Lançado alerta sobre perigos de estimulante sexual
24 de Novembro, 2010
Estimulante sexual
A FDA, agência que regula os medicamentos nos Estados Unidos, advertiu na sexta-feira para os perigos do Vigor-25, estimulante sexual masculino que é comercializado como produto natural.
Segundo a agência, o risco está no sildenafil, componente da fórmula do estimulante e que pode sofrer interacções com medicamentos à base de nitratos, causando uma descida na pressão arterial.
O sildenafil também está presente no Viagra que, ao contrário do Vigor-25, só pode ser vendido em farmácias e sob prescrição médica.
A FDA classificou o Vigor-25 como um produto “perigoso” e alertou que o medicamento não deve ser comprado ou consumido.
http://jornaldeangola.sapo.ao/18/0/lancado_alerta_sobre_perigos_de_estimulante_sexual
segunda-feira, 23 de maio de 2011
A relação do poder com o vício sexual
Stephanie Griffith | AFP
A relação do poder com o vício sexual
22 de Maio, 2011
A lista de homens poderosos cujas carreiras foram abaladas por um escândalo sexual é muito grande para ser apresentada na íntegra, mas é possível citar alguns expoentes como o ex-presidente americano Bill Clinton e a estrela de golfe Tiger Woods.
O director-geral do FMI juntou-se ao grupo de homens que, estando no auge do poder e das carreiras, enfrentam a possibilidade de ruína por causa de um escândalo sexual. Muitos deles conseguiram livrar-se da investigação.
A sexóloga Sharon O’Hara afirma que existem muitos casos de homens com um voraz apetite sexual cujas vidas foram arruinadas por este distúrbio.
“Tratamos de muitas estrelas de Hollywood que enfrentam este problema e relatam frequentemente a impressão de estarem a passar por um túnel”, diz O’Hara, que há 20 anos se dedica ao tratamento de pessoas viciadas em sexo e adverte que esta compulsão resulta em atitudes criminosas.
“É uma qualidade psicopata: ‘Eu faço o que quero, quando quero, pois sou poderoso’”, explica. “As questões tratam sempre de poder.”
O’Hara afirma que os viciados em sexo e os agressores sexuais são grupos patológicos distintos. No entanto, os comportamentos por vezes podem coincidir.
O especialista Robert Weiss, autor de um livro sobre o assunto, afirma que os homens no topo do poder são particularmente adeptos deste tipo de comportamento.
“Acontece com homens de elevado intelecto. Uma sensação de impunidade combinada com pouca precaução e uma constante pressão pelo sucesso deixam-nos emocionalmente vulneráveis, ao ponto de perderem tudo o que conseguiram com muito esforço”.
Os especialistas observam que é muito difícil um político ir para a cadeia por crimes sexuais. Isso porque a maioria muda de comportamento após os escândalos ou porque as vítimas não apresentam ou retiram as suas queixas.
As opiniões sobre o vício sexual não são unânimes, mesmo entre os profissionais de saúde. A Associação Psiquiátrica Americana não reconhece formalmente o problema como uma desordem mental.
http://jornaldeangola.sapo.ao/19/46/a_relacao_do_poder_com_o_vicio_sexual
A relação do poder com o vício sexual
22 de Maio, 2011
A lista de homens poderosos cujas carreiras foram abaladas por um escândalo sexual é muito grande para ser apresentada na íntegra, mas é possível citar alguns expoentes como o ex-presidente americano Bill Clinton e a estrela de golfe Tiger Woods.
O director-geral do FMI juntou-se ao grupo de homens que, estando no auge do poder e das carreiras, enfrentam a possibilidade de ruína por causa de um escândalo sexual. Muitos deles conseguiram livrar-se da investigação.
A sexóloga Sharon O’Hara afirma que existem muitos casos de homens com um voraz apetite sexual cujas vidas foram arruinadas por este distúrbio.
“Tratamos de muitas estrelas de Hollywood que enfrentam este problema e relatam frequentemente a impressão de estarem a passar por um túnel”, diz O’Hara, que há 20 anos se dedica ao tratamento de pessoas viciadas em sexo e adverte que esta compulsão resulta em atitudes criminosas.
“É uma qualidade psicopata: ‘Eu faço o que quero, quando quero, pois sou poderoso’”, explica. “As questões tratam sempre de poder.”
O’Hara afirma que os viciados em sexo e os agressores sexuais são grupos patológicos distintos. No entanto, os comportamentos por vezes podem coincidir.
O especialista Robert Weiss, autor de um livro sobre o assunto, afirma que os homens no topo do poder são particularmente adeptos deste tipo de comportamento.
“Acontece com homens de elevado intelecto. Uma sensação de impunidade combinada com pouca precaução e uma constante pressão pelo sucesso deixam-nos emocionalmente vulneráveis, ao ponto de perderem tudo o que conseguiram com muito esforço”.
Os especialistas observam que é muito difícil um político ir para a cadeia por crimes sexuais. Isso porque a maioria muda de comportamento após os escândalos ou porque as vítimas não apresentam ou retiram as suas queixas.
As opiniões sobre o vício sexual não são unânimes, mesmo entre os profissionais de saúde. A Associação Psiquiátrica Americana não reconhece formalmente o problema como uma desordem mental.
http://jornaldeangola.sapo.ao/19/46/a_relacao_do_poder_com_o_vicio_sexual
Alguns remédios afectam o desejo na vida sexual
Alguns remédios afectam o desejo na vida sexual
Alexa Sonhi|
Ginecologista Pedro de Almeida
Fotografia: José Soares
Cientificamente, a disfunção sexual não é vista como uma doença mas sim como um problema complexo, tendo várias causas possíveis, entre as quais a diabetes, doenças do coração, com destaca para a hipertensão arterial, e distúrbios neurológicos. Pedro de Almeida, ginecologista, obstetra e professor universitário da Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho Neto, explicou, em entrevista ao Jornal de Angola, que muitos dos medicamentos que se tomam para controlar essas patologias interferem sobremaneira no desempenho sexual da pessoa afectada, originado a diminuição da libido ou desejo sexual.
Jornal de Angola (JA) – O que é a disfunção sexual?
Pedro de Almeida (PA) – É uma situação em que a pessoa não consegue levar a cabo o acto sexual. Ou então consegue, mas de maneira não satisfatória para si própria ou para o companheiro. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma pessoa com esse tipo de disfunção tem a sua saúde sexual afectada, já que ela é a experiência de contínuo bem-estar físico, psíquico e sóciocultural.
JA – Quando começaram a ser desenvolvidos estudos sobre o assunto?
PA – Os primeiros estudos sobre a disfunção sexual foram levados a cabo pelo médico ginecologista norte-americano William Howell Masters e a sua assistente e esposa, a psicóloga Virginia E. Johnson. Eles foram os pioneiros no estudo da resposta sexual humana e no diagnóstico e tratamento das disfunções sexuais entre 1957 e a década de 1990.
JA – É diferente no homem e na mulher?
PA – É, embora existam alguns sinais e sintomas que manifestam alguma semelhança em ambos os sexos. Na mulher, encontramos fundamentalmente três tipos de disfunção: na fase de excitação, no orgasmo e uma outra provocada pelo vaginismo. Na fase de excitação, o distúrbio mais frequente é o que antigamente se designava por frigidez, ou seja, incapacidade da mulher de se excitar, não lubrificando a sua vagina.
JA – E nas outras duas fases da disfunção?
PA – No distúrbio relacionado com o orgasmo, a mulher não consegue atingi-lo, seja qual for o estímulo sexual utilizado, mas sente prazer, isto é, excita-se e lubrifica a vagina. Essa é uma disfunção bastante frequente na mulher. Já o vaginismo é a fase em que a mulher frequentemente tem excitação e orgasmo, mas devido à contracção espasmódica e involuntária dos músculos da vagina, não é possível haver penetração do pénis. Esta disfunção é muitas vezes a causa de desajustes conjugais e responsáveis pela separação dos casais.
JA – E no homem o que é que acontece?
PA – No caso do homem, também podemos, de modo didáctico e pedagógico, dividir as disfunções em duas fases: excitação e orgasmo. Quanto à perturbação na fase de excitação, consideramos a existência da chamada disfunção eréctil, que antigamente era designada por impotência, em que o homem não é capaz de obter ou manter uma erecção suficientemente firme do pénis para concluir com êxito o acto sexual.
JA – E no segundo tipo?
