segunda-feira, 6 de junho de 2011

Homem é preso suspeito de estuprar criança na zona sul de São Paulo

Homem é preso suspeito de estuprar criança na zona sul de São Paulo
O suspeito apresentou uma carteira de motorista com nome falso para os policiais
Do R7

Um pintor de 31 anos foi preso às 17h desta sexta-feira (3), no Jardim Maria Rita, Cidade Dutra, zona sul da capital paulista, suspeito de ter violentado sexualmente uma menina de nove anos. O crime aconteceu no último sábado (28).

Segundo a SSP (Secretária de Segurança Pública), policiais civis foram chamados para comparecer ao endereço onde o suspeito estava. Inicialmente, o suspeito apresentou uma carteira de motorista com nome falso. Depois, porém, os policiais acabaram descobrindo sua identidade e que ele tinha um mandado de prisão contra ele.

A carteira foi apreendida e levada ao Instituto de Criminalística para ser periciada.

O caso

No sábado passado, a mãe da vítima contou que estava em seu comércio e, quando a filha voltou do banheiro, percebeu a criança muito trêmula e nervosa. Depois, ela contou à mãe que o pintor entrou no banheiro e obrigou-a a ter relações sexuais.

O homem acabou preso por estupro de vulnerável, ameaça, captura de procurado e uso de documento falso. O caso foi registrado no 48º Distrito Policial, na Cidade Dutra.
http://noticias.r7.com/sao-paulo/noticias/homem-e-preso-suspeito-de-estuprar-crianca-na-zona-sul-de-sao-paulo-20110604.html

Del vaginismo a la falofobia: las fobias sexuales más comunes

Del vaginismo a la falofobia: las fobias sexuales más comunes

Las fobias sexuales son miedos irracionales que manifiestan algunas personas aunque en realidad no se den cuenta de que es una amenaza real, ya que van mucho más allá del miedo y es un momento de bloqueo total.

El hecho de padecer una fobia sexual no implica que no desees tener relaciones, que tu cuerpo no reaccione ante un estímulo sexual. Por supuesto que esto provoca una gran frustración aún más acentuada en quien padece una fobia que no le permite desahogar la tensión sexual que su cuerpo siente.

Esa frustración suele traducirse en eyaculación precoz en los hombres y en dispaurenia en el caso de la mujer (dolor a la hora de practicar sexo).

1. Vaginismo: hay muchas mujeres que tienen miedo a ser penetradas y llevan este miedo hasta tal punto que sienten pánico hasta a colocarse un tampón o ir al ginecólogo.

2. Venustrafobia: es la fobia que tienen los hombres a las mujeres hermosas. Para ellos enfrentarse a una mujer bella es más que un dolor de cabeza.

3. Erotofobia: hay personas cuyo miedo consiste en hablar de sobre temas eróticos, es el mayor trauma al que se pueden enfrentar y no tiene nada que ver con la vergüenza. Este miedo recibe el nombre de erotofobia.

4. Gimnofobia: consiste en el miedo a la desnudez propia y ajena. Normalmente tiene un componente claro en la comparación que estas personas realizan entre los cuerpos que les rodean y los cuerpos que tienen idealizados en su mente.

5. Fetichismo: es la práctica sexual que conlleva el uso de artículos inanimados tales como ropa o juguetes sexuales para la consecución del placer sexual. No se convierte en fobia hasta llega a la obsesión.

6. Genofobia: aunque parezca imposible para muchas personas, existe el miedo al sexo tal cual. Las personas que sufren esta patología tienen verdaderos bloqueos en momentos que deberían ser eróticos y agradables. Este es uno de los miedos más comunes.

7. Medolmacufobia: si antes hacíamos referencia a la fobia más común de las mujeres, no podemos dejar atrás la más común entre los hombres: la medomalacufobia, el pánico ante la idea de perder la erección.

8. Eurotofobia: otra de las fobias masculinas más comunes es el miedo a los genitales femeninos, tanto que les bloquea y les impide llegar a más en cualquier relación que comiencen.

9. Falofobia: la versión femenina de la eurotofobia es la falofobia, el pánico por el pene masculino (ya sea verlo o tocarlo).
http://www.publimetro.cl/nota/vida/del-vaginismo-a-la-falofobia-las-fobias-sexuales-mas-comunes/xIQkfc!r3YvT1z2iTSI/

Os homens dizem antes “eu te amo”

Os homens dizem antes “eu te amo”
06/05/2011 | 14:12 | RUTH DE AQUINO

É o que concluiu um psicólogo, Joshua Ackerman, em estudo do MIT a ser publicado na edição de junho do Journal of Personality and Social Psychology. A pesquisa foi feita com 205 homens e mulheres heterossexuais. Um grupo pequeno, eu sei. Mas a conclusão é interessante: eles seriam mais rápidos no gatilho do amor romântico.
Foi assim com você?
Mulheres costumam queixar-se de que os homens não estão a fim de compromisso. Mas, de acordo com essa pesquisa, na hora de se declarar dois terços dos homens dizem essas três palavras mágicas cerca de seis semanas antes das mulheres, em média.
Claro que sempre existe quem desconfie das motivações dessas declarações de amor muito rápidas. No caso, é uma médica, a Dra Laura Berman. O que ela diz é que “o homem oferece amor, carinho e intimidade porque está a fim de sexo. E a mulher oferece sexo porque está a fim de amor, carinho e intimidade”.
Meio clichê, porém…
Tomara que todos se encontrem no meio do caminho. E consigam o pacote todo! Porque é o mais prazeroso.
Se valer meu depoimento, os homens mais importantes da minha vida se declararam antes. Eu preferi esperar. E, com alguns homens, menos importantes, eu só queria sexo e pouca intimidade. É pecado?
http://colunas.epoca.globo.com/mulher7por7/2011/05/06/os-homens-dizem-antes-eu-te-amo/

Margaux Fragoso sobre a pedofilia: “Não trate a criança como se ela estivesse arruinada”

Margaux Fragoso sobre a pedofilia: “Não trate a criança como se ela estivesse arruinada”
04/06/2011 | 08:00 | LETÍCIA SORG
Tigre, Tigre, da americana Margaux Fragoso (foto), não é uma leitura fácil. Segundo a revista New York, o livro tem a “cena mais indecente” publicada nos últimos dez anos. No trecho, a autora descreve seu primeiro contato com o órgão genital masculino: “O conjunto parecia um cachorro-quente sem pão com dois balões meio murchos”. A indecência: Margaux tinha então 8 anos e estava diante de um homem de 52. Era aniversário de Peter Curran [nome fictício] e ele havia pedido um presente: um “carinho especial”.
Foi o primeiro contato sexual de Margaux com o homem que abusaria dela nos próximos dez anos. Os anos de abuso, vergonha e confusão compõem o enredo de Tigre, Tigre (Rocco, 352 páginas, R$ 39,50), recém-lançado no Brasil. Mas a narrativa não é o retrato estereotipado de uma vítima e seu algoz. Margaux, hoje com 32 anos, também expõe seus sentimentos pelo agressor e sua sensação de profundo desamparo. Seu pai, muito rígido e tradicional, não impediu o contato com o pedófilo. Sua mãe, uma paciente psiquiátrica, não foi capaz de detectar o risco que a menina corria.
Com o livro, Margaux tenta entender como e quando se percebeu como vítima e por que, mesmo cercada de adultos, nenhum a protegeu. Nesta entrevista, concedida por e-mail a ÉPOCA, Margaux Fragoso fala do trauma do abuso e sugere como os pais devem lidar com a pedofilia.
Você sofreu abuso dos 7 aos 17 anos de idade e teve uma relação próxima com o agressor até o dia em que ele cometeu suicídio, quando você tinha 22 anos. Tigre, Tigre está sendo lançado quase dez anos depois da morte dele. Por que decidiu contar sua história?
Margaux Fragoso – O violento suicídio de Peter foi um catalisador. Para mim, escrever é o oposto de morrer, porque é se comunicar, é afirmar a vida. Todo dia depois de sua morte escrevi trechos de meu livro. E eu lia muito também. Escrever e ler me mantinham em contato com a minha identidade depois que meu senso sobre mim mesma havia sido tão maltratado.
No fim da vida, Peter sugeriu que você escrevesse sobre a relação que viveram. Como encarou esse pedido?
Não da maneira como ele queria. Ele sempre tentou controlar o que eu escrevia, insistindo que eu escrevesse apenas sobre os momentos felizes. O livro desafia o desejo dele. Se fosse possível conversar com quem já deixou este mundo, eu pediria a Peter para ler Tigre, Tigre. Na margem do exemplar dele, eu escreveria uma frase de James Baldwin: “Quando um livro é publicado, pode machucá-lo – mas antes que ele o machuque, eu tive que me machucar primeiro. Só posso dizer sobre você o tanto que consigo dizer sobre mim mesmo”.
O que você quer que as pessoas sintam ao terminar de ler Tigre, Tigre? O que sentiu ao terminar de escrevê-lo?
Quero que as pessoas sintam o que tiverem que sentir, não o que quero que sintam. Todos os escritores deveriam lutar para dar aos seus leitores a chance de chegar às suas próprias conclusões. É um sentimento profundo terminar de escrever um livro e fazê-lo de uma forma que você considera correta, que o agrada. Imagino que o final é capaz de despertar assombrações para algumas pessoas. No final, fico pensando na miríade de imagens da infância. E todo mundo, até certo ponto, lamenta a perda da infância. É uma perda tão profunda que guarda dentro de si uma beleza, e senti essa beleza de uma maneira muito sutil enquanto eu escrevia. Eu podia ver todas as imagens em minha cabeça – o riso no bosque, o descanso nas colinas. Peter está preso naquelas colinas; ele nunca cresceu, e essa era a tragédia pessoal que ele transmitia aos outros.
Em várias passagens, você conta que se considerava impura, uma espécie de prostituta juvenil. Quando se deu conta de que era a vítima de um crime – e não a culpada?
Tenho consciência agora de que não foi minha culpa e, por isso, não tenho mais vergonha. Mas às vezes me sinto levemente envergonhada ao ler resenhas sobre meu livro que soam como transcrições de um processo judicial. Uma das críticas colocava a minha foto debaixo de letras garrafais: “Exposição indecente”. O uso do jargão legal me fez sentir como uma criminosa. Agora sei por que as crianças raramente denunciam seus agressores. Porque há uma mensagem subliminar na sociedade de que o mensageiro, por assim dizer, será morto. Você será visto como um bem danificado ou, então, ser julgado culpado de alguma maneira. Então, por que não manter o segredo em vez de enfrentar o desprezo?
Como os pais devem tratar seus filhos em caso de abuso?
É importante que os pais tratem uma criança que foi abusada exatamente da mesma maneira que antes. Não trate a criança como se ela estivesse arruinada. Escutei pais, incluindo o meu próprio, dizer coisas como “prefiro que minha filha morra num acidente de trânsito a que seja molestada. Essa é a pior coisa que pode acontecer.” Minha resposta para isso é: o abuso sexual tem tratamento. Não é terminal. Pelo amor de Deus, todos precisamos parar de ser histéricos para que a criança possa de fato se recuperar. Muitos pais agem como se nunca fossem conseguir lidar com a situação se soubessem que seus filhos foram molestados. Por favor, lidem com isso, vocês são adultos. Se vocês conseguirem lidar, seus filhos conseguirão. Não passe a sua vergonha para o seu filho.
O seu livro explora também a sexualidade vivida da perspectiva da criança – você descreve o que teria sido seu primeiro orgasmo, aos 7 anos. Você acredita que deixar de falar sobre sexo com as crianças abre espaço para pedófilos?
Pelo que li, as crianças têm uma sexualidade voltada para si próprias, e é isso que descrevi naquela cena. Os estudos sobre a sexualidade na infância mostram que as crianças não pensam em outras crianças ou adultos quando têm prazer – elas não têm ideia do conceito de “sexo”. Acho importante dizer para as crianças que o corpo pertence a elas e que não precisam se sentir envergonhadas de se auto-estimular – desde que isso aconteça em momentos privados. Os agressores tentam controlar a sexualidade da criança e interferem em seu desenvolvimento natural. Eles transformam aquilo que é normal e inocente em algo vergonhoso. É importante que as crianças saibam a verdade sobre o sexo quando perguntam sobre o assunto. É preciso dizer que pertence a elas mesmas durante a infância e que, quando adultos, é dividida com outra pessoa. Procure reduzir o sentimento de vergonha ao falar do assunto com seus filhos para que eles possam se sentir livres para conversar sobre a sexualidade se precisarem, se tiverem alguma curiosidade ou se, mais grave, estiverem sofrendo algum abuso. As crianças não vão falar sobre abuso se sentirem que seus pais ficam extremamente desconfortáveis ao falar de sexo.
Tigre, Tigre também discute a questão da autoestima – quando criança, você costumava medir seu valor pela atenção que recebia dos outros e, por isso, sempre tentava agradar as pessoas. Melhorar a autoestima das crianças pode reduzir sua vulnerabilidade a pedófilos?
Quando os pais dão aos filhos esse sentido de valor próprio, eles não sentem que precisam consegui-lo de seus agressores. Alguns filmes para as garotas, como A Bela e a Fera, dão a elas a impressão de que o amor vence tudo e que os agressores vão mudar, em algum momento. No filme, a besta é domesticada e se torna um príncipe. Na realidade, a besta é, geralmente, incorrigível – é preciso correr dela, não tentar mudá-la. As meninas precisam ser ensinadas desde cedo a não aceitar abuso de nenhuma forma e a não tentar “consertar” o menino mau. Ao sair do mundo com Peter, tive que aprender a estabelecer limite para as pessoas, especialmente homens. Havia sido programada para agradá-los, a colocar seus desejos em primeiro lugar. Entrar no mundo do sexo tão cedo faz a pessoa sentir como se não tivesse vontade própria – como se fosse um objeto que pertence a alguém. Parei de ter relações sexuais com Peter aos 17 anos mas carreguei esse trauma profundo comigo muitos anos depois. Ser sexualizada na infância faz a pessoa sentir que a sexualidade não é dela. Algumas mulheres podem não se sentir no direito de negar exigências dos homens no sexo; outras acham que não podem ter sexualidade alguma. Um preço muito grande, que às vezes dura a vida inteira, é pago para que o pedófilo tenha seus momentos de gratificação. Hoje tenho um bom marido, porque fiz a escolha consciente de não perseguir os “maus garotos”.
Além de descrever sua relação com Peter Curran, a senhora também descreve sua relação com seus pais. Naquela época, você os culpava pelo que estava acontecendo?
Culpei meu pai na época por ser tão crítico e negativo que me fez sentir como se tivesse que sair de casa. Eu não suportava ficar em casa. Ele dizia que eu havia gerado a doença mental de minha mãe e acreditei nele. Acreditei que nunca deveria ter nascido. Minha autoestima era nula. Agora sei que ele mesmo tinha baixa autoestima. Mas como eu ia saber disso lá atrás? Precisei escrever sobre ele para entender quão inseguro ele era, e como ele passou isso para mim inconscientemente.
Mais tarde, tive que lidar com uma raiva reprimida contra minha mãe. A ligação entre a mãe e seu filho é muito primária. Depois de um tempo é preciso deixar de lado a busca por falhas, ou vamos ficar constantemente procurando a quem culpar, e isso acaba se tornando inútil. Um amigo me ensinou a pensar: “Quando as pessoas não estão em um estado mental são, não é possível esperar que elas ajam como pessoas saudáveis.”
A cultura latina tradicional de seu pai e de grande parte da população brasileira dá uma grande importância grande para a virgindade e a honra. Essa cultura dificulta lidar com a questão da pedofilia?
Sim, é pior quando se pensa que a honra é baseada na virgindade. Não é nada mais do que uma forma de controle patriarcal. Mas quando se vem de um contexto cultural como esse, como muitas garotas latinas, toma-se o código de honra como verdade divina. Tive que aprender que o verdadeiro código de honra é seguir uma ética que promove a harmonia social e a saúde, e não tem nada a ver com a “pureza” sexual.
No passado, para manter minha honra, tive que manter silêncio sobre o que aconteceu, enquanto me sentia suja. Agora construí uma vida digna fazendo exatamente o oposto do que o meu pai acharia honroso.
Você descobriu que o próprio Peter havia sido abusado na infância – um traço comum a muitos pedófilos. Descobriu que sua mãe também fora uma vítima na infância – característica comum em algumas famílias de vítimas. Por que isso acontece?
O trauma pode ser passado de geração em geração. Minha tia e minha mãe sofreram abuso sexual e minha mãe não lidou com aquilo. Por isso, ela não foi capaz de entender o que Peter estava fazendo e impedi-lo. Segundo as estatísticas, mulheres que foram abusadas sexualmente têm mais chance de ter filhos vítimas de abuso. Porque é tão doloroso acreditar que o ciclo traumático está se repetindo que as mães podem se recusar a ver o que está acontecendo. Se o mesmo acontecer com minha filha, não temerei enfrentar o problema. Protegi a minha mãe de saber da realidade do abuso por todos aqueles anos. Não quero que a minha filha me proteja mantendo segredos.
