Postado em 3 DE SETEMBRO DE 2012
Paloma Rodrigues / Agência USP de Notícias
Recentes estudos dos genes FGF9 e FGFR2, em pacientes portadores de distúrbios do desenvolvimento testicular identificou uma nova mutação no gene FGFR2. A constatação pode vir a comprovar a participação efetiva do FGFR2 no distúrbio do desenvolvimento sexual em humanos, que gera anomalias nas gônadas sexuais. É o caso de pacientes que possuem os cromossomos XY mas que desenvolvem genitália feminina ou ambígua. Ou seja, eram para ser meninos, mas o desenvolvimento anormal do testículo e produção de hormônios masculinos insuficientes determinou o desenvolvendo de uma genitália feminina ou ambígua, explica a bióloga Aline Zamboni Machado. Os cromossomos sexuais determinam o sexo, sendo que XX representa um embrião feminino e XY um embrião masculino.
Evidências do envolvimento do gene FGFR2 no processo da formação testicular já foram descritas em estudos com animais (camundongos).
Em alguns casos, o distúrbio sexual gonadal não pode ser identificado externamente, já que a disfunção é interna. São nesses casos em que as pessoas descobrem a disfunção mais tardiamente, já que externamente a criança tem características femininas normais. A família só percebe que existe algo de errado quando a menina não menstrua e não começa a desenvolver seios, explica.
Todos os embriões tem gônadas em bipotenciais. Ou seja, podem desenvolver ovários ou testículos e assim ser mulher ou homem, respectivamente. Essa determinação acontece graças à ação de diversos genes sobre à gônada. Uma disfunção nesses genes pode gerar alteração na determinação e diferenciação dos órgãos sexuais. Esses genes agem sobre a gônada em cascata, ou seja, uma série de genes vai agindo em sequência. Os que Aline estudou foram os dois primeiros genes dessa cascata.
O que é interessante observar é que: se o embrião fosse XX ele não sofreria nenhuma disfunção. Nasceriam meninas normais. O gene que causa a disfunção está presente no Y, então embriões XY que viriam a ser meninos sofrem essas alterações em sua genitália.
O que Aline constatou é que a mutação também estava presente na mãe nas meninas, mas como a ela era XX esse gene não lhe causou nenhuma alteração. A partir dessa identificação é possível fazer um aconselhamento genético para a família, orientando o risco do casal de ter outros filhos com a mesma doença, no caso de outra gestação com bebê do sexo masculino.
As duas irmãs estudadas na pesquisa passaram por cirurgia para a remoção dos órgãos masculinos e passarão a tomar hormônios femininos para o resto da vida, com a finalidade de indução do desenvolvimento das características corpóreas femininas.
A pesquisa foi orientada pela professora Sorahia Domenice e faz parte do grupo de pesquisa Unidade de Endocrinologia do Desenvolvimento, liderado pela professora Berenice Bilharino de Mendonça.
Mais informações: email li_zamboni@hotmail.com
Fonte: USP
http://www.salariominimo.net/2012/09/03/pesquisa-da-fmusp-revela-que-mutacao-em-gene-pode-explicar-disturbio-em-gonadas-sexuais/
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