PA – Relativamente à perturbação da fase do orgasmo o homem pode estar afectado pela ejaculação precoce ou prematura e pela ejaculação retardada ou incapacidade ejaculatória. Note-se que, no primeiro tipo de disfunção, o homem é surpreendido por uma ejaculação demasiado rápida e, por isso, sem possibilidade de controlo, a ejaculação pode surgir antes da penetração do pénis na vagina, na altura da penetração, ou após alguns movimentos. No distúrbio do segundo tipo, que é uma situação menos frequente, o homem não consegue ejacular dentro da vagina da companheira, por mais que dure o acto sexual e apesar disso não perde a erecção, isto é, mantém o pénis rijo.
JA – Em que circunstâncias o homem ou a mulher começam a notar que têm problemas?
PA – No homem os sinais começam a ser notados quando ele não consegue ter, por exemplo, uma erecção em quatro tentativas de acto sexual ou demora mais tempo do que o habitual para conseguir uma erecção. A diminuição da rigidez do pénis com erecção incompleta ou ejaculação rápida são sinais de alerta de que algo não vai bem no desempenho sexual do homem.
JA – E no caso da mulher?
PA – Na mulher, os sinais de disfunção sexual podem passar despercebidos ao homem, sobretudo se ela tiver grande capacidade de fingimento em relação aos prazeres do acto sexual. No entanto, há sinais que podem ser detectados, como por exemplo, a dor durante o acto sexual, o desinteresse ou baixo desejo sexual, causando sofrimento e insatisfação não só a ela como também ao parceiro, a falta de lubrificação vaginal, a pouca ou nenhuma sensação de excitação ou ainda a incapacidade para atingir o orgasmo, mesmo após estímulo sexual adequado.
JA – Como tratar a disfunção sexual?
PA - De acordo com as suas causas, que podem ser orgânicas quando afectam o aparelho reprodutor, por factores de ordem psicológica ou ainda por problemas hormonais. A grande maioria das perturbações da função sexual, sobretudo em pessoas jovens, não tem causa orgânica. São fundamentalmente de ordem psicossociocultural. Quando os órgãos sexuais têm alguma perturbação ou deficiência, a cirurgia pode, em muitas situações, corrigir.
JA – E se o problemas for do foro psicológico?
PA – Pode-se recorrer à psicoterapia para ultrapassar o problema. Se a causa for médica, como, por exemplo, do tipo de deficiência hormonal, pode-se corrigir o problema com a administração de fármacos.
JA – O tratamento é multidisciplinar, envolvendo vários médicos de diferentes especialidades?
PA – O tratamento da disfunção sexual pode, em determinados casos, merecer uma abordagem multidisciplinar.
JA – Nos casais qual dos dois recorre mais ao seu consultório, o homem ou a mulher?
PA – De uma maneira geral são as mulheres. Até mesmo quando são os companheiros que têm manifestação de disfunção sexual, costumam ser as mulheres a tomar a iniciativa de procurar ajuda ou esclarecimento. Felizmente, já se regista casais que procuram conjuntamente o aconselhamento e tratamento médico.
JA – As doenças venéreas podem desencadear algum tipo de disfunção sexual?
PA – As infecções de transmissão sexual (ITS), anteriormente designadas por doenças venéreas, têm alguma influência na afectação dos órgãos sexuais, tanto do homem como da mulher e que condicionam a sexualidade. As lesões, inflamações ou infecções que atingem os órgãos genitais nos dois géneros são factores limitadores para as respectivas actividades sexuais.
JA – Pode dar um exemplo?
PA – Um homem com uma inflamação na próstata causada por uma ITS pode ter disfunção sexual devido à prostatite que lhe pode provocar dor durante o acto sexual, originando uma coitalgia. Por seu lado, uma mulher afectada por verrugas causadas pelo vírus do papiloma humano, conhecido por HPV, pode ter o seu desejo sexual refreado em virtude das lesões que pode apresentar nos seus órgãos genitais.
JA - As mulheres com problemas hormonais são propensas a terem algum tipo de disfunção?
PA- Sim, podem, de facto, ter disfunção sexual. O exemplo mais típico dessa condição é a mulher no climatério, ou seja, na fase pré e pós-menopáusica. Ela pode apresentar disfunção sexual por desequilíbrios hormonais que lhe diminuem o desejo sexual ou lhe causam atrofia dos seus órgãos sexuais com diminuição acentuada da lubrificação vaginal. Nestas situações, caso não haja contra-indicação, deve-se incluir no seu tratamento a reposição hormonal para que ela volte a ter a satisfação plena no acto sexual.
JA – Os casais são sempre submetidos a exames?
PA – Depois de estabelecida a relação de empatia, procuro interagir pondo em prática as técnicas de aconselhamento que me permitem, mais tarde, realizar com relativa segurança o exame físico. Por último, indico a realização dos exames complementares para um diagnóstico mais seguro que possibilite depois o tratamento com a eficácia desejada. No caso concreto do nosso país, há que se ter sempre em conta os efeitos secundários a determinados medicamentos que podem também afectar o desejo sexual.
JA – Está a referir-se a quê?
PA – Estou a referir-me a condições médicas como a diabetes, doenças do coração, com destaque para a hipertensão arterial, e distúrbios neurológicos. Muitos dos medicamentos que se tomam para controlar estas patologias interferem sobremaneira no desempenho sexual da pessoa afectada, originado a diminuição da libido ou desejo sexual.
JA – A frigidez é uma doença frequente em Angola?
PA – Sim. A frigidez ou disfunção sexual hipoactiva é caracterizada por falta de desejo sexual. É um distúrbio que pode estar ligado a problemas orgânicos, alterações hormonais, debilidade física devido a doenças e até mesmo pelo uso de determinados medicamentos.
JA – Há medicamentos disponíveis para combater esse tipo de disfunção?
PA – Sim. Existem já medicamentos eficazes para o tratamento da frigidez. Como fármacos de primeira linha, estão os derivados da testosterona que, actualmente, são preparados como implantes subcutâneos de acção lenta, que causam menos efeitos colaterais que as substâncias injectáveis de testosterona e proporcionam um efeito desejado sobre a libido, melhorando o desempenho sexual da mulher que faz a medicação.
JA – A disfunção sexual é uma doença?
PA – Do ponto de vista científico, a disfunção sexual não é por si só uma doença, mas sim um problema complexo com várias causas possíveis. Existem estudos recentes que sugerem que a disfunção sexual feminina pode ser indício de uma doença vascular, especificamente a diminuição do fluxo sanguíneo nos vasos que irrigam os órgãos sexuais. Em jeito de remate, para fumadores e para aqueles que são consumidores excessivos de bebidas alcoólicas, convém recordar que a disfunção sexual é uma condição clínica cujos efeitos se podem acentuar com o fumo e o álcool, pois além de intoxicarem a pessoa que faz uso deles, actuam como depressivos sexuais com a consequente e progressiva diminuição do desejo sexual.
http://jornaldeangola.sapo.ao/18/56/alguns_remedios_afectam_o_desejo_na_vida_sexual
Alexa Sonhi|
Ginecologista Pedro de Almeida
Fotografia: José Soares
Cientificamente, a disfunção sexual não é vista como uma doença mas sim como um problema complexo, tendo várias causas possíveis, entre as quais a diabetes, doenças do coração, com destaca para a hipertensão arterial, e distúrbios neurológicos. Pedro de Almeida, ginecologista, obstetra e professor universitário da Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho Neto, explicou, em entrevista ao Jornal de Angola, que muitos dos medicamentos que se tomam para controlar essas patologias interferem sobremaneira no desempenho sexual da pessoa afectada, originado a diminuição da libido ou desejo sexual.
Jornal de Angola (JA) – O que é a disfunção sexual?
Pedro de Almeida (PA) – É uma situação em que a pessoa não consegue levar a cabo o acto sexual. Ou então consegue, mas de maneira não satisfatória para si própria ou para o companheiro. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma pessoa com esse tipo de disfunção tem a sua saúde sexual afectada, já que ela é a experiência de contínuo bem-estar físico, psíquico e sóciocultural.
JA – Quando começaram a ser desenvolvidos estudos sobre o assunto?
PA – Os primeiros estudos sobre a disfunção sexual foram levados a cabo pelo médico ginecologista norte-americano William Howell Masters e a sua assistente e esposa, a psicóloga Virginia E. Johnson. Eles foram os pioneiros no estudo da resposta sexual humana e no diagnóstico e tratamento das disfunções sexuais entre 1957 e a década de 1990.
JA – É diferente no homem e na mulher?
PA – É, embora existam alguns sinais e sintomas que manifestam alguma semelhança em ambos os sexos. Na mulher, encontramos fundamentalmente três tipos de disfunção: na fase de excitação, no orgasmo e uma outra provocada pelo vaginismo. Na fase de excitação, o distúrbio mais frequente é o que antigamente se designava por frigidez, ou seja, incapacidade da mulher de se excitar, não lubrificando a sua vagina.
JA – E nas outras duas fases da disfunção?
PA – No distúrbio relacionado com o orgasmo, a mulher não consegue atingi-lo, seja qual for o estímulo sexual utilizado, mas sente prazer, isto é, excita-se e lubrifica a vagina. Essa é uma disfunção bastante frequente na mulher. Já o vaginismo é a fase em que a mulher frequentemente tem excitação e orgasmo, mas devido à contracção espasmódica e involuntária dos músculos da vagina, não é possível haver penetração do pénis. Esta disfunção é muitas vezes a causa de desajustes conjugais e responsáveis pela separação dos casais.
JA – E no homem o que é que acontece?
PA – No caso do homem, também podemos, de modo didáctico e pedagógico, dividir as disfunções em duas fases: excitação e orgasmo. Quanto à perturbação na fase de excitação, consideramos a existência da chamada disfunção eréctil, que antigamente era designada por impotência, em que o homem não é capaz de obter ou manter uma erecção suficientemente firme do pénis para concluir com êxito o acto sexual.
JA – E no segundo tipo?
PA – Relativamente à perturbação da fase do orgasmo o homem pode estar afectado pela ejaculação precoce ou prematura e pela ejaculação retardada ou incapacidade ejaculatória. Note-se que, no primeiro tipo de disfunção, o homem é surpreendido por uma ejaculação demasiado rápida e, por isso, sem possibilidade de controlo, a ejaculação pode surgir antes da penetração do pénis na vagina, na altura da penetração, ou após alguns movimentos. No distúrbio do segundo tipo, que é uma situação menos frequente, o homem não consegue ejacular dentro da vagina da companheira, por mais que dure o acto sexual e apesar disso não perde a erecção, isto é, mantém o pénis rijo.
JA – Em que circunstâncias o homem ou a mulher começam a notar que têm problemas?
PA – No homem os sinais começam a ser notados quando ele não consegue ter, por exemplo, uma erecção em quatro tentativas de acto sexual ou demora mais tempo do que o habitual para conseguir uma erecção. A diminuição da rigidez do pénis com erecção incompleta ou ejaculação rápida são sinais de alerta de que algo não vai bem no desempenho sexual do homem.
JA – E no caso da mulher?
PA – Na mulher, os sinais de disfunção sexual podem passar despercebidos ao homem, sobretudo se ela tiver grande capacidade de fingimento em relação aos prazeres do acto sexual. No entanto, há sinais que podem ser detectados, como por exemplo, a dor durante o acto sexual, o desinteresse ou baixo desejo sexual, causando sofrimento e insatisfação não só a ela como também ao parceiro, a falta de lubrificação vaginal, a pouca ou nenhuma sensação de excitação ou ainda a incapacidade para atingir o orgasmo, mesmo após estímulo sexual adequado.
JA – Como tratar a disfunção sexual?
PA - De acordo com as suas causas, que podem ser orgânicas quando afectam o aparelho reprodutor, por factores de ordem psicológica ou ainda por problemas hormonais. A grande maioria das perturbações da função sexual, sobretudo em pessoas jovens, não tem causa orgânica. São fundamentalmente de ordem psicossociocultural. Quando os órgãos sexuais têm alguma perturbação ou deficiência, a cirurgia pode, em muitas situações, corrigir.
JA – E se o problemas for do foro psicológico?
PA – Pode-se recorrer à psicoterapia para ultrapassar o problema. Se a causa for médica, como, por exemplo, do tipo de deficiência hormonal, pode-se corrigir o problema com a administração de fármacos.
JA – O tratamento é multidisciplinar, envolvendo vários médicos de diferentes especialidades?
PA – O tratamento da disfunção sexual pode, em determinados casos, merecer uma abordagem multidisciplinar.
JA – Nos casais qual dos dois recorre mais ao seu consultório, o homem ou a mulher?
PA – De uma maneira geral são as mulheres. Até mesmo quando são os companheiros que têm manifestação de disfunção sexual, costumam ser as mulheres a tomar a iniciativa de procurar ajuda ou esclarecimento. Felizmente, já se regista casais que procuram conjuntamente o aconselhamento e tratamento médico.
JA – As doenças venéreas podem desencadear algum tipo de disfunção sexual?
PA – As infecções de transmissão sexual (ITS), anteriormente designadas por doenças venéreas, têm alguma influência na afectação dos órgãos sexuais, tanto do homem como da mulher e que condicionam a sexualidade. As lesões, inflamações ou infecções que atingem os órgãos genitais nos dois géneros são factores limitadores para as respectivas actividades sexuais.
JA – Pode dar um exemplo?
PA – Um homem com uma inflamação na próstata causada por uma ITS pode ter disfunção sexual devido à prostatite que lhe pode provocar dor durante o acto sexual, originando uma coitalgia. Por seu lado, uma mulher afectada por verrugas causadas pelo vírus do papiloma humano, conhecido por HPV, pode ter o seu desejo sexual refreado em virtude das lesões que pode apresentar nos seus órgãos genitais.
JA - As mulheres com problemas hormonais são propensas a terem algum tipo de disfunção?
PA- Sim, podem, de facto, ter disfunção sexual. O exemplo mais típico dessa condição é a mulher no climatério, ou seja, na fase pré e pós-menopáusica. Ela pode apresentar disfunção sexual por desequilíbrios hormonais que lhe diminuem o desejo sexual ou lhe causam atrofia dos seus órgãos sexuais com diminuição acentuada da lubrificação vaginal. Nestas situações, caso não haja contra-indicação, deve-se incluir no seu tratamento a reposição hormonal para que ela volte a ter a satisfação plena no acto sexual.
JA – Os casais são sempre submetidos a exames?
PA – Depois de estabelecida a relação de empatia, procuro interagir pondo em prática as técnicas de aconselhamento que me permitem, mais tarde, realizar com relativa segurança o exame físico. Por último, indico a realização dos exames complementares para um diagnóstico mais seguro que possibilite depois o tratamento com a eficácia desejada. No caso concreto do nosso país, há que se ter sempre em conta os efeitos secundários a determinados medicamentos que podem também afectar o desejo sexual.
JA – Está a referir-se a quê?
PA – Estou a referir-me a condições médicas como a diabetes, doenças do coração, com destaque para a hipertensão arterial, e distúrbios neurológicos. Muitos dos medicamentos que se tomam para controlar estas patologias interferem sobremaneira no desempenho sexual da pessoa afectada, originado a diminuição da libido ou desejo sexual.
JA – A frigidez é uma doença frequente em Angola?
PA – Sim. A frigidez ou disfunção sexual hipoactiva é caracterizada por falta de desejo sexual. É um distúrbio que pode estar ligado a problemas orgânicos, alterações hormonais, debilidade física devido a doenças e até mesmo pelo uso de determinados medicamentos.
JA – Há medicamentos disponíveis para combater esse tipo de disfunção?
PA – Sim. Existem já medicamentos eficazes para o tratamento da frigidez. Como fármacos de primeira linha, estão os derivados da testosterona que, actualmente, são preparados como implantes subcutâneos de acção lenta, que causam menos efeitos colaterais que as substâncias injectáveis de testosterona e proporcionam um efeito desejado sobre a libido, melhorando o desempenho sexual da mulher que faz a medicação.
JA – A disfunção sexual é uma doença?
PA – Do ponto de vista científico, a disfunção sexual não é por si só uma doença, mas sim um problema complexo com várias causas possíveis. Existem estudos recentes que sugerem que a disfunção sexual feminina pode ser indício de uma doença vascular, especificamente a diminuição do fluxo sanguíneo nos vasos que irrigam os órgãos sexuais. Em jeito de remate, para fumadores e para aqueles que são consumidores excessivos de bebidas alcoólicas, convém recordar que a disfunção sexual é uma condição clínica cujos efeitos se podem acentuar com o fumo e o álcool, pois além de intoxicarem a pessoa que faz uso deles, actuam como depressivos sexuais com a consequente e progressiva diminuição do desejo sexual.
http://jornaldeangola.sapo.ao/18/56/alguns_remedios_afectam_o_desejo_na_vida_sexual
PEDOFILIA NO CABARET
Publicado em: 20/05/2011 00:52:41
PEDOFILIA NO CABARET
Diógenes Brayner
A pedofilia tomou proporções preocupantes, depois que o sexo se vulgarizou. A prática é antiga e a palavra vem do grego. Significa perversão caracterizada pela atração sexual de adulto por criança. É também a prática de atos sexuais de adulto com criança. Atração erótica por crianças. Ou, no seu significado mais pueril: amor por crianças. Ponha-se tudo isso no liquidificador e a mistura dará sempre um crime sem precedente. Ontem, a pedofilia foi discutida no Cabaret da quinta. Trata-se de uma mesa de debate iniciada por um grupo de jornalistas e que, a cada semana, põe em discussão temas importantes e complexos como este. Reuniu promotor, delegados [um federal], defensor, deputada e outras personalidades preocupadas com esse problema que se alastra como erva daninha. É visto, até por criminosos que ocupam as penitenciárias, como hediondo e que eles mesmo castigam. Fazem com os pedófilos o que, supostamente, eles teriam feito com as crianças.
