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quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Site erótico para cegos


Locutor oferece detalhes de vídeo de sexo explícito, como descrição dos personagens, roupas, cenário e enredo


A página Porn for the blind (pornô para cegos) traz descrições de filmes de sexo gravadas por usuários da internet. Criado pela organização não governamental (ONG) de mesmo nome, o site foi lançado há cinco anos com poucos clipes sonoros, a maioria em voz masculina e em inglês. Hoje conta com dezenas deles, que podem ser baixados de graça. Antes do início de cada narrativa, o locutor dita o link onde o filme original pode ser acessado, para que o espectador possa ouvi-lo junto à descrição. Em seguida, conta tudo o que acontece no vídeo de sexo explícito, oferecendo o maior número de detalhes possível, como descrição dos personagens, roupas, cenário e enredo – o objetivo é alimentar a imaginação de quem ouve. Internautas que tiverem interesse podem contribuir para o acervo – o site traz link para um software que capta as gravações e as envia para os administradores da página: www.pornfortheblind.org
http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/site_erotico_para_cegos.html

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

LESÕES MEDULARES E A VIDA SEXUAL

QUARTA-FEIRA, 13 DE ABRIL DE 2011

LESÕES MEDULARES E A VIDA SEXUAL


A abordagem desse tema geralmente acontece com um profissional que o paciente sente mais afinidade. Tema este que deve ser conhecido pelo profissional da saúde para aconselhar e esclarecer o paciente da forma mais natural possível.
Profissionais da área da saúde precisam ter cuidado para que as pessoas com incapacidade física possam aprender mais sobre si mesmas, não se limitando a informações focais ou generalizadas, quando não errôneas, a respeito de suas incapacidades físicas. A falta de orientação do paciente, muitas vezes deve-se a falta de orientação profissional.
A trajetória da atividade sexual após lesão medular inclui um período de assexualidade, seguido por um período de redescoberta que ocorre durante o tempo de reabilitação. Apesar de ocorrer um período de “luto sexual” é recomendado um período espera e quando sentir-se pronto dar início à reabilitação da vida sexual.

A resposta sexual masculina
A resposta sexual está diretamente relacionada com o nível e a abrangência da lesão. Da mesma maneira que a função vesical e intestinal, as capacidades sexuais são divididas de modo amplo entre lesões de neurônio motor superior (NMS) e lesões de neurônio motor inferior (NMI).

Capacidade erétil
Há dois tipos de ereção: a reflexogênica e a psicogênica. As ereções reflexogênicas ocorrem em resposta a uma estimulação física externa dos genitais ou períneo. É necessário um arco reflexo intacto (mediado por S2, S3 e S4). As ereções psicogênicas ocorrem por meio de atividade cognitiva, como fantasias eróticas. Elas são mediadas pelo córtex cerebral através dos centros medulares toracolombar ou sacral.

Ejaculação
Há uma incidência mais alta de ejaculação em pacientes com lesões de NMI que em com lesões de NMS, entre lesões de nível baixo versus lesões de níveis mais altos, e lesões incompletas em comparação com completas.
Historicamente, poucos pacientes com lesão medular são capazes de gerar filhos. Esse baixo nível de fertilidade está associado com um comprometimento na espermatogênese e uma inabilidade de ejacular. Contudo, evidências recentes sugerem melhora da resposta ejaculatória e uma qualidade mais alta de sêmen por meio de estimulação vibratória. As amostras produzidas são usadas para inseminações intra-uterinas.

Orgasmo
O orgasmo e a ejaculação são dois eventos separados. O orgasmo é um evento cognitivo, psicogênico, enquanto a ejaculação é um evento físico. Existem problemas metodológicos pela falta de critérios para definir orgasmo, e diferenciar orgasmo de ejaculação e uma explicação fisiológica de como se chega ao orgasmo sendo um paciente com lesão medular completa. Atualmente não existem dados acurados disponíveis sobre os efeitos da lesão medular no orgasmo.

A resposta feminina
As respostas sexuais femininas também seguem um padrão relacionado com a localização da lesão. Em pacientes com lesões de NMS, o arco reflexo permanecerá intacto. Portanto, os componentes do despertar sexual (a lubrificação vaginal, engurgitamento dos lábios e ereção do clitóris) ocorrerão por meio de estimulação reflexogênica, porém a resposta psicogênica será perdida como no homem.

Menstruação
O ciclo menstrual é tipicamente interrompido por um período de mais ou menos de um a três meses após a lesão medular. Depois desse período, o fluxo menstrual retorna ao normal.