Até que ponto a seu relato coincide com o de outras vítimas da pedofilia?
Acredito que é comum as crianças terem relações próximas com seus agressores. Os pedófilos podem entrar na vida da criança e satisfazer a necessidade delas por afeto quando a família falha. As relações de longo prazo são provavelmente mais comuns do que se imagina. É raro que as pessoas falem sobre isso em público porque, se o fazem, veem seus sentimentos privados atacados. Como, então, as pessoas podem saber da existência desses laços secretos se ninguém nunca fala sobre eles?
É importante perceber que a minha memória não é uma forma de propaganda; nós, escritores, não estamos tentando propor uma forma definitiva de pensar esses assuntos. Admitir que em algum momento alguém ama uma pessoa como Peter não quer dizer que o desculpa por seus crimes; é apenas um sentimento subjetivo que existe e, por isso, tem o direito de se tornar um assunto. Não o amo mais e talvez a razão pela qual fui capaz de frear esse sentimento foi o reconhecimento, antes de qualquer coisa, de tê-lo sentido.
Minhas palavras têm sido distorcidas em várias mídias, que as tiraram de contexto, como a declaração de meu jovem “eu” de que sentia como se a relação com Peter fosse uma forma de dependência de heroína. Uma das manchetes dizia algo como “Garota imatura compara relação pedófila com prazer das drogas”, como se eu estivesse dizendo algo positivo. Para mim, ser viciado em heroína não é uma situação desejável, mas é possível entender por que alguém tenta escapar do mundo usando drogas. As drogas cultivam uma falsa realidade, assim como os pedófilos. No fim, as drogas destroem sua vida, assim como esse tipo de “amor”.
Toda vez que se tenta dizer algo novo, é preciso encarar a resistência dos mitos culturais. Como Boris Cyrulnik, um especialista no estudo dos traumas, diz, “nós [como uma cultura] desconfiamos da mentira e tentamos reprimi-la, mas amamos os mitos e não queremos nada além de nos rendermos a eles.” O mito é de que uma criança nunca poderia nutrir sentimentos de amor e afeição por seu agressor; é esse mito que quero destruir. Porque, se a sociedade admitir toda essa complexidade, vai precisar refazer tudo dentro de um novo modelo, e trabalhar em busca de novas soluções. É mais fácil classificar essas situações em duas categorias bem distintas: pobre menina abusada e grande monstro mau. Mas esse tipo de pensamento nos ajudou a saber mais sobre esse tipo de relação, nos ajudou a preveni-lo?
Você leu livros de psiquiatria e psicologia para escrever o livro?
O psicólogo social Philip Zimbardo me ajudou a colocar várias coisas sob perspectiva. Ele discute o que chama de “teoria situacional”, que defende que as situações têm um grande poder sobre a identidade. Comecei a entender pela minha pesquisa – que foi feita depois de eu escrever minhas memórias e, na verdade, faz parte da preparação para o romance em que estou trabalhando agora – que meu estado mental durante os anos com Peter era bem similar ao dos membros de uma seita sob o controle de um líder carismático. Peter literalmente criou minha realidade a partir das cartas dele, do que dizia, e eu não tinha contato com o mundo externo. Eu pensava dentro dos limites restritos que ele construía e por todos aqueles anos fui incapaz de ver a situação do lado de fora. Foi interessante o caso de Jaycee Dugard [americana sequestrada aos 11 anos que passou 18 com o criminoso e teve dois filhos dele] ter reaparecido bem no momento em que uma editora aceitou publicar meu livro. Jaycee aprendeu a amar seu agressor e não tentou escapar. Muitas pessoas não tentam entender a posição dela ou ficam indignadas com o fato de ela ter admitido amá-lo. É muito difícil para as pessoas entender a Síndrome de Estocolmo sem passar por ela. Todo mundo quer acreditar que os seres humanos não são vulneráveis ao controle mental; quer acreditar no mito do “indivíduo incondicional”. Como o experimento de Zimbardo na prisão de Stanford mostra, é possível pegar um grupo de alunos de faculdade normais e saudáveis, dar a eles o poder absoluto de guarda e tornar os prisioneiros indefesos. Seis dias depois, ele teve que parar com a experiência por causa do flagrante abuso por parte daqueles que tinham poder e do colapso psicológico dos subordinados. Em Tigre, Tigre, a realidade entra em colapso, e entro em colapso com ela. Não há terra firme em que apoiar meus pés.
Você já participou de grupos de apoio para vítimas de pedofilia? O seu livro pode ser usado para ajudar pessoas que passaram pelo mesmo trauma?
Falei recentemente com o Centro de Prevenção do Abuso Infantil de Baltimore e foi uma experiência muito positiva para mim. Lembro-me de ter visto uma discussão em grupo sobre meu livro em que o escritor revelava no fim: “para ela foram 14 anos, para mim, 12”. Não estou contando a experiência de ninguém além de mim, ainda assim, sei que muitas pessoas têm muito em comum comigo. Mesmo que eles respondam de forma negativa inicialmente, quem sabe o livro possa abrir um diálogo dentro deles mesmos. Publiquei o livro para que as pessoas vissem, e fico em paz de saber que levarão dele o que precisam. Sinto como se houvesse espaço para que os leitores se conectem de várias maneiras, não uma só. Por exemplo, pessoas que não sofreram abuso podem ter sido vítimas de bullying, como eu fui. Ou terem tido um pai cruel, ainda que carismático. Ou podem ter gostado de Kurt Cobain. Ou ter criado pombos. Ou talvez eles tenham tirado sarro de alguma garota estranha ao ponto de aniquilar toda sua autoestima. Talvez eles possam pensar um pouco sobre isso e ensinar outras crianças a não praticar bullying com outras. Porque esse comportamento é danoso e alguns dos danos são permanentes.
Ou, talvez, alguém com as mesmas tendências de Peter que esteja pensando em cometer abuso e leia como me senti envergonhada e como Peter foi preso e acabou destruindo a si mesmo. Ele pode não ter agido ainda e decidir resistir à tentação.
Você diria que superou completamente o trauma do abuso?
Não, é impossível superar o abuso como se ele nunca tivesse acontecido. Há sempre uma parte ferida que pode doer conforme a situação. Mas tento não deixar meu passado me definir. Normalmente, não me vejo como uma pessoa que sofreu abuso. Quando estou numa situação em que dizer que sobrevivi à pedofilia serve a um bom propósito, então uso essa identidade temporariamente. Mas, fora desse contexto, não.
De qualquer forma, se aconteceu, você não pode negar. Precisa aceitar. Precisa ver o que aconteceu – olhar nos olhos do monstro e encará-lo como ele é. Se você correr, ele o segue. Se o encarar, ele enfraquece. O caos é o vazio e a tragédia é a ausência de significado. As palavras e as histórias são nossas defesas contra os dois.
Você diz que o segredo é o que torna possível a pedofilia. Como os pais podem ajudar as crianças a quebrar esse mundo de sigilo?
Deixando nossos filhos à vontade para nos contar qualquer coisa. Nós, pais, precisamos enfrentar as coisas que mais nos perturbam, porque aí mostramos aos nossos filhos que eles podem nos dizer tudo. Em geral, crianças que sofrem abuso – e falei com outras vítimas – sentem que precisam proteger os adultos de saber, porque eles não conseguirão lidar com a informação. Com isso, o fardo é colocado nos ombros de crianças muito novas, que são capazes de sentir nosso desconforto e perturbação e tentam nos blindar. Devemos aos nossos filhos ser fortes e enfrentar o que achamos que não podemos.
Os políticos deveriam apoiar a ideia de que o tratamento para os pedófilos é a melhor maneira de prevenir o crime. É preciso criar linhas anônimas em que pedófilos que estão pensando em cometer o crime possam ligar e ser dissuadidos de fazê-lo. Fred Berlin criou uma linha assim no Canadá e nos Estados Unidos, mas quando se tornou lei que quem ligava deveria ser denunciado para as autoriedades, os telefones pararam de tocar. Todos aqueles pedófilos que poderiam ter sido dissuadidos de cometer abuso sexual voltaram às sombras, cultivando relações com crianças em segredo.
Você nasceu em 1979. Acredita que as crianças nascidas nos últimos dez anos estão mais protegidas do abuso?
Não sei. O que sinto é: quanto mais o diálogo sobre o assunto está aberto, mais difícil é para os pedófilos esconder sua verdadeira intenção. Os pais vão saber que é difícil achar homens mais velhos que apenas querem ficar próximo de garotas novas, como em Annie ou Punky Brewster, dois dos programas preferidos do Peter. Os bondosos homens dessas histórias adotam as jovens garotas simplesmente porque queriam dar a elas uma vida melhor. Esse tipo de altruísmo não é impossível, mas a minha história é bem mais provável. É engraçado como minhas memórias são vistas como improváveis, mas quando você pensa por um momento, percebe que as histórias boas demais para ser verdade são ainda mais raras.
Qual a melhor forma de proteger as crianças dos pedófilos?
Na prática, tratando a pedofilia como um caso particular. Fred Berlin, um especialista americano no assunto, tem defendido o tratamento há muito tempo e diz que a pedofilia precisa ser tratada como o alcoolismo e a bulimia. Drogas para inibir a testosterona, antidepressivos e terapia de grupo são algumas opções. Os antidepressivos funcionaram com Peter. Nós não tínhamos mais relações sexuais desde os 17 anos. Mas, para que a mudança ocorra, os governos precisam investir no desenvolvimento de centros de tratamento e as pessoas têm que deixar o ódio de lado para permitir que esses centros existam. É um problema que precisa ser tratado pela raiz.
Quando mostramos compaixão, mesmo quando ela é o sentimento mais difícil, temos uma chance de atingir as defesas e as racionalizações dos pedófilos. A compaixão desarma a defesa, enquanto a culpa e o julgamento não conseguem entrar na mente daqueles que se recusam a admitir. Há tanta ênfase em tratar as vítimas depois do abuso; por que não tratar os agressores e prevenir o problema? Uma estratégia que funcionou nos Estados Unidos é incentivar a vigilância dentro do grupo. Descobri que tem uma organização chamada Cosa que, embora não seja voltada para pedófilos, atinge pessoas afetadas por todo tipo de compulsão sexual. Nosso ódio veemente não deve forçar essas instituições a fechar as portas – impedindo, assim, que os pedófilos consigam ajuda. Isso perpetua o ciclo de abuso.
O assunto não vai sumir do nada, não importa o quanto queiramos. Olhar para o problema com moralismo é ferir a população que queremos proteger, ou seja, nossas crianças.
Seu pai dizia que gostaria que a senhora fosse tão forte e firme quanto ele acreditava ser. A senhora acha que o livro confirma que tem essas duas qualidades?
Há sempre uma força muito grande ao confrontar as verdades mais ásperas sobre si mesmo e aqueles próximos de você. Mas ser forte é se permitir, antes de tudo, ser fraco. O que quero dizer é que não é preciso ser desnecessariamente rude, bradar uma coragem vazia. O verdadeiro poder vem de admitir e aceitar nossa humanidade como ela é – em sua fragilidade e imperfeição.
http://colunas.epoca.globo.com/mulher7por7/2011/06/04/margaux-fragoso-sobre-a-pedofilia-nao-trate-a-crianca-como-se-ela-estivesse-arruinada/

Polêmica do kit contra homofobia leva assunto para sala de aula

Polêmica do kit contra homofobia leva assunto para sala de aula

Marina Morena Costa, iG São Paulo

Escolas que trabalham a diversidade sexual contam que curiosidade dos alunos aumentou após o veto ao material encomendado pelo MEC

Além de repercutir no Congresso, nos movimentos e nas redes sociais, a suspensão de todas as produções que compunham o kit contra a homofobia encomendado pelo Ministério da Educação (MEC) foi assunto em sala de aula. Professores que já trabalham a diversidade sexual com alunos contam que a polêmica despertou a curiosidade de crianças e adolescentes e foi usada para discutir o tema.

No colégio Magister, na zona sul de São Paulo, a ?caixinha da sexualidade? do professor de filosofia Clayton Fernandes recebeu diversas perguntas sobre o kit. ?Alguns perguntaram se os vídeos faziam propaganda das opções sexuais (argumento usado pela presidenta Dilma Rousseff para suspender o material), se eram de boa qualidade e até se não haveria corrupção, superfaturamento do kit?, conta o professor.

As caixas ficam expostas nos corredores da escola e são usadas para que estudantes façam perguntas, sugiram temas e tirem dúvidas sem se identificar ? a educação sexual está na grade curricular desde a 6ª série do ensino fundamental até a última do ensino médio. Fernandes recolhe os papéis e prepara as aulas de acordo com os questionamentos.

Com reportagens jornalísticas sobre o tema, o professor explica os conceitos de respeito às diferenças, homofobia, preconceitos e mostra diferentes opiniões e atitudes. ?Eles conseguem identificar manifestações de preconceito e a se autocorrigir?, destaca.

Os vídeos que vazaram na internet não foram mostrados em sala de aula, porque estão em análise pela equipe pedagógica do colégio. Fernandes é favorável ao material, mas avalia que a imposição de um kit pode não surtir efeito entre os jovens. ?O material não deve ser construído de cima para baixo. O trabalho da diversidade sexual precisa ser desenvolvido em conjunto com os alunos?, pondera.

Contra preconceitos

No Colégio Franciscano Nossa Senhora do Carmo (Franscarmo), uma instituição católica, homofobia não é tabu. A pedagoga Andressa Ruiz aborda o tema com naturalidade nas aulas de orientação sexual para a 8ª e 9ª série do ensino fundamental. ?Trabalho a questão do respeito às diferenças. Não importa a religião, quando se fala em respeito e preconceito?, afirma a orientadora educacional.

O kit contra a homofobia despertou a curiosidade dos alunos, e a professora irá selecionar trechos dos vídeos para discutir na aula da semana que vem. ?Eles precisam ter clareza sobre os temas e quais são as implicações. As discussões aparecem na mídia, mas não são aprofundadas?, comenta.

Além de reportagens, Fernandes e Andressa trabalham com dinâmicas de grupo, jogos sobre a sexualidade e exibem trechos de filmes. O professor de filosofia utiliza trechos do ?Crianças Invisíveis?, produção da Unicef feita por diretores de diversos países, inclusive o Brasil, para exemplificar como os pais interferem na educação dos filhos. ?A homofobia, na grande maioria dos casos, é como se fosse princípios negativos herdados da família. Há episódios que mostram como a violência dos pais é passada para os filhos?, explica Fernandes. E é justamente este ciclo que ele pretende quebrar na escola.
http://www.tosabendo.com/conteudo/noticia-ver.asp?id=82196

O “kit gay” e a sociedade ainda medieval

O “kit gay” e a sociedade ainda medieval
168 acessos - 6 comentários
Publicado em 31/05/2011 pelo(a) Wiki Repórter LuisRio, São Luis - MA
Assisti aos três vídeos desta bendita polêmica e, apesar da opinião do Garotinho, realmente não tive vontade de mudar minha sexualidade, continuo mantenho minha condição de sempre, que é a de heterossexual. É importante que pessoas como o Garotinho, Bolsonaro e Cia compreendam que é infinitamente mais fácil eles verem os colegas deles “mudarem de posição” de vez em quando, por simples conveniências, do que alguém assistir um vídeo hoje e “virar” homossexual amanhã.

Não vi nada demais nestes vídeos que assisti (duas vezes cada um) e, não creio que incentive a ninguém a mudar sua sexualidade. Até porque sexualidade, ao contrario do que muitos pensam, não é algo que se muda. Na verdade quando ouvimos falar de alguém que “mudou”, estamos diante de um equivoco, pois sexualidade não se muda, no máximo, se assume. Conheço casos assim, de pessoas que passaram grande parte da vida negando a si próprias por entenderem que estavam fora dos padrões, temerem os preconceitos e somente depois de muito tempo, decidiram se assumir e enfrentar a tudo que essa condição lhes impõe. A começar com as dificuldades no próprio meio familiar.

Sexualidade não é opção, mas sim condição que não pode ser mudada (nem mesmo com as porradas do Bolsonaro), mas talvez aquele vídeo referente a bissexualidade, tenha sido infeliz ao focar em um certo momento, a questão da probabilidade. Isso não deveria ser colocado porque não vem ao caso, embora ainda, se trate apenas de uma meia verdade, seguindo o conceito do vídeo, um bissexual não aumentaria em 50% suas chances de conseguir um parceiro(a), talvez uns 10% no máximo, uma vez que alem do sexo oposto, restaria como opções, outro bissexual ou um homossexual, já que os heterossexuais não estão disponíveis para se relacionar (sexualmente falando) com estes.

