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segunda-feira, 25 de junho de 2012

‘Que sabem celibatários sobre as mulheres?’, diz Mary Robinson


Qua, 20 de Junho de 2012 18:29
(Correio Braziliense) Ex-presidente da Irlanda (1990-1997) e ex-comissária de Direitos Humanos das Nações Unidas (1997-2002), Mary Robinson é uma das vozes mais ativas nas conferências internacionais no que diz respeito à saúde sexual e reprodutiva feminina. Na Rio+20, não poderia ser de outra forma. A atual integrante do The Elders (o grupo que reúne ex-líderes mundiais) se diz preocupada com a pressão do Vaticano para a retirada do documento final da conferência de toda e qualquer referência a sexo, sexualidade e planejamento familiar em geral. "O que sabem homens celibatários sobre a vida e as decisões de mulheres pobres?", perguntou ela, em entrevista exclusiva ao GLOBO.

Qual o desafio na Rio+20 no que diz respeito à saúde reprodutiva?
MARY ROBINSON: O que nos preocupa em relação à Rio+20 é que haja um retrocesso em relação a textos aprovados no Cairo e aqui mesmo, há 20 anos. Quando textos em um instrumento internacional ficam mais fracos, isso tem um significado político. Em vez de ficar mais fraco, ele teria que ficar muito mais forte. Sabemos que existem 250 milhões de mulheres e crianças que querem ter acesso a contraceptivos, que querem saber mais sobre saúde reprodutiva, que querem entender melhor seus corpos. Isso é um direito humano dos mais importantes. E essa conferência pode enfraquecer ou reforçar esse direito.

De que maneira a saúde sexual e reprodutiva é importante para o desenvolvimento sustentável?
MARY: As mulheres são essenciais para o desenvolvimento sustentável. Pelo menos essa mensagem está clara e está no texto. Temos muitos exemplos, como as mulheres agricultoras que, com acesso a direitos da terra e mais treinamento em uso e informações nutricionais, conseguem uma produção muito maior com consequências positivas. Centenas de milhares de pessoas podem ser tiradas da pobreza e da insegurança alimentar, e parte disso tem a ver com a saúde reprodutiva. Hoje, mulheres na Somália têm seis, sete, oito filhos na esperança de que um ou dois sobrevivam. Nenhuma mulher em pleno século XXI deveria ter de passar por isso.

Há um intenso debate sobre se direitos reprodutivos e saúde sexual devem entrar no documento. Há países que se opõem. O tema ainda é controverso?
MARY: Acho que é preocupante e absurdo. Digo absurdo porque é tão descolado da realidade das vidas das mulheres e também de outra metade da $já aceita por todos. O empoderamento das mulheres é essencial para o desenvolvimento de todos os países e para todas as metas de desenvolvimento sustentável. É preciso haver alguma lógica na abordagem dos temas. Temo que haja influências religiosas dos mais diversos tipos, desinformadas da realidade da vida das mulheres.

O Vaticano parece ser o maior opositor das políticas de saúde sexual e reprodutiva. Todas as referências a sexo, sexualidade ou planejamento familiar no documento são recusadas pela Santa Sé. Como a senhora, que é católica, vê essa posição da Igreja Católica?
MARY: Acho muito triste. No início dos anos 70, na Irlanda, eu lidava com esses temas e era criticada pela Igreja Católica. Mas eu sei que muitos dos meus amigos são cristãos, muitos são católicos, eles sabem que esse é um tema que precisa avançar. Me entristece que tenhamos esse problema no século XXI. Me entristece que haja uma guerra política de poder e que a Igreja seja parte dela. O que sabem homens celibatários sobre a vida, a saúde e as decisões de mulheres pobres?

Quais são os riscos, em sua opinião, de o documento ignorar a saúde reprodutiva e sexual feminina?
MARY: Espero que isso não aconteça porque seria irresponsável. Estamos falando sobre desenvolvimento sustentável. Temos uma Terra que está sob estresse. E sabemos que há 250 milhões de mulheres e adolescentes que querem ser responsáveis e ter oportunidade de criar seus filhos e viver melhor. Quando falo com líderes de países em desenvolvimento, eles têm graves problemas por conta do estresse sobre suas populações. E todos compartilham a mesma ideia: precisamos, nos nossos termos, de nossa maneira, ter (políticas de planejamento familiar e saúde reprodutiva). Mas precisamos de apoio, especialmente de instrumentos internacionais como este, da Rio+20.
http://www.agenciapatriciagalvao.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=3495&catid=44 

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Prefeito sérvio oferece férias românticas a solteiros para estimular nascimentos

02/09/2011 - 08h12

Prefeito sérvio oferece férias românticas a solteiros para estimular nascimentos

O prefeito de uma pequena cidade da Sérvia está propondo uma saída nova e pouco comum para combater o problema da baixa taxa de natalidade no local: ele criou um esquema para enviar 150 homens e 150 mulheres com idades acima de 38 anos para férias pagas na costa da Grécia, na esperança de que a viagem romântica renda o nascimento de mais alguns bebês na cidade.