Fertilidade e gestação
O potencial para concepção permanece preservado. A gestação deve ser rigorosamente planejada pelo alto risco de comprometimento respiratório. Devido a alteração da sensibilidade, o trabalho de parto não será sentido, mas deverá ser percebido. O trabalho de parto pode precipitar o aparecimento da disreflexia autonômica. Tudo isso pode ser minimizado com um internamento hospitalar prematura antes do parto.
As contrações uterinas são controladas por ação hormonal e não são afetadas pela paralisia, mas a ação da musculatura abdominal estará paralisada, o que poderá aumentar o trabalho de parto em caso de parto natural.

Orientações para reabilitação
Nos casos de lesão medular, o intercurso sexual pode não se processar de modo espontâneo, faz-se necessária uma preparação, como esvaziamento da bexiga, adequação de posição, etc. O deficiente físico pode e deve procurar sua satisfação sexual. A ênfase no genitalismo como única forma de expressão e gratificação sexuais pode ser trabalhada na reabilitação, desde que haja interesse e o movimento seja adequado para o cliente, bem como se faz necessário ter profissionais aptos a trabalharem com as questões emergentes.
A importância de conhecer as zonas erógenas potencialmente causadoras de satisfação após a lesão é aconselhada por diversos autores. Estes autores referem que a sexualidade possui outras implicações, conectadas intimamente com especificidades emocionais, que deve ser explorada por uma atividade diversificada. A alteração da sensibilidade perineal pode ser substituída pela exploração e descoberta de novas zonas erógenas. ¨
Não raramente, a dependência física é acompanhada por dependência emocional, levando o indivíduo a afastar-se do processo de busca de sua integridade psíquica que muitas vezes é abalada. Alguns apresentam atitude de negação da realidade, grandes expectativas, etc.
Alguns comportamentos são esperados, como por exemplo: negação da própria deficiência e depressão reativa conseqüente da perda da autoestima, mas podem, com o tempo e devido tratamento, ser substituídos pela aceitação da realidade.
Existem alguns aspectos que passam por um processo de adaptação e estão fortemente relacionados à sexualidade: imagem corporal, auto-estima e identidade sexual. O ajuste sexual desempenha papel importante, justamente por estar interligado com a auto-estima. Podem aparecer também sentimentos de vergonha, medo, considerando alguns que sua deformidade venha a ser motivo de rejeição social e sexual, podendo acarretar em isolamento por parte do portador de lesão medular, contribuindo para dificuldades no ajuste sexual.
Com a instalação da deficiência, muitas vezes se faz necessário ocorrerem novas adaptações no relacionamento sexual que, se não forem discutidas e experimentadas, poderão resultar numa inadequação sexual, o que pode significar um prejuízo para a reabilitação global da pessoa.
A falta de disposição de um paciente para falar sobre sexualidade não significa, necessariamente, falta de interesse, podendo estar ansioso ou temeroso sobre as implicações sexuais acarretadas pela incapacidade física, ou pode ainda não ser o momento adequado para se trabalhar esse aspecto.
Segundo Krusen, a sexualidade é uma questão que faz parte da saúde e bem-estar de um indivíduo. A reabilitação preocupa-se com o paciente integralmente e, portanto, a sexualidade, como função natural, faz parte desse todo. O processo de ajustamento sexual varia de acordo com cada paciente e depende de alguns fatores, incluindo ajustamento psicológico prévio, qualidade do sistema de apoio, idade, sexo, saúde física, sistema de crenças e tipo de lesão.

Conclusão
A obtenção da satisfação sexual por estimulação dos órgãos sexuais por si só não é determinante da satisfação sexual de forma geral, havendo outros fatores que podem interferir positiva ou negativamente nessa busca, compondo um complexo que pode envolver capacidade criativa, capacidade de imaginação, compreensão da parceira, etc.
A relação sexual da pessoa com lesão medular deve ser fundamentada numa visão ampla de sexualidade, não somente no ato sexual em si, mas em atitudes que englobam sensibilidade espiritual, não somente física, entre comportamentos, emoção e amor. Após uma lesão é necessário redescobrir-se, descobrir a si mesmo, a sua nova condição física e extrair a melhor função apesar das limitações impostas pela lesão.
Pessoalmente, aprendi mais sobre sensibilidade com meus pacientes do que jamais poderia ensinar a eles. Não estou me referindo sobre a sensibilidade que é óbvia, a física e que pode ser testada com um mapa dermatométrico. Falo de sensibilidade de verdade, o sentir o mundo com ternura e afeição. Talvez uma pessoa não possa sentir o toque, o abraço e a caricia como antes, mas certamente ela não perdeu o dom da sensibilidade. Existem outras formas de sentir.

Referências
ALVES, A. S. Um estudo sobre a satisfação sexual de pessoas portadoras de lesão medular. Acta Fisiátrica 6(1): 6-9, 1999.
GARRETT, A. Da actividade sexual à sexualidade após uma lesão medular adquirida. Rev. Da Faculdade de Ciências da Saúde. Porto: 2009.
O’ SULLIVAN, S. Avaliação e tratamento. São Paulo: Editora Manole.

Fonte: Gabriel Duarte de Freitas; Site Ser Lesado

Referência: Boas Práticas Farmacêuticas

SEXUALIDADE MASCULINA APÓS LESÃO MEDULAR- PARTE 1

DOMINGO, 29 DE MAIO DE 2011

SEXUALIDADE MASCULINA APÓS LESÃO MEDULAR- PARTE 1



Muitas pessoas associam lesão medular à perda da função sexual, particularmente em homens, mas na verdade, paralisia hoje em dia não significa mais o fim de relacionamento sexual ou da habilidade para a paternidade.
Cerca de metade dos homens com LM são incapazes de apresentar ou manter uma ereção sem ajuda e, 95% de ejacular, diz Dr. Richard E. Berger, professor do Departamento de Urologia e Co-Diretor do Centro de Reprodução Sexual da Clínica Médica da Universidade de Washington. Ambos os problemas, diz Berger, podem agora ser conduzidos de maneiras diferentes.
Talvez o mais simples método de produzir uma ereção seja o de usar uma bomba de vácuo que se adapte ao pênis e que traga sangue para dentro dele por meio de sucção. Este método é muito efetivo e traz resultados satisfatórios em 80 a 90% dos homens que o utilizam, sendo que, além de tudo, é um método completamente não invasivo. Cuidados devem ser tomados para se evitar a formação do anel constritivo por mais de meia hora de cada vez, prevenindo assim, o risco de se formarem coágulos dentro do pênis.
“Uma bomba de vácuo custa, geralmente, menos do que US$500 (dólares)”, diz Berger. A desvantagem é que o uso desse equipamento requer um planejamento e aptidão para usá-lo e alguns casais se sentem embaraçados para utilizar o equipamento. A bomba também pode causar hematoma no pênis se for bombeada com muita força ou por muito tempo.
Outro método para produzir uma ereção é injetar uma pequena quantidade de droga, usualmente a prostaglandina E-1, diretamente no pênis, para aumentar o fluxo sanguíneo. “Essencialmente, essa injeção faz o mesmo papel que os nervos fariam sobre os vasos sanguíneos” diz Berger. “Uma pequena agulha de insulina (da mesma utilizada pelos diabéticos) é utilizada no processo e, mesmo para homens com alguma sensação, não é muito doloroso.”
Assim como no método de sucção/constrição, a dose da medicação deve ser ajustada para agir somente durante 30 minutos, para evitar o perigo de uma ereção muito prolongada. “As primeiras injeções são aplicadas numa clínica para que seja estabelecida a dosagem correta”, diz Berger. Injeções no pênis podem ser utilizadas somente uma vez por dia e existe o risco de causar ferimento no pênis, por isso, Berger recomenda que elas não sejam usadas mais do que 2 vezes por semana. Muitos homens com LM preferem este método porque é mais rápido e não requer um equipamento aparatoso. A droga funciona em 60-70% dos casos em que é utilizada e custa cerca de US$10 a US$20 (dólares) por injeção, dependendo da quantidade usada em cada aplicação.
Se um homem com tetraplegia não tem a capacidade de operar uma bomba de vácuo, ou aplicar a injeção por si mesmo, sua companheira deverá aprender a fazer isso por ele. Muitos casais aprendem a incorporar esses recursos como parte do ato sexual e até descobrem que eles podem aumentar a excitação. Quando nem a bomba de vácuo e nem a injeção produzem os efeitos desejados os homens com LM podem optar por fazer um implante cirúrgico de um aparelho semi-rígido ou inflável no pênis. “Existem muitos tipos de implantes penianos mas, os que funcionam melhor para os homens que não possuem sensação são os que possuem um sistema de auto insuflação”, diz Berger. Nestes sistemas, uma pequena bomba, usualmente localizada na ponta do pênis, insufla o implante com fluído quando a ereção é desejada. Na LM, a falta de sensação pode levar a um problema de erosão peniana que é uma lesão feita na pele, provocada pelo o implante, e que acontece devido a falta de sensibilidade local. Implantes que se tornam flácidos quando não estão em uso criam menos pressão sobre a pele e também menos risco de erosão.
Implantes penianos são também úteis para homens que tem problema com o uso de catéter de borracha e apresentam retração peniana. No entanto, a colocação de um implante peniano danifica o tecido erétil do pênis. Se um implante for removido, o tecido não funcionará tão bem como funcionava antes do implante ser colocado. “Implantes também são muito dispendiosos custando uma faixa de US$10.000 (dólares), ou mais, pelo implante e mais a cirurgia para colocá-lo”, diz Berger. “Desta maneira, nós aconselhamos que sejam tentados outros métodos mais baratos e reversíveis em primeiro lugar”.
Tecnologia e medicina podem tornar a relação sexual possível para homens com LM mas, o ato sexual em si não será o mesmo de antes da lesão. Sem a sensação genital e/ou o orgasmo, os homens com LM normalmente devem aprender a focalizar a relação sexual em outras formas alternativas de estimulação. “Outras áreas do corpo frequentemente se tornam mais sensíveis”, diz Berger. “Quando os homens com lesão medular sonham,” ele adiciona, “eles normalmente sonham consigo mesmo como não possuindo LM. No sonho eles podem sentir tudo. Eu conheço alguns deles que conseguem se colocar dentro de um sonho quando vão fazer sexo.”
“Homens com paralisia também se tornam mais concentrados em proporcionar prazer as suas companheiras e isso proporciona a eles próprios mais prazer”, diz Berger. “Eles gostam de observá-las e isso estimula o desejo deles em querer fazer as coisas funcionarem o mais próximo do normal possível. Imaginar que eles podem funcionar sexualmente e satisfazer suas companheiras sexualmente traz satisfação e muito mais ainda quando eles conseguem realizar isto de fato. Sexo é muito mais do que o que está entre as orelhas.”

FONTE: Bengala Legal

SEXUALIDADE MASCULINA APÓS LESÃO MEDULAR - PARTE 2

TERÇA-FEIRA, 31 DE MAIO DE 2011

SEXUALIDADE MASCULINA APÓS LESÃO MEDULAR - PARTE 2

Fertilidade
Em muitos casos, os testículos continuam produzindo esperma após a LM mas, a ejaculação está impedida. Assim, o desafio para os homens com LM que querem tornar-se pais é conseguir retirar o esperma de dentro de seus corpos a fim de que ele seja utilizado em inseminação artificial. Existem 3 técnicas básicas: duas para induzir a ejaculação e outra envolvendo a remoção cirúrgica através de uma pequena incisão na bolsa escrotal. Porque o método cirúrgico pode causar ferimento e um possível bloqueio nos vasos deferentes, Berger diz que, geralmente, outros dois métodos, descritos a seguir, são tentados primeiramente.
Um deles é colocar um vibrador contra a cabeça do pênis para estimular o reflexo da ejaculação. Este método tem sido usado durante 13 anos e funciona bem em homens com injúrias abaixo de L2, nos quais os reflexos necessários estão praticamente preservados. “Um novo vibrador que foi criado tem trazido o índice de sucesso para cima de 70%”, diz Berger. “É um método que pode ser usado em casa e o esperma pode ser inseminado em casa mesmo, usando-se uma seringa vaginal, o que faz com que todo o processo pareça menos clínico.
O segundo método, que tem sido usado por 6 a 7 anos é estimular a glândula prostática, a vesícula seminal e os vasos deferentes, com um cabo elétrico introduzido no reto. A estimulação faz com que a glândula se contraia produzindo ejaculação artificial. Para os pacientes que possuem sensação, a eletroejaculação pode ser dolorosa e necessita ser realizada com anestésicos, diz Berger “mas, felizmente para a maior parte das pessoas que utilizam este método, elas não podem mais sentir dor”.
Ambos os métodos, a estimulação vibratória e a eletroejaculação, podem causar disreflexia autonômica, assim, a pressão sanguínea deve ser monitorizada de perto, durante ambos os procedimentos. “Se alguém começar a apresentar elevação da pressão sanguínea nós interrompemos o processo.” Os pacientes que apresentam disreflexia durante o procedimento podem ser tratados com uma droga tipo nifedipine antes de uma sessão futura, para controlar o problema.
“Outra preocupação com a indução da ejaculação é o nível de atividade e mobilidade do esperma que deve estar baixa, especialmente no principio da lesão”, diz Berger. Em homens que não ejaculam o esperma fica depositado no trato por um longo período o que reduz a mobilidade do espermatozóide. Este problema pode ser melhorado frequentemente usando-se estimulações repetidas e tratando-se o esperma recém adquirido no laboratório com drogas que aumentam o nível de energia celular.
Com estes métodos, diz Berger, sua clínica atingiu um aumento no índice de gravidez próximo aos 30%. “Depende do quanto persistente as pessoas são” ele adiciona. Utilizando-se os melhores meios, pessoas com LM apresentam um índice de gravidez de apenas 20% ao mês, havendo necessidade de se repetir muitas vezes, antes que a inseminação artificial possa ser um sucesso. Nos últimos 5 anos, Berger estima que a sua clínica habilitou cerca de 20 homens a se tornarem pais.

