Publicado em 14 dezembro, 2011
Escrevi há poucos dias que assuntos relacionados a sexo quase sempre são sinônimo de curiosidade e polêmica.
Não foi diferente por aqui; as postagens Bê-a-bá da cama e A vida na horizontal renderam bons comentários e imagino que muitos devam ter lido, tido lá seus pensamentos – devassos, quem sabe -, mas faltou coragem de manifestar.
Esse “fenômeno” acontece principalmente com as mulheres; pode ser que eu esteja equivocada, mas a impressão que tenho é de que quando nós expomos o que pensamos sobre sexo, corremos o risco de ser tachadas de “desavergonhadas” ou algo do gênero.
De fato, dependendo de como fizermos isso, a possibilidade de cairmos na vulgaridade é grande; banalizar - e satirizar – a vida sexual entre um casal é típico de pessoas que veem esse ato apenas como uma forma de satisfazer instintos animais.
E vocês sabem que sou uma mademoiselle das palavras e que, por enquanto, bom senso e moderação não têm me faltado na hora de escrever; por isso, acredito que dê conta de refletir sobre esse tema.
Achei interessante a observação que o Ronaldo Buttow, um leitor bastante participativo, fez na postagem anterior; ele escreveu que, com amor, pode ser na horizontal, na vertical, no sofá, na cama, debaixo do chuveiro, no carro…
Concordo; há controvérsias nesta história de que entre quadro paredes vale tudo, afinal, nem sempre os dois envolvidos querem assumir esse “vale tudo”, mas também acho que um homem e uma mulher podem variar a forma como se amam e ninguém deve ser rotulado como promíscuo por conta disso.
A questão é que, hoje, defender a ideia de que o sexo precisa estar vinculado a algum tipo de afeto é carregar o título de “careta”. É tão comum pessoas irem para a cama depois de um simples olhar, uma passada de mão e uma baforada de cerveja na nuca que parece não fazer sentido imaginar que uma relação sexual dependa de sentimento.
Fora essa discussão, outro ponto interessante a se levantar sobre esse tema é o que os homens esperam das mulheres – e o contrário também.
Vamos combinar que, depois de um tempo, com filhos, contas a pagar e cansaço das tarefas diárias, o apetite sexual não é mais o mesmo do início do relacionamento. De vez em quando, quando um grupo de amigas está reunido, há aquela que se autointitula a própria Bruna Surfistinha do parceiro, praticamente uma fêmea insaciável.
Eu tenho minhas dúvidas… para mim essas conversas são mais uma tentativa de autoafirmação, uma propaganda enganosa, sei lá…
Mas, mesmo com o passar do tempo, o casal pode manter acesa a chama do desejo. Talvez não seja na mesma frