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terça-feira, 30 de agosto de 2011

Hermafroditismo versus Androginia – o físico e o emocional

Hermafroditismo versus Androginia – o físico e o emocional
Oswaldo Rodrigues Jr.
psicoterapeuta sexual
Instituto Paulista de Sexualidade – www.oswrod.psc.br

Estes são assuntos que povoam a fantasia de muitas pessoas. Curiosidades sobre o que é diferente e pouco conhecido. Então é necessário saber o que são estas formas de ser e como compreender cada uma.
Hermafroditismo é uma condição biológica que implica numa mistura de genitais externos e órgãos sexuais internos.
Desde a época da Grécia Clássica, há 2500 anos, reconhece-se que alguns humanos nascem com alguma mistura entre macho e fêmea (algo que nas escrituras judaico-cristã-muçulmanas não existe, limitando a criação a dois sexos: o macho e a fêmea). O termo hermafrodita tem sido usado baseado na figura mitológica Hermafrodito, que era filho e uma mistura de Hermes (o deus grego do comércio e dos ladroes) e a deusa grega Afrodite (da beleza física e do amor).
Um hermafrodita verdadeiro é extremamente raro, isto é, nascer com todos os órgãos internos e externos de homem e de mulher.
O pseudo-hermafroditismo implica em carga genética de um sexo e genitália inadequada com os genes. O mais comum será alguma condição genital intermediária que tem recebido o nome de intersexualidade.
Existem desde causas genéticas a exposição inadequada a hormônios nas primeiras semanas de desenvolvimento do embrião.
Um exemplo de como isso pode ocorrer pode ser feito com coelhos ou bois quando se deseja que os filhotes nasçam machos, independentemente da carga genética, se injetarmos testosterona nas mães recém emprenhadas, teremos machos nascendo. Dependendo das variações individuais e possíveis condições de produções hormonais, podemos ter variações da expressão física genital dos nascituros.
Algumas doenças associadas a questões genéticas também produzem pseudo-hermafroditas, com genitália ambígua.
Para as pessoas que nascem com esta condição é a tendência em nossa cultura é ter um diagnóstico logo ao nascimento e buscar adequação genital de acordo com as melhores possibilidades para que seja o filho criado conforme o genital possível.
Nossa cultura não sabe administrar estas condições intermediárias sem reduzi-las ao binômio conhecido: macho-fêmea.
Uma pessoa que nasce com os genitais de ambos os sexo nem sempre vai poder escolher a que sexo pertencer. Esta seria uma condição muito difícil de ocorrer. Ou a modificação genital ocorre nos primeiros meses de vida, ou a pessoa é criada dentro de um padrão masculino ou feminino que na média conduzirá a decisão pela forma na qual foi criada.
- Um hermafrodita pode ser fértil?
Esta é uma pergunta e uma fantasia de muitas pessoas. Um hermafrodita não pode ser fértil. Os órgãos reprodutores não se desenvolvem adequadamente, o que impede de produzir gametas (espermatozoides e óvulos). Existiu apenas um descrição não confirmada no começo do século XX, e que parecia mais uma confusão de nomenclatura naquela época.
Uma pessoa verdadeiramente hermafrodita também não fará sexo consigo mesma, se não da mesma maneira que as outras pessoas, pela auto-erotização e masturbação.
- E a androginia?
O termo androginia se refere a uma condição na qual a expressão social e emocional não é definida a partir dos genitais e mistura o ser masculino e o ser feminino.
Claro que as variações intermediárias são muitas entre os extremos, em especial numa sociedade que não apresenta extremos tão definidos quanto já ocorreu na sociedade ocidental, a exemplo de roupas definindo o ser macho e o ser fêmea.
Uma mulher andrógina tem aparência e expressões sociais e emocionais masculinas em algum grau. No homem andrógino as expressões femininas são aparentes.
Estas pessoas são confundidas com homossexuais, mesmo que não sejam.
Androginia diz respeito às expressões sociais e emocionais e o hermafroditismo diz respeito à constituição genital física, independente das expressões emocionais e sociais (papel social).
O papel social estipulado para cada sexo em nossa cultura é definido pela família imediata na qual a pessoa nasce e por extensão pela sociedade na qual se insere. O papel social é o que caracteriza ser masculino ou feminino, então uma pessoa aprende também a ser andrógina. O aprendizado não é estático nem de modo simplista imposto ao individuo. A interação do individuo com o meio, de modo constante e diário é o que definirá o papel social mas masculino ou mais feminino, a assim também em algum grau de androginia.
Então uma pessoa hermafrodita é diferente de uma andrógina, mas pode ser andrógina da mesma forma que qualquer outro em nossa cultura.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Homem "machista" segura casamento?

Homem "machista" segura casamento?
Qua, 25/08/2010 - 05h00 -
Uma pesquisa em vias de conclusão, realizada em Nova Jersey, nos Estados Unidos, levantou uma bandeira que muita gente pode torcer o nariz. Segundo Jessica Good e Diana Sanchez, autoras do estudo, homens que consideram a mulher como ser mais fraco são mais cuidadosos justamente porque acham que o sexo frágil precisa da proteção masculina.

Depois de entrevistar mais de 100 homens, elas chegaram à conclusão que os "machistas" investem mais na família, se esforçam para deixar a esposa satisfeita e se empenham mais na relação.

Tudo porque vivem sob o ímpeto de proteger as princesas indefesas. Parece história de conto de fadas, não fosse o fundo de verdade que realmente essa descoberta pode ter. "Meu namorado é desse tipo machista, à moda antiga. Não deixa eu carregar mala ou sacola pesada, mesmo que eu levante mais peso que ele na academia", concorda Patrícia Melo, de 28 anos. Segundo garante ela, o amado não é preconceituoso, mas acha mesmo que as mulheres precisam mesmo de mais cuidado e proteção.

Outra pesquisa, já finalizada pelas duas amigas americanas, talvez explique um pouco essa lógica. No estudo que fizeram, onde entrevistaram 155 estudantes universitários, de 18 a 35 anos, Jessica e Diana descobriram que os homens que se sentem "desvalorizados" dentro do seu grupo são mais compreensivos com as mulheres. Isso acontece porque esse tipo de homem se coloca mais facilmente no lugar da mulher e assim, entende com mais clareza como ela se sente. Seriam os "machistas desvalorizados" e, portanto, mais conscientes da perspectiva do outro na mesma situação.

A explicação de Diana e Jessica é que as pessoas entendem mais e melhor o ponto de vista do outro quando vê similaridades nele do que quando vive uma experiência social completamente diferente. Para ficar mais claro, as mulheres que responderam à pesquisa, por exemplo, comentaram que sentem maiores níveis de simpatia e menor preconceito vindos de gays e lésbicas do que de heterossexuais.

A existência de um estereótipo masculino - forte, frio, arrogante, prepotente, insensível - faz com que muitos homens acreditem que seu gênero não é assim tão bem visto pela sociedade. Aí, esses mesmos se sentem parte de uma "minoria". E como muitos são vistos pela sociedade como nada sensíveis e menos talentosos quando o assunto é gerenciar a relação, eles se sentem desvalorizados.

A intenção das pesquisadoras é mostrar o quanto o conceito de identidade e a maneira como cada um se enxerga pode interferir nas relações amorosas. Vale então ficar de olho nas atitudes do parceiro (e nas suas)!

Por Sabrina Passos (MBPress)
http://vilamulher.terra.com.br/homem-machista-segura-casamento-3-1-30-658.html

sábado, 11 de junho de 2011

Cómo saber si eres una mujer maltratada

Cómo saber si eres una mujer maltratada

¿Eres una mujer maltratada?
¿Cómo saber reconocer si estás siendo maltratada?
Suele ser difícil reconocer la situación, pensamos que lo que ocurre es normal, que son imaginaciones nuestras… así que aquí tienes unas buenas pistas para descubrir si estás siendo maltratada.

Eres una mujer maltratada… cuando tu novio, marido o compañero te golpea, te insulta, te amenaza, te hace sentir humillada, estúpida e inútil.
Eres una mujer maltratada… si te impide ver a tu familia o tener contacto con tus amigos, vecinos…
Eres una mujer maltratada… si no te deja trabajar o estudiar.
Eres una mujer maltratada… si te quita el dinero que ganas o no te da lo que precisas para las necesidades básicas de la familia.
Eres una mujer maltratada… si te controla, te acosa y decide por ti.
Eres una mujer maltratada… si te descalifica o se mofa de tus actuaciones.
Eres una mujer maltratada… si te castiga con la incomunicación verbal o permanece sordo ante tus manifestaciones.
Eres una mujer maltratada… si te desautoriza constantemente en presencia de los hijos, invitándoles a no tenerte en cuenta.
Eres una mujer violada… entonces eres una mujer maltratada. ¡Basta ya!
http://www.todamujeresbella.com/41/%C2%BF-como-saber-si-somos-maltradas/

domingo, 22 de maio de 2011

Sexualidade não é igual a gênero

Sexualidade não é igual a gênero
Joel Baum, diretor do Gender Spectrum, uma rede de apoio e educação norte-americana para famílias, crianças e adolescentes, fala sobre a necessidade de criarem um ambiente inclusivo para todos os gêneros

Publicação: 25/02/2011 20:12 Atualização: 26/02/2011 20:35
A formação da identidade de gênero é um processo que, na maioria dos casos, é natural. Entretanto, a sociedade ainda define os gêneros de forma bipolar: masculino ou feminino, o que causa transtornos aos pais com crianças que não se encaixam nas restritivas definições atuais. Joel Baum é diretor do Gender Spectrum, uma rede de apoio e educação norte-americana para famílias, crianças e adolescentes criarem um ambiente inclusivo para todos os gêneros. A Revista conversou com o especialista para esclarescer ainda mais sobre a necessidade de dar liberdade para as crianças descobrirem o que elas realmente são, e como os pais devem agir para aceitar os próprios filhos.

É sabido que as crianças desenvolvem a sexualidade desde que são bebês. Quando eles começam a entender o significado de gênero?
Sexualidade não é igual a gênero. A compreensão de uma criança das expectativas sociais atribuídas ao gênero começa muito cedo e é reforçada em muitas maneiras sutis - e não tão sutis - em toda a sua infância. Da maneira que os adultos tratam bebês do sexo masculino e feminino de forma bastante diferente. Esse processo continua à medida que crescem e inclui expectativas sobre as coisas que gostam de fazer, roupas que vestem, jogos, interesses e assim por diante. Essas expectativas são muitas vezes bastante estreitas, especialmente para uma criança com atributos do sexo masculino."Meninos não choram", "Aja como um homem" e muitas outras mensagens são entregues constantemente para os garotos. Mesmo os bem resolvidos em sua identidade como homens são levados a sentir que eles não são "suficientemente masculinos." Para as crianças que não têm o sentido de alinhamento entre o seu corpo e a sua identidade de gênero, essa diferença se torna muito clara desde muito cedo na vida. Em nosso trabalho com centenas de famílias em todo o mundo, ouvimos temas familiares e histórias:
• Quando pequeno, meu filho sempre preferiu brincar com as meninas.
• Minha filha gostava apenas dos personagens masculinos dos programas que assistia.
• Todos os bichos de pelúcia dele eram de meninas.
• Ela sempre pergunta quando é que vai ter um pênis.
• Por que Deus deu-me o corpo errado? • Posso pedir para ser um menino no Natal? Muitas famílias informam esses e muitos outros indicadores das primeiras lembranças de seus filhos enquanto cresciam. Para muitas crianças, desde o começo, é possível articular isso. Essa sensação de estar no corpo errado é bastante aguda. Combinado com as mensagens que estão recebendo constantemente sobre como deveriam ser, eles rapidamente enfrentam uma desconexão entre a forma como todos querem que eles ajam e como eles mesmos querem agir.
No caso do pequeno Dyson Kilodavis, você acha que os pais estão fazendo a coisa certa? Por quê?
Os pais de Dyson estão fazendo a coisa absolutamente certa. Eles estão guiando a criança enquanto ele expande sua própria compreensão de si mesmo. Novamente, temos que voltar para a dimensão de gênero. Com o quê Dyson gosta de brincar, ou como ele gosta de se vestir, não implica, automaticamente, qualquer coisa, exceto que ele gosta de brincar com certos brinquedos ou que ele gosta de vestir certas roupas. Seus pais permitindo que ele tenha espaço para ver o que ele gosta é um presente para ele. Enquanto muitos usam o argumento de que eles estão "encorajando-o a ser uma menina", isso pressupõe que ser uma menina significa gostar apenas de determinados brinquedos ou roupas. Isso simplesmente não é verdade. E se aplicarmos regras ainda mais restritivas? Permitir que as meninas usem calças significa que estamos incentivando-as a serem meninos? Permitir que um menino toque flauta o encoraja a ser uma menina? Naturalmente, essas declarações são ridículas. Contudo, muitas pessoas aplicam a mesma lógica no caso de Dyson. Nós não temos nenhuma evidência que sugere que incentivar interesses particulares, roupas ou brinquedos terão impacto na forma como a criança vê a si mesma. Se enquanto crescia você fosse obrigado a vestir roupas do sexo oposto, você sentiria que faz parte desse outro gênero? Eu afirmo que você não sentiria. Enquanto você poderia ter ficado confuso por seus pais pedirem para você usar, ou fazer, ou gostar de coisas que o "outro sexo" usava, fazia ou gostava, você não se sentiria diferente sobre quem você era. No entanto, temos ampla evidência de que obrigar uma criança a se vestir, brincar ou agir de uma maneira que é dita ser errada para elas causa depressão, e leva a um risco significativamente maior de coisas como o uso de drogas, ser vítima de violência, abandono da escola, infectar-se pelo HIV, tornar-se sem-teto e suicida. Nós não podemos fazer alguém sentir-se como algo que não é, mas podemos fazê-lo se sentir deprimido, confuso e angustiado.
Você acha que é mais difícil para os pais ou a criança aceitar que a sociedade tem definições restritivas de gêneros? E como você faz a consulta, treinamentos e eventos para ajudá-los?
Nossa experiência na realização de treinamentos nos Estados Unidos e no mundo é que os adultos têm muito mais dificuldade em entender as questões da diversidade de gênero que as crianças. Ou, dito de outro modo, os adultos aceitam mais as restrições da sociedade em torno do gênero do que as crianças. Os adultos são mais temerosos, mais rígidos e mais desconfortáveis com o gênero que não está de acordo com as expectativas sociais. Vez após vez, nós achamos que o trabalho que fazemos nos treinamentos em escolas é de longe mais difícil com os pais e os professores do que com as crianças. Quanto mais velhas as crianças ficam, mais rígidas se tornam, mas até estudantes do ensino médio, quando dados à chance de entender o gênero como um espectro de múltiplas dimensões, normalmente entendem. Quem entende mais do que uma criança ou adolescente o desejo de simplesmente poder ser você mesmo? O nosso trabalho de formação é projetado para iniciar com o entendimento de gênero como um espectro complexo e, em seguida, fornecendo exemplos de crianças, famílias e sistemas que aceitam sexo de maneiras mais aceitáveis. Nós, então, trabalhamos para ajudar as famílias e as crianças a ver que eles não estão sozinhos, que há outras crianças e famílias na mesma situação, e que isso não tem que ser uma coisa negativa. Trabalhamos para ajudar as escolas a se tornarem mais inclusivas sobre a diversidade de gênero para todas as crianças. Deve ser permitido a qualquer um jogar futebol, ou usar rosa, ou gostar de cozinhar, e não tem que ter a ver com o fato de usar cueca!
É normal ver meninos que usam algumas roupas da mãe ou meninas que gostam de futebol. Então, como podemos saber que a criança tem transtorno de gênero? E quando os pais têm que começar a se preocupar com eles?
Muitas crianças passam por fases de todos os tipos. Minha filha achou que era um cão por vários dias! Ao olhar para ver se o sexo de uma criança é, de fato, fora dos padrões típicos, pedimos aos pais para pensar sobre persistência e consistência. Isso é algo que vem acontecendo há muito tempo, durante um período de meses e meses? É algo que está constantemente ocorrendo, ou seja, a criança afirma constantemente um senso de gênero contrário ao que nasceu? O "isso é uma fase?" é uma questão muito comum. Os pais devem ficar preocupados quando veem seus filhos tornando-se deprimidos, retraídos, com raiva ou infelizes. No entanto, quando eles veem essas coisas, a questão não deve ser "o que há de errado com meu filho?", mas sim "o que está acontecendo para que meu filho se sinta dessa maneira?" Em outras palavras, a tristeza da criança é por causa do desejo de vestir roupas diferentes da maioria das pessoas do mesmo sexo, ou, mais provavelmente, pela forma como está sendo tratada por causa desse desejo? A criança está preocupada em se sentir "outra" ou porque sabe que seus pais, amigos ou a comunidade pode não aceitá-la? Essas são questões muito complicadas e se uma criança que está apresentando gênero de maneiras não tradicionais mostra quaisquer sinais de sofrimento mental, nós encorajamos os pais a procurar apoio profissional para ajudar a compreender as raízes dessa angústia. Mas é fundamental que eles procurem ajuda para entender melhor seus filhos e ajudar a criança a compreender a si mesma, e não simplesmente para ajudar seu filho a começar a "agir da forma que deveriam."
O entendimento da própria sexualidade desde a infância pode ser uma oportunidade para começar a vida sexual mais cedo?
Novamente, o próprio senso de gênero não significa automaticamente sua atividade sexual ou atrações. Não existem estudos que mostram que ajudar uma criança a compreender o seu próprio gênero aumentará sua atividade sexual. Saber como complexo e interessante é o gênero não cria um desejo de se tornarem sexualmente ativas.
Há muitos artistas que hoje exploram a androginia, como Lady Gaga e Justin Bieber. Eles podem confundir o entendimento dos jovens e crianças sobre sexo ou são apenas comportamentos atuais?
Em vez de confundir os jovens sobre sexo, artistas que empurram esses limites criam espaço para todas as pessoas serem elas mesmas. Os artistas são frequentemente as primeiras pessoas a explorarem temas que acabarão por tornar-se mais aceitáveis para todas as pessoas, e assim também com o gênero. O importante é que nós separamos os comportamentos, os olhares e as ações desses artistas, e qualquer pessoa dessa maneira, a partir de seu gênero. Torna-se problemático quando olhamos para um artista e falamos que eles "não estão agindo como um menino (ou menina) deveria", porque então começaremos a tomar um curso que só pode se tornar cada vez mais estreito.
Em vez disso, precisamos nos tornar mais confortáveis com a ideia de que existem muitas maneiras de ser meninos ou meninas, ou ambos, ou nenhum. O que importa é quem somos e como nós tratamos os outros. A história é marcada por níveis cada vez maiores de aceitação e celebração das diferenças, e assim também é com o gênero. Não é muito mais interessante desse jeito?