No debate muita coisa foi revelada e analisada de forma objetiva. Uma delas a força das redes sociais. O Orkut foi citado, embora não se tenha revelado projetos preventivos para o combate a esse crime. Ninguém lembrou da indústria que desperta a crianças para costumes de adultos. Parte significante de meninas – principalmente elas – entre 12 a 15 anos, já usam maquiagem e esmalte da cor da moda, com roupas nem um pouco infantis. Entre uma boneca e um estojo de maquiagem – rotulado de infantil – a garota fica com a segunda opção. A educação sexual continua sendo um tabu, mas a banalização do sexo não. Qual o pai ou mãe que hoje não diz um palavrão cabeludo [literalmente] diante de um filho menor de idade, com a simplicidade com que o beija? Quem do delegado, defensor, deputada, promotor e jornalistas que estavam no debate, não se surpreendeu ao ouvir de uma filha o palavrão mais absurdo, que aprendeu na escola?
Agora, digam aqui com sinceridade: quem não acha engraçadinho ouvir, pela primeira vez, o filhinho encher a boca e dizer: “ora porra!”? E assim vai...
Não sou uma pessoa preconceituosa e nem conservadora. Acho até que aceito bem toda essa evolução (ou involução?) comportamental. E não vejo que isso seja fruto da modernidade do século. Nos anos 30 e 40 do século passado, a maioria dos casamentos se dava aos 13 e 14 anos. Havia pedofilia quando o marido estava acima dos 20 anos? Com a normalidade da erotização, assistida pelos pais com um ar de orgulho, esse tipo de crime chega a percentuais assustadores. Os programas infantis – que chamam de desenho animado – apelam para a violência e também influenciam na formação do caráter infantil. E as danças? Como uma mãe e um pai carinhosos riem, aplaudem e se orgulham da filha que dança o “creu”! E até pedem que ela (a filha) faça uma exibição para os amigos. Qual a adolescente de 13 a 15 anos que não freqüentam festinhas e exibem a dança que “balança a bundinha”? E quem reclama? Sou de um tempo que nos cinemas havia um fiscal do juizado, que impedia menores de assistir a filmes para maiores de 18 anos. Lógico, não é tempo de existir mais isso e, em conseqüência, circulem nas noites de Aracaju e percebam a idade das garotas que se fartam de bebidas alcoólicas.
Acho a prática da pedofilia uma barbaridade. Seja praticada por homens ou mulheres, principalmente quando usam crianças que sequer deram os primeiros passos. Mas as vezes fico a me perguntar: quando essa menores erotizadas, de corpo feito, provocam maiores de 20 ou 30 anos? Responda quem puder. Fico em dúvida se, em caso do tipo, se houver o flagrante, o cara que foi provocado passa a ser pedófilo? Havia um tratamento diferenciado entre meninos e meninas, hoje nem tanto. Que bom que seja assim. Mas o aumento do crime de pedofilia tem um pouco desse pensamento vulgar em relação ao sexo e da “mulherização” de garotas. O combate à pedofilia também passa por aí, não apenas nas redes sociais, usadas para atrair menores de oito a dez anos.
http://www.faxaju.com.br/viz_conteudo.asp?id=116345
PEDOFILIA NO CABARET
Diógenes Brayner
A pedofilia tomou proporções preocupantes, depois que o sexo se vulgarizou. A prática é antiga e a palavra vem do grego. Significa perversão caracterizada pela atração sexual de adulto por criança. É também a prática de atos sexuais de adulto com criança. Atração erótica por crianças. Ou, no seu significado mais pueril: amor por crianças. Ponha-se tudo isso no liquidificador e a mistura dará sempre um crime sem precedente. Ontem, a pedofilia foi discutida no Cabaret da quinta. Trata-se de uma mesa de debate iniciada por um grupo de jornalistas e que, a cada semana, põe em discussão temas importantes e complexos como este. Reuniu promotor, delegados [um federal], defensor, deputada e outras personalidades preocupadas com esse problema que se alastra como erva daninha. É visto, até por criminosos que ocupam as penitenciárias, como hediondo e que eles mesmo castigam. Fazem com os pedófilos o que, supostamente, eles teriam feito com as crianças.
No debate muita coisa foi revelada e analisada de forma objetiva. Uma delas a força das redes sociais. O Orkut foi citado, embora não se tenha revelado projetos preventivos para o combate a esse crime. Ninguém lembrou da indústria que desperta a crianças para costumes de adultos. Parte significante de meninas – principalmente elas – entre 12 a 15 anos, já usam maquiagem e esmalte da cor da moda, com roupas nem um pouco infantis. Entre uma boneca e um estojo de maquiagem – rotulado de infantil – a garota fica com a segunda opção. A educação sexual continua sendo um tabu, mas a banalização do sexo não. Qual o pai ou mãe que hoje não diz um palavrão cabeludo [literalmente] diante de um filho menor de idade, com a simplicidade com que o beija? Quem do delegado, defensor, deputada, promotor e jornalistas que estavam no debate, não se surpreendeu ao ouvir de uma filha o palavrão mais absurdo, que aprendeu na escola?
Agora, digam aqui com sinceridade: quem não acha engraçadinho ouvir, pela primeira vez, o filhinho encher a boca e dizer: “ora porra!”? E assim vai...
Não sou uma pessoa preconceituosa e nem conservadora. Acho até que aceito bem toda essa evolução (ou involução?) comportamental. E não vejo que isso seja fruto da modernidade do século. Nos anos 30 e 40 do século passado, a maioria dos casamentos se dava aos 13 e 14 anos. Havia pedofilia quando o marido estava acima dos 20 anos? Com a normalidade da erotização, assistida pelos pais com um ar de orgulho, esse tipo de crime chega a percentuais assustadores. Os programas infantis – que chamam de desenho animado – apelam para a violência e também influenciam na formação do caráter infantil. E as danças? Como uma mãe e um pai carinhosos riem, aplaudem e se orgulham da filha que dança o “creu”! E até pedem que ela (a filha) faça uma exibição para os amigos. Qual a adolescente de 13 a 15 anos que não freqüentam festinhas e exibem a dança que “balança a bundinha”? E quem reclama? Sou de um tempo que nos cinemas havia um fiscal do juizado, que impedia menores de assistir a filmes para maiores de 18 anos. Lógico, não é tempo de existir mais isso e, em conseqüência, circulem nas noites de Aracaju e percebam a idade das garotas que se fartam de bebidas alcoólicas.
Acho a prática da pedofilia uma barbaridade. Seja praticada por homens ou mulheres, principalmente quando usam crianças que sequer deram os primeiros passos. Mas as vezes fico a me perguntar: quando essa menores erotizadas, de corpo feito, provocam maiores de 20 ou 30 anos? Responda quem puder. Fico em dúvida se, em caso do tipo, se houver o flagrante, o cara que foi provocado passa a ser pedófilo? Havia um tratamento diferenciado entre meninos e meninas, hoje nem tanto. Que bom que seja assim. Mas o aumento do crime de pedofilia tem um pouco desse pensamento vulgar em relação ao sexo e da “mulherização” de garotas. O combate à pedofilia também passa por aí, não apenas nas redes sociais, usadas para atrair menores de oito a dez anos.
http://www.faxaju.com.br/viz_conteudo.asp?id=116345
PEDOFILIA: ´O PERIGO RONDA SUA CASA´
Publicado em: 20/05/2011 18:15:27
PEDOFILIA: ´O PERIGO RONDA SUA CASA´
Criança não se aproxima de monstros. O pedófilo é dócil, aproxima-se e ganha a confiança da família até chegar à vítima, diz Elias Pinho
Até 87% dos casos de abuso sexuais contra crianças e adolescentes no Brasil são praticados dentro do ciclo familiar e/ou no ambiente doméstico. Apenas 13% são registros praticados por pessoas estranhas. A revelação foi feita por Elias Pinho, promotor criminal da Comarca de Aracaju, atuando na 11ª Vara Criminal, em atenção aos grupos vulneráveis, que abrangem mulheres, crianças, adolescentes e idosos. O Brasil é o 7° país no ranking de acessos aos sites de pedofilia, revela André Costa dos Santos, delegado da Política Federal de Sergipe.
Além do promotor Elias Pinho e do delegado André Costa, participaram a delegada da Polícia Civil Georlize Teles, a educadora e deputada estadual Ana Lúcia Vieira (PT/SE) e o Sub-defensor Geral do Estado Jesus Jairo Lacerda, numa mesa redonda com jornalistas e convidados, debatendo o aumento dos crimes sexuais contra crianças e adolescentes, no Brasil e em Sergipe, na noite da quinta-feira (19), durante a realização da sabatina da 22ª edição do NósnoCabaré.comConvidados.
Elias Pinho revela estatísticas estarrecedoras. No Brasil, 39% dos casos de abuso sexual contra vítimas de até 18 anos incompletos são praticados pelos pais; 29% são praticados pelos padrastos; 6%, por tios e primos; somente 13% são de autoria de pessoas estranhas ao grupo familiar.
Crime - Não existe o crime de pedofilia. Existe a figura do pedófilo, que desenvolve interesse sexual por pessoas que não têm idade suficiente e ainda não estão fisiologicamente maduras para o ato sexual, explicou a delegada Georlize. Todo pedófilo é um criminoso, um abusador. Mas, nem todo abusador é pedófilo, esclareceu.
Segundo o promotor público, na 11ª Vara Criminal de Aracaju, cerca de 100% dos casos de estupros absolutos de vulneráveis se encaminham para a condenação do réu. Nos casos de estupro relativo de vulnerável, considerado ato sexual consentido e com conhecimento dos pais, envolvendo namoros entre menores e maiores de pouca idade, entre 18 e 19 anos, a promotoria encaminha pela absolvição. Quando o estupro relativo se dá entre menor e maior de idade avançada, mesmo consentido, o caso segue para condenação do agressor. Em conformidade com o artigo 217º do Código Penal, a pena prevista para estupro de vulnerável é de 8 a 15 anos de prisão.
Elias Pinho atribuí o alto grau de resolutividade nos casos de estrupo absoluto de vulneráveis em Aracaju ao uso do depoimento especial, ou assistido por psicólogos, evitando a revitimização. Segundo ele, a promotoria, juízes, advogados assistem aos depoimentos dos menores por meio de videoconferência.
O promotor informa ainda que, segundo dados do SIPIA - Sistema Nacional de Pesquisa e Tratamento de Garantias e Defesa dos Direitos Fundamentais Preconizados no ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente, de janeiro de 2009 a 11 de maio de 2011, Sergipe registrou 386 abusos sexuais contra meninos e 415 contra meninas. Elias Pinho lamenta que Sergipe seja o único estado brasileiro a não ter Juizado Especial da Violência Doméstica Contra Mulher.
Social - A deputada estadual Ana Lúcia Vieira (PT/SE) alerta para estratificação social que impõe diferenças marcantes nas estatísticas dos crimes contra crianças e adolescentes. Os casos de abusos sexuais acontecem em todas as camadas sociais. Já os casos de exploração sexual se concentram com maior efetividade nas camadas mais pobres pela necessidades de adquirir os alimentos e/ou de ajudar no sustento da família. Em Sergipe, 60% da população vivem em situação de pobreza. As classes alta e média são minorias., diz.
“É preciso que a sociedade tenha coragem para se indignar quando assistir um cidadão(ã) se interessar por uma criança de 12 anos e pagar R$ 10 para saciar seus desejos sexuais, protestou Georlize. Quem deita com uma menina de apenas de 9 ou 12 anos, deita com quem conhece o diabo. E, se eu for a delegada, irá conhecer o inferno, porque o mandarei para o presídio, desabafou.
Abuso e exploração - Georlize Teles esclarece que os abusos sexuais são caracterizados pela violência física, psicológica e moral da vítima, havendo conjunção carnal ou somente apalpações, carícias íntimas, toques genitais, sexo oral. O caso de exploração sexual, explica a delegada, se configura pela relação de troca financeira ou material em favor da saciação dos desejos sexuais do abusador. A sociedade precisa ter claro que as vítimas não têm nenhuma culpa de serem abusadas. Lamentavelmente, parte da sociedade ainda tem um olhar hipócrita e atribui culpa às elas, defende.
Segundo Georlize, os abusadores de crianças e adolescentes enxergam suas vítimas como mulheres pequenas, sem considerar as condições fisiológicas e de maturidade. Tive um caso de um abusador que, ao ser comprovado o crime, chegou a dizer que sempre desconfiou que a criança não fosse seu filho biológico, mas fruto de traição da mãe. Isto mostra que, na mente de alguns abusadores, a minha filha de 14 anos é uma criança. A filha do outro é uma mulher e, com ela, eu posso tudo, revelou.
Erotização - Tanto a deputada quanto à delegada concorda que a erotização precoce, em parte, decorre dos exemplos vivenciados pelas crianças no ambiente doméstico ou frequentado. Os pais precisam entender que as fantasias das crianças são a reprodução do que elas assistem dos adultos dentro de casa, elucida Georlize.
Fatores culturais e comportamentais também podem influenciar na antecipação da sexualidade nas crianças, como os programas televisivos, músicas, danças, roupas, amizades. “Na sociedade, os valores não são os mesmos. Em geral, o olhar é de muito preconceito. O adulto precisa entender que a cultura é forte e machista”, diz a deputada Ana Lúcia, reafirmando que a questão social é preponderante nesta formação infantil. A maioria da população, cerca de 60%, mora em casa de dois cômodos, onde pais e filhos precisam dormir juntos no mesmo cômodo. A criança tem o adulto como referência.
Notificação - Ana Lúcia é autora de lei aprovada na Assembleia Legislativa e sancionada pelo Governador do Estado, embora ainda não regulamentada, determinando que os órgãos de saúde pública e conselhos tutelares sejam obrigados a emitir notificações em caso de registro de identificação de vítimas de abusos sexuais à Secretaria de Estado da Saúde. “A questão se resolve enquanto política pública quando os serviços estiverem funcionando em rede”, cobra a deputada.
Durante a sabatina, abordada pelo médico Arnaldo Júnior, servidor do SAMU Estadual, Ana Lúcia se comprometeu a tentar inserir no texto da Lei a previsibilidade de que também os profissionais do SAMU sejam capacitados para emissão das notificações quando do momento do socorro.
Internet - O Brasil é o 7° país com maior número de acesso a sites de pornografia envolvendo imagens de crianças e adolescentes, provando que o uso das novas tecnologias tem contribuído para o aumento de crimes sexuais. É o que afirma o delegado da Polícia Federal, André Costa dos Santos. 90% dos casos de pedofilia na internet, investigados pela PF em Sergipe, envolvem fotos postadas na rede social orkut, alerta o delegado.
“Pai e mãe também pisam na bola. E quando a gente peca, o filho se perde”, ressalta Georlize. “É preciso se preocupar com as crianças para saber que tipo de cidadão estaremos oferecendo ao mundo”, lembra. Jesus Jairo relata que, segundo dados da Organização Mundial de Saúde, cerca de 25% dos abusadores sofreram violência sexual na infância.
Controle - É importante, é fundamental e é inadmissível que os pais não se responsabilizem pelo controle do uso da internet pelo seus filhos. A internet escancara as portas da sua casa para os estranhos, afirma o delegado da PF. Como medidas preventivas, André Costa orienta que os pais determinem o tempo de uso da internet, limitando o acesso diário; uso de computador por crianças e adolescentes exclusivamente em local coletivo da casa, propiciando visualização permanente dos acessos; monitoramento de saídas e passeios dos filhos; orientação para não marcar encontros com estranhos e desconhecidos; evitar que os filhos façam uso de lan houses; aplicação de programas de bloqueio de sites impróprios e programas invisíveis de interceptação de diálogos virtuais; e verificação periódica dos históricos das ferramentas de bate-papo.
Perfil - A prevenção poderá reduzir o risco, diz o sub-defensor Geral, Jesus Jairo. Em casos de internet, um abusador pode manter o assédio à vítima por dois anos, até conseguir o primeiro contato pessoal com ela. Ele pede a atenção da família para o perfil comum dos abusadores. Via de regra, são do gênero masculino, impotentes ao ato sexual com mulheres e que não provocam lesões nas vítimas com o objetivo de garantir a continuidade do abuso.
