"Eu fiquei ainda mais cuidadoso ao abraçar os alunos", disse Dug Barker, administrador de sistemas e pai de quatro em Louisville, Kentucky, que é técnico de vários esportes desde o final dos anos 70. "E tenho muito cuidado com palavras e frases que podem ter duplo sentido."
O escândalo de Sandusky também revelou códigos de conduta há muito praticados: evitar trabalhar sozinho com os jogadores, por exemplo, ou dar caronas para casa sem outro adulto ou jogador no carro. O contato físico – uma mão no braço para ajustar um movimento, por exemplo – deveria ser anunciado antes.
Tudo isso não serve somente para proteger as crianças, mas também as reputações dos técnicos. Karen Ronney, instrutora de tênis profissional e mãe de três meninas que praticam o esporte em San Diego, disse se lembrar de ser "extremamente cautelosa quando trabalha com crianças" - apesar de anos de experiência na lateral das quadras.
"Uma situação potencialmente negativa pode destruir uma carreira ou uma vida", disse Ronney. "Possivelmente a minha."
Organizações que representam os esportes juvenis também tomaram medidas em resposta ao caso de Sandusky. Em novembro passado, a Liga de Beisebol Infantil reiterou suas normas para reportar abusos – e para identificar potenciais autores de abuso sexual de menores – depois de ouvir pais e voluntários. Em fevereiro, a Positive Coaching Alliance, um grupo sem fins lucrativos de Mountain View, California, realizou dois seminários online dedicados a impedir o abuso sexual de menores. O fundador do grupo, Jim Thompson, disse esperar que as discussões encorajem os técnicos a agirem como sentinelas para o potencial abuso ou negligência de menores.
"Parte de nossa mensagem para os técnicos é: 'não seja defensivo, não leve para o pessoal'", disse Thompson. "Não pense: 'eu sou um cara legal, por que as pessoas suspeitariam de mim?' Reconheça que se trata de uma comunidade tentando proteger as crianças e abrace seu papel de protegê-las."
Os seminários online incluem sessões sobre as "seis medidas a tomar se uma criança menciona algo sobre ser abusada", bem como as "seis formas de evitar ser falsamente acusado de abuso".
"Se uma criança disser que você está sendo abusivo, não tente evitar ou negar", diz uma dica da apresentação. "Em vez disso, use isso como um momento de ensinamento. Você pode dizer: 'obrigado por me dizer isso. Sinto muito que isso tenha incomodado. Os problemas não devem ser segredos, e vamos conversar sobre isso com seus pais'."
Talvez nenhum outro lugar tenha ficado mais abalado com o escândalo de Sandusky do que cidades como Mill Hall, Pennsylvania, na mesma rua do State College, que abriga a Penn State. Bill Garbrick é técnico da Little League, e segundo muitos relatos, um modelo para os demais: humilde, trabalhador e dedicado à sua equipe, um time bem sucedido que liderou durante todo o caminho para a Série Mundial da Little League no ano passado, também sediada ali perto, em Williamsport, Pennsylvania.
Ele disse que o escândalo de Penn State havia sido "bem perto de casa" e certamente poderia deixar alguns técnicos incomodados. "Se técnico novo chegar na liga, tenho certeza que será muito cauteloso", disse ele.
Os pais de seus jogadores dizem que também ficaram estremecidos com as alegações de Sandusky, embora não se preocupem com seus filhos ficarem longe de casa para dormir fora durante a Série Mundial da Little League.
"Eu sempre me senti segura com eles", disse Shelli McCloskey sobre Garbrick e seus colegas técnicos, que foram técnicos de seu filho Tyler durante vários anos. "Eles são muito respeitados pelas crianças."
Numa noite de sexta-feira recente, enquanto Garbrick observava sua equipe treinar, admitiu que o caso de Sandusky era difícil de evitar. Mas disse que estava muito mais preocupado com as crianças que foram supostamente abusadas.
"Como isso afeta o trabalho do técnico na Little League? Certamente o tornará um pouco mais difícil", disse ele. "Mas isso é apenas uma pequena parte."
Tradutor: Eloise De Vylder


Diplomata iraniano é acusado de abuso sexual contra crianças em clube de Brasília


Maurício Savarese
Do UOL, em Brasília
Os pais de uma garota supostamente assediada por um diplomata iraniano devem ser recebidos no Ministério das Relações Exteriores nesta quarta-feira (18) para falar sobre o caso. Segundo informações da polícia de Brasília, o homem de 50 anos, que não teve a identidade revelada, foi acusado de abusar sexualmente de meninas entre 9 e 15 anos de idade que estavam na piscina de um clube da capital federal, no último sábado (14).
Por ter imunidade diplomática, o representante do Irã foi liberado logo depois de apresentar suas credenciais na 1ª Delegacia de Polícia, na Asa Sul. Até esta terça (17), o Itamaraty ainda não tinha recebido da polícia as informações sobre o caso.
Segundo o jornal “Correio Braziliense”, quatro meninas teriam chamado um salva-vidas para relatar que estavam sendo acariciadas pelo representante iraniano na piscina. Depois, denunciaram o abuso a familiares, que foram à delegacia.
Por ser signatário da Convenção de Viena, o Brasil concede imunidade diplomática a representantes de outros países. Isso significa que o iraniano não poderá ser processado pela Justiça brasileira, a não ser que Teerã decida abrir mão da imunidade. Outra medida possível, se as acusações forem confirmadas, é considerá-lo persona non grata no país, o que o obrigaria a retornar ao Irã.
Nesse segundo caso, os acusadores podem processá-lo no Irã e exigir na Justiça daquele país uma compensação financeira pelo incidente. Procurados pelo UOL, nenhum representante da embaixada iraniana foi encontrado para comentar o caso.