Ainda com relação a estes vídeos, também concordo que não seriam adequados para as nossas crianças, não por causa de uma eventual influência como muitos (equivocadamente) acreditam, mas porque crianças não têm discernimento entender assuntos ligados a sexualidade, qualquer que seja, mas para os adolescentes não vejo realmente motivo de preocupações, os vídeos não são agressivos. Na verdade nem achei estes vídeos muito bons, olhando pela ótica do objetivo que estes possuíam, que é de evitar a homofobia, não acho que foram eficientes na mensagem que deveriam passar, mas certamente a intenção foi boa, intenção esta que foi sem dúvida alguma, de esclarecer e não de incentivar!

Seja como for, estou certo de que, nem estes vídeos, nem nenhum outro que seja, tem o poder de mudar a condição sexual com a qual uma pessoa veio ao mundo, as dúvidas com relação a isso são fruto da ignorância da maioria para com este assunto.

Estamos diante de um paradigma a ser quebrado um dia, quando nossa sociedade evoluir, mas os “sexualmente divergentes” não devem se desanimar, o tempo trabalhará em favor deles, vale mesmo lembrar que, de tempos em tempos, paradigmas são quebrados com a chegada do conhecimento (e o reconhecimento das verdades), se hoje nossa sociedade e nossos religiosos se valem dos relatos encontrados no “Levítico, Romanos, Coríntios e Deuteronômio”, para justificar um comportamento homofóbico, vale lembrar que no passado, já acreditamos inclusive que o sol (e tudo mais), girava em torno do nosso planeta Terra. Nesta época, os nossos religiosos, através da Santa Inquisição, quase levaram pra fogueira um tal de Galileu. Para que não lembra mais das aulas de historia, Galileu era aquele cara “ignorante”, que estava desafiando aquelas “verdades” teocêntricas da época, não lembram? Mas ta na história! Ele teve inclusive que se retratar, negando tudo que pregou, porém alguns séculos depois... onde estava a ignorância mesmo?

Percebe-se que historicamente, que na sociedade, os mais fortes costumam se apossar de tudo, até das verdade, hoje não é diferente...
http://www.brasilwiki.com.br/noticia.php?id_noticia=42746

Ideologia de Gênero: saiba mais e conheça riscos para a sociedade

Quinta-feira, 02 de junho de 2011, 09h07 | Atualizada, 10h20

Ideologia de Gênero: saiba mais e conheça riscos para a sociedade

Leonardo Meira
Da Redação


Montagem sobre imagens / ArquivoIdeologia de gênero busca deixar à liberdade de cada um o tipo de ''gênero'' a que quer pertencer, todos igualmente válidos
"Gênero" e "sexo" são sinônimos ou dizem respeito a realidades diferentes? Não é muito difícil encontrar os dois termos sendo usados de modo correlato, embora possuam sentidos completamente distintos. E é exatamente aí que se encontram os perigos da assim chamada Ideologia de Gênero (IG), em que a sexualidade humana é vista como "papel socialmente construído", pois o ser humano nasceria sexualmente "neutro".

"A Ideologia de Gênero começou com a revolução sexual, onde houve clara separação entre o corpo e o sexo ligado à procriação. Na desvinculação dessas questões, a pessoa vê o corpo não mais como algo que lhe é dado em seus caracteres biológicos e pessoais, mas como uma construção, adquirida a partir da sociedade e da cultura em que se vive", esclarece o doutorando em Teologia da Família pelo Pontifício Instituto João Paulo II para Estudos sobre Matrimônio e Família, padre Raimundo Mário Santana.


O que é Ideologia de Gênero?

"Os proponentes desta ideologia querem afirmar que as diferenças entre o homem e a mulher, fora as óbvias diferenças anatômicas, não correspondem a uma natureza fixa que torne alguns seres humanos homens e, a outros, mulheres. Pensam, além disso, que as diferenças de pensar, agir e valorizar a si mesmos são produto da cultura de um país e de uma época determinadas, que atribui a cada grupo de pessoas uma série de características que se explicam pelas conveniências das estruturas sociais de certa sociedade. Querem se rebelar contra isto e deixar à liberdade de cada um o tipo de 'gênero' a que quer pertencer, todos igualmente válidos. Isto faz com que homens e mulheres heterossexuais, homossexuais, lésbicas e bissexuais sejam apenas modos de comportamento sexual produto da escolha de cada pessoa, liberdade que todos os demais devem respeitar", explica o documento A ideologia de gênero: seus perigos e alcances, publicado em 1998 pela Conferência Episcopal Peruana, um dos mais completos textos sobre o assunto.

Acesse
.: A ideologia de gênero: seus perigos e alcances
.: Igreja e sexualidade: conheça a doutrina sobre o assunto

Essa tendência de diferenciação entre "sexo biológico" e "sexo social", enquanto construção das condutas e normas da sociedade, é bastante complexa e pouco estudada devido aos próprios empecilhos criados pelos adeptos da IG. "Não se permitem estudos mais aprofundados na área, pelo temor de que se leve a algum tipo de preconceito ou algo nessa linha. Acredito que é preciso ter em conta os aspectos corporais, fisiológicos. A estrutura social também tem suas influências, mas cada um de nós nasce com características que são próprias, seja de homem ou de mulher, que são inatas e não existe como modificar isso devido a uma questão social", salienta a doutora em Microbiologia e Imunologia com atuação na área de Bioética e professora da Universidade de Brasília (UnB), Lenise Garcia.

No aspecto religioso, o pensamento da IG acaba por defender a ideia de que Deus criou o homem, a mulher e mais todo o tipo de "gêneros" possíveis, ao bel-prazer de cada um. "São divisões que agridem a moral católica. Alguns vanguardistas da ideologia de gênero dizem que a Igreja está rejeitando algumas pessoas. Contudo, na verdade, não se pode afirmar tendenciosamente que Deus faz as coisas segundo o nosso querer. Aquilo que é o elã, a inspiração – Deus nos fez homem e mulher para partilharmos Sua obra criadora – transforma-se em elemento divisor", explica o doutor em Teologia Moral, coordenador nacional do grupo de reflexão sobre problemas morais da CNBB e padre da Arquidiocese de Londrina, Rafael Solano Durán.




