Atualizado às: 26 de março, 2007 - 13h04 GMT (10h04 Brasília)
Britânicas receberão adesivo de desejo sexual na rede pública
Muitas mulheres têm menopausa precoce devido a cirurgias
O serviço público de saúde da Grã-Bretanha (NHS, na sigla em inglês) vai colocar à disposição das pacientes um adesivo que aumentaria o desejo sexual em mulheres.
Será o primeiro tratamento para mulheres com pouco desejo sexual, mas o fabricante - Procter and Gamble - alega que este medicamento não está sendo promovido como o equivalente feminino do Viagra.
O adesivo - chamado Intrinsa - será disponível apenas com receita para mulheres que tiveram menopausa precoce devido a alguma cirurgia.
Médicos afirmam que não existe um "conserto rápido" para baixo desejo sexual, e o tratamento médico é apenas uma parte da terapia.
Cerca de um milhão de britânicas tiveram menopausa precoce devido à cirurgia para remover os ovários durante histerectomia - cirurgia para remover o útero - para tratamento de sangramentos graves e dores pélvicas, segundo a Procter and Gamble.
Este procedimento leva a uma diminuição na testosterona (hormônio sexual masculino), que existe naturalmente na mulher e que é um importante mediador do desejo sexual.
Um terço destas mulheres acabam sofrendo de queda no desejo sexual. Elas terão direito ao tratamento.
O Intrinsa é um adesivo transparente usado no abdômen e libera uma pequena dose de testosterona.
Testes com mais de 500 mulheres que passaram por histerectomia mostraram que o adesivo levou a um aumento de 74% em sexo satisfatório.
O adesivo será disponibilizado na rede pública de saúde britânica a partir de abril.
'Razões complexas'
Nick Panay, do grupo de apoio para mulheres com menopausa precoce Daisy Network, afirmou que o baixo desejo sexual em mulheres que passaram por estas cirurgias pode causar um grande sofrimento e preocupação a respeito de seus relacionamentos.
"Intrinsa oferece verdadeira esperança médica para estas mulheres já que estudos mostraram que o adesivo aumenta o desejo sexual e a atividade sexual satisfatória, enquanto reduz o sofrimento associado", disse.
Mas médicos afirmam que o medicamento não trata das "razões complexas" da queda do desejo sexual.
"Existe uma variedade de razões para a queda do desejo sexual, como razões psicológicas e do ambiente que a pessoa está, por exemplo. Médicos deverão olhar para todas estas razões, não apenas apelar para um único tratamento médico", disse Jim Kennedy, porta-voz do setor de receitas do Royal College.
http://www.bbc.co.uk/portuguese/ciencia/story/2007/03/070326_adesivosexofn.shtml
domingo, 7 de agosto de 2011
Mentira sobre planta 'Viagra' cria confusão na Grã-Bretanha
Mentira sobre planta 'Viagra' cria confusão na Grã-Bretanha
Chá da planta teria as mesmas propriedades do Viagra
Uma matéria fictícia publicada pelo jornal britânico Independent on Sunday no dia 1º de abril sobre uma planta com propriedades semelhantes às do Viagra resultou em uma onda de e-mails e telefonemas ao Royal Botanic Gardens, em Edimburgo, na Escócia.
A matéria dizia que um jardineiro havia descoberto, por acaso, que a planta Erica carnea, nome científico dado a um tipo de arbusto que floresce no inverno, era capaz de provocar efeito semelhante ao do remédio.
A tradição de publicar matérias falsas, sem alertar leitores, no Dia da Mentira é levada a sério na Grã-Bretanha. E já provocou muitos mal-entendidos entre os desavisados.
Mas segundo a funcionária do Royal Botanic Gardens Charlotte Zammit, os jornalistas do Independent foram cuidadosos.
Eles entraram em contato com a entidade antes de publicar a matéria para se assegurar de que nenhum leitor entusiasmado sofresse uma intoxicação ao ingerir infusões contendo grandes quantidades da planta em questão.
Corrida às lojas
A matéria traz depoimentos de especialistas do Royal Botanic Gardens em Edimburgo.
Fala de uma corrida louca às lojas de plantas, de homens brigando pelas últimas mudas de Erica carnea ainda disponíveis para vender e de esposas incomodadas com o interesse repentino dos maridos por jardinagem.
E cita um depoimento do suposto descobridor do efeito surpreedente do arbusto.
O personagem fictício, um restaurador de móveis de 55 anos chamado Michael Ford, explica que tem o hábito de fazer experiências com bebidas à base de plantas, e que um dia decidiu tomar uma infusão da urze (outra designação dada ao arbusto).
"O efeito foi quase imediato", diz o personagem. "Tive de ficar na minha oficina uma hora antes de poder andar decentemente pelas ruas".
http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2007/04/070403_hoax_independent_mv.shtml
Chá da planta teria as mesmas propriedades do Viagra
Uma matéria fictícia publicada pelo jornal britânico Independent on Sunday no dia 1º de abril sobre uma planta com propriedades semelhantes às do Viagra resultou em uma onda de e-mails e telefonemas ao Royal Botanic Gardens, em Edimburgo, na Escócia.
A matéria dizia que um jardineiro havia descoberto, por acaso, que a planta Erica carnea, nome científico dado a um tipo de arbusto que floresce no inverno, era capaz de provocar efeito semelhante ao do remédio.
A tradição de publicar matérias falsas, sem alertar leitores, no Dia da Mentira é levada a sério na Grã-Bretanha. E já provocou muitos mal-entendidos entre os desavisados.
Mas segundo a funcionária do Royal Botanic Gardens Charlotte Zammit, os jornalistas do Independent foram cuidadosos.
Eles entraram em contato com a entidade antes de publicar a matéria para se assegurar de que nenhum leitor entusiasmado sofresse uma intoxicação ao ingerir infusões contendo grandes quantidades da planta em questão.
Corrida às lojas
A matéria traz depoimentos de especialistas do Royal Botanic Gardens em Edimburgo.
Fala de uma corrida louca às lojas de plantas, de homens brigando pelas últimas mudas de Erica carnea ainda disponíveis para vender e de esposas incomodadas com o interesse repentino dos maridos por jardinagem.
E cita um depoimento do suposto descobridor do efeito surpreedente do arbusto.
O personagem fictício, um restaurador de móveis de 55 anos chamado Michael Ford, explica que tem o hábito de fazer experiências com bebidas à base de plantas, e que um dia decidiu tomar uma infusão da urze (outra designação dada ao arbusto).
"O efeito foi quase imediato", diz o personagem. "Tive de ficar na minha oficina uma hora antes de poder andar decentemente pelas ruas".
http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2007/04/070403_hoax_independent_mv.shtml
Viagra 'torna homem mais carinhoso', diz estudo
Viagra 'torna homem mais carinhoso', diz estudo
Médicos lembraram que Viagra não funciona sem estímulos
Além de melhorar o desempenho sexual de um homem, tomar Viagra pode torná-lo também mais carinhoso, indicou um novo estudo da Universidade de Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos.
Em experiências com ratos, os pesquisadores verificaram que o sildenafil, nome genérico para o Viagra, aumenta a liberação no cérebro da oxitocina, o chamado "hormônio do amor".
Ratos tratados com sildenafil responderam a estímulos neurais liberando três vezes mais oxitocina que os que não haviam sido tratados com a substância.
Às vezes chamada também de "substância do aconchego", a oxitocina desempenha um papel importante na interação social e na reprodução de humanos: aparece durante a amamentação para criar a ligação especial entre a mãe e o filho, assim como em casais apaixonados.
A liberação da substância no cérebro é controlada por uma proteína – a fosfodiesterase tipo 5 – que também limita o fluxo de sangue para o pênis. A ação do Viagra consiste em reduzir os efeitos desta proteína.
Desta forma, a pequena pílula azul parece ter "efeitos físicos além do de permitir um maior fluxo sanguíneo para os órgãos sexuais", disse um dos autores do estudo, o professor da Escola de Medicina e Saúde Pública da universidade, Meyer Jackson.
Mas ele ressalvou que a droga não tem efeito se não houver estimulação:
"Drogas contra disfunções eréteis não induzem ereções espontaneamente, apenas melhoram a resposta a estímulos sexuais", ele explicou.
"O Viagra por si só não induz à liberação de oxitocina, mas melhora a quantidade liberada em resposta a um estímulo elétrico."