A Sérvia vem enfrentando o declínio de sua população nos últimos 20 anos, por conta da pobreza, das guerras dos anos 1990 e uma das taxas de natalidade mais baixas da Europa.

Nas áreas rurais, como no município de Jagodina, o problema é mais grave, com moradores deixando o local cada vez mais em busca de uma vida melhor nas grandes cidades, gerando o temor de que as pequenas comunidades irão simplesmente desaparecer.

O plano do prefeito Dragan Markovic foi lançado com um jantar de apresentação em um restaurante local. Conforme os candidatos foram chegando, eram sentados em mesas numeradas e os cavalheiros recebiam rosas vermelhas para presentear as damas.

Para quebrar o gelo, Markovic fez um discurso de boas vindas. "Estamos enfrentando uma população em declínio", disse. "A cada ano, uma cidade com 25 mil pessoas desaparece na Sérvia", observou.

Ele listou uma série de incentivos que introduziu para combater o problema, incluindo passes grátis de ônibus e material de papelaria, licença-maternidade generosa e pagamentos em dinheiro para novos pais.

"Queremos 30% a mais de nascimentos na cidade do que no ano passado, então estou chamando o evento de hoje de jantar do amor", diz, antes de pedir aos homens que beijem as mulheres. Alguns obedecem.

Bailinho de escola

Conforme a noite avançava, um cantor local chegava, abrindo espaço no centro do restaurante para dança, antes de entreter os convidados com canções folclóricas tradicionais.

O evento começava a parecer um bailinho de escola, com os mais autoconfiantes se exibindo na pista, enquanto outros observavam nervosamente enquanto comiam suas saladas de tomate ou suas tortas de maçã.

Mas a resposta à iniciativa da prefeitura pareceu positiva. "Primeiro eu pensei que esse clima romântico criado pelo prefeito era um pouco forçado e artificial", afirmou Ana Zdravkovic. "Mas agora estou achando legal", contou ela.

"A noite está sendo fantástica. Todo mundo está feliz", acrescentou o dentista Predrag Jevdjic. Questionado se já está de olho em alguém, ele respondeu: "Sim, claro, mas ainda estou mantendo o segredo".

O sapateiro Slavoljub Tanaskovic se disse animado com as perspectivas. "Uma mulher veio à minha mesa e me disse que eu tinha olhos bonitos", disse ele com um sorriso. "Todos os homens ao meu lado ficaram com inveja. Sei que vou ter algo com ela na Grécia - eu posso sentir", garantiu.

'Truque barato'

A iniciativa do prefeito de Jagodina pode se mostrar efetiva, mas para a ativista de direitos humanos e comentarista Sonja Biserko, não atinge o cerne da questão sobre o problema da população sérvia.

"Esse é um truque barato para chamar a atenção da mídia", afirma. "Atrair jovens com a promessa de férias grátis não é garantia para criar uma família estável. Essa não é a receita que a sociedade deveria oferecer como mecanismo para aproximar os jovens", argumenta.

"É uma forma limitada de combater o problema de uma sociedade em envelhecimento e um país pobre o qual os jovens querem deixar. É só uma substituição para a falta de perspectivas na Sérvia", afirma.

A viagem dos solteiros de Jagodina à Grécia, neste mês, será paga com recursos da prefeitura e também com o apoio de patrocinadores privados, segundo o prefeito.

Seus 300 escolhidos estão dispostos a testar sua ideia de cupido ao estilo sérvio, aproveitando também a perspectiva de curtir um pouco de sol e mar.

Em nove meses, será possível se ter uma ideia se a iniciativa é somente uma tentativa de engenharia social vinda da cabeça de um prefeito com dinheiro em caixa e em busca da reeleição ou uma ideia altruísta para ajudar os cidadãos de Jagodina a encontrarem o amor.