FONTE: Bengala Legal

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Sem dar bola para preconceito, deficientes quebram tabus sexuais em Itatiba

21/05/2011 17:51
Sem dar bola para preconceito, deficientes quebram tabus sexuais em Itatiba
Assunto ultrapassou barreiras, mas há etapas a vencer

Mari Giro
Carlos Lemes Jr
Agência BOM DIA

Ele é cadeirante e namora? Ela é cega e é casada? Quem nunca ouviu algo assim e percebeu olhares ressabiados?

Felizmente – e por esforço dos deficientes – cenas de estranhamento como essa vêm aos poucos se tornando menos comuns.

“Temos dois alunos que estão namorando”, conta a psicóloga escolar Joyce Muller Corredor, que trabalha na Apae de Itatiba. Ela diz que a relação entre um cadeirante, de 22 anos, e uma jovem de 18 com limitação intelectual começou nos jardins da escola.

Eles exibem felizes suas alianças de compromisso. “Os dois se dão muito bem. Como qualquer casal conversam todos os finais de semana, andam de mãos dadas e trocam beijos”, diz. As famílias sabem da relação e a preservam.

“Esse casal é um exemplo de que qualquer pessoa pode ter sua sexualidade vivenciada, independe de ser deficiente – e do tipo de deficiência”, explica a especialista. Entre deficientes, nada os difere na sexualidade das pessoas tidas como normais. Para o sexo, não há diferenças.

“Qualquer que seja a deficiência, a maturidade sexual chega para essas pessoas na mesma idade que os demais. O que os diferencia é que eles têm em geral menor convívio social, o que reduz a chance de encontrar parceiros”, diz.

É nessa hora que entra a família, seu apoio e sua visão de que o deficiente pode se relacionar amorosamente, desde que respeitados seus limites. A discussão de sexualidade e deficientes físicos, por exemplo, se popularizou depois da personagem cadeirante Luciana, interpretada por Aline Moraes na novela “Viver a Vida”, da Rede Globo, exibida até 2010.

SUPERAÇÃO/ Um exemplo da tentativa de quebrar esse tabu é do jornalista Jairo Marques, 34, deficiente físico desde que nasceu. Em seu blog Assim como Você, ele diz que “as melhores transas são aquelas em que a gente explora todos os nossos sentidos, emoções, pele, cheiro”. Segundo sua experiência, é possível ter prazer até “falando bobagens”. A dica que ele dá para os deficientes é evitar o nervosismo e perceber que o parceiro também precisa de ajuda para lidar com a situação.

“Acho que o deficiente precisa ter consciência que é ele o ‘diferente’ da história e, assim, tem de guiar o parceiro na hora H”, afirma.

Segundo ele, é comum acharem que os deficientes, sobretudo os que têm algum tipo de paralisia, sofram de impotência. “As dúvidas também recaem sobre a fertilidade ou mesmo sobre a capacidade de ter uma vida sexual ativa. Em parte, essas dúvidas têm razão de ser.

Algumas pessoas que tiveram lesões medulares graves, devido a um acidente, por exemplo, podem perder a sensibilidade”, diz Jairo. Em casos desse tipo, medicamentos contra disfunção erétil costumam ajudar.

Mas como lida com a situação quem andava normalmente e agora está preso a uma cadeira de rodas? É o caso do estudante Fernando Abud, 20, que ficou tetraplégico depois um acidente de surf em Ubatuba.

Ele diz que tinha uma vida normal e que hoje, a vergonha e o medo são os principais obstáculos. “As meninas tem medo de tocar em você quando você está em uma cadeira de rodas, parece que elas têm receio de quebrar o seu corpo com um simples abraço”, diz.

Ele ressalta que, para uma pessoa que fica tetraplégica, o suporte da família é fundamental. “O apoio de familiares e amigos é importantíssimo para nós não ficarmos reclusos dentro de casa e nos adaptarmos a nossa nova condição”. O rapaz não arrumou namorada desde o acidente, mas deixa um conselho.

“Acho que temos que nos impor diante da menina e mostrar para ela que podemos ter um encontro único por que estamos em uma situação única”, conclui.

LIVRO PRECURSOR/ Marcelo Rubens Paiva e seu clássico romance autobigráfico “Feliz Ano Velho”, de 1982, foi um dos pioneiros no Brasil a abrir o coração e falar de sua condição de cadeirante. Antes um ativo e despreocupado jovem, Rubens Paiva ficou tetraplégico aos 20 anos num acidente em um lago de Campinas.

No livro conta em detalhes sua vida sexual antes e depois da cadeira de rodas, e sua luta para ser reconhecido em sociedade na ‘nova’ condição. A história rendeu título de bestseller ao livro, peças de teatro e uma adaptação homônima para o cinema.
http://www.redebomdia.com.br/noticias/dia-a-dia/54543/sem+dar+bola+para+preconceito,+deficientes+quebram+tabus+sexuais+em+itatiba

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Conversa, toques, óleos... Por uma vida sexual ativa

Sexo em pauta
Conversa, toques, óleos... Por uma vida sexual ativa

Por Leandro Vieira Foto Divulgação

Na minha cadeira ou na tua?. A frase é exatamente um trocadilho com a famosa proposta "na minha casa ou na sua?", e também o nome do livro da publicitária Juliana Carvalho, Editora Terceiro Nome. A autora venceu o preconceito ao esboçar em páginas um pouco de sua experiência sexual. "Falar da vida se xual de pessoas com deficiência ainda é tabu em muitos sentidos. É difícil, por exemplo, conseguir informações mesmo com profissionais de saúde em geral. Poucos sabem o básico sobre sexualidade de lesados medulares, por exemplo. E, quando conhecem, não sabem como abordar o tema", diz a gaúcha, que comemora avanços na área da comunicação, ao longo dos últimos anos. "Hoje, se você procurar por 'sexualidade e cadeirante' na internet, já encontra artigos e blogs".

Juliana tornouse cadeirante aos 19 anos, em decorrência de uma inflamação na medula espinhal. Ela não era mais virgem quando teve a lesão, e enfrentou dificuldade para recomeçar a vida sexual. "Fiquei cinco anos sem fazer sexo. Foi estranho perder a sensibilidade do seio para baixo e passei por um longo processo de readaptação. Atualmente, sou feliz e conheço meus prazeres. Por estar bemresolvida e para ajudar os outros, ministro palestras informativas sobre o assunto", orgulhase.

Mas como é possível remanejar o prazer? A pessoa com deficiência física precisa reaprender a ativar sua sexualidade, encontrando pontos eróticos antes adormecidos pelo vigor físico. A pele é nosso maior órgão sexual, então, se há a perda da sensibilidade é preciso encontrar novas formas de estimular o cérebro. "Por exemplo, ver o que está acontecendo dá muito tesão. Eu sei o que sentia quando alguém passava a mão na minha perna, então vendo, eu reativo a sensação na minha cabeça", conta a escritora.


Márcio Linhares, psicólogo clínico e especialista em sexualidade humana afirma que não existe uma fórmula para alcançar a satisfação e que isso deve ser trabalhado individualmente. "A melhor maneira para se descobrir uma zona erógena é exercitando, buscando a máxima sensibilidade possível nos mais variados pontos do seu corpo. Vale lembrar que a capacidade de se sentir ainda um sujeito sensível às excitações é deixada clara na presença de sonhos eróticos e outras manifestações do tipo", exemplifica. "Cada deficiência física implica em variações de possibilidades e percepções do próprio corpo e do outro. A maior parte das lesões medulares, por exemplo, resulta na diminuição de sensibilidade genital, e a atenção desta pessoa poderá ser dirigida a outras áreas para a obtenção de prazer", diz Oswaldo Rodrigues Junior, psicoterapeuta do Instituto Paulista de Sexualidade. Segundo ele, somente uma pessoa orientada para esta busca conseguirá produzir esta percepção erótica em áreas extragenitais. E como conseguir essa orientação? Conversando com diferentes pessoas (com deficiência ou não), especialistas e, o mais eficaz, com o parceiro sexual. "É bom você falar, antes da relação, do que gosta e qual é o modo mais fácil e prazeroso. Assim, não há perigo de acontecer algum dano aos membros sem sensibilidade", diz Cynthia Pinheiro, estudante de desenho industrial, paraplégica devido a um acidente automobilístico há quatro anos. A jovem afirma que sua vida sexual não é muito ativa devido à sua personalidade mesmo. "Eu era assim antes da cadeira, mas confesso que uma coisa mudou mais ainda: agora eu prefiro ter intimidade com a pessoa antes de ter relações sexuais, para não haver nenhum tipo de constrangimento. E, em minha opinião, é muito importante a outra pessoa ter um conhecimento básico sobre nossa deficiência e de como funciona nosso corpo agora". A estudante ainda conta que já namorou um cadeirante e compara o sexo quando o parceiro tem deficiência ou não. "Na relação sexual com outro cadeirante não dá pra inventar muito, mas nem por isso deixa de ser prazerosa - basta que ambos entendam as limitações um do outro. Já com a pessoa que não tem deficiência, na prática, fica mais fácil, mas acontece muito de a pessoa sem a deficiência ficar perdida na hora, sem saber o que fazer com medo de machucar a pessoa com deficiência".

"Acho engraçado as pessoas pensarem que só porque você tem deficiência vai ter de se relacionar apenas com quem também tem", diz Juliana Carvalho.
Páginas sobre sexualidade
Os tabus sobre a relação sexual entre as pessoas com deficiência ainda são muito discutidos na sociedade e especialistas. Pensando em desmistificar o tema e diminuir o sentimento de vergonha e o isolamento afetivo que muitos se condenam, o psicólogo Fabiano Puhlman Di Giralamo escreveu o livro A revolução sexual sobre rodas - conquistando o afeto e a autonomia, da Editora O Nome da Rosa. Por ser tetraplégico e especialista em integração de pessoas com deficiência, o autor priorizou o esclarecimento das principais dúvidas sobre tratamentos, recursos e atitudes que devem ser mantidas para uma sexualidade livre e longe de medos. E, segundo o psicólogo, para que isso aconteça, deve-se primeiro conquistar a autonomia e se aceitar, e assim, a potência sexual fluirá naturalmente.
www.nomedarosa.com.br
Oswaldo complementa: "como existe uma limitação de movimentos por falta de sensibilidade, a atenção ao corpo do outro é mais relevante para não se forçar algum movimento que machuque o genital"

Márcia Gori, presidente do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência de São José do Rio Preto e apresentadora do programa Diversidade Atual, na RPTV, canal 30, vai no mesmo caminho: "não vamos ter impulsividade com pessoas que têm fragilidade, mas o sexo pode ser satisfatório se existir vontade e delicadeza de ambas as partes. É preciso saber ouvir, sentir, curtir, gostar e desejar, e a pessoa com deficiência pode conduzir o parceiro nas posições mais agradáveis".


Foto de Márcia Gori e Faraoni Fontes na campanha Devoteísmo: uma questão de escolha...Márcia fez uma exposição na Reatech 2011 com o tema: Toda nudez será revelada.
Paraplégica desde os 19 anos, quando sofreu um acidente de carro, ela já teve relações sexuais tanto com parceiros com deficiência quanto sem. "Nos dois casos é importantíssimo que um conheça os gostos e as limitações do outro - desse modo, a chance de acertar na hora do sexo é bem maior. E há algumas regrinhas práticas antes do rala e rola: esvaziar a bexiga e estar com o intestino limpo são cuidados importantes para não acontecerem acidentes desagradáveis", ensina. Quanto às posições, os especialistas apontam que o conforto e a sensibilidade devem dosar a relação, já que, quanto mais confortável o parceiro estiver, melhores serão as chances de satisfação no ato. Oswaldo dá uma boa dica: "Pessoas com lesões medulares podem fazer bom uso de cadeiras de balanço, dessas que a gente encontra em parques de diversão de crianças. Seria necessária uma adaptação no quarto com estes assentos móveis, mas o esforço compensa, já que permitirão um tipo de movimento mais fácil durante a relação".

Juliana também opina: "As posições mais confortáveis para o cadeirante são por baixo, de ladinho e aquela em que ficamos de perna aberta e barriga para baixo". Se a falta de movimento já não permite mais à pessoa mexer a cintura, Cinthya tem a solução: "um travesseiro embaixo do quadril pode fazer milagres".