O estudo, divulgado na página da Universidade, será publicado na próxima edição do Journal of Physiology.
http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2007/08/070827_viagracarinho_pu.shtml
Médicos lembraram que Viagra não funciona sem estímulos
Além de melhorar o desempenho sexual de um homem, tomar Viagra pode torná-lo também mais carinhoso, indicou um novo estudo da Universidade de Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos.
Em experiências com ratos, os pesquisadores verificaram que o sildenafil, nome genérico para o Viagra, aumenta a liberação no cérebro da oxitocina, o chamado "hormônio do amor".
Ratos tratados com sildenafil responderam a estímulos neurais liberando três vezes mais oxitocina que os que não haviam sido tratados com a substância.
Às vezes chamada também de "substância do aconchego", a oxitocina desempenha um papel importante na interação social e na reprodução de humanos: aparece durante a amamentação para criar a ligação especial entre a mãe e o filho, assim como em casais apaixonados.
A liberação da substância no cérebro é controlada por uma proteína – a fosfodiesterase tipo 5 – que também limita o fluxo de sangue para o pênis. A ação do Viagra consiste em reduzir os efeitos desta proteína.
Desta forma, a pequena pílula azul parece ter "efeitos físicos além do de permitir um maior fluxo sanguíneo para os órgãos sexuais", disse um dos autores do estudo, o professor da Escola de Medicina e Saúde Pública da universidade, Meyer Jackson.
Mas ele ressalvou que a droga não tem efeito se não houver estimulação:
"Drogas contra disfunções eréteis não induzem ereções espontaneamente, apenas melhoram a resposta a estímulos sexuais", ele explicou.
"O Viagra por si só não induz à liberação de oxitocina, mas melhora a quantidade liberada em resposta a um estímulo elétrico."
O estudo, divulgado na página da Universidade, será publicado na próxima edição do Journal of Physiology.
http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2007/08/070827_viagracarinho_pu.shtml
Em apenas 90 segundos, ex-investigador atrai pedófilos na rede
Em apenas 90 segundos, ex-investigador atrai pedófilos na rede
10/03/2010 | 10:01 | KATIA MELLO
A imagem ao lado pode ser chocante. Mas o relato a seguir de Mark Willliam Thomas, um ex-investigador da polícia britânica, criminologista e que trabalha com serviços de proteção à criança há 15 anos é ainda mais impressionante. Em depoimento ao jornal inglês Daily Mail, o ex-investigador contou que se passou por uma menina de 14 anos em uma das mais populares redes sociais na internet. Em apenas 90 segundos, um homem de meia-idade já se ofereceu para fazer sexo na frente do computador. Depois de cinco minutos, aparecem outros interessados na “menina” apresentada por Mike como uma morena de 14 anos. Ele conta que os pedófilos usam a linguagem dos adolescentes para tentar atrair sua presa. Em inglês, eles apareceram perguntando as siglas A S L (age, sex, location ou idade, sexo e lugar) para iniciar o diálogo. Alguns deles vão direto ao assunto e de forma incisiva perguntam à menina se ela já fez sexo, se é virgem ou se está disposta a se despir em frente ao computador.
Alguns testam para saber se Mark realmente é a adolescente que diz ser. Mas ele consegue disfarçar. Os abusadores perguntam quais são suas preferências, seus hobbies e em que escola estudam. Uma vez convencidos da identidade da criança, fazem convites para encontrá-la. Os pedófilos também criam perfis falsos, se passando por outros adolescentes para tentar convencer a criança de que fazer sexo é bom. “Faça sexo com ele. Eu já fiz e foi bom”, disse um deles. Mesmo com sua vasta experiência nesse campo, Mark escreve que se sentiu absolutamente chocado em perceber que apenas uma hora na internet foi o suficiente para atriar tantos pedófilos.
No Brasil, segundo dados da IBOPE/Netratings são cerca de 1,3 milhão de crianças entre seis e 11 anos que estão na rede. A questão é como controlar o uso do computador sem cercear a liberdade delas. Em 2007, fiz com minha colega de ÉPOCA Luciana Vicária a matéria Os Filhos da Era Digital que constamos os benefícios dos pequenos em usarem a internet.
Com uso adequado, a rede pode trazer muitos benefícios às crianças. Até porque, é muito difícil isolá-las do mundo digital. Então, como protegê-las? A ONG SaferNet dá dicas de como proteger seu filho. Uma das mais importantes é instruir as crianças a nunca dar dados pessoais a quem não conhece. Outra é limitar a rede de amigos pela web a apenas pessoas conhecidas. Se souber de algum caso, não deixe de denunciar: discando 100 (discagem gratuita) ou pelos endereços da Agência Nacional dos Direitos da Infância e da ONG Safernet.
O assunto é muito sério. Tanto é que o ex-investigador resolveu se passar por uma adolescente para provar que é muito fácil ser ludibriado. Ele fez isso logo depois de ser noticiada na mídia europeia a morte da jovem inglesa Ashleigh Hall, de 14 anos, que foi estuprada e assassinada por um homem que conheceu no Facebook.
E você, o que acha que deve ser feito para impedir uma criança a ter contato com pedófilos na rede?
Katia Mello
http://colunas.epoca.globo.com/mulher7por7/2010/03/10/em-apenas-90-segundos-ex-investigador-atrai-pedofilos-na-rede/
10/03/2010 | 10:01 | KATIA MELLO
A imagem ao lado pode ser chocante. Mas o relato a seguir de Mark Willliam Thomas, um ex-investigador da polícia britânica, criminologista e que trabalha com serviços de proteção à criança há 15 anos é ainda mais impressionante. Em depoimento ao jornal inglês Daily Mail, o ex-investigador contou que se passou por uma menina de 14 anos em uma das mais populares redes sociais na internet. Em apenas 90 segundos, um homem de meia-idade já se ofereceu para fazer sexo na frente do computador. Depois de cinco minutos, aparecem outros interessados na “menina” apresentada por Mike como uma morena de 14 anos. Ele conta que os pedófilos usam a linguagem dos adolescentes para tentar atrair sua presa. Em inglês, eles apareceram perguntando as siglas A S L (age, sex, location ou idade, sexo e lugar) para iniciar o diálogo. Alguns deles vão direto ao assunto e de forma incisiva perguntam à menina se ela já fez sexo, se é virgem ou se está disposta a se despir em frente ao computador.
Alguns testam para saber se Mark realmente é a adolescente que diz ser. Mas ele consegue disfarçar. Os abusadores perguntam quais são suas preferências, seus hobbies e em que escola estudam. Uma vez convencidos da identidade da criança, fazem convites para encontrá-la. Os pedófilos também criam perfis falsos, se passando por outros adolescentes para tentar convencer a criança de que fazer sexo é bom. “Faça sexo com ele. Eu já fiz e foi bom”, disse um deles. Mesmo com sua vasta experiência nesse campo, Mark escreve que se sentiu absolutamente chocado em perceber que apenas uma hora na internet foi o suficiente para atriar tantos pedófilos.
No Brasil, segundo dados da IBOPE/Netratings são cerca de 1,3 milhão de crianças entre seis e 11 anos que estão na rede. A questão é como controlar o uso do computador sem cercear a liberdade delas. Em 2007, fiz com minha colega de ÉPOCA Luciana Vicária a matéria Os Filhos da Era Digital que constamos os benefícios dos pequenos em usarem a internet.
Com uso adequado, a rede pode trazer muitos benefícios às crianças. Até porque, é muito difícil isolá-las do mundo digital. Então, como protegê-las? A ONG SaferNet dá dicas de como proteger seu filho. Uma das mais importantes é instruir as crianças a nunca dar dados pessoais a quem não conhece. Outra é limitar a rede de amigos pela web a apenas pessoas conhecidas. Se souber de algum caso, não deixe de denunciar: discando 100 (discagem gratuita) ou pelos endereços da Agência Nacional dos Direitos da Infância e da ONG Safernet.
O assunto é muito sério. Tanto é que o ex-investigador resolveu se passar por uma adolescente para provar que é muito fácil ser ludibriado. Ele fez isso logo depois de ser noticiada na mídia europeia a morte da jovem inglesa Ashleigh Hall, de 14 anos, que foi estuprada e assassinada por um homem que conheceu no Facebook.
E você, o que acha que deve ser feito para impedir uma criança a ter contato com pedófilos na rede?
Katia Mello
http://colunas.epoca.globo.com/mulher7por7/2010/03/10/em-apenas-90-segundos-ex-investigador-atrai-pedofilos-na-rede/
Por que as mulheres fazem sexo?
Por que as mulheres fazem sexo?
19/09/2009 | 10:40 | LETÍCIA SORG
Por, pelo menos, 237 razões diferentes descobriu um estudo conduzido pela psicóloga Cindy Meston, professora da Universidade do Texas em Austin, nos Estados Unidos, em parceria com David Buss, especializado em psicologia evolucionista. Mais de mil mulheres – de 18 a 87 anos – contaram à pesquisadora seus motivos mais altruístas ou mais mesquinhos para transar com um parceiro – e agora essas histórias fazem parte do livro Why Woman Have Sex: Understanding Sexual Motivations from Adventure to Revenge (Por que as mulheres fazem sexo: entendendo as motivações sexuais da aventura à vingança), que chega no fim deste mês às livrarias americanas.
Nesta entrevista ao Mulher 7×7, Cindy revela as principais motivações das mulheres para transar e afirma que refletir sobre as razões que as levam ao sexo pode melhorar sua vida na cama.
Antes de fazer a pesquisa, o que a senhora esperava ouvir entre as razões das mulheres para fazer sexo? O resultado do estudo a surpreendeu?
Cindy – Sabíamos que íamos encontrar mais razões do que as que imaginávamos, mas ficamos chocados com a sua diversidade. Variavam de razões muito altruístas, em que as mulheres queriam transar para fazer seus parceiros se sentirem bem ou então porque tinham pena do homem – porque ele era virgem, nunca tinha tido uma namorada – até razões muito mundanas. Há, por exemplo, as que transam para aliviar a dor de cabeça, para aliviar a cólica menstrual e até para se manterem aquecidas no frio! Ou porque estavam entediadas e queriam simplesmente algo para fazer. Há também as razões bastante egoístas, como vingança e competição com outra mulher pela conquista, por exemplo. Entre as más razões para se fazer sexo também estão a solidão e o fato de não se sentir bem consigo mesmo.
De que forma fatores como nível educacional e religião influenciam na vida sexual das mulheres?
Sabe-se, por exemplo, que, quanto mais anos de estudo tem, maior a probabilidade de uma mulher ter um orgasmo. Provavelmente porque elas tendem a procurar mais informações sobre suas necessidades e que tipos de estímulos precisam para atingir o orgasmo. Religião e crenças culturais também têm um grande impacto. Elas estão por trás de várias das razões pelas quais as mulheres fazem ou deixam de fazer sexo. Algumas mulheres fazem sexo porque acreditam que ele faz parte de seu dever, já que há algumas citações na Bíblia sobre fazer sexo com o marido. Ou porque ouvem a mensagens passadas por suas avós e mães de que elas devem agradar seus homens, e não tentarem achar outro que as satisfaça.
A senhora se decepcionou com os motivos mesquinhos que levam as mulheres a transar?
Não. Acho que eles apenas mostram a riqueza do universo. E acho que o estudo ajuda as mulheres a refletir sobre as razões pelas quais elas mesmas transam. E ler histórias de outras mulheres sobre isso pode ajudá-las a fazer escolhas melhores. Por exemplo, fazer sexo por uma razão específica pode ter levado a mulher a sentir remorso, culpa. Outras razões podem fazê-la sentir-se melhor. Sabendo disso, elas podem melhorar suas escolhas.
De que maneira saber por que transam pode ajudar a vida sexual de uma mulher?
O livro não é de auto-ajuda, mas nós damos muitas informações sobre como as pessoas podem melhorar suas vidas sexuais. De qualquer forma, espero que, ao mostrar histórias de várias mulheres, o livro as ajude a identificar suas motivações para fazer sexo e a avaliar quais razões levaram a boas e a más experiências. Pensar “por que estou fazendo isso” ajuda a tomar decisões corretas, quase como tornar a mulher uma “consumidora consciente” de sexo. Qualquer mulher que tem vida sexual há mais tempo lembra-se de pelo menos algumas situações que elas prefeririam esquecer. Muitas mulheres carregam culpa, arrependimento, perguntam-se por que elas não foram fortes o suficiente, e, lendo o livro, elas vão perceber que muitas mulheres, assim como elas, fazem, vez ou outra, más escolhas. E entender por que elas fizeram essa má escolha, por que não disseram não àquele cara, pode ajudar. Às vezes elas não se sentiam atraídas, não queriam fazer sexo, mas não conseguiram dizer não e se sentiram muito mal depois disso. Para grande parte das mulheres, falta confiança e consciência do direito de dizer não. O cara pode ser bonito e ela se sentir mal de dizer não. Ou ela pode ter sofrido situações de coerção no passado e achar que não há limites para o seu corpo. Elas podem nunca aprender que é OK dizer não.
Existem razões pelas quais as mulheres nunca deveriam transar?
Não, porque o sentimento em relação ao sexo varia radicalmente de mulher para mulher. Uma mulher que entrevistamos, por exemplo, disse que fazia sexo porque se sentia sozinha, extremamente sozinha, e por isso queria ficar com alguém pelo menos uma noite. E isso a fazia sentir-se mais confiante, melhor consigo mesma no dia seguinte. Era uma experiência positiva para ela. Outras mulheres relataram fazer sexo porque estavam sozinhas e, depois, se sentiram ainda mais sozinhas. Tudo depende de cada um, e de suas histórias do passado, do que acreditam ser certo ou errado. Mas, definitivamente, uma boa razão para fazer sexo é porque é bom.
Quais são as principais razões por que as mulheres transam?
A razão número 1 citada pelas mulheres em nosso estudo foi sentir atração pela pessoa. A número 2, a busca pelo prazer físico, ter um orgasmo, sentir-se bem. A terceira razão é o amor, reforçar os laços do casal. Depois deles é que vêm todos os outros, como vingança, competição e tédio. Só para deixar claro, é muito comum que as mulheres façam sexo com seus maridos esperando que eles façam o serviço doméstico, mas não tão frequente como transar por atração física ou por prazer.
É possível dizer que a vida sexual das mulheres melhorou nas últimas décadas? O feminismo ajudou as mulheres?
O feminismo certamente trouxe mais oportunidade de escolha, o que necessariamente é bom, mas acho que nossa atenção está voltada a agradar os parceiros, a como fazer sexo por 10 horas e a como ter um orgasmo enlouquecedor. Tudo que lemos nas revistas femininas é sempre sobre mais sexo e maior e melhor e isso está colocando uma grande pressão muito grande sobre as mulheres para atingir objetivos impossíveis. As mulheres começam a pensar “xi, todo mundo está tendo sexo maravilhoso, menos eu” e ficam desapontadas. Muito disso está mal representado. No mundo da pesquisa acadêmica, mais pesquisadores estão estudando as disfunções sexuais das mulheres, o que é bom, mas a grande questão é o que faz uma mulher ter uma experiência prazerosa com o sexo. E essa satisfação não está ligada a quantos orgasmos ela tem em um dia, definitivamente.
A aparência física tem relação com a satisfação sexual das mulheres?
A pressão para ter um corpo dentro dos padrões atuais de beleza tem um impacto tremendamente negativo sobre a libido. Não só sobre a das mulheres. Os homens também têm a impressão de que têm que ser musculosos como os que aparecem nas revistas voltadas para o público masculino. Talvez aqueles homens das revistas tenham até mais músculos do que as mulheres de fato querem, mas os homens reais acabam achando que têm que ser assim. A imagem corporal é uma grande questão mesmo. No meu laboratório, fizemos um estudo em que trazemos as mulheres, perguntamos como elas se sentem com seus corpos e medimos sua capacidade de excitar-se sexualmente antes e depois de elas verem fotos de modelos muito bonitas e magras. O resultado mostrou que essas imagens afetam negativamente a capacidade de excitação das voluntárias. Elas começam a se comparar com as modelos e se, numa situação de sexo, você ficar pensando como seu traseiro está, vai ser muito difícil se concentrar em sentir prazer. Se você fica pensando em que posição seu corpo tem que estar para esconder as gordurinhas, perde a graça. Essa deve ser a principal razão pela qual as mulheres têm mais chance de alcançar o orgasmo pela masturbação do que com o parceiro. Porque elas não têm que se preocupar com a aparência quando estão sozinhas!
