Em uma visão bem sintética, o comportamento sexual da mulher tem basicamente dois pontos polêmicos: gerar prazer e questionamentos. A liberação sexual aferventou o primeiro tópico e abrandou o segundoa. Mas repreensões ainda imperam. Na teoria, a mulher é incentivada a se soltar e ir atrás do seu prazer. Aí, basta ter um comportamento um tantinho mais "dado" para receber uma saraivada de pixações públicas. Há quem não dê bola para isso e se entregue ao sexo de qualidade ou quantidade. São devoradoras de homens com muito orgulho - e coragem!
A professora de idiomas G. Torres é dessas que não está nem aí para as rotulações e julgamentos pelo seu comportamento sexual. Ela afirma que está distante do modelo feminino que necessita de envolvimento sentimental para ter despertado o desejo sexual. "Eu acho que sexo com paixão é uma coisa e sem paixão é outra, completamente diferente, tanto que nem comparo. Acho que preciso, sim, das duas coisas, uma vez que me satisfazem de formas diferentes", explica.
Por interpretar sua sexualidade dessa forma, a professora diz que não se sente usada ao conhecer alguém numa noite e terminá-la na cama. "Não deposito ali nenhuma expectativa de que o cara me ligue no dia seguinte ou que vá se apaixonar por mim. Estou ali para sentir prazer físico, sexo puro e simples. Mas tenho também meus parceiros fixos, com quem tenho algum outro envolvimento. Estou bastante satisfeita assim", diz G.
À moda antiga
Quem pensa que essa forma de encarar a sexualidade é coisa desse mundo moderno e liberal se engana. Na Roma Antiga, a imperatriz Messalina, esposa de Claudius I, foi padrão desse modelo. Ela dizia ter, além de um harém de escravos sexuais, o costume de se disfarçar e sair pela noite à procura de sexo pelas tavernas e ruas da cidade.
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No século XVIII, mulheres mais "saidinhas", que falavam palavrão e mexiam seus corpos de maneira a exprimir seus "sentimentos libidinosos" eram taxadas de ninfomaníacas, o terror das famílias. Chegou-se a teorizar que os órgãos reprodutores dessas mulheres causavam doenças físicas e mentais. É claro que isso não faz o menor sentido, mas esse comportamento ainda traz muito autoquestionamento como confirma a advogada C. Cannizza. "Meu problema é que minha sede sexual é insaciável. Sou muito impulsiva. A questão é que saio por aí transando com os caras e, uma hora, por mais que aquilo me satisfaça, me sinto carente. Percebo minhas relações muito superficiais", avalia.
Sofrimento X Realização pessoal
A psicóloga Margareth Labate parte do ponto básico que diz que, quando nosso comportamento nos traz mais sofrimento do que realizações, é hora de rever estratégias. "Ter uma atividade sexual intensa e com uma variedade muito grande de parceiros e circunstâncias pode não ser muito saudável. Isso não é reprimir ninguém, pelo contrário, é despertar o raciocínio sobre que tipo de carência estamos tentando suprir com esse movimento. Há, provavelmente, um impulso de insegurança nesse comportamento", comenta ela.
Margareth acrescenta que isso pode denotar uma dificuldade de realização sexual. "A questão é que algumas mulheres fazem sexo pelo ato e não pela satisfação. A coisa se torna um problema a partir do momento em que ela não se sente bem fazendo sexo, mas mesmo assim não consegue parar e sua rotina cotidiana é alterada", considera. De toda maneira, o que importa mesmo é se sentir plena e satisfeita, sem agredir a si e nem a ninguém.
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