Aos 68 anos, Cheryl Cohen Greene continua o trabalho que iniciou há 30 anos: atender clientes com impotência, ejaculação precoce ou limitações que dificultam o sexo. No seu livro, «As Sessões: A minha Vida como Terapeuta do Sexo», que chega esta semana às livrarias, ela conta que teve mais de 900 parceiros sexuais.
Greene diz como ajuda os seus clientes e como entrou na profissão, que muitos consideram prostituição. «Ir a uma prostituta é como ir a um restaurante, escolher a ementa e ser servido pelos funcionários, que esperam que o cliente regresse. Ter sessões com uma terapeuta sexual substituta é como ir a uma escola de culinária: descobre-se onde encontrar ingredientes, aprender receitas e sai-se a fazer pratos por conta própria.»
Como é que se tornou uma «terapeuta sexual substituta»?
Cherryl Cohen Greene - No início dos anos 1970 morava na Califórnia, no centro da revolução de costumes nos EUA. Ganhava algum dinheiro como modelo, posando nua, quando soube desse trabalho. Conversei com o meu marido na época. Vivíamos um casamento aberto, eu já tinha tido vários parceiros sexuais e ele também. Ele apoiou a minha decisão.
O que é preciso fazer para ser esse tipo de terapeuta?
Um curso. Há quem ache que só por ser bonita e ter tido muitos parceiros pode oferecer o tratamento. Mas ajudamos pessoas que têm dificuldades - não conseguem ter erecção ou orgasmos, nunca fizeram sexo. Precisam de alguém aberto, amoroso e sensível em quem confiem para aprender a superar.
Como é feito o trabalho?
São oito sessões, em cada uma há experiências diferentes, não só sexuais. Ajudo a pessoa a relaxar. Ao tocar um cliente pela primeira vez não quero que pense na erecção. O ponto é fazer com que se conheça e se abra ao prazer.
Há protocolo dessa terapia?
Sim. Foi desenvolvido pelo casal Master e Johnson. Trabalhamos com um terapeuta convencional, que não tem contacto físico com o paciente (prefiro chamar de cliente).
É o terapeuta convencional que nos indica. Após a sessão, fazemos um relatório para esse terapeuta.
Na primeira sessão ensino o cliente a relaxar e massajo o seu corpo. Na seguinte, o cliente massaja-me e eu conduzo-o, mostrando do que gosto ou não. Depois vem o exercício com o espelho, a pessoa olha-se nua. Daí começam carícias mais íntimas, ensino a manter a erecção por mais tempo, a penetrar uma mulher de forma mais prazerosa para ela.
Como é que encara o sexo sem envolvimento afectivo?
Tudo o que é consensual entre adultos é válido. O lindo do meu trabalho é que não é preciso apaixonarmo-nos, mas tem que se tornar íntimo da pessoa e respeitá-la. E é lindo saber que 85% conseguem uma vida sexual satisfatória depois das sessões.
Como evita que o cliente se apaixone por você?
Conto detalhes da minha vida privada, digo que sou casada e feliz. Isso já diminui as expectativas.
E se você se apaixonar?
Já aconteceu. Estou casada com ele há 32 anos. Bob procurou-me depois de terem terminado as sessões. Na segunda vez que saímos já fizemos sexo fora do «consultório».
O que ele acha desse trabalho?
Eu nem me apaixonaria se ele não aprovasse o que faço. Quando lhe perguntam, ele diz que sabe o que fiz por ele e o que posso fazer para melhorar a vida de outros.
É outro casamento aberto?
Não. O amor é uma coisa, o trabalho é outra. Guio o cliente, ensino. Faz parte da terapia eu própria ter orgasmos. Muitos precisam de saber que são capazes de fazer isso. Para mim, termina ali.
Você ainda trabalha?
Tenho três clientes. Quando comecei, atendia dez por semana. Vivemos uma onda conservadora, há menos gente a recorrer ao serviço. Espero que com o filme e o livro mais pessoas se interessem pelo trabalho.
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