http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2012/04/17/diplomata-iraniano-e-acusado-de-abuso-sexual-a-garotas-em-brasilia.htm

domingo, 15 de abril de 2012

"Não há meninas prostitutas", diz antropóloga

Agência Patrícia Galvão

(Débora Diniz, especial para O Estado de S. Paulo)
 Ainda estou para entender o que os magistrados brasileiros descrevem como “realidade”. Muito antes da pós-modernidade, essa palavra provocava tremores nos cientistas sociais. A realidade depende de quem a descreve e, mais ainda, de quem experimenta sua concretude na própria pele. A tese de que o Direito precisa se “adequar às mudanças sociais” foi a sustentada pela ministra do Superior Tribunal de Justiça Maria Thereza de Assis Moura para inocentar um homem adulto que violentou sexualmente três meninas de 12 anos. Não haveria absolutos no direito penal, defendeu a ministra, pois os crimes dependem da “realidade” das vítimas e dos agressores. Foram as mudanças sociais que converteram as meninas em prostitutas ou, nas palavras da ministra Maria Thereza, “as vítimas, à época dos fatos, lamentavelmente, já estavam longe de serem inocentes, ingênuas, inconscientes e desinformadas a respeito do sexo”.
“Já estavam longe” foi um recurso discursivo que atenuou o sentido imperativo do julgamento moral da ministra sobre as meninas. Uma forma clara de traduzir seu pronunciamento sobre o caso é ignorar a atenuante e reler os adjetivos por seus antônimos. “As meninas eram culpadas, maliciosas, conscientes e informadas a respeito do sexo”, por isso não houve crime de estupro. Para haver crime de estupro, segundo a tese da ministra, é preciso desnudar a moral das vítimas, mesmo que elas sejam meninas pré-púberes de 12 anos. O passado das meninas - cabuladoras de aulas, segundo o relato da mãe de uma delas, e iniciadas na exploração sexual - foi o suficiente para que elas fossem descritas como prostitutas. Apresentá-las como prostitutas foi o arremate argumentativo da ministra: não houve crime contra a liberdade sexual, uma vez que o sexo teria sido consentido. O agressor foi, portanto, inocentado.

Descrever meninas de 12 anos como prostitutas é linguisticamente vulgar pela contradição que acompanha os dois substantivos. Não há meninas prostitutas. Nem meninas nem prostitutas são adjetivos que descrevem as mulheres. São estados e posições sociais que demarcam histórias, direitos, violações e proteções. Uma mulher adulta pode escolher se prostituir; uma menina, jamais. Sei que há comércio sexual com meninas ainda mais jovens do que as três do caso - por isso, minha recusa não é sociológica, mas ética e jurídica. O que ocorria na praça onde as meninas trocavam a escola pelo comércio do sexo não era prostituição, mas abuso sexual infantil. O estupro de vulneráveis descreve um crime de violação à dignidade individual posterior àquele que as retirou da casa e da escola para o comércio do sexo. O abuso sexual é o fim da linha de uma ordem social que ignora os direitos e as proteções devidas às meninas.

Meninas de 12 anos não são corpos desencarnados de suas histórias. As práticas sexuais a que se submeteram jamais poderiam ter sido descritas como escolhas autônomas - o bem jurídico tutelado não é a virgindade, mas a igualdade entre os sexos e a proteção da infância. Uma menina de 12 anos explorada sexualmente em uma praça, que cabula aulas para vender sua inocência e ingenuidade, aponta para uma realidade perversa que nos atravessa a existência. As razões que as conduziram a esse regime de abandono da vida, de invisibilidade existencial em uma praça, denunciam violações estruturais de seus direitos. A mesma mãe que contou sobre a troca da escola pela praça disse que as meninas o faziam em busca de dinheiro. Eram meninas pobres e homens com poder - não havia dois seres autônomos exercendo sua liberdade sexual, como falsamente pressupôs a ministra.

O encontro se deu entre meninas que vendiam sua juventude e inocência e homens que compravam um perverso prazer. Sem atenuantes, eram meninas exploradas sexualmente em troca de dinheiro.

Qualquer ordem política elege seus absolutos éticos. Um deles é que crianças não são seres plenamente autônomos para decidir sobre práticas que ameacem sua integridade. Por isso, o princípio ético absoluto de nosso dever de proteção às crianças. Meninas de 12 anos, com ou sem história prévia de violação sexual, são crianças. Jamais poderiam ser descritas como “garotas que já se dedicavam à prática de atividades sexuais desde longa data”. Essa informação torna o cenário ainda mais perverso: a violação sexual não foi um instante, mas uma permanência desde muito cedo na infância. Proteger a integridade das meninas é um imperativo ético a que não queremos renunciar em nome do relativismo imposto pela desigualdade de gênero e de classe. O dado de realidade que deve importunar nossos magistrados em suas decisões não é sobre a autonomia de crianças para as práticas sexuais com adultos. Essa é uma injusta realidade e uma falsa pergunta. A realidade que importa - e nos angustia - é de que não somos capazes de proteger a ingenuidade e a inocência das meninas.

* Debora Diniz é professora da UNB e pesquisadora da Anis: Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero