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segunda-feira, 27 de agosto de 2012

A vida sem sexo

23-08-2012
Quando falamos sobre sexo, já de princípio nos ajeitamos na cadeira porque sabemos que o tema desperta grandes e calorosasdiscussões. A curiosidade sobre o tema é instigante. A pessoa se permite romper com os tabus existentes, o que pressupõe recorrer aos instintos mais prazerosos. Evocamos os significados que possuímos sobre sexo, traduzidos por sensações e experiências vividas ou desejadas. Imaginar um cenário sexual não é difícil porque contamos com recursos internos como a excitação. O sexo nos permite fantasiar e aliado a isso, a ideia de transgressão.
 
Mas igualmente ao desejo de consumar uma relação sexual para alguns, existem pessoas que rompem com a necessidade e renunciam o envolvimento sexual. Muito embora pareça estranho alguém não ter relações sexuais, a assexualidade é um movimento social que desmistifica a notoriedade do sexo e está em plena ascensão no mundo. Talvez seja mais fácil pensarmos nas multiplicidades e possibilidades do sexo do que na falta dele.
 
A libido não está vinculada apenas ao ato sexual. O ato em si é uma consequência natural para extravasar a excitação acumulada.Para os assexuados, o prazer e a satisfação existem, mas não através do envolvimento carnal com outra pessoa. Não existe desejo sexual, mas existe excitação. E olha que embora pareça uma descrição do celibato, assexualidade está longe desta concepção. Os celibatários reprimem o desejo sexual em prol de uma causa e de preceitos religiosos. O assexuado não reprime nada, pois nãoexiste desejo a ser recalcado. A masturbação, por exemplo, é uma alternativa para a excitação, cuja ejaculação possui efeito aliviador e diminui o estresse. O autoerotismo dispensa a relação com o outro e a atuação da libido é presente, satisfazendo a excitação.
 
Assexualidade não é uma doença, mas uma escolha. O DSM (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders), catálogo de doenças mentais da associação americana de psiquiatria classifica este comportamento como “HSDD” ou Desordem do Desejo Sexual Hipoativo, considerada um desvio. Talvez, mediante a cultura da sexolatria, em que até para vendercerveja recorre-se aos estímulos sexuais, não transar é entendido como patológico. Mas se não transar não causa sofrimento para a pessoa, o uso de remédios ou tratamentos é dispensável. Problemas como o vaginismo, menopausa, deficiência hormonal e problemas de ereção são algumas causas que diminuem e até impossibilitam o envolvimento sexual e, portanto, devem ser tratados.
 
Nem tudo é assexualidade. Deve-se ter pelo menos num período de 6 meses, falta de desejo sem quadros de doenças. O assexual não é aquele que, necessariamente, tenha sofrido abusos sexuais ou possui uma orientação sexual não aceita. Ao contrário, a assexualidade é defendida pela Even (Asexual Visibility and Education Network), rede que luta pela visibilidade dos assexuados no mundo, como uma nova orientação sexual e assim deve ser compreendida.
 
Existem grupos na assexualidade como os românticos ou libidinosos que possuem atração romântica e por isso, conseguem se envolver com outras pessoas, namorar e até casar. Envolvem-se afetivamente. Sexo apenas com o intuito de procriar. Já os não românticos não possuem intimidade física ou troca de carícias. Não sentem desejo algum e o envolvimento amoroso não é permitido. De um modo geral, os assexuais sofrem muito preconceito e são discriminados por suas escolhas. O sentimento de culpa é atormentador e angustiante, imputado por uma sociedade carente de afeto. Nos dias de hoje, fazer sexo e ser libidinoso são obrigações e por isso, sofrem distorções. O prazer pode ser destinado àoutros setores da vida como o trabalho, exercícios físicos ou aos cuidados dos filhos, isso para ficar em alguns exemplos. É um erro restringir a libido ao sexo.
 
Os poucos estudos sobre o tema dão margem para especulações e conclusões precipitadas. As variedades sexuais não podem serdeterminadas ou quantificadas. A sexualidade viola qualquer padrão normativo, justamente porque não pode ser controlada. São estas ramificações sexuais que permitem ao conhecimento pessoal, e, portanto, a constituição de identidades sexuais.  Compreender estas identidades é respeitar os movimentos de uma sociedade que sofre uma verdadeira metamorfose em sua constituição. Desbravar nossa sexualidade deve ser libertador e não uma escravidão.
 
* Breno Rosostolato é professor de psicologia da Faculdade Santa Marcelina.
http://www.paranashop.com.br/colunas/colunas_n.php?op=opiniao&id=21330

sábado, 7 de julho de 2012

A mais recente revolução sexual entre a juventude japonesa


Os japoneses do Instituto Nacional de Sexologia define o termo Sexless (´Sem sexo´) para casais que têm um caso com uma frequência inferior a uma vez por mês. Mas como mostra este documentário O Império dos sem sexo, um inteligente jogo de palavras que evoca o filme O Império dos sentidos de Nagisa Oshima, cada pessoa tem o seu próprio conceito de abstinência. Há aqueles que, apesar de apenas fazer amor uma vez por ano ou até a cada dois anos, não são considerados ´Sem Sexo´.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Alrededor del 5% de seres humanos vive sin tener sexo


  • Fuente: Carlos Contreras/Larepublica.Pe
  • 15 junio 2012
  • Para llegar a la asexualidad no necesitan valerse del celibato o la abstinencia, solo de la voluntad propia. Se estima que entre el 1% o el 5% de la población mundial quiere y puede vivir sin tener sexo.
    • Foto: Especial
    • ¿Una persona puede vivir sin tener sexo, no valiéndose del celibato o la abstinencia? Aunque les cueste creer... este caso existe. A quienes lo practican se les llama asexuales porque eligen, por voluntad propia, no mantener ningún tipo de relación con nadie. Así de simple: no necesitan el contacto íntimo del otro ni de la otra.

      Ser una persona asexuada, entonces, no pasa por ser heterosexual, bisexual u homosexual. Ellos consideran que solo eligieron otra identidad de género distinta a las ya conocidas. Por consiguiente, un asexual no es el que ha dejado de tener sexo, ya sea por fobia o pánico a las relaciones.

      Tampoco por ajustarse a principios morales o religiosos. En ese punto ellos se diferencian de quienes practican el celibato o la abstinencia.




      Pueden vivir sin sexo

      "El celibato es una elección y la asexualidad es una orientación sexual", es la teoría que promueven, a través de una página web, los defensores de aquellos que sienten que "quieren y pueden vivir sin sexo".

      Asexual Visibility and Education Network (AVEN) es una comunidad virtual que sirve como un punto de encuentro para asexuales y para aquellas personas interesadas en conocer sobre este candente tema.

      La web tiene dos objetivos más: uno es tener un espacio de educación para ellos y sus amigos o familiares. Y la otra es lograr la visibilidad de esta comunidad hacia la sociedad.

      "Actualmente en la versión hispanoamericana tenemos a 2.000 personas afiliadas y contamos con 300 visitas diarias", reconoce Johanna Villamil, una artista colombiana de 26 años, quien es activista.

      Se estima que entre el 1% y el 5% de la población del mundo no practica el sexo. Los integrantes de este grupo no están enfermos. Solo no sienten atracción sexual.

      Para Francisca Molero, vicepresidenta de la Federación Española de Sociedades de Sexología, este es un movimiento transgresor que aparece en una sociedad tan sexualizada como la que vivimos hoy.

      "Lo que llama la atención es que defiendan su condición de asexuales como permanente cuando las personas están en constante cambio y evolución", cuestiona la especialista.

      La activista colombiana responde que hay más vías para generar intimidad sin llegar al sexo, como por ejemplo, comer un helado, cantar juntos, bailar, tener una grata conversación o compartir una cama.

      El antropólogo de la universidad española de Murcia Luis Álvarez Munarriz señala que el problema es saber si es una verdadera identidad sexual que tenga que ser aceptada por la sociedad, y en caso de serlo ver qué consecuencias puede tener para nuestra manera de vivir la sexualidad.



      Claves

      Un estudio de la Universidad de Brock (Canadá) indica que el trastorno del deseo sexual hipoactivo (carencia total del deseo) puede parecer lo mismo que la asexualidad, pero no lo es. "Algunos asexuales obtienen placer de impulsos sexuales solo que no desean compartirlo".
    • http://www.vanguardia.com.mx/alrededordel5desereshumanosvivesintenersexo-1311590.html

segunda-feira, 7 de maio de 2012

O complexo caso das parafilias


As pessoas se identificam como assexuais por diversas razões. Mas existem alguns grupos que merecem uma atenção especial. Aqui vamos tratar dos “parafílicos”.
Parafilia é “um padrão de comportamento sexual no qual, em geral, a fonte predominante de prazer não se encontra na cópula, mas em alguma outra atividade. São considerados também parafilias os padrões de comportamento em que o desvio se dá não no ato, mas no objeto do desejo sexual, ou seja, no tipo de parceiro, como, por exemplo, a efebofilia.” Wikipedia
Nessa experiência com o site eu cheguei a conversar com algumas pessoas se consideravam assexuais por serem “parafílicas”. Na verdade o conceito de parafilia não exclui a atração sexual por outras pessoas. Mas nesse caso as pessoas tinham desejo exclusivo por algum objeto não-humano: balões, móveis, violência, humilhação, etc.
É comum encontrar pessoas que não sabem ao certo se são assexuais porque, argumentam, “em certos casos específicos eu consigo fazer sexo, ou me sinto excitado”. Esses casos geralmente são cansativos, porque fica evidente a falta de preocupação do indivíduo em estudar e se conhecer um pouco melhor. Trata a si mesmo como algum rato de laboratório em que fica testando todo os estímulos sexuais possíveis e depois fica em dúvida sobre quem ele realmente é. Se ele parasse de ficar tentando ser “normal”, talvez encontrasse respostas mais facilmente.
Contudo os parafílicos não se encontram dentro desse grupo, e representam uma categoria bastante peculiar de indivíduos. Pessoalmente, minhas experiências com tais pessoas não foi realmente das melhores (ok, isso é uma piada, eu não tenho boas experiências pessoas com ninguém! ha!). Mas meu objetivo aqui é propor uma reflexão inicial:
  • Quem são essas pessoas (estatísticas, características, etc);
  • Essas pessoas podem se identificar como assexuais sem grandes conflitos?
  • Como a comunidade pode ajudar essas pessoas?
  • Tendo sua condição patologizada pela psiquiatria (quem não tem?) qual sua interface com a assexualidade?
  • http://www.assexualidade.com.br/blog/?tag=parafilia

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Sexo? Não, obrigada!


Por Carol Patrocínio | Preliminares – 4 horas atrás


No sexo existem muitos tabus, mas nenhum é maior do que dizer por aí que você não se interessa por ele. Pode ser difícil de acreditar, mas tem gente que não gosta mesmo de praticar o 'esporte'. E não é porque nunca tentou, viu...
Muita gente diz que ser assexual é uma opção. A pessoa decide que não vai transar e pronto, nada de contato desse tipo. Muitas pessoas com essa decisão namoram e têm relacionamentos normais, só que sem sexo. E a felicidade está ali, vivendo normalmente por perto, às vezes mais, às vezes menos.
Na medicina, existe a "síndrome do desejo sexual hipoativo", que é o nome que especialistas deram para a falta de interesse sexual. Ela é catalogada como um problema, mas não há comprovação de nenhuma patologia relacionada a isso.
Descobrir-se assexual não é fácil, como mostra reportagem da Folha de São Paulo. Ainda mais em uma sociedade como a nossa, que sexualiza tudo o tempo todo. Talvez seja a mesma barra de descobrir-se gay e sentir a cobrança por ser diferente do que alguém decidiu que era "normal".
A assexualidade pode ter raízes em problemas físicos e emocionais, que deixam a libido lááááá embaixo. Quem está deprimido não pensa em sexo. Mulheres com vaginismo — contração involuntária na hora da relação sexual - tentam se afastar a todo custo de algo que gera sofrimento a elas. Problemas com hormônios e mais milhares de outras coisas podem gerar essa preferência, mas o psicológico influencia muito.
Há muitos homens que reclamam que mulheres não gostam de sexo, mas assexualidade é algo que também existe entre os homens. A dificuldade de ter e manter a ereção é um dos motivos para a assexualidade masculina. Um dado interessante do Datafolha é que 5% dos jovens brasileiros não veem graça em sexo. Pode parecer uma porcentagem pequena, mas é um número bastante expressivo.
Conheça os tipos de assexuado:
Tampa da panela
Ter alguém para dividir a vida faz parte dos planos dessas pessoas, mas o sexo não está na lista. Em alguns casos a pessoa até faz sexo, mas sem vontade. Outras vezes há vontade, mas na hora 'H' a pessoa não sente prazer, o que acaba aumentando a frustração.
Eu me amo
Alguns assexuais se bastam. O amor por si mesmo é suficiente e a masturbação já resolve as necessidades sexuais da pessoa. Ela sente prazer e quer sentí-lo, mas não sente interesse em ter alguém para compartilhar a sensação.
Nada de sexo
Nesse grupo o sexo não é bem-vindo, nem beijos, nem mãos-dadas. Viver com outra pessoa não é uma opção e o relacionamento romântico soa impossível para quem é assim.
De vez em quando
Nesse caso é bem comum que a pessoa não se identifique como assexual, já que o interesse sexual aparece de vez em quando. Pessoas assim ficam por alguns períodos longos sem vontade de fazer sexo, mas ela aparece e volta a desaparecer em seguida.
A verdade é que ser assexual é como ser hétero, gay ou bi: não interessa a ninguém o que você quer — ou não — fazer entre quatro paredes. ;)
Se você quiser saber mais sobre o assunto pode assistir ao documentário (A)sexual ou dar uma passadinha no Blog Assexualidades, da pesquisadora Elisabete Regina Oliveira.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Sarah Sheeva fala sobre abstinência sexual no programa “De frente com Gabi”



A pastora estará contando seu testemunho e falando sobre o Culto das Princesas onde ensina mulheres a esperarem no Senhor pelo homem certo
No próximo domingo, 29, a pastora Sarah Sheeva estará sendo entrevista pela jornalista Marília Gabriela no “De Frente com Gabi”. Sarah é filha dos cantores Baby do Brasil e Pepeu Gomes e fez sucesso na década de 90 com o grupo SNZ formado por suas irmãs Nana Shara e Zabelê.
Depois de sua conversão Sarah Sheeva abandou a carreira musical e se dedicou exclusivamente para o ministério, mas somente nos últimos anos começou a ter destaque no segmento quando passou a ministrar sobre defraudação emocional e agora por criar o “Culto das Princesas”, voltado para mulheres.
Sarah Sheeva contou à jornalista que era viciada em sexo, mas que hoje consegue ter controle em seus desejos e hoje ministra sobre abstinência sexual. ”Deus adormeceu o meu desejo porque pedi”,  disse ela que tem um voto de só beijar seu namorado depois do casamento. Ao falar sobre isso em outros programas a pastora da Igreja Celular Internacional, no Rio de Janeiro, chamou atenção de muitas pessoas e esses vídeos se tornaram sucessos na internet.
Sobre esperar o homem certo a pastora vai mais longe e diz que frequentar uma igreja não é tão importante. ”Eu acredito que tem gente que não frequenta igreja e tem um caráter muito melhor do que alguns que estão lá dentro” , comentou. Nessa entrevista com Gabi, Sarah Sheeva também falou sobre terapia e afirmou que nessas sessões as pessoas apenas aprendem a enxergar seus defeitos, mas “somente Deus” pode ajudá-las a expurgá-los.
O Programa De Frente com Gabi vai ao ar às 00h do domingo, dia 29 de janeiro.
Com informações JB

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

El imperio de los 'SinSexo'


El imperio de los 'SinSexo' - Avance

20 feb 2012

Según el Instituto Nacional de Sexología Japonés, los japoneses ostentan el récord mundial de abstinencia sexual. Al menos, con sus parejas. La terapeuta nipona Mayumi Futamatsu asegura en el documental El impero de los SinSexo que la experiencia en su consulta le confirma que entre el 60 y 70% de las parejas de más de 40 años no mantiene relaciones sexuales. Pero, aunque la sexualidad conyugal está en peligro, la industria del sexo va viento en popa. En Japón el sexo está en todas partes. Se anuncia, se exhibe, se paga y se ha elevado a industria nacional, alcanzando el 1% del PIB.
ver vídeo en:

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Britânica de 21 anos conta como é ser assexuada


Jenni Goodchild é assexuada, o que não a impede de ter um namorado. Foto: Pioneer Productions/BBC Brasil
Jenni Goodchild é assexuada, o que não a impede de ter um namorado
Foto: Pioneer Productions/BBC Brasil

A britânica Jenni Goodchild, de 21 anos, se considera assexuada por não ter nenhum interesse em sexo, ainda que tenha um namorado."Para mim, basicamente, (ser assexuada) quer dizer que eu não olho para as pessoas e penso 'hmmm, eu gostaria de ter relações sexuais com você'. Isso simplesmente não acontece", diz ela.
GALERIA DE FOTOS
A estudante da Universidade de Oxford faz parte de 1% dos britânicos que se identificam como assexuados. A assexualidade é descrita como uma orientação, diferentemente do celibato, que é visto como uma escolha. "As pessoas me perguntam: 'se você nunca experimentou, como você sabe?' Bem, se você é heterossexual, você já experimentou ter relações com uma pessoa do mesmo sexo? Como você sabe que não ia gostar então? Você simplesmente sabe que você não tem interesse nisso, independentemente de ter experimentado ou não", diz ela.
Na Grã-Bretanha, há um website dedicado à comunidade assexuada, a Asexual Visibility and Education Network (Rede de Visibilidade e Educação Assexual), que faz questão de frisar que a diversidade entre eles é tão grande como entre a comunidade "sexual".
O sociólogo Mark Carrigan, da Universidade de Warwick, explica que há, por exemplo, assexuados românticos e não românticos. "Assexuados não românticos não tem nenhum tipo de relação romântica, então em muitos casos eles não querem ser tocados, não querem nenhum tipo de intimidade física", diz Carrigan. "Os assexuados românticos não sentem desejo sexual, mas sentem atração romântica. Então, eles veem alguém e não respondem sexualmente a essa pessoa, mas podem querer ficar mais próximos, conhecê-la melhor, dividir coisas com ela."
Namorado
Este é o caso de Jenni, que é hetero-romântica e, apesar de não ter nenhum interesse em sexo, ainda sente atração por pessoas do sexo oposto e está em um relacionamento com Tim, de 22 anos.
Tim, no entanto, não é assexuado. "Muitas pessoas chegam a perguntar se eu não estou sendo egoísta de mantê-lo em uma relação que não vai satisfazê-lo e dizem que ele deveria namorar alguém como ele, mas ele parece bem feliz, então eu diria que ele é quem deve decidir isso", diz Jenni.
Segundo Tim, ele está gostando de passar tempo com Jenni e de conhecê-la melhor concentrando as atenções no lado romântico do relacionamento. "A primeira vez que Jenni mencionou durante uma conversa que era assexuada, meu primeiro pensamento foi: 'hmmm, isso é um pouco estranho', mas eu sabia que não deveria fazer suposições sobre o que isso significava", explica Tim. "Eu nunca fui obcecado por sexo. Eu nunca fui do tipo que tem que sair à noite e tem que achar alguém para ter uma relação sexual, só porque é isso que as pessoas fazem... então, não estou tão preocupado com isso."
Ainda assim, a relação de Jenni e Tim tem um lado físico, já que eles se abraçam e se beijam para expressar seu afeto um pelo outro.
Estudos científicos
A assexualidade foi objeto de poucos estudos científicos, segundo Carrigan, porque até 2001 não havia uma comunidade assexuada e, portanto, um objeto a ser estudado. "Houve muitas pesquisas sobre transtorno do desejo sexual hipoativo, que é classificado como um transtorno de personalidade, e é quando você não sente atração sexual e sofre por conta disso. Então, muitas pessoas que depois foram definidas como assexuadas podem ter sido vistas anteriormente como alguém que sofria desse transtorno", diz Carrigan.
A falta de pesquisas sobre o assunto dá margem a especulações sobre por que algumas pessoas não sentem desejo sexual. "Há pessoas que definitivamente veem isso como uma doença, que pode ser curada com remédios, outras perguntam se já chequei meus níveis hormonais, como se essa fosse uma solução óbvia", diz Jenni. "E há pessoas que vão ainda mais longe. Já me perguntaram se fui molestada quando era criança, que não é uma pergunta apropriada. E eu não fui."
Preconceito e marginalização
Apesar de assexuados às vezes sofrerem discriminação, Carrigan diz que o preconceito é diferente da "fobia" que lésbicas e gays podem sofrer. "É mais uma questão de marginalização, porque as pessoas não entendem a assexualidade." "A revolução sexual mudou muito a forma como lidamos com o sexo e como pensamos nisso como sociedade. Algumas pesquisas me dão uma sensação de que há um grau de sexualização excessiva na sociedade, as pessoas simplesmente não entendem a assexualidade", diz Carrigan.
Segundo a especialista em relacionamentos e sexualidade Pam Spurr, as pessoas conseguem falar sobre baixa ou alta libido, mas a assexualidade não é um assunto muito discutido abertamente. Carrigan acha que uma comunidade assexuada mais visível pode ter um efeito nas pessoas que não são assexuadas. "Não havia um conceito de heterossexualidade até haver homossexuais. Foi só quando algumas pessoas passaram a se definir como homossexuais que passou a fazer sentido para outras pessoas pensar em si mesmas como heterossexuais", explica Carrigan. "Se é verdade que até 1% da população é assexuada e mais pessoas vão saber que eles existem, será que isso vai mudar a maneira como pessoas 'sexuais' se veem? Porque não há hoje uma boa palavra para definir pessoas que não são assexuadas."

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

É possível viver e ser feliz sem sexo?


05/10/2011 -- 11h01

Reprodução
Dizem que a castidade é uma virtude. Mas quando a abstinência sexual não é voluntária pode transformar-se num tormento e até afetar a saúde

O sexo, ao contrário de comer e de beber, não é uma das funções vitais do ser humano, embora a Organização Mundial de Saúde inclua o sexo como um dos indicativos da qualidade de vida, ao lado de itens como atividade física e alimentação equilibrada, desde que seja seguro e prazeroso. 

Mas afinal podemos ser felizes sem sexo? Ou corremos o risco de sofrer de algum transtorno físico ou psíquico? Segundo especialistas, tudo depende da importância que cada um atribui à atividade sexual. 

Depressão 

Um estudo publicado pelo "The Journal of Sexual Research", do qual participaram 82 homens e mulheres com mais de 30 anos que ou ainda eram virgens, ou estavam há mais de um ano sem sexo. O objetivo era saber se essas pessoas se consideravam felizes ou se sofriam de algum problema. As conclusões foram desoladoras: 100% dos pacientes apresentaram sintomas de depressão e níveis de autoestima muito baixos que se repercutiam em outras áreas, como o trabalho. Além disso, todos se sentiam infelizes. 

Os autores do estudo, coordenado por Elizabeth Burgess, professora auxiliar de Sociologia na University Research of Georgia, nos Estados Unidos, concluíram que o sexo era um fator influente nesse estado depressivo. Mas não é obrigatório que seja assim. Existem abstinentes que não apresentam sintomatologias depressivas, afirma o sexólogo Júlio Machado Vaz. 

É verdade que somos pessoas sexuadas e renunciar a isso equivale a cortar com um aspecto chave da nossa natureza. Isto não quer dizer que a abstinência seja uma opção ilegítima. "Se essa é a vontade da pessoa, é ela que a legitima", afirma Rosário Gomes, sexóloga e psicóloga clínica. E acrescenta: "Os problemas surgem quando a abstinência é involuntária". 

Disfunções sexuais 

A abstinência sexual muito prolongada e involuntária pode ser originada por diversos transtornos psicológicos. 

"Pode haver uma dificuldade no âmbito da interação social, ou da abordagem com o outro e, às vezes, há dificuldade em encontrar novas pessoas. Na sociedade individualista em que vivemos, isso é cada vez mais comum", diz a sexóloga Rosário Gomes. 

Mas isso não é o mais grave. "Uma abstinência forçada e prolongada pode aumentar os níveis de insegurança e ansiedade quanto ao desempenho sexual, o que, por sua vez, facilita os problemas sexuais", afirma Júlio Machado Vaz. 

Sem sexo por opção 

Até o casamento ou para o resto da vida, algumas pessoas decidem abrir mão da vida sexual. Na contramão da superestimulação sexual presente nas mais diversas esferas, muitas pessoas optam, em pleno século 21, por um "namoro casto" antes do casamento, ou até pela eliminação completa da vida sexual. E isso acontece Seja por motivos religiosos, filosóficos ou até mesmo pelo simples fato de não sentirem o menor desejo: são os assexuais, comportamento que os especialistas já começam a chamar de quarta orientação sexual. 

Segundo matéria publicada nesta semana pela revista Isto É, além dos héteros, homos e bissexuais, os assexuais formam uma outra vertente da sexualidade, que não é nova. Apenas as pessoas sem desejo de fazer sexo estariam finalmente assumindo um traço de sua personalidade – até como resposta à pressão por um desempenho sexual fantástico imposto pela sociedade atual. 

Os assexuais (que podem ser tanto héteros quanto homossexuais) não deixam de lado os relacionamentos amorosos. Acreditam, porém, que carinho e romantismo são suficientes para levar uma relação adiante. 

Terapeuta de casais há 35 anos, a sexóloga Ana Maria Zampieri, autora do livro "Erotismo, sexualidade, casamento e infidelidade", lembra que pessoas que amam o parceiro mas não o desejam sexualmente sempre estiveram presentes no consultório. "A diferença é que, no passado, isso só era revelado durante o casamento e ficava relacionado ao tempo de convivência", diz. Como hoje as pessoas casam mais tarde – ou nem casam –, a indiferença ao sexo fica evidente. 

Mas antes de achar que você se enquadra neste perfil, vale lembrar que a falta de libido é uma disfunção sexual que precisa de tratamento terapêutico. "É importante uma avaliação psicológica para saber se quem se classifica como assexual não está mascarando problemas sérios", alerta o ginecologista Gerson Lopes, coordenador da Associação S.a.b.e.r. – Saúde, Amor, Bem-estar e Responsabilidade em entrevista à Isto É. De acordo com o médico, o desejo minguado pode ser patologia quando causado por traumas. Já quem se sente tranquilo e feliz ao trocar o sexo por qualquer outra atividade, não precisa se preocupar. (Fontes: Revistas Vida Brasil e Isto É)

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Os assexuados: conheça a tribo que defende o direito de não transar

Os assexuados: conheça a tribo que defende o direito de não transar


Michael Doré tem 28 anos e nunca beijou. Nem pretende. Beijos, carinhos e qualquer forma de contato íntimo lhe causam repulsa. “O sexo me enoja”, diz. “Sou um assexual convicto.” É quase impossível imaginar que um cara como ele, charmoso, bem-sucedido — é um matemático norueguês e PhD da Universidade de Birmingham, na Inglaterra —, sequer pense em transar. Ainda mais nos dias de hoje, em que sexo e orgasmo são quase uma obrigação. E, antes que você se pergunte o que há de errado com Michael, ele mesmo responde: “Não, não sou gay, não fui abusado na infância, nem tenho problemas hormonais.

Eu simplesmente não gosto de transar”. Assim como ele, a pedagoga mineira Rosângela Pereira dos Santos, o bancário americano Keith Walker e uma legião de assexuados dos mais diferentes cantos do planeta começam a sair do armário. São homens e mulheres de todas as idades, perfeitamente capazes de fazer sexo, mas sem nenhum apreço pela coisa. Gente que, graças ao apoio da Aven (Asexual Visibility and Education Network), rede que luta pela visibilidade dos assexuados no mundo, conseguiu se unir para levantar a bandeira da abstinência e lutar para que a assexualidade seja reconhecida como uma quarta orientação sexual (além de héteros, homos e bissexuais).


Eles vestem a camisa O matemático Michael Doré (à dir.) com a irmã, durante passeata GLBT

Sob o slogan “It’s o.k. to be A” (algo como “tudo bem ser assexuado”), essa turma tem frequentado as passeatas gays de Nova York, São Francisco, Londres e Manchester. No grupo, lutando contra o preconceito em relação aos que não gostam de transar, há desde aqueles que nunca tiveram uma relação sexual na vida, até os que fazem sexo por obrigação, para não perder o parceiro. “Por assexual entende-se apenas aquele que não sente atração sexual, não o que não é capaz de se envolver”, explica a socióloga Elisabete Oliveira, que fez do assunto tema de seu doutorado na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. “Existem os assexuais românticos e os não românticos.

O primeiro grupo consegue se apaixonar, casar e até ter filhos — desde que não haja sexo envolvido. O segundo não gosta de carinhos e não se sente apto a se apaixonar.”
A libido é uma energia vital que pode ser canalizada para o trabalho
Esses dois grupos também podem ser classificados como libidinosos ou não. “Ser assexual não significa, necessariamente, não ficar excitado”, afirma o bancário americano Keith Walker, 37 anos. “Muitos de nós se masturbam, mas não estabelecem relação entre isso e o sexo. É apenas uma maneira de relaxar e aliviar o stress”, diz. Segundo a psicóloga paulista Tânia Mauadie Santana, hoje é comum que a energia que antes era sexual seja canalizada para outras áreas da vida. “A libido é uma energia vital, o que não necessariamente se manifesta só nos órgãos sexuais. O desejo pode ser direcionado para o trabalho, a comida e as atividades físicas”, diz.

Com as recentes investidas no chamado Viagra feminino — comprimido à base de flibanserina que promete devolver a libido à mulher que a perdeu e apresentá-la a que nunca teve —, a comunidade médica tem falado muito em “desejo sexual hipoativo”. O termo, catalogado há mais de 30 anos pela Organização Mundial da Saúde como uma “disfunção sexual”, tem conotação pejorativa para assexuados, que, com razão, não querem ser vistos como doentes. “Quem pratica sexo costuma ter humor melhor, pois o ato libera hormônios de ação antidepressiva. Mas a falta dele não chega a ser um problema de saúde. Ninguém vai morrer por isso”, afirma Tânia Santana. Segundo o psiquiatra Alexandre Saadeh, a assexualidade só requer tratamento quando gera sofrimento. “Se a falta de desejo ou o excesso dele impedir alguém de ser feliz, aí, sim, deve-se falar em tratamento. Caso contrário, não há por quê”, afirma o médico.

Para mostrar (e entender) que é possível ser feliz sem sexo, Marie Claire se cadastrou em redes e sites de relacionamento onde assexuais trocam ideias, causas e bandeiras. No Brasil, o site Refúgio Assexual, criado pelo pernambucano Julio Neto, de 19 anos, é o principal local de convergência dessa turma. “Muitos chegam aos fóruns com sentimento de culpa. É compreensível. Na sociedade em que vivemos hoje, em que se usa o sexo para vender de geladeiras a refrigerantes, é quase um crime não querer transar”, diz ele. Nas próximas páginas, você confere dilemas, embates, questionamentos e conquistas vividos por assexuais do mundo todo.

Em ação Líder da rede Asexual Visibility and Education Network (Aven) em Manchester, Inglaterra

“Cheguei a pensar que fosse gay” - Michael John Doré, 28, matemático
“Até os 11 anos de idade, eu e meus amigos éramos todos parecidos, brincávamos das mesmas coisas e tínhamos ‘nojo’ de beijo de língua e sexo. Aos 12 anos, esses mesmos garotos passaram a ficar fascinados por mulheres. Falavam sobre elas o tempo todo, idealizavam como seria transar e folheavam revistas de sacanagem. Eu não conseguia entender o que, de uma hora para outra, havia mudado tanto entre eles.

Na minha cabeça, havia a possibilidade (e a esperança) de que, cedo ou tarde, eu também fosse me sentir como eles. Cheguei a pensar que era gay. Mas, se as mulheres não me atraiam sexualmente, os homens, muito menos. Então, aos 16 anos, quando todos meus amigos e amigas só falavam e pensavam em sexo, passei a me considerar assexual. E, temendo o estranhamento das pessoas, guardei comigo esse segredo.
Ainda assim, vivi vários episódios de bullying na escola. Estranhando minha falta de interesse nas garotas, meus colegas de classe me excluíam da turma, pegavam no meu pé e diziam que eu era gay — o que, para mim, era ainda mais dolorido. Dez anos se passaram entre a minha ‘autodescoberta’ e a minha capacidade de revelar isso aos amigos mais próximos.

Foi um período muito complicado, pois eu não só tinha de lidar com minha assexualidade, algo que nem entendia direito, como me apontavam como algo que eu não sou. Com o tempo, entendi que pessoas ignorantes não conseguem diferenciar homossexualidade de assexualidade.


Romance sem sexo A pedadoga Rosângela gosta de namorar, mas não encontra parceiro assexual

Em julho deste ano, decidido a participar da parada GLBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros) de Londres, com um grupo de assexuais que luta pelo direito de não transar, abri a verdade para minha família. Eles me deram muito apoio e ficaram felizes por mim. Minha irmã, inclusive, decidiu ir comigo a uma parada GLBT em Manchester, um mês depois. Acho que a pergunta que eu mais ouço quando conto que sou assexual é: ‘Por que você tem a necessidade de se definir dessa forma?’.

Pelo simples motivo de que gosto de entender quem eu sou. A maioria das pessoas — assexuais ou não — também pensa assim. Muitos encontram alívio quando descobrem que não estão sozinhos, que não são únicos. Além disso, me assumir como assexual e participar ativamente da comunidade é um bom jeito de conhecer parceiras assexuais. Eu sou um assexual romântico — teria um relacionamento com uma mulher. Mas ela deve ser, necessariamente, assexual também.

O sexo para mim é repulsivo e eu só me relacionaria com uma pessoa que não me cobrasse qualquer tipo de contato íntimo. Nunca na minha vida fiquei ou transei com uma garota. Em nenhum momento da minha vida, até aqui, tive vontade. Nem a menor curiosidade.”

Eles podem se apaixonar e até transar, mas não sentem prazer nenhum
“Odiei o sexo desde a 1ª vez” - Rosângela Pereira dos Santos, 32 anos, pedagoga
“Tenho 32 anos, estou solteira e sou formada em pedagogia, mas trabalho em um projeto ambiental do estado de Minas Gerais. Fui filha única até os 23 anos de idade, quando nasceu meu irmão do segundo casamento da minha mãe. Coincidência ou não, foi nesse mesmo ano que perdi minha virgindade.

Fui uma adolescente tardia. Até os 14, brincava com Barbies — hoje, algo impensável para a nova geração. Mas não foi por isso que demorei para transar. Sempre desconfiei que havia algo diferente comigo. Não sentia o prazer que minhas amigas diziam sentir quando saíam com rapazes. Achava que tinha algum tipo de problema e, por ser muito jovem, não conseguia conversar sobre isso com ninguém. Sofria sozinha. E, como imaginei que aconteceria, odiei o sexo desde a primeira vez. Foi com um namorado da época. Eu gostava dele, adorava beijá-lo, fazer e receber carinho...

Teoricamente, todos os ingredientes necessários para dar certo. Mas, sem sexo, não deu. Por mim, passaria o resto da vida sem transar e seria feliz! Mas gosto de namorar e, infelizmente, é quase impossível encontrar — pelo menos aqui no Brasil — alguém igual a mim. Até por isso não consigo entrar em um relacionamento sério há cinco anos. Isso significaria enfrentar uma pressão enorme para transar e, fatalmente, me deixaria infeliz. Sei que meu problema não é físico. Já fui a médicos, fiz várias contagens hormonais e não há absolutamente nada errado comigo.

Eventualmente, eu até transo. A última vez aconteceu há três meses. O rapaz não é meu namorado, mas gosto bastante dele. É uma ótima companhia. Gosto dos homens e sei que posso perfeitamente me apaixonar. Curto sair para jantar, ir ao cinema, tomar cerveja, fazer carinho, beijar bastante... mas não suporto qualquer tipo de contato sexual. Tudo que envolve a genitália me incomoda e é extremamente desagradável: sexo oral, penetração... tanto que nunca tive um orgasmo enquanto transava.

Por outro lado, a masturbação não é um problema para mim. Sou perfeitamente capaz de atingir o orgasmo me
estimulando sozinha. É uma ótima forma de aliviar o stress do dia a dia, sem nenhuma conotação sexual.
Antes, o termo “assexual” no Google só trazia artigos sobre bactérias
Nas poucas vezes em que tentei falar sobre o assunto com pessoas próximas, sei que me rotulavam como o estereótipo de garota esquisita, complexada, isolada, coisa que eu não sou! Não foram momentos fáceis. Hoje em dia, só amigas mais íntimas sabem de minha ‘situação’. Faz pouco tempo, cerca de um ano, que finalmente me descobri como assexual. Foi através de pesquisas na internet: procurando entender melhor meu comportamento ‘diferente’, encontrei, em fóruns de discussão, pessoas como eu. Percebi que não estava sozinha! Apesar de ser um alívio pessoal, sei que não posso falar sobre esse assunto com qualquer pessoa.

Minha família, por exemplo, não faz ideia do que seja a assexualidade — e tenho certeza que a maior parte dos brasileiros também não. Até cinco anos atrás, por exemplo, ao digitar a palavra “assexual” no Google, só apareciam artigos sobre amebas e bactérias.”

“Fico excitado. só não sinto o mínimo tesão” - Keith Walker, 37, bancário
“Descobri que sou assexual há seis anos. Meu primeiro casamento tinha acabado de terminar. Ficamos quatro anos juntos, mas, nesse tempo todo, só transamos umas cinco vezes. Depois de casarmos, no entanto, minha ex-mulher não conseguiu mais lidar com minha falta de interesse em sexo. E, para falar a verdade, eu também não. Me sentia como um peixe fora d’água, não só pela cobrança de minha mulher, mas porque todos os meus amigos e familiares tinham uma vida sexualmente ativa e, como a maioria das pessoas, viviam falando disso.

Não sou impotente. Pelo contrário, ficar excitado é algo perfeitamente normal para mim, basta concentração. O que não tenho é tesão. A ejaculação, para muitos assexuais, é uma simples forma de alívio físico. E é justamente o que acontece comigo. Eu era apaixonado pela minha ex-mulher, mas não sentia desejo por ela (como não sinto, aliás, por ninguém). Não conseguimos entrar em um acordo saudável para ambos, e o relacionamento terminou. A partir daí, resolvi procurar apoio na internet, buscando pessoas como eu e, assim, fazer parte de um grupo, finalmente.

Mas não foi o que aconteceu. Pelo menos não no princípio. Como eu nunca tinha ouvido falar em assexualidade — nem a palavra era familiar —, acabei entrando para um grupo de celibatários. Nunca achei que pudesse ser gay, pois sempre me apaixonei romanticamente por mulheres, só não tinha vontade de fazer sexo com elas. Não demorou para que eu descobrisse que os celibatários eram pessoas completamente diferentes de mim: tinham desejo sexual, mas o reprimiam por motivos religiosos. Eu não, eu simplesmente não tinha vontade de fazer sexo. Não sentia tesão. Ou seja, nem lá eu me encaixava. Mas foi graças a um dos rapazes que eu conheci no grupo que descobri minha tribo. Percebendo minha total falta de libido, ele me falou sobre os assexuais, o trabalho da rede Aven e sugeriu que eu procurasse o grupo.
No Brasil, 9% das mulheres não acham o sexo importante para o casamento

Moro em Washington e trabalho em um banco. Até antes de encontrar a Aven, quase não conversava com meus colegas sobre minha condição ‘diferente’ da maioria. Não é fácil lidar com um assunto que nem eu próprio tinha conhecimento. As poucas pessoas com as quais falava disso até tentavam me ajudar. Mas, no fundo, só atrapalhavam. Entendiam o que eu sentia, e cedo ou tarde, tentavam me ‘converter’ — como se essa fosse uma escolha minha. E não é. A única certeza que sempre tive é que sou heterossexual. Sei que muitos assexuais heterossexuais são questionados sobre sua orientação. Há um senso comum de que quem não gosta de sexo só pode ser gay — e reprimido. Mas isso é puro preconceito. Sou perfeitamente capaz de me apaixonar. E só me apaixonei por mulheres até hoje. Já fiz sexo muitas vezes, em especial quando estava na faculdade. Fazer sexo é algo que se espera de um homem jovem, estudante, que mora sozinho. E foi o que acabei fazendo durante os relacionamentos que tive na época. Transei não por desejo, mas por me sentir na obrigação de cumprir um ‘ritual’ presente em todos os namoros.

Foi só quando conheci a Aven — e, através dela, tive contato com pessoas parecidas comigo — que descobri que não precisava mais me sujeitar a isso. Há mais gente no mundo que, assim como eu, detesta sexo. Essas pessoas me entendem e aceitam. Tanto que foi através das reuniões e debates promovidos pela Aven que conheci minha atual mulher, uma moça linda e doce, sem a qual hoje não me imagino. Assim como eu, ela é assexual sem libido. Nos gostamos muito e, eventualmente, trocamos beijos e carícias, sem qualquer apelo erótico. É um amor tão lindo e tão puro que a cerimônia de nosso casamento, há três anos, foi transmitida em tempo real pelo da Aven — decisão que tomamos juntos para trazer mais visibilidade para nossa causa.

Somos muito felizes e até falamos em filhos. Se decidirmos ter filhos naturais (e não adotivos), não vejo por que não fazer sexo para engravidar. Nesse caso, não estaríamos nos divertindo — estaríamos apenas procriando. Não sou incapaz de fazer sexo. Pelo contrário, é uma opção não praticá-lo. E isso é muito libertador.”

Marie claire
http://vivasexo.blogspot.com/2011/08/os-assexuados-conheca-tribo-que-defende.html