Para mais informações, acesse: http://www.genderspectrum.org/
http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/revista/2011/02/25/interna_revista_correio,239922/sexualidade-nao-e-igual-a-genero.shtml

quinta-feira, 28 de abril de 2011

"Admiro muito meu filho pela coragem que ele sempre teve", diz mãe de travesti

Quarta-feira, 27 de abril de 2011 - 18h17 Última atualização, 27/04/2011 - 18h37
"Admiro muito meu filho pela coragem que ele sempre teve", diz mãe de travesti
Tatiane Moreno
entretenimento@eband.com.br

Antes de Marcelo nascer, a enfermeira Magali Regina Reis, 47 anos, podia jurar que estava grávida de uma menina.

A gestação foi bem tranquila. Segundo ela, a complicação só apareceu na hora do parto, quando teve eclampsia, a famosa crise de hipertensão, que fez com que mãe e filho fosse obrigados a passar vários dias na UTI (Unidade de Terapia Intensiva). “Depois que recebeu alta ele ficou bem. O Marcelo sempre foi uma criança muito saudável e bonita até os 4 anos. A partir daí começaram as crises de asma, bronquite, e ele acabou emagrecendo bastante”, lembra.

Já na infância, Magali percebeu que o filho era muito retraído e tinha um jeito afeminado, que ficou ainda mais aparente com a chegada de sua irmã. “Ele ficou muito apaixonado pela Bruna, pelas coisinhas dela, então, quando fez 8 anos, decidi levá-lo pela primeira vez a um psicólogo. Ele adorava brincar de boneca, gostava da Xuxa, desenhava florzinhas no caderno e tudo isso quando ainda era muito novinho, ou seja, não tinha qualquer malícia sobre o que estava fazendo”.

Durante conversa com os pais de Marcelo, a médica disse abertamente que o menino tinha fortes traços e tendências de homossexualidade e que eles teriam de aprender a conviver com isso.

“Não vou dizer que não foi um choque. É muito difícil você lidar com a questão da homossexualidade, não por você, mas por todo o preconceito que você sabe que o seu filho vai sofrer. Tanto é que só comecei a deixá-lo sair de casa com 18 anos porque tinha muito medo de alguém bater, machucar ou fazer alguma maldade na rua. E também eu tinha aquele sentimento de negação, de não querer enxergar”.

Com o tempo, ela decidiu dar um basta ao sofrimento e passou a olhar o filho de uma outra forma. “A partir do momento que comecei a aceitar que ele era assim mesmo, que era meu filho, e eu tinha de amá-lo e respeitá-lo da forma que fosse o martírio acabou”, conta.

Marcelo, por sua vez, nunca precisou sentar com os pais para explicar sua orientação sexual. “É engraçado que o pai dele sempre aceitou muito mais do que eu. Quando o Marcelo começou a se vestir de mulher para mim foi muito mais difícil do que para o meu marido. Eu já ficava mais incomodada, tinha um pouco mais de vergonha e não gostava que as pessoas perguntassem na rua, acho que até pelo fato de ser professora e conhecer muita gente”, explica Magali.

Apesar disso, a relação de amor e carinho nunca deu lugar ao preconceito. Mesmo com a dificuldade de lidar com o assunto no início, Magali soube superar seu constrangimento. “Acho que o próprio Marcelo não escolheria isso para a vida dele porque muitas portas se fecham em relação ao trabalho, ao respeito. Meu filho é muito inteligente, é formado, pós-graduado, mas sempre enfrentou dificuldades para arrumar emprego justamente por conta das opções que escolheu seguir. O fato de ser gay não faz dele uma pessoa melhor ou pior do que ninguém, apenas diferente”, ressalta a mãe.

Dentro de casa, Marcelo sempre foi tratado igual aos outros dois irmãos, Bruna e Eduardo, de 23 e 22 anos, respectivamente. “O Marcelo é muito bem resolvido, sempre assumiu as coisas de peito aberto e nunca teve vergonha dele mesmo. Nunca precisei enganar ninguém como vejo por aí muitos homens que são gays, não se assumem, acabam se casando, são infelizes e fazem outras pessoas infelizes. Eu admiro muito meu filho pela coragem que ele sempre teve”, destaca.

A morte de Marcelo e o nacimento de Monique

Em 2007, Marcelo, que é formado em Jornalismo, tomou uma decisão que para ele é irreversível: decidiu se assumir como mulher 24 horas por dia e, desde então, nunca mais usou uma roupa masculina.

“O Marcelo, na verdade, morreu, você está falando com a Monique [nome escolhido em homenagem à apresentadora Monique Evans, de quem é fã]. Criei a Monique em 2001. Até 2007 ela era uma vampira, só existia na noite, mas depois disso ganhou vida própria em todas as atitudes, ocasiões e circunstâncias. Sim, eu faço xixi sentadinha”, diverte-se ela que não aceita mais seu nome de batismo. “Meus pais ainda têm dificuldades para me chamar de Monique, então eles falam ‘filha’. Às vezes soltam o outro nome, mas tentam se policiar ao máximo porque sabem que eu não gosto”, diz. "Já meus irmãos e os outros familiares só me chamam de Monique", completa.

Magali admite que quando o filho decidiu mudar a identidade sentiu muito medo do que pudesse acontecer. “Eu sabia que ele enfrentaria mais preconceito ainda, mas quando o Marcelo me disse que era uma pessoa triste e que quando se olhou no espelho, vestido de mulher, se sentiu realizado, eu não tive mais nem o que falar, nem pensar. Para mim o importante é isso: ele se reconhecer e ser feliz”.

Aos 27 anos, Monique viaja por todo o país fazendo shows e eventos e, de vez em quando, ainda encontra tempo para fotografar como modelo. “Meus documentos ainda estão com o nome Marcelo, mas as fotos são atuais, de menina, então em qualquer lugar que eu precise apresentar meu RG as pessoas logo entendem que se trata de uma travesti”, explica.

Clique aqui e veja a galeria de fotos! http://www.band.com.br/diadasmaes/galeria.asp?ID=1000004012

Quando está na casa da família, em Taubaté, no interior de São Paulo, ela tem uma vida normal e um guarda-roupa recheado de roupas, sapatos e maquiagens, como qualquer mulher.

“A gente vai ao salão de beleza, ao shopping, onde ele quiser. Não temos nenhum problema com isso. Quando o Marcelo faz shows eu ajudo a escolher o figurino e a pagar, principalmente, porque as fantasias são sempre muito caras. Dou roupa de mulher para ele no Natal, se vejo algo bonito, extravagante, e acho que é a cara dele eu compro. E se ele um dia quiser fazer uma cirurgia de mudança de sexo eu não só aprovo, como acompanho, ajudo, cuido, faço o que for. Quem sou eu para dizer que não?”, questiona.

Para Monique, Magali não só é sua mãe, como também sua melhor amiga. “Ela é minha vida, meu porto seguro. Temos uma relação de amizade maior do que a relação entre mãe e filha. É a pessoa que procuro para me aconselhar, me ajudar e dividir meus segredos e experiências”, conclui.
http://www.band.com.br/diadasmaes/conteudo.asp?ID=100000422935