E quais são os principais fatores para a mulher se sentir satisfeita com o sexo?
É o que estamos tentando entender! Mas a relação com o parceiro é fundamental. Combinar com o parceiro na cama é fundamental. Se o seu parceiro tem problemas sexuais e você, não, isso vai gerar problemas para os dois.
Qual é o principal obstáculo para ter uma vida sexual plena?
A principal reclamação entre as mulheres é a falta de desejo sexual. Nos Estados Unidos, um terço das mulheres reclama de ter baixa libido. E não há muito o que fazer nesse caso. Sabe-se que o testosterona pode ajudar algumas mulheres, mas não todas, porque o desejo de fazer sexo é algo muito complexo. Sabemos que, quanto mais longo o relacionamento, menor o desejo sexual, principalmente por causa do tédio e da falta de espontaneidade. Uma das mulheres de nosso estudo, casada há muitos anos, relatou que o sexo se tornou uma rotina entediante, então ela se deita e fica fazendo listas de compra de supermercado na cabeça enquanto transa. Ela diz que ama o marido, mas o tédio é um grande assassino do desejo.
E os homens? Por que eles fazem sexo?
Bom, eles não são simples máquinas de sexo. O estereótipo de que as mulheres transam por amor e os homens por atração não tem comprovação científica. Muitos homens transam por amor, para se sentir ligados à parceira, e muitas mulheres só querem satisfação física. Mas é verdade que os homens em nossa pesquisa têm uma tendência maior de agarrar as oportunidades de transar. Se a situação se apresentar, eles têm maior probabilidade de fazer sexo do que as mulheres. É muito mais fácil também para um homem ficar excitado, fisiologicamente. Um homem pode ter uma ereção por uma razão completamente não-sexual, como a sensação da própria roupa sobre o pênis, por exemplo. Não é preciso um estímulo sexual para que o homem queira fazer sexo. As mulheres são de outro modo, é anatômico. O nosso corpo funciona de maneira diferente. Certamente os homens têm maior facilidade de ter uma razão física para fazer sexo, mas é tão simples assim.
Letícia Sorg é repórter especial de ÉPOCA em São Paulo.
http://colunas.epoca.globo.com/mulher7por7/2009/09/19/por-que-as-mulheres-fazem-sexo/
19/09/2009 | 10:40 | LETÍCIA SORG
Por, pelo menos, 237 razões diferentes descobriu um estudo conduzido pela psicóloga Cindy Meston, professora da Universidade do Texas em Austin, nos Estados Unidos, em parceria com David Buss, especializado em psicologia evolucionista. Mais de mil mulheres – de 18 a 87 anos – contaram à pesquisadora seus motivos mais altruístas ou mais mesquinhos para transar com um parceiro – e agora essas histórias fazem parte do livro Why Woman Have Sex: Understanding Sexual Motivations from Adventure to Revenge (Por que as mulheres fazem sexo: entendendo as motivações sexuais da aventura à vingança), que chega no fim deste mês às livrarias americanas.
Nesta entrevista ao Mulher 7×7, Cindy revela as principais motivações das mulheres para transar e afirma que refletir sobre as razões que as levam ao sexo pode melhorar sua vida na cama.
Antes de fazer a pesquisa, o que a senhora esperava ouvir entre as razões das mulheres para fazer sexo? O resultado do estudo a surpreendeu?
Cindy – Sabíamos que íamos encontrar mais razões do que as que imaginávamos, mas ficamos chocados com a sua diversidade. Variavam de razões muito altruístas, em que as mulheres queriam transar para fazer seus parceiros se sentirem bem ou então porque tinham pena do homem – porque ele era virgem, nunca tinha tido uma namorada – até razões muito mundanas. Há, por exemplo, as que transam para aliviar a dor de cabeça, para aliviar a cólica menstrual e até para se manterem aquecidas no frio! Ou porque estavam entediadas e queriam simplesmente algo para fazer. Há também as razões bastante egoístas, como vingança e competição com outra mulher pela conquista, por exemplo. Entre as más razões para se fazer sexo também estão a solidão e o fato de não se sentir bem consigo mesmo.
De que forma fatores como nível educacional e religião influenciam na vida sexual das mulheres?
Sabe-se, por exemplo, que, quanto mais anos de estudo tem, maior a probabilidade de uma mulher ter um orgasmo. Provavelmente porque elas tendem a procurar mais informações sobre suas necessidades e que tipos de estímulos precisam para atingir o orgasmo. Religião e crenças culturais também têm um grande impacto. Elas estão por trás de várias das razões pelas quais as mulheres fazem ou deixam de fazer sexo. Algumas mulheres fazem sexo porque acreditam que ele faz parte de seu dever, já que há algumas citações na Bíblia sobre fazer sexo com o marido. Ou porque ouvem a mensagens passadas por suas avós e mães de que elas devem agradar seus homens, e não tentarem achar outro que as satisfaça.
A senhora se decepcionou com os motivos mesquinhos que levam as mulheres a transar?
Não. Acho que eles apenas mostram a riqueza do universo. E acho que o estudo ajuda as mulheres a refletir sobre as razões pelas quais elas mesmas transam. E ler histórias de outras mulheres sobre isso pode ajudá-las a fazer escolhas melhores. Por exemplo, fazer sexo por uma razão específica pode ter levado a mulher a sentir remorso, culpa. Outras razões podem fazê-la sentir-se melhor. Sabendo disso, elas podem melhorar suas escolhas.
De que maneira saber por que transam pode ajudar a vida sexual de uma mulher?
O livro não é de auto-ajuda, mas nós damos muitas informações sobre como as pessoas podem melhorar suas vidas sexuais. De qualquer forma, espero que, ao mostrar histórias de várias mulheres, o livro as ajude a identificar suas motivações para fazer sexo e a avaliar quais razões levaram a boas e a más experiências. Pensar “por que estou fazendo isso” ajuda a tomar decisões corretas, quase como tornar a mulher uma “consumidora consciente” de sexo. Qualquer mulher que tem vida sexual há mais tempo lembra-se de pelo menos algumas situações que elas prefeririam esquecer. Muitas mulheres carregam culpa, arrependimento, perguntam-se por que elas não foram fortes o suficiente, e, lendo o livro, elas vão perceber que muitas mulheres, assim como elas, fazem, vez ou outra, más escolhas. E entender por que elas fizeram essa má escolha, por que não disseram não àquele cara, pode ajudar. Às vezes elas não se sentiam atraídas, não queriam fazer sexo, mas não conseguiram dizer não e se sentiram muito mal depois disso. Para grande parte das mulheres, falta confiança e consciência do direito de dizer não. O cara pode ser bonito e ela se sentir mal de dizer não. Ou ela pode ter sofrido situações de coerção no passado e achar que não há limites para o seu corpo. Elas podem nunca aprender que é OK dizer não.
Existem razões pelas quais as mulheres nunca deveriam transar?
Não, porque o sentimento em relação ao sexo varia radicalmente de mulher para mulher. Uma mulher que entrevistamos, por exemplo, disse que fazia sexo porque se sentia sozinha, extremamente sozinha, e por isso queria ficar com alguém pelo menos uma noite. E isso a fazia sentir-se mais confiante, melhor consigo mesma no dia seguinte. Era uma experiência positiva para ela. Outras mulheres relataram fazer sexo porque estavam sozinhas e, depois, se sentiram ainda mais sozinhas. Tudo depende de cada um, e de suas histórias do passado, do que acreditam ser certo ou errado. Mas, definitivamente, uma boa razão para fazer sexo é porque é bom.
Quais são as principais razões por que as mulheres transam?
A razão número 1 citada pelas mulheres em nosso estudo foi sentir atração pela pessoa. A número 2, a busca pelo prazer físico, ter um orgasmo, sentir-se bem. A terceira razão é o amor, reforçar os laços do casal. Depois deles é que vêm todos os outros, como vingança, competição e tédio. Só para deixar claro, é muito comum que as mulheres façam sexo com seus maridos esperando que eles façam o serviço doméstico, mas não tão frequente como transar por atração física ou por prazer.
É possível dizer que a vida sexual das mulheres melhorou nas últimas décadas? O feminismo ajudou as mulheres?
O feminismo certamente trouxe mais oportunidade de escolha, o que necessariamente é bom, mas acho que nossa atenção está voltada a agradar os parceiros, a como fazer sexo por 10 horas e a como ter um orgasmo enlouquecedor. Tudo que lemos nas revistas femininas é sempre sobre mais sexo e maior e melhor e isso está colocando uma grande pressão muito grande sobre as mulheres para atingir objetivos impossíveis. As mulheres começam a pensar “xi, todo mundo está tendo sexo maravilhoso, menos eu” e ficam desapontadas. Muito disso está mal representado. No mundo da pesquisa acadêmica, mais pesquisadores estão estudando as disfunções sexuais das mulheres, o que é bom, mas a grande questão é o que faz uma mulher ter uma experiência prazerosa com o sexo. E essa satisfação não está ligada a quantos orgasmos ela tem em um dia, definitivamente.
A aparência física tem relação com a satisfação sexual das mulheres?
A pressão para ter um corpo dentro dos padrões atuais de beleza tem um impacto tremendamente negativo sobre a libido. Não só sobre a das mulheres. Os homens também têm a impressão de que têm que ser musculosos como os que aparecem nas revistas voltadas para o público masculino. Talvez aqueles homens das revistas tenham até mais músculos do que as mulheres de fato querem, mas os homens reais acabam achando que têm que ser assim. A imagem corporal é uma grande questão mesmo. No meu laboratório, fizemos um estudo em que trazemos as mulheres, perguntamos como elas se sentem com seus corpos e medimos sua capacidade de excitar-se sexualmente antes e depois de elas verem fotos de modelos muito bonitas e magras. O resultado mostrou que essas imagens afetam negativamente a capacidade de excitação das voluntárias. Elas começam a se comparar com as modelos e se, numa situação de sexo, você ficar pensando como seu traseiro está, vai ser muito difícil se concentrar em sentir prazer. Se você fica pensando em que posição seu corpo tem que estar para esconder as gordurinhas, perde a graça. Essa deve ser a principal razão pela qual as mulheres têm mais chance de alcançar o orgasmo pela masturbação do que com o parceiro. Porque elas não têm que se preocupar com a aparência quando estão sozinhas!
E quais são os principais fatores para a mulher se sentir satisfeita com o sexo?
É o que estamos tentando entender! Mas a relação com o parceiro é fundamental. Combinar com o parceiro na cama é fundamental. Se o seu parceiro tem problemas sexuais e você, não, isso vai gerar problemas para os dois.
Qual é o principal obstáculo para ter uma vida sexual plena?
A principal reclamação entre as mulheres é a falta de desejo sexual. Nos Estados Unidos, um terço das mulheres reclama de ter baixa libido. E não há muito o que fazer nesse caso. Sabe-se que o testosterona pode ajudar algumas mulheres, mas não todas, porque o desejo de fazer sexo é algo muito complexo. Sabemos que, quanto mais longo o relacionamento, menor o desejo sexual, principalmente por causa do tédio e da falta de espontaneidade. Uma das mulheres de nosso estudo, casada há muitos anos, relatou que o sexo se tornou uma rotina entediante, então ela se deita e fica fazendo listas de compra de supermercado na cabeça enquanto transa. Ela diz que ama o marido, mas o tédio é um grande assassino do desejo.
E os homens? Por que eles fazem sexo?
Bom, eles não são simples máquinas de sexo. O estereótipo de que as mulheres transam por amor e os homens por atração não tem comprovação científica. Muitos homens transam por amor, para se sentir ligados à parceira, e muitas mulheres só querem satisfação física. Mas é verdade que os homens em nossa pesquisa têm uma tendência maior de agarrar as oportunidades de transar. Se a situação se apresentar, eles têm maior probabilidade de fazer sexo do que as mulheres. É muito mais fácil também para um homem ficar excitado, fisiologicamente. Um homem pode ter uma ereção por uma razão completamente não-sexual, como a sensação da própria roupa sobre o pênis, por exemplo. Não é preciso um estímulo sexual para que o homem queira fazer sexo. As mulheres são de outro modo, é anatômico. O nosso corpo funciona de maneira diferente. Certamente os homens têm maior facilidade de ter uma razão física para fazer sexo, mas é tão simples assim.
Letícia Sorg é repórter especial de ÉPOCA em São Paulo.
http://colunas.epoca.globo.com/mulher7por7/2009/09/19/por-que-as-mulheres-fazem-sexo/
Muita pornografia pode causar disfunção erétil?
Muita pornografia pode causar disfunção erétil?
07/08/2011 | 09:00 | MARTHA MENDONÇA
Há algum tempo, existe nos Estados Unidos uma acalorada discussão sobre o quanto a pornografia está modificando as relações sexuais. Com a internet, os jovens têm livre acesso à pornografia cada vez mais cedo. Com isso, estariam encarando o sexo de forma diferente – e, às vezes, prejudicial aos relacionamentos “reais”. Não se trata de uma discussão moralista. Qualquer pessoa com a mente aberta sabe que assistir de vez em quando àquele filminho pornô com (ou sem) o parceiro serve para apimentar o sexo. Ou simplesmente ajudar no prazer solitário. Mas será que o consumo extremo de pornografia por parte de adolescentes e jovens adultos – o que costuma acontecer mais com os meninos – não constroi em suas mentes um cenário diferente da realidade?
Há algum tempo, li no site Salon o artigo de uma psicóloga que dizia o seguinte:
Mulheres não costumam gritar nem gemer tanto numa relacão sexual e, na maioria das vezes, não têm orgasmos escandolosos como nos filmes. Será que quando começarem a transar com suas namoradas, esses meninos não vão achar que há alguma coisa estranha? Talvez sintam até que suas performances não estão boas e desenvolvam algum tipo de insegurança. (…) A grande maioria das mulheres também não aprecia ser tratada como um objeto, nem ser humilhada ou destratada, como ocorre em alguns roteiros de filmes pornográficos. Será que esses meninos vão achar o sexo com suas namoradas sem graça?
Agora a discussão tomou o seguinte rumo: a pornografia pode causa disfunção erétil?
Um grande número de jovens cosumidores de pornografia na internet está sofrendo de ejaculação precoce, ereções poucos consistentes e dificuldades de sentir desejo com parceiras reais, diz uma das matérias mais lidas do mês de julho na revista Psychology Today.
Segundo a reportagem, uma pesquisa feita pela Universidade de Pádua, na Itália, indicou que 70% dos homens jovens que procuravam neurologistas por ter uma performance sexual ruim admitiam o consumo frequente de pornografia na internet.
Outros estudos de comportamento sugerem que a perda da libido acontece porque esses grandes consumidores de pornografia estão abafando a reposta natural do cérebro ao prazer. Anos substituindo os limites naturais da libido por uma intensa estimulação acabariam prejudicando a resposta deste homem à dopamina, um neurotransmissor. A dopamina está por trás do desejo, da motivação – e dos vicios. Ela rege nossa busca por recompensas. Uma vez que o prazer está fortemente ligado à pornografia, o sexo real parece não oferecer recompensa. Então esta seria a causa do não desejo, da não ereção, para muitos homens.
A carta de um leitor é um exemplo interessante do problema:
Muitos homens jovens, e eu me incluo neste grupo, estão vivendo um círculo vicioso: entre um relacionamento e outro, nos voltamos para a pornografia. Ficamos nisso por longos períodos, até ficarmos viciados e começarmos a falhar esporadicamente. Quando me aparece uma garota legal, não consigo ficar bem com ela, não “funciono” bem longe da forma com que as coisas são feitas na pornografia que costumo ver. Pra mim, sexo é aquilo. Então, o relacionamento sofre, não vai a lugar algum – e acaba. E volto à pornografia, por consolação. E o ciclo continua, com relacionamentos cada vez mais curtos e fases de pornografia mais longas. Tenho medo de onde isso vai me levar. Tenho medo de nunca conseguir me relacionar de verdade com uma mulher. Conheço muitos caras que gostam de suas mulheres, mas não conseguem se sentir atraídos por elas por muito tempo. Às vezes elas não ajudam mesmo. Mas muitas vezes são eles que não conseguem se dar bem com mulheres “normais”. Homens são seres que precisam de experiências sexuais intensas. (…) A pornografia é artificial como uma droga poderosa, que nos dá esse pico sexual alto e o alívio rápido. Infelizmente, como toda droga, o custo é alto. E a verdade é que nunca teremos tudo que queremos num relacionamento quando interagimos apenas com mulheres em 2D”.
E você, o que acha desta discussão? Acredita que a intensa exposição à pornografia pode causar problemas sexuais?
07/08/2011 | 09:00 | MARTHA MENDONÇA
Há algum tempo, existe nos Estados Unidos uma acalorada discussão sobre o quanto a pornografia está modificando as relações sexuais. Com a internet, os jovens têm livre acesso à pornografia cada vez mais cedo. Com isso, estariam encarando o sexo de forma diferente – e, às vezes, prejudicial aos relacionamentos “reais”. Não se trata de uma discussão moralista. Qualquer pessoa com a mente aberta sabe que assistir de vez em quando àquele filminho pornô com (ou sem) o parceiro serve para apimentar o sexo. Ou simplesmente ajudar no prazer solitário. Mas será que o consumo extremo de pornografia por parte de adolescentes e jovens adultos – o que costuma acontecer mais com os meninos – não constroi em suas mentes um cenário diferente da realidade?
Há algum tempo, li no site Salon o artigo de uma psicóloga que dizia o seguinte:
Mulheres não costumam gritar nem gemer tanto numa relacão sexual e, na maioria das vezes, não têm orgasmos escandolosos como nos filmes. Será que quando começarem a transar com suas namoradas, esses meninos não vão achar que há alguma coisa estranha? Talvez sintam até que suas performances não estão boas e desenvolvam algum tipo de insegurança. (…) A grande maioria das mulheres também não aprecia ser tratada como um objeto, nem ser humilhada ou destratada, como ocorre em alguns roteiros de filmes pornográficos. Será que esses meninos vão achar o sexo com suas namoradas sem graça?
Agora a discussão tomou o seguinte rumo: a pornografia pode causa disfunção erétil?
Um grande número de jovens cosumidores de pornografia na internet está sofrendo de ejaculação precoce, ereções poucos consistentes e dificuldades de sentir desejo com parceiras reais, diz uma das matérias mais lidas do mês de julho na revista Psychology Today.
Segundo a reportagem, uma pesquisa feita pela Universidade de Pádua, na Itália, indicou que 70% dos homens jovens que procuravam neurologistas por ter uma performance sexual ruim admitiam o consumo frequente de pornografia na internet.
Outros estudos de comportamento sugerem que a perda da libido acontece porque esses grandes consumidores de pornografia estão abafando a reposta natural do cérebro ao prazer. Anos substituindo os limites naturais da libido por uma intensa estimulação acabariam prejudicando a resposta deste homem à dopamina, um neurotransmissor. A dopamina está por trás do desejo, da motivação – e dos vicios. Ela rege nossa busca por recompensas. Uma vez que o prazer está fortemente ligado à pornografia, o sexo real parece não oferecer recompensa. Então esta seria a causa do não desejo, da não ereção, para muitos homens.
A carta de um leitor é um exemplo interessante do problema:
Muitos homens jovens, e eu me incluo neste grupo, estão vivendo um círculo vicioso: entre um relacionamento e outro, nos voltamos para a pornografia. Ficamos nisso por longos períodos, até ficarmos viciados e começarmos a falhar esporadicamente. Quando me aparece uma garota legal, não consigo ficar bem com ela, não “funciono” bem longe da forma com que as coisas são feitas na pornografia que costumo ver. Pra mim, sexo é aquilo. Então, o relacionamento sofre, não vai a lugar algum – e acaba. E volto à pornografia, por consolação. E o ciclo continua, com relacionamentos cada vez mais curtos e fases de pornografia mais longas. Tenho medo de onde isso vai me levar. Tenho medo de nunca conseguir me relacionar de verdade com uma mulher. Conheço muitos caras que gostam de suas mulheres, mas não conseguem se sentir atraídos por elas por muito tempo. Às vezes elas não ajudam mesmo. Mas muitas vezes são eles que não conseguem se dar bem com mulheres “normais”. Homens são seres que precisam de experiências sexuais intensas. (…) A pornografia é artificial como uma droga poderosa, que nos dá esse pico sexual alto e o alívio rápido. Infelizmente, como toda droga, o custo é alto. E a verdade é que nunca teremos tudo que queremos num relacionamento quando interagimos apenas com mulheres em 2D”.
E você, o que acha desta discussão? Acredita que a intensa exposição à pornografia pode causar problemas sexuais?
pedofilia
Pedofili@
As leis contra crimes na internet são brandas e a polícia não consegue prender os criminosos. É você quem tem de ajudar seu filho a se proteger contra a rede mundial de pedofilia. Prepare-se para agir nesta guerra de forma inteligente.
Patrícia Zaidan | Foto Carlos Cubi
O suicídio do estudante carioca Vítor Pereira de Lima, 17 anos, que se desesperou diante dos policiais que apreendiam seu computador cheio de imagens de pornografia infantil, faz refletir sobre algo que está muito perto de nós: a íntima relação que crianças e adolescentes desenvolvem com os conteúdos proibidos que a internet escancara. Pelo fato de correr em segredo de Justiça, não se conhece a extensão do caso de Vítor, rastreado pela Polícia Federal na operação Azahar, deflagrada simultaneamente em 25 países para coibir a pedofilia na rede. Ele poderia não ser um pedófilo. E certamente não era o único garoto envolvido com o assunto. Em fevereiro, quando Vítor se atirou da janela do sexto andar, o Ibope/NetRatings constatou que 1,3 milhão de brasileiros de 6 a 11 anos ligaram o computador. A média de permanência na rede foi de 9 horas e 53 minutos, tempo que cresceu 16% em relação ao mesmo mês de 2005. Entre os adolescentes de 12 a 17 anos, 2,4 milhões no total, a média ficou em 38 horas e 17 minutos, com aumento de 33%. As preferências deles: jogos, mensagens instantâneas, fotoblogs e o Orkut, que abriga inúmeras comunidades pedófilas. Enquanto você lê esta reportagem, há milhares de jovens passeando por elas. Os garotos que recebem imagens de sexo com crianças costumam repassá-las para os amigos sem saber que o envio é crime previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente com pena de até quatro anos de reclusão. Muitas crianças fazem uso do material para satisfazer a curiosidade e se experimentar no campo da sexualidade, o que os especialistas não consideram uma perversão, embora represente riscos. Para proteger os filhos, os pais precisam conhecer esse universo e seus desdobramentos, que vão além da página policial e têm a ver com ética, cidadania e equilíbrio emocional.
A IMPUNIDADE
O anonimato dos internautas e a velocidade das informações transformaram a rede no paraíso da pedofilia. Segundo o técnico em informática Anderson Miranda, no mundo existem 6,2 mil sites ligados ao tema. Cada um contém, em média, 900 fotos e 300 vídeos, o que alimenta o mercado do sexo virtual. "Muitas imagens são trocadas gratuitamente, mas os colecionadores querem raridades e pagam às máfias 100 dólares por uma foto e mil dólares por um vídeo inédito." Miranda e a mulher, a advogada Roseane, criaram o site Censura para orientar pais e colaborar no combate ao crime. De dezembro a fevereiro, o www.censura.com.br recebeu 720 denúncias, que foram encaminhadas ao Departamento de Polícia Federal, em Brasília. "Fazemos esse trabalho há oito anos, mas nunca vimos a condenação de um único suspeito", diz ele. Onias Tavares de Lima, diretor do Núcleo de Perícias de Crime de Informática da polícia paulista, responsabiliza os provedores de acesso à internet pela impunidade. "Essas empresas não têm boa vontade e atrapalham a investigação", afirma. "Como não há uma lei que obrigue o provedor a abrir o cadastro dos clientes, os policiais procuram um pedófilo como quem busca uma agulha no palheiro." O delegado Adauto Martins, coordenador da Divisão de Repressão a Crimes Cibernéticos da PF, explica: "Temos que pedir ajuda ao Ministério Público e à Justiça para que o provedor revele o endereço de conexão. Muitas vezes, porém, não o localizamos, porque a identificação de um computador pode mudar no momento em que ele é religado". Para virar o jogo, Anderson e Roseane fazem um abaixo-assinado.
"Com 1,6 milhão de assinaturas, apresentaremos ao Congresso um projeto de emenda popular que obriga as operadoras de telefonia e os provedores a bloquearem a pedofilia", conta a advogada. Enquanto as leis não são alteradas, os policiais recomendam explicar aos filhos como o assunto é intrincado. "Eles precisam saber que colaboram com o crime", avisa o delegado. "Um adulto pode levar uma adolescente à masturbação diante de uma webcam e depois comercializar as imagens", revela.
O perfil do pedófilo é diferente do perfil do molestador. "O pedófilo pode manter seus desejos em segredo por toda a vida sem nunca passar ao ato real ou cometer crimes", afirma Ilana Casoy, do Nufor, um núcleo de pesquisas em psiquiatria forense da Universidade de São Paulo. "O diagnóstico se confirma quando o indivíduo tem, por no mínimo seis meses, fantasias excitantes e recorrentes ou comportamentos envolvendo atitude sexual com crianças pré-púberes." É um sujeito que gosta de contar histórias, tem paciência e adora se tornar importante na vida das crianças, o que o torna ainda mais perigoso.
A SEXUALIDADE
Nem sempre a pedofilia foi vista como uma patologia. Desenhos pré-históricos revelam adultos em êxtase numa relação com impúberes. Já na Idade Média, cabia aos guerreiros ensinar aos meninos não só técnicas de combate como também filosofia, astronomia e a prática do sexo. Mas, na nossa cultura, a preferência sexual por crianças é considerada uma desordem psicológica. Parece haver uma marcha para reverter essa colocação e a internet virou um instrumento de campanha. A psicanalista e doutora em comunicação semiótica, Fani Hisgail, que no fim do ano lança o livro Pedofilia - Um Estudo Psicanalítico, afirma que a pornografia infantil virtual amplia a linguagem do pedófilo. "A exposição é excelente para ele. É uma tentativa de quebrar os tabus e as restrições em torno do sexo entre adulto e criança, de tornar culturalmente aceitável esse envolvimento." Provavelmente por isso, tem crescido o aliciamento na rede.
A comerciante Suzana Mariano conta que a filha Maria, 10 anos, brincava no site da Barbie quando teve a tela invadida por um quadro que a levou a um site de pornografia infantil. Movida pela curiosidade, passou a percorrer vários links com cenas picantes. É tudo muito fácil. Se ela digitasse num site de busca a palavra Mickey, poderia dar de cara com o ratinho em situações eróticas e desenhos obscenos para pintar. A etapa seguinte seriam os filmetes de abuso sexual. Ao mesmo tempo que chocam, também excitam. "Os pais não devem se escandalizar nem adotar punições", adverte Oswaldo Rodrigues Jr., presidente da Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana. "As experiências sensoriais genitais se dão desde o nascimento. Estudos de Alfred Kinsey, de 1948, comprovam que um bebê que tem controle motor para tocar os genitais apresenta respostas fisiológicas, como pupila dilatada, ruborização da face e freqüência respiratória alterada", afirma. "Por isso, não se pode condenar um jovem que se excita vendo imagens no computador." Mas Suzana não sabia como reagir: "Dei uma bronca terrível, desliguei o computador e providenciei um filtro para impedir que Maria voltasse a navegar por aqueles horrores". Ágeis para lidar com a informática, muitos jovens descobrem meios de burlar os programas de filtro ou passam a usar o computador dos amigos. "O que a família deve fazer é se preparar para falar com os filhos sobre sexo", diz Rodrigues Jr. A conversa, ressalta, não pode ser fria como uma aula de biologia nem tratar apenas de doenças sexualmente transmissíveis e gravidez precoce. "Educação sexual só funciona se estiver baseada no afeto e na sinceridade. Do contrário, a criança deixa de confiar no adulto e vai buscar informação onde sabe que não há restrições e ainda lhe rende um ganho: o prazer." Rodrigues Jr. desmonta o mito de que tratar do assunto antecipa a vida sexual dos filhos. "O adolescente bem orientado fará sexo três ou quatro anos mais tarde que a média." Mas essa não é uma tarefa fácil. Fani Hisgail assegura que, se a mãe não está tranqüila com a própria sexualidade, não consegue ajudar as crianças. Há outro fator importante: falar na medida certa. "Diálogo aberto não significa dar detalhes das atividades na cama.
A criança deve entender, desde cedo, que o sexo não é algo público, mas privado. A mãe pode contar que ele está associado ao carinho, à emoção e que completa a ligação de duas pessoas que se amam." Fani recomenda ainda compreender o contexto em que vivem os nossos filhos. Com a falta de perspectivas e de trabalho, um adolescente de 16 a 18 anos gasta um tempo excessivo no computador. Ao repassar para os amigos imagens e novos endereços que contêm sexo quer demonstrar poder e superioridade, porque detém algo que o grupo desconhece. Sob o ponto vista emocional, há o risco de ele se fechar no mundo virtual, trocando o prazer obtido na relação física pela excitação alcançada apenas na internet. Já a criança, segundo Oswaldo Rodrigues Jr., pode introjetar o mau modelo visto nas cenas de violência sexual. "Na fase adulta, talvez procure um parceiro inadequado, acreditando no paradoxo: para ter algo de bom, que satisfaça, é necessário sofrer." Mais uma forte razão para tomar a dianteira e se encarregar, você mesma, da educação sexual do seu filho.
CARTILHA ESPERT@
A HackerTeen (www.hackerteen.com.br) que oferece um curso sobre segurança da computação e ética, está lançando uma cartilha para alertar os jovens. "Gente da nossa idade, quando está jogando no computador, fica em outro mundo", confessa Carlos de Oliveira, 14 anos, um dos autores do texto, ilustrado com recursos de mangá. "Tudo pode acontecer: desde revelar endereço, telefone, CPF e senha até receber uma foto que traz um programa auto-executável que aciona a webcam", diz. A câmara passará a captar imagens do adolescente na intimidade do seu quarto sem que ele perceba. "Ele fica na mão do pedófilo, que passa a fazer chantagens." A colega Juliana Magalhães, 17 anos, recomenda que a webcam fique virada para a parede. Ela sugere às mães que deixem o computador em área da casa onde a família circula e ainda que observem com quem as crianças conversam online. A cartilha adverte os internautas que se arvoram a combater a pedofilia a não roubar a senha de um freqüentador dos sites especializados com o objetivo de invadir e destruí-lo. "O justiceiro tenta reprimir o crime com outra ilegalidade e acaba apagando as provas que podem incriminar o dono do site. O melhor a fazer é denunciar à polícia."
Realização Noris Martinelli | Produção Sylvia Radovan
Revista Claudia 2006
http://filhasdesara.com.br/artigo_0014.htm
As leis contra crimes na internet são brandas e a polícia não consegue prender os criminosos. É você quem tem de ajudar seu filho a se proteger contra a rede mundial de pedofilia. Prepare-se para agir nesta guerra de forma inteligente.
Patrícia Zaidan | Foto Carlos Cubi
O suicídio do estudante carioca Vítor Pereira de Lima, 17 anos, que se desesperou diante dos policiais que apreendiam seu computador cheio de imagens de pornografia infantil, faz refletir sobre algo que está muito perto de nós: a íntima relação que crianças e adolescentes desenvolvem com os conteúdos proibidos que a internet escancara. Pelo fato de correr em segredo de Justiça, não se conhece a extensão do caso de Vítor, rastreado pela Polícia Federal na operação Azahar, deflagrada simultaneamente em 25 países para coibir a pedofilia na rede. Ele poderia não ser um pedófilo. E certamente não era o único garoto envolvido com o assunto. Em fevereiro, quando Vítor se atirou da janela do sexto andar, o Ibope/NetRatings constatou que 1,3 milhão de brasileiros de 6 a 11 anos ligaram o computador. A média de permanência na rede foi de 9 horas e 53 minutos, tempo que cresceu 16% em relação ao mesmo mês de 2005. Entre os adolescentes de 12 a 17 anos, 2,4 milhões no total, a média ficou em 38 horas e 17 minutos, com aumento de 33%. As preferências deles: jogos, mensagens instantâneas, fotoblogs e o Orkut, que abriga inúmeras comunidades pedófilas. Enquanto você lê esta reportagem, há milhares de jovens passeando por elas. Os garotos que recebem imagens de sexo com crianças costumam repassá-las para os amigos sem saber que o envio é crime previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente com pena de até quatro anos de reclusão. Muitas crianças fazem uso do material para satisfazer a curiosidade e se experimentar no campo da sexualidade, o que os especialistas não consideram uma perversão, embora represente riscos. Para proteger os filhos, os pais precisam conhecer esse universo e seus desdobramentos, que vão além da página policial e têm a ver com ética, cidadania e equilíbrio emocional.
