quarta-feira, 19 de junho de 2013

Moringa é o novo “milagre” dos que buscam medicamentos que curam tudo

MORINGA

A vontade de se libertar das enfermidades tem levado muitos doentes a aderirem aos remédios naturais. Os produtos são comercializados em vários pontos de Luanda, na zunga e nos mercados, mas a moringa é encontrada apenas nos portões dos hospitais de Luanda, sobretudo no Hospital Américo Boavida, Josina Machel e Hospital Militar, onde os comerciantes se concentram em maior número.
Diferentes do jola miongo, missange, jipepe e de outros medicamentos naturais já conhecidos no mercado nacional, as várias partes da moringa podem ser usadas para curar no mínimo 300 doenças, isto é o que afirma a comerciante Beatriz Gonçalves, com alguma solenidade. “Os medicamente todos são chamados de moringas, como a moringa sementes, moringa raízes e moringa em folha. Existe também o xarope de moringa, que resulta da efusão de uma mistura das folhas, flores, sementes e raíz da moringa, e à que se junta também alho, limão e mel, tudo nacional”, realçou.
“Moringa Santo Remédio” serve para tratar doentes com diabetes, miomas, febre tifoide e impotência sexual. Para além dessas doenças, a medicação com moringa pode sarar os enfermos com problemas de visão, dor de estômago, inflamações no corpo.
CANCRO DA MAMA NA LISTA
Particularmente para as mulheres, a moringa pode ajudar no tratamento do cancro da mama, infecções urinárias, cancro do útero, prisão de ventre. Tudo isso ainda nas palavras de Beatriz Gonçalves.
Ela também diz como se deve usar cada parte da planta: se for a parte da semente, o processo passa por tirar-lhes a casca e mastigar, ao mesmo tempo que se vai bebendo um copo de água. A medicação é feita três vezes ao dia, mastigando três sementes às sete da manhã, às 14 horas e, por último, às 22 horas. Se tiver de tratar-se com as folhas, deve-se fervê-las e tomar a infusão resultante em duas porções (equivalentes a 2 chávenas) por dia. Para o caso das raízes, deve-se ferver oito metades num litro de água e depois tomar três porções por dia. O xarope é tomado com uma colher de chá três vez ao dia. Este é o receituário, segundo D. Beatriz Gonçalves.
Com seis meses de negócio em frente ao Hospital Militar, Beatriz diz ter já muitos clientes.
A nossa “curandeira” de frente de hospital diz que um doente com febre tifóide deve tomar a medicação com sementes durante quinze dias.
A folha da moringa, diz ela, tem grande efeito na cura da hipertensão. Mas é também boa para curar a tosse em crianças. Já a moringa raiz faz bem, sobretudo, às mulheres com infecção urinária, aclarou.
Beatriz compra os produtos no Huambo,  em sacos de 50 quilos que custam 5 mil kwanzas. Quando vai vender, fá-lo em medidas pequenas,  e um quilo sementes é vendido  a mil kwanzas. Já moringa raiz custa 500 kwanzas, e a moringa folhas custa apenas 200 kwanzas. O negócio é rentável, num dia de vendas é possível facturar dez mil kwanzas.
O curioso é que Beatriz descobriu a planta por indicação de uma amiga indiana que conhecia a moringa no seu país e a veio reencontrar em Angola.
“Eu também consumo esses produtos e fui curada de um cancro. Os nossos maiores clientes são os doentes dos hospitais, muitos deles são recomendados pelos doutores, alguns médicos do Hospital Militar também têm comprado os nossos produtos porque são credíveis”, disse.
Uma outra mulher, Tânia Sebastião de Carvalho, vende a moringa há um ano em frente ao Hospital Militar. Diz ela que se sente bem, porque cada venda efectuada está “a curar pessoas e a devolver vida”. Tânia conta que começou a comercializar esses medicamentos quando viu os seus efeitos depois de uma prima os ter receitado para o seu filho que estava muito doente.
 Antes, Tânia não exercia outra actividade para ocupar o seu tempo. Ao contrário da “colega” Beatriz, os produtos de Tânia são adquiridos em Cacuaco.
GRÁVIDAS NÃO DEVEM TOMAR
Paulina Jambila, uma outra vendedora, diz que não recebe reclamações dos clientes. Ao contrário, os consumidores passam testemunhos positivos e surgem mais interessados em comprar. A medicação feita com a moringa está proibida para as mulheres gravidas, acrescenta, por se tratar de algo muito forte, já “para os homens com pouca potência sexual é aconselhado usar as sementes e as raízes da moringa”.     
“A doença no corpo do homem entra rápido, mas sai lentamente, a medicação deve ser feita constantemente. Muitos doentes apenas provam os medicamentos, neste caso a doença ou o vírus fica apenas murcho, quando ressuscita resulta em trombose, febre alta ou mesmo malária”, salientou a senhora.
A nossa interlocutora disse que vende os produtos naturais há três anos, em vários pontos de Luanda, mas é especificamente defronte aos hospitais que as coisas melhor correm. Actualmente vende para os doentes do Hospital Américo Boa Vida. A senhora explicou que quando se começa uma medicação deve-se continuar até ao dia determinado que são trinta dias. Durante a medicação com produtos naturais o doente não deve consumir bebidas alcoólicas nem beber água fresca. Não deve alimentar-se de frango importado nem carne congelada, apenas é recomendável comer “carne abatida” e peixe grelhado ou cozido, excluindo-se o frito, por causa da gordura que tem causado várias doenças.
Paulina Jambila revelou, entretanto, que neste negócio não estão apenas angolanos, a moringa que ela vende vem de uma companhia chinesa chamada Jenerdin, localizada no bairro do Cassenda, distrito da Maianga. “Mas os produtos são nacionais e aprovados por laboratórios da India”, defendeu.
RECEITAS SEM FIM
Cada vendedora tem a sua própria lista de doenças que são tratadas pela moringa e dos procedimentos para a cura. Em caso de intoxicação, o antídoto passa pela ingestão de “uma mistura de mel e carvão”, receitou a Paulina.
Para os homens com problemas de ejaculação precoce ou dor de rins, aconselha-se o chá feito com a raiz “para fazer uma limpeza no organismo”. Paulina diz que muitas doenças são consequências dos alimentos que consumimos.
Paulina Jambila disse ainda que a medicação com remédios naturais não  deve ser misturada com os fármacos modernos.  

Telma Van-Dúnem
8 de Abril de 2013

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