Os cuidados que a relação sexual com uma pessoa com deficiência física pede não devem ser encarados como perda ou algo de outro mundo. Pelo contrário. Todas as cautelas devem ser tomadas para que a relação não gere cansaço, dificuldades, desconforto, dores e desânimo - como em qualquer transa. "Uma relação com uma pessoa com deficiência vai requerer uma ação mais longa de cuidados, carinhos e preliminares. Massagens com óleos, talcos e outros materiais que despertem satisfação e prazer por outras janelas sensoriais (olfato, audição, tato, visão, paladar) vão potencializar o clima e o prazer para a parceria", diz Linhares.

A raiz teórica e prática do problema!
Tanto pela recorrência, quanto pela relevância, a questão da impossibilidade da prática sexual, seja do ponto de vista motor ou psicológico, gera conteúdo de estudos e análises, como demonstra literalmente a obra: Inclusão e Sexualidade: na voz de pessoas com deficiência física, publicada pela Editora Juruá, e assinada pela Doutora no assunto Ana Cláudia Bortozolli Maia. A abordagem do livro supre o lado teórico com explicações esclarecedoras sobre relacionamentos familiares e amorosos, preconceitos sociais, estigmas e dificuldades orgânicas e encerra a discussão prática com relatos emocionantes dos personagens da vida real, ou seja, das pessoas com deficiência física. Para quem se destina a leitura?
- Psicólogos, educadores, profissionais da área da saúde, pessoas com deficiências e seus familiares, quanto para aqueles que se interessam pelo assunto. Para outras informações, acesse:
www.jurua.com.br
"Não podemos nos esquecer de incentivar a pessoa com deficiência a usar preservativo",fala Márcia Gori.



Paralisia cerebral
O preconceito costuma se multiplicar quando o assunto inclui pessoas com paralisia cerebral. Geralmente confundida com deficiência intelectual, na verdade a lesão é catalogada como deficiência física, que pode gerar ou não danos intelectuais. Quem vê uma pessoa com essa paralisia, com dificuldade de andar ou com fala dificultosa - algumas das características resultantes -, pode achar (erroneamente) que sua vida sexual não existe. "Uma pessoa com paralisia cerebral pode ter as mesmas habilidades e sensibilidades que uma pessoa sem a lesão", explica Fabiano Puhlmann, especialista em acessibilidade e educador sexual. Isto vale também para dificuldades, falhas, decepções... Dependendo do grau, a paralisia pode, sim, trazer dificuldades na hora do sexo. E, de novo: a conversa entre os parceiros pode tornar tudo mais fácil.

Com todos os cuidados necessários que uma transa saudável e gostosa pede, qualquer pessoa pode ter uma vida sexual ativa. Basta que ela se permita e busque as sensações que a vida proporciona. Como bem diz Márcio Linhares: "fundamental na vida da pessoa com deficiência física é nunca desistir de qualquer possibilidade de uma vida integrada. Busque as experiências. Troque com pares, amigos, mentores, médicos, terapeutas, enfim, com o mundo. Tenha certeza que sempre haverá uma porta entreaberta ou uma janela para o mundo comum. Podemos encontrar alguns entraves, mas sempre podemos nos esforçar para superálos. JeanPaul Sartre deixou uma pensata que serve para balizar qualquer um de nós e nos dá força para seguir em frente: "O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós".

Use sua criatividade
Produtos eróticos ajudam a exercitar sua imaginação. Um deles é a cadeira elástica Intimate Rider (www.intimaterider.com). Importada, funciona como uma espécie de mola, que ajuda nos movimentos. Outra dica é o blog Mão na Roda (http://maonarodablog.com.br) traz uma lista com endereços de motéis adaptados das principais capitais das cinco regiões brasileiras, incluindo algumas cidades do interior paulista.



1 Toque- Vela de massagem corporal Germaine de Capuccini: ao derreter, vira um óleo de massagem sedutor. www.germaine.com.br
2 Discrição- Aguce sensações com o vibrador discreto em formato de pincel de maquiagem, que também pode ser usado para realmente aplicar o blush. www.redemel.com.br
3 Aroma- Inside Pheros Black: perfume à base de feromônios que despertam o libido. www.revelateurs.com.br
4 Doce- Óleo de Massagem Corporal Tuttifrutti. www.hotflowers.com.br
5 Sensual- Conjuntos maravilhosos que levantam a autoestima de qualquer mulher (e atiçam o parceiro) www.demillus.com.br

Serviço
Conselho Estadual de Assuntos das Pessoas com Deficiência
(CEAPcD )
http://ceapcd.blogspot.com
(17) 3222-2041

Instituto Paulista de Sexualidade
www.inpasex.com.br
11 3662-3139
http://revistasentidos.uol.com.br/inclusao-social/64/artigo215306-1.asp