A IMPUNIDADE
O anonimato dos internautas e a velocidade das informações transformaram a rede no paraíso da pedofilia. Segundo o técnico em informática Anderson Miranda, no mundo existem 6,2 mil sites ligados ao tema. Cada um contém, em média, 900 fotos e 300 vídeos, o que alimenta o mercado do sexo virtual. "Muitas imagens são trocadas gratuitamente, mas os colecionadores querem raridades e pagam às máfias 100 dólares por uma foto e mil dólares por um vídeo inédito." Miranda e a mulher, a advogada Roseane, criaram o site Censura para orientar pais e colaborar no combate ao crime. De dezembro a fevereiro, o www.censura.com.br recebeu 720 denúncias, que foram encaminhadas ao Departamento de Polícia Federal, em Brasília. "Fazemos esse trabalho há oito anos, mas nunca vimos a condenação de um único suspeito", diz ele. Onias Tavares de Lima, diretor do Núcleo de Perícias de Crime de Informática da polícia paulista, responsabiliza os provedores de acesso à internet pela impunidade. "Essas empresas não têm boa vontade e atrapalham a investigação", afirma. "Como não há uma lei que obrigue o provedor a abrir o cadastro dos clientes, os policiais procuram um pedófilo como quem busca uma agulha no palheiro." O delegado Adauto Martins, coordenador da Divisão de Repressão a Crimes Cibernéticos da PF, explica: "Temos que pedir ajuda ao Ministério Público e à Justiça para que o provedor revele o endereço de conexão. Muitas vezes, porém, não o localizamos, porque a identificação de um computador pode mudar no momento em que ele é religado". Para virar o jogo, Anderson e Roseane fazem um abaixo-assinado.
"Com 1,6 milhão de assinaturas, apresentaremos ao Congresso um projeto de emenda popular que obriga as operadoras de telefonia e os provedores a bloquearem a pedofilia", conta a advogada. Enquanto as leis não são alteradas, os policiais recomendam explicar aos filhos como o assunto é intrincado. "Eles precisam saber que colaboram com o crime", avisa o delegado. "Um adulto pode levar uma adolescente à masturbação diante de uma webcam e depois comercializar as imagens", revela.
O perfil do pedófilo é diferente do perfil do molestador. "O pedófilo pode manter seus desejos em segredo por toda a vida sem nunca passar ao ato real ou cometer crimes", afirma Ilana Casoy, do Nufor, um núcleo de pesquisas em psiquiatria forense da Universidade de São Paulo. "O diagnóstico se confirma quando o indivíduo tem, por no mínimo seis meses, fantasias excitantes e recorrentes ou comportamentos envolvendo atitude sexual com crianças pré-púberes." É um sujeito que gosta de contar histórias, tem paciência e adora se tornar importante na vida das crianças, o que o torna ainda mais perigoso.
A SEXUALIDADE
Nem sempre a pedofilia foi vista como uma patologia. Desenhos pré-históricos revelam adultos em êxtase numa relação com impúberes. Já na Idade Média, cabia aos guerreiros ensinar aos meninos não só técnicas de combate como também filosofia, astronomia e a prática do sexo. Mas, na nossa cultura, a preferência sexual por crianças é considerada uma desordem psicológica. Parece haver uma marcha para reverter essa colocação e a internet virou um instrumento de campanha. A psicanalista e doutora em comunicação semiótica, Fani Hisgail, que no fim do ano lança o livro Pedofilia - Um Estudo Psicanalítico, afirma que a pornografia infantil virtual amplia a linguagem do pedófilo. "A exposição é excelente para ele. É uma tentativa de quebrar os tabus e as restrições em torno do sexo entre adulto e criança, de tornar culturalmente aceitável esse envolvimento." Provavelmente por isso, tem crescido o aliciamento na rede.
A comerciante Suzana Mariano conta que a filha Maria, 10 anos, brincava no site da Barbie quando teve a tela invadida por um quadro que a levou a um site de pornografia infantil. Movida pela curiosidade, passou a percorrer vários links com cenas picantes. É tudo muito fácil. Se ela digitasse num site de busca a palavra Mickey, poderia dar de cara com o ratinho em situações eróticas e desenhos obscenos para pintar. A etapa seguinte seriam os filmetes de abuso sexual. Ao mesmo tempo que chocam, também excitam. "Os pais não devem se escandalizar nem adotar punições", adverte Oswaldo Rodrigues Jr., presidente da Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana. "As experiências sensoriais genitais se dão desde o nascimento. Estudos de Alfred Kinsey, de 1948, comprovam que um bebê que tem controle motor para tocar os genitais apresenta respostas fisiológicas, como pupila dilatada, ruborização da face e freqüência respiratória alterada", afirma. "Por isso, não se pode condenar um jovem que se excita vendo imagens no computador." Mas Suzana não sabia como reagir: "Dei uma bronca terrível, desliguei o computador e providenciei um filtro para impedir que Maria voltasse a navegar por aqueles horrores". Ágeis para lidar com a informática, muitos jovens descobrem meios de burlar os programas de filtro ou passam a usar o computador dos amigos. "O que a família deve fazer é se preparar para falar com os filhos sobre sexo", diz Rodrigues Jr. A conversa, ressalta, não pode ser fria como uma aula de biologia nem tratar apenas de doenças sexualmente transmissíveis e gravidez precoce. "Educação sexual só funciona se estiver baseada no afeto e na sinceridade. Do contrário, a criança deixa de confiar no adulto e vai buscar informação onde sabe que não há restrições e ainda lhe rende um ganho: o prazer." Rodrigues Jr. desmonta o mito de que tratar do assunto antecipa a vida sexual dos filhos. "O adolescente bem orientado fará sexo três ou quatro anos mais tarde que a média." Mas essa não é uma tarefa fácil. Fani Hisgail assegura que, se a mãe não está tranqüila com a própria sexualidade, não consegue ajudar as crianças. Há outro fator importante: falar na medida certa. "Diálogo aberto não significa dar detalhes das atividades na cama.
A criança deve entender, desde cedo, que o sexo não é algo público, mas privado. A mãe pode contar que ele está associado ao carinho, à emoção e que completa a ligação de duas pessoas que se amam." Fani recomenda ainda compreender o contexto em que vivem os nossos filhos. Com a falta de perspectivas e de trabalho, um adolescente de 16 a 18 anos gasta um tempo excessivo no computador. Ao repassar para os amigos imagens e novos endereços que contêm sexo quer demonstrar poder e superioridade, porque detém algo que o grupo desconhece. Sob o ponto vista emocional, há o risco de ele se fechar no mundo virtual, trocando o prazer obtido na relação física pela excitação alcançada apenas na internet. Já a criança, segundo Oswaldo Rodrigues Jr., pode introjetar o mau modelo visto nas cenas de violência sexual. "Na fase adulta, talvez procure um parceiro inadequado, acreditando no paradoxo: para ter algo de bom, que satisfaça, é necessário sofrer." Mais uma forte razão para tomar a dianteira e se encarregar, você mesma, da educação sexual do seu filho.
CARTILHA ESPERT@
A HackerTeen (www.hackerteen.com.br) que oferece um curso sobre segurança da computação e ética, está lançando uma cartilha para alertar os jovens. "Gente da nossa idade, quando está jogando no computador, fica em outro mundo", confessa Carlos de Oliveira, 14 anos, um dos autores do texto, ilustrado com recursos de mangá. "Tudo pode acontecer: desde revelar endereço, telefone, CPF e senha até receber uma foto que traz um programa auto-executável que aciona a webcam", diz. A câmara passará a captar imagens do adolescente na intimidade do seu quarto sem que ele perceba. "Ele fica na mão do pedófilo, que passa a fazer chantagens." A colega Juliana Magalhães, 17 anos, recomenda que a webcam fique virada para a parede. Ela sugere às mães que deixem o computador em área da casa onde a família circula e ainda que observem com quem as crianças conversam online. A cartilha adverte os internautas que se arvoram a combater a pedofilia a não roubar a senha de um freqüentador dos sites especializados com o objetivo de invadir e destruí-lo. "O justiceiro tenta reprimir o crime com outra ilegalidade e acaba apagando as provas que podem incriminar o dono do site. O melhor a fazer é denunciar à polícia."
Realização Noris Martinelli | Produção Sylvia Radovan
Revista Claudia 2006
http://filhasdesara.com.br/artigo_0014.htm
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