O defensor orienta ainda que as famílias passem a monitorar o comportamento dos seus filhos. De preferência, os abusadores buscam crianças mais tímidas, retraídas, carentes, que buscam apoio e afetividade nos amigos e muitas vezes nas drogas, argumentou, revelando um indicativo de crianças já vitimadas. Elas passam a ficar mais tristes, isoladas e a tomar banho mais vezes ao dia por se sentirem sujas, esclarece.
“As famílias precisam fazer a leitura da linguagem corporal dos seus filhos e começar a fazer a sua parte”, complementa Georlize.
Por Eliz Moura
www.bellamafia.org
http://www.faxaju.com.br/viz_conteudo.asp?id=116421
PEDOFILIA: ´O PERIGO RONDA SUA CASA´
Criança não se aproxima de monstros. O pedófilo é dócil, aproxima-se e ganha a confiança da família até chegar à vítima, diz Elias Pinho
Até 87% dos casos de abuso sexuais contra crianças e adolescentes no Brasil são praticados dentro do ciclo familiar e/ou no ambiente doméstico. Apenas 13% são registros praticados por pessoas estranhas. A revelação foi feita por Elias Pinho, promotor criminal da Comarca de Aracaju, atuando na 11ª Vara Criminal, em atenção aos grupos vulneráveis, que abrangem mulheres, crianças, adolescentes e idosos. O Brasil é o 7° país no ranking de acessos aos sites de pedofilia, revela André Costa dos Santos, delegado da Política Federal de Sergipe.
Além do promotor Elias Pinho e do delegado André Costa, participaram a delegada da Polícia Civil Georlize Teles, a educadora e deputada estadual Ana Lúcia Vieira (PT/SE) e o Sub-defensor Geral do Estado Jesus Jairo Lacerda, numa mesa redonda com jornalistas e convidados, debatendo o aumento dos crimes sexuais contra crianças e adolescentes, no Brasil e em Sergipe, na noite da quinta-feira (19), durante a realização da sabatina da 22ª edição do NósnoCabaré.comConvidados.
Elias Pinho revela estatísticas estarrecedoras. No Brasil, 39% dos casos de abuso sexual contra vítimas de até 18 anos incompletos são praticados pelos pais; 29% são praticados pelos padrastos; 6%, por tios e primos; somente 13% são de autoria de pessoas estranhas ao grupo familiar.
Crime - Não existe o crime de pedofilia. Existe a figura do pedófilo, que desenvolve interesse sexual por pessoas que não têm idade suficiente e ainda não estão fisiologicamente maduras para o ato sexual, explicou a delegada Georlize. Todo pedófilo é um criminoso, um abusador. Mas, nem todo abusador é pedófilo, esclareceu.
Segundo o promotor público, na 11ª Vara Criminal de Aracaju, cerca de 100% dos casos de estupros absolutos de vulneráveis se encaminham para a condenação do réu. Nos casos de estupro relativo de vulnerável, considerado ato sexual consentido e com conhecimento dos pais, envolvendo namoros entre menores e maiores de pouca idade, entre 18 e 19 anos, a promotoria encaminha pela absolvição. Quando o estupro relativo se dá entre menor e maior de idade avançada, mesmo consentido, o caso segue para condenação do agressor. Em conformidade com o artigo 217º do Código Penal, a pena prevista para estupro de vulnerável é de 8 a 15 anos de prisão.
Elias Pinho atribuí o alto grau de resolutividade nos casos de estrupo absoluto de vulneráveis em Aracaju ao uso do depoimento especial, ou assistido por psicólogos, evitando a revitimização. Segundo ele, a promotoria, juízes, advogados assistem aos depoimentos dos menores por meio de videoconferência.
O promotor informa ainda que, segundo dados do SIPIA - Sistema Nacional de Pesquisa e Tratamento de Garantias e Defesa dos Direitos Fundamentais Preconizados no ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente, de janeiro de 2009 a 11 de maio de 2011, Sergipe registrou 386 abusos sexuais contra meninos e 415 contra meninas. Elias Pinho lamenta que Sergipe seja o único estado brasileiro a não ter Juizado Especial da Violência Doméstica Contra Mulher.
Social - A deputada estadual Ana Lúcia Vieira (PT/SE) alerta para estratificação social que impõe diferenças marcantes nas estatísticas dos crimes contra crianças e adolescentes. Os casos de abusos sexuais acontecem em todas as camadas sociais. Já os casos de exploração sexual se concentram com maior efetividade nas camadas mais pobres pela necessidades de adquirir os alimentos e/ou de ajudar no sustento da família. Em Sergipe, 60% da população vivem em situação de pobreza. As classes alta e média são minorias., diz.
“É preciso que a sociedade tenha coragem para se indignar quando assistir um cidadão(ã) se interessar por uma criança de 12 anos e pagar R$ 10 para saciar seus desejos sexuais, protestou Georlize. Quem deita com uma menina de apenas de 9 ou 12 anos, deita com quem conhece o diabo. E, se eu for a delegada, irá conhecer o inferno, porque o mandarei para o presídio, desabafou.
Abuso e exploração - Georlize Teles esclarece que os abusos sexuais são caracterizados pela violência física, psicológica e moral da vítima, havendo conjunção carnal ou somente apalpações, carícias íntimas, toques genitais, sexo oral. O caso de exploração sexual, explica a delegada, se configura pela relação de troca financeira ou material em favor da saciação dos desejos sexuais do abusador. A sociedade precisa ter claro que as vítimas não têm nenhuma culpa de serem abusadas. Lamentavelmente, parte da sociedade ainda tem um olhar hipócrita e atribui culpa às elas, defende.
Segundo Georlize, os abusadores de crianças e adolescentes enxergam suas vítimas como mulheres pequenas, sem considerar as condições fisiológicas e de maturidade. Tive um caso de um abusador que, ao ser comprovado o crime, chegou a dizer que sempre desconfiou que a criança não fosse seu filho biológico, mas fruto de traição da mãe. Isto mostra que, na mente de alguns abusadores, a minha filha de 14 anos é uma criança. A filha do outro é uma mulher e, com ela, eu posso tudo, revelou.
Erotização - Tanto a deputada quanto à delegada concorda que a erotização precoce, em parte, decorre dos exemplos vivenciados pelas crianças no ambiente doméstico ou frequentado. Os pais precisam entender que as fantasias das crianças são a reprodução do que elas assistem dos adultos dentro de casa, elucida Georlize.
Fatores culturais e comportamentais também podem influenciar na antecipação da sexualidade nas crianças, como os programas televisivos, músicas, danças, roupas, amizades. “Na sociedade, os valores não são os mesmos. Em geral, o olhar é de muito preconceito. O adulto precisa entender que a cultura é forte e machista”, diz a deputada Ana Lúcia, reafirmando que a questão social é preponderante nesta formação infantil. A maioria da população, cerca de 60%, mora em casa de dois cômodos, onde pais e filhos precisam dormir juntos no mesmo cômodo. A criança tem o adulto como referência.
Notificação - Ana Lúcia é autora de lei aprovada na Assembleia Legislativa e sancionada pelo Governador do Estado, embora ainda não regulamentada, determinando que os órgãos de saúde pública e conselhos tutelares sejam obrigados a emitir notificações em caso de registro de identificação de vítimas de abusos sexuais à Secretaria de Estado da Saúde. “A questão se resolve enquanto política pública quando os serviços estiverem funcionando em rede”, cobra a deputada.
Durante a sabatina, abordada pelo médico Arnaldo Júnior, servidor do SAMU Estadual, Ana Lúcia se comprometeu a tentar inserir no texto da Lei a previsibilidade de que também os profissionais do SAMU sejam capacitados para emissão das notificações quando do momento do socorro.
Internet - O Brasil é o 7° país com maior número de acesso a sites de pornografia envolvendo imagens de crianças e adolescentes, provando que o uso das novas tecnologias tem contribuído para o aumento de crimes sexuais. É o que afirma o delegado da Polícia Federal, André Costa dos Santos. 90% dos casos de pedofilia na internet, investigados pela PF em Sergipe, envolvem fotos postadas na rede social orkut, alerta o delegado.
“Pai e mãe também pisam na bola. E quando a gente peca, o filho se perde”, ressalta Georlize. “É preciso se preocupar com as crianças para saber que tipo de cidadão estaremos oferecendo ao mundo”, lembra. Jesus Jairo relata que, segundo dados da Organização Mundial de Saúde, cerca de 25% dos abusadores sofreram violência sexual na infância.
Controle - É importante, é fundamental e é inadmissível que os pais não se responsabilizem pelo controle do uso da internet pelo seus filhos. A internet escancara as portas da sua casa para os estranhos, afirma o delegado da PF. Como medidas preventivas, André Costa orienta que os pais determinem o tempo de uso da internet, limitando o acesso diário; uso de computador por crianças e adolescentes exclusivamente em local coletivo da casa, propiciando visualização permanente dos acessos; monitoramento de saídas e passeios dos filhos; orientação para não marcar encontros com estranhos e desconhecidos; evitar que os filhos façam uso de lan houses; aplicação de programas de bloqueio de sites impróprios e programas invisíveis de interceptação de diálogos virtuais; e verificação periódica dos históricos das ferramentas de bate-papo.
Perfil - A prevenção poderá reduzir o risco, diz o sub-defensor Geral, Jesus Jairo. Em casos de internet, um abusador pode manter o assédio à vítima por dois anos, até conseguir o primeiro contato pessoal com ela. Ele pede a atenção da família para o perfil comum dos abusadores. Via de regra, são do gênero masculino, impotentes ao ato sexual com mulheres e que não provocam lesões nas vítimas com o objetivo de garantir a continuidade do abuso.
O defensor orienta ainda que as famílias passem a monitorar o comportamento dos seus filhos. De preferência, os abusadores buscam crianças mais tímidas, retraídas, carentes, que buscam apoio e afetividade nos amigos e muitas vezes nas drogas, argumentou, revelando um indicativo de crianças já vitimadas. Elas passam a ficar mais tristes, isoladas e a tomar banho mais vezes ao dia por se sentirem sujas, esclarece.
“As famílias precisam fazer a leitura da linguagem corporal dos seus filhos e começar a fazer a sua parte”, complementa Georlize.
Por Eliz Moura
www.bellamafia.org
http://www.faxaju.com.br/viz_conteudo.asp?id=116421
Escola apresenta sexo de forma técnica
Escola apresenta sexo de forma técnica
Para especialista, tema deve ser acompanhado de educação afetiva e estar presente em sala de aula desde a infância
Cinthia Rodrigues, iG São Paulo | 21/05/2011 07:00
Olhos bem abertos, corpos inclinados em direção ao professor, sorrisos contidos. Basta saber que a aula será sobre educação sexual para estudantes demonstrarem o interesse que todo docente espera quando prepara uma aula. Na maioria das escolas, no entanto, o tema fica aquém da expectativa e se resume ao funcionamento dos órgãos sexuais e aos riscos de gravidez e doenças.
Equipe da Secretaria Municipal de Saúde de SP explica partes dos órgãos sexuais a turma de 7º ano
“A informação científica não muda um comportamento baseado em hormônios”, diz o presidente da Associação Brasileira de Educação Sexual, Cesar Nunes. Livre docente pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e autor de livros sobre o tema, ele afirma que é preciso incluir afeto e responsabilidade na abordagem. “É isso que os estudantes esperam.”
A maior dificuldade é a falta de preparo do professor para lidar com o assunto. Apesar de a educação sexual ser oficialmente um tema transversal – a ser tratado por todos os educadores – desde os Parâmetros Curriculares Nacionais de 1997, não faz parte da formação docente. “Não se discute mais se deve ou não falar de sexualidade nas escolas, mas nas faculdades de licenciatura ainda não se aborda o assunto”, diz.
A saída encontrada tem sido delegar a tarefa a apenas um profissional. Às vezes, o professor de biologia, outras, um visitante. Nas escolas municipais de São Paulo, esse trabalho é feito por funcionários da Secretaria de Saúde com auxílio de material pedagógico do Instituto Kaplan, especializado no tema.
"Beijo" encabeça a lista de carinhos e carícias feita em aula de educação sexual
Carinhos e carícias
A assistente social Danusa Gianpietro Szot é uma das responsáveis pelas aulas na região do Carmo, zona leste da cidade. No primeiro encontro, fala de futuro, sonhos, expectativas e pede a alguns que façam este planejamento incluindo filhos. “Eles adoram, prestam muita atenção e acabam fazendo uma boa reflexão", diz ela.
O iG acompanhou a segunda aula em uma turma de 7º ano da escola municipal José Quirino. Foi ali que viu meninos e meninas de 12 e 13 anos se ajeitarem na carteira com alegria e atenção, à espera da aula de educação sexual. “Carícias e carinhos sexuais”, escreveu Danusa na lousa e perguntou: “Quais vocês conhecem?”
“Beijo”, respondeu o professor que acompanhava como ouvinte e foi convidado a começar. “Abraço”, veio a resposta de um aluno, na mesma linha. Em poucos minutos apareceu “mordida” e “amasso” até chegar em “sexo anal” e “sexo oral”.
Em seguida, foi mostrado o desenho de uma vagina. “O que é isso, gente?” Gargalhadas substituíram a resposta, e a aula continuou com a apresentação dos nomes e das funções de cada pedaço do órgão. A auxiliar de enfermagem Otilde Ferreira Hilário aproveitou para mostrar como é feito um exame papanicolau e, por último, repetiu tudo sobre o pênis, sempre acompanhada por risadinhas de alunos.
No final da aula, a turma formou grupos para uma competição. Danusa sorteava cartões em que havia situações sexuais e perguntava: “pode engravidar?” Nenhum grupo errou, mas antes de responder todos debateram internamente aos sussurros, falando uns aos outros de curiosidades que bem poderiam ser as deles. “Sim, porque o espermatozóide anda”, respondeu um aluno à pergunta que envolvia uma ejaculação nas pernas da garota. “Ele tem pernas?”, perguntou outro meio desconfiado.
A assistente social desenhou um na lousa, explicou como ele se movimenta e questionou se alguém sabia quantos daqueles há em cada gota de esperma. “Meu pai já me falou esta”, disse um dos mais inteirados. Quando o sinal tocou para marcar o fim da aula, a sensação foi de que foi insuficiente. “Não dá tempo de falar de tudo”, lamenta Danusa, já do lado de fora.
Semana da saúde
A situação é parecida em escolas particulares. No colégio Albert Sabin, também em São Paulo, o tema é abordado pela primeira vez no 8º ano, durante a Semana da Saúde da escola. Dois professores de biologia dividem meninos e meninas e respondem as dúvidas apresentadas.
“É muito difícil trabalhar o assunto”, admite o professor Aymar Macedo Diniz Filho. “A gente tenta isentar de moral, tenta levar mais para o fisiológico”, complementa. Ele conta que já faz esse trabalho há 10 anos e que os adolescentes de 12 e 13 anos têm cada vez mais conhecimentos prévios. “O que não muda são os medos, as angústias e as emoções.”
Cesar Nunes, da Associação Brasileira de Educação Sexual, explica que esses sentimentos precisam ser trabalhados com os adolescentes. "As dúvidas sobre o corpo vão existir desde os 3 anos de idade e devem ser respondidas com informações e sem estigma. Na adolescência, a garotada precisa de apoio para lidar com a avalanche de emoções que os cercam. Eles precisam saber que sexo envolve afeto e responsabilidade."
http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/escola+apresenta+sexo+de+forma+tecnica/n1596965973264.html
Para especialista, tema deve ser acompanhado de educação afetiva e estar presente em sala de aula desde a infância
Cinthia Rodrigues, iG São Paulo | 21/05/2011 07:00
Olhos bem abertos, corpos inclinados em direção ao professor, sorrisos contidos. Basta saber que a aula será sobre educação sexual para estudantes demonstrarem o interesse que todo docente espera quando prepara uma aula. Na maioria das escolas, no entanto, o tema fica aquém da expectativa e se resume ao funcionamento dos órgãos sexuais e aos riscos de gravidez e doenças.
Equipe da Secretaria Municipal de Saúde de SP explica partes dos órgãos sexuais a turma de 7º ano
“A informação científica não muda um comportamento baseado em hormônios”, diz o presidente da Associação Brasileira de Educação Sexual, Cesar Nunes. Livre docente pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e autor de livros sobre o tema, ele afirma que é preciso incluir afeto e responsabilidade na abordagem. “É isso que os estudantes esperam.”
A maior dificuldade é a falta de preparo do professor para lidar com o assunto. Apesar de a educação sexual ser oficialmente um tema transversal – a ser tratado por todos os educadores – desde os Parâmetros Curriculares Nacionais de 1997, não faz parte da formação docente. “Não se discute mais se deve ou não falar de sexualidade nas escolas, mas nas faculdades de licenciatura ainda não se aborda o assunto”, diz.