Montagem sobre fotos / Arquivo PessoalDoutor em Teologia Moral e coordenador nacional do grupo de reflexão sobre problemas morais da CNBB, padre Rafael Durán, e doutora em Microbiologia e Imunologia com atuação na área de Bioética e professora da Universidade de Brasília, Lenise GarciaSubjetivismo e relativismo

Os adeptos da IG não apenas alimentam sua visão em discussões acadêmicas, mas organizam movimentos que tentam impor esse entendimento como o que deve ser aceito pelas legislações e direito civil (nos casos, por exemplo, do "casamento" homossexual ou da permissão de adoção por esses, para citar alguns). Aí surgem riscos para a estrutura da sociedade ocidental, baseada nos princípios cristãos e grandes valores humanos, como a família fundada no matrimônio entre o homem e a mulher.

Um dos maiores perigos da IG é o imenso espaço que se abre para o subjetivismo moral e sexual. Se ninguém nasce, mas se "faz" homem e mulher ao longo da vida, alguém poderia passar de um lado sexual para o outro a qualquer momento. "Seria uma esfera total do relativismo, da mudança de caráter, bem como daquele caráter absoluto de Deus Criador. Se eliminássemos a possibilidade de que Deus nos faz homem e mulher, diríamos que Deus é completamente ambivalente, que cria e recria de modo diferente", complementa padre Rafael.

Ele recorda que hoje já se vive um grande relativismo em questões sexuais, mas a situação moral e ética poderia se tornar ainda pior. "Cada um decide qual deve ser seu comportamento, sem nenhum tipo de referência objetiva. Isso leva não somente a uma crise de identidade, mas também a uma experiência verdadeiramente escravizante. Chega-se a um ponto tal em que cada um torna-se dono de suas próprias decisões, de suas próprias opções, mesmo se estiverem completamente erradas. A Ideologia de Gênero abre essa brecha para dizer que tudo é completamente permitido e completamente moral. Perderíamos o valor essencial e maravilhoso da nossa identidade: Deus nos criou seres únicos", justifica.


Reprodução e unidade

A questão da reprodução é outro item muito preocupante. "Diga-se o que se diga, só pode acontecer reprodução entre homem e mulher, e isso é algo fundamental para a continuidade da humanidade", sublinha a doutora Lenise Garcia. Ela também indica a influência dessa ideologia na educação das crianças. "Em uma sociedade em que não seja bem esclarecida a questão da sexualidade, uma criança pode interpretar que a amizade com outra do mesmo sexo tem alguma coisa a mais – ela poderia interpretar desse modo se na educação não for colocada de forma adequada essa questão", diz.

Já padre Raimundo aponta outro dano: "perde-se a unidade substancial do homem, pensado como um todo. Ele deixa de ser uma unidade entre corpo e alma e o sexo passa a ser visto como algo meramente físico, que se pode usar, manipular, ligado quase que somente à genitalidade. Esse movimento é perigoso justamente porque usa de técnicas que apresentam às pessoas a sexualidade apenas em vista de um prazer que se possa ter em benefício próprio, sem se dar conta de que a sexualidade caracteriza e forma a pessoa inteira", afirma.

Quando o homem perde sua identidade como macho e fêmea, como homem e mulher, quebra-se o vínculo que esse caráter tem para todos os âmbitos da vida. "Quebrando essa unidade, quebra-se também todos os outros valores que da sexualidade dependem: o matrimônio, a família, os vínculos sociais, pois se banalizam elementos essenciais para a constituição da pessoa e da sociedade. Colocando em dúvida a diferença sexual, coloca-se em risco todos os outros valores da vida humana que estão intimamente ligados a essa diferença", ressalta o sacerdote.




Montagem sobre fotos / Arquivo PessoalDiácono permanente e formador de casais da Comunidade Canção Nova, teólogo Paulo Lourenço, e o doutorando em Teologia da Família pelo Pontifício Instituto João Paulo II para Estudos sobre Matrimônio e Família, padre Raimundo Mário SantanaDiferenças

A doutora Lenise Garcia indica que deve ser feita uma distinção muito clara entre o respeito que cada pessoa humana merece – independente de toda e qualquer escolha que faça, devido à dignidade humana a qual todos têm direito – e a realidade de não se poder colocar em posição crítica em relação a determinados comportamentos. "Muitas vezes, não se faz essa distinção, como se a crítica ao comportamento fosse uma crítica à pessoa. É preciso se entender bem isso para não se fazer confusão nessa área".

O formador de casais da Comunidade Canção Nova, teólogo e diácono permanente, Paulo Roberto Oliveira Lourenço, lembra que as questões ligadas à sexualidade humana nunca podem estar desvinculadas das emoções e afetos humanos, que são próprios do sexo masculino e feminino.

"A mulher tem a sua afetividade aflorada por emoções e o seu comportamento sexual sempre estará ligado à busca de um vínculo amoroso, o que não acontece com o homem, que tem características humanas mais voltadas ao prazer e as suas emoções são reservadas. Qualquer mudança que se queira fazer, com o argumento de que a sociedade pode construir um 'gênero' diferente, estará fadada ao fracasso da própria pessoa humana, pois os seus afetos não mudam. Podem se distorcer, o que acontece muito, gerando pessoas infelizes, emocionalmente desequilibradas, feridas na sua afetividade", sublinha.
http://noticias.cancaonova.com/noticia.php?id=281960