A saída encontrada tem sido delegar a tarefa a apenas um profissional. Às vezes, o professor de biologia, outras, um visitante. Nas escolas municipais de São Paulo, esse trabalho é feito por funcionários da Secretaria de Saúde com auxílio de material pedagógico do Instituto Kaplan, especializado no tema.
"Beijo" encabeça a lista de carinhos e carícias feita em aula de educação sexual
Carinhos e carícias
A assistente social Danusa Gianpietro Szot é uma das responsáveis pelas aulas na região do Carmo, zona leste da cidade. No primeiro encontro, fala de futuro, sonhos, expectativas e pede a alguns que façam este planejamento incluindo filhos. “Eles adoram, prestam muita atenção e acabam fazendo uma boa reflexão", diz ela.
O iG acompanhou a segunda aula em uma turma de 7º ano da escola municipal José Quirino. Foi ali que viu meninos e meninas de 12 e 13 anos se ajeitarem na carteira com alegria e atenção, à espera da aula de educação sexual. “Carícias e carinhos sexuais”, escreveu Danusa na lousa e perguntou: “Quais vocês conhecem?”
“Beijo”, respondeu o professor que acompanhava como ouvinte e foi convidado a começar. “Abraço”, veio a resposta de um aluno, na mesma linha. Em poucos minutos apareceu “mordida” e “amasso” até chegar em “sexo anal” e “sexo oral”.
Em seguida, foi mostrado o desenho de uma vagina. “O que é isso, gente?” Gargalhadas substituíram a resposta, e a aula continuou com a apresentação dos nomes e das funções de cada pedaço do órgão. A auxiliar de enfermagem Otilde Ferreira Hilário aproveitou para mostrar como é feito um exame papanicolau e, por último, repetiu tudo sobre o pênis, sempre acompanhada por risadinhas de alunos.
No final da aula, a turma formou grupos para uma competição. Danusa sorteava cartões em que havia situações sexuais e perguntava: “pode engravidar?” Nenhum grupo errou, mas antes de responder todos debateram internamente aos sussurros, falando uns aos outros de curiosidades que bem poderiam ser as deles. “Sim, porque o espermatozóide anda”, respondeu um aluno à pergunta que envolvia uma ejaculação nas pernas da garota. “Ele tem pernas?”, perguntou outro meio desconfiado.
A assistente social desenhou um na lousa, explicou como ele se movimenta e questionou se alguém sabia quantos daqueles há em cada gota de esperma. “Meu pai já me falou esta”, disse um dos mais inteirados. Quando o sinal tocou para marcar o fim da aula, a sensação foi de que foi insuficiente. “Não dá tempo de falar de tudo”, lamenta Danusa, já do lado de fora.
Semana da saúde
A situação é parecida em escolas particulares. No colégio Albert Sabin, também em São Paulo, o tema é abordado pela primeira vez no 8º ano, durante a Semana da Saúde da escola. Dois professores de biologia dividem meninos e meninas e respondem as dúvidas apresentadas.
“É muito difícil trabalhar o assunto”, admite o professor Aymar Macedo Diniz Filho. “A gente tenta isentar de moral, tenta levar mais para o fisiológico”, complementa. Ele conta que já faz esse trabalho há 10 anos e que os adolescentes de 12 e 13 anos têm cada vez mais conhecimentos prévios. “O que não muda são os medos, as angústias e as emoções.”
Cesar Nunes, da Associação Brasileira de Educação Sexual, explica que esses sentimentos precisam ser trabalhados com os adolescentes. "As dúvidas sobre o corpo vão existir desde os 3 anos de idade e devem ser respondidas com informações e sem estigma. Na adolescência, a garotada precisa de apoio para lidar com a avalanche de emoções que os cercam. Eles precisam saber que sexo envolve afeto e responsabilidade."
http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/escola+apresenta+sexo+de+forma+tecnica/n1596965973264.html
Juventude inquieta e de sexualidade ambígua
'Amores Imaginários' estreia esta quinta-feira
Juventude inquieta e de sexualidade ambígua
São jovens, cheios de sonhos e ideais, lindos e modernos. São filosóficos, opinativos, interventivos. Num filme de sexualidade ambígua, universo que abarca toda a beleza e simpatia pelo outro, independentemente do sexo, o jogo de sedução enreda o espectador até ao final.
19 Maio 2011Nº de votos (0) Comentários (0)
Por:Sofia Canelas de Castro
Porque, como se diz logo no arranque de ‘Amores Imaginários', "a única verdade para além da razão é o amor".
O filme é a segunda obra (prima!) de Xavier Dolan, jovem cineasta de 23 anos que assinou aos 16 o seu primeiro argumento que viria a filmar aos 20. À data, ‘J'ai tué ma Mère' (‘Matei a Minha Mãe') logo maravilhou Cannes.
E, nesta segunda volta, mais um galardão ‘Regards Jeunes' (Novo Talento) no mesmo festival para este canadiano de Montréal.
Gay assumido, Dolan é também actor dos seus filmes e neste é o vértice masculino de uma dupla de amigos que se debate pelo amor de Nicholas (Niels Schneider), um ‘anjo' que não se sabe se é hetero ou homosexual.
Francis (Dolan) e Maria (Monia Chokri) são os melhores amigos e ambos se encantam por Nicholas, rapaz de caracóis loiros e porte angelical, dúbio na sua sexualidade e cheio de afecto, independentemente do género.
O ‘anjo' por eles se enamora também, sem especificar a qual se rende...se é que se renderá a algum. Os dois amigos camuflam os sentimentos para não estragarem a amizade que os une mas o amor...será mais forte?
Pelo meio, o filme cruza-se com depoimentos de outros jovens, fora da trama, uma espécie de consultório de psicanalista cheio de sabor a verdade onde se expõem de forma sarcástica e realista, as inquietações da juventude. Face à sexualidade, às relações, à amizade...a tudo o que conta quando se tem 20 anos.
Libidinoso e ultra-sedutor, ‘Amores Imaginários' é uma ficção com tom documental e artístico que cruza influências da Nouvelle Vague, com o tom ao ‘blazé' de Gus Van Saint ou o colorido arrojado de Pedro Almodôvar. Fresco e jovial, a trama de Dolan é uma lufada de ar fresco.
http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/lazer/cultura/juventude-inquieta-e-de-sexualidade-ambigua
Juventude inquieta e de sexualidade ambígua
São jovens, cheios de sonhos e ideais, lindos e modernos. São filosóficos, opinativos, interventivos. Num filme de sexualidade ambígua, universo que abarca toda a beleza e simpatia pelo outro, independentemente do sexo, o jogo de sedução enreda o espectador até ao final.
19 Maio 2011Nº de votos (0) Comentários (0)
Por:Sofia Canelas de Castro
Porque, como se diz logo no arranque de ‘Amores Imaginários', "a única verdade para além da razão é o amor".
O filme é a segunda obra (prima!) de Xavier Dolan, jovem cineasta de 23 anos que assinou aos 16 o seu primeiro argumento que viria a filmar aos 20. À data, ‘J'ai tué ma Mère' (‘Matei a Minha Mãe') logo maravilhou Cannes.
E, nesta segunda volta, mais um galardão ‘Regards Jeunes' (Novo Talento) no mesmo festival para este canadiano de Montréal.
Gay assumido, Dolan é também actor dos seus filmes e neste é o vértice masculino de uma dupla de amigos que se debate pelo amor de Nicholas (Niels Schneider), um ‘anjo' que não se sabe se é hetero ou homosexual.
Francis (Dolan) e Maria (Monia Chokri) são os melhores amigos e ambos se encantam por Nicholas, rapaz de caracóis loiros e porte angelical, dúbio na sua sexualidade e cheio de afecto, independentemente do género.
O ‘anjo' por eles se enamora também, sem especificar a qual se rende...se é que se renderá a algum. Os dois amigos camuflam os sentimentos para não estragarem a amizade que os une mas o amor...será mais forte?
Pelo meio, o filme cruza-se com depoimentos de outros jovens, fora da trama, uma espécie de consultório de psicanalista cheio de sabor a verdade onde se expõem de forma sarcástica e realista, as inquietações da juventude. Face à sexualidade, às relações, à amizade...a tudo o que conta quando se tem 20 anos.
Libidinoso e ultra-sedutor, ‘Amores Imaginários' é uma ficção com tom documental e artístico que cruza influências da Nouvelle Vague, com o tom ao ‘blazé' de Gus Van Saint ou o colorido arrojado de Pedro Almodôvar. Fresco e jovial, a trama de Dolan é uma lufada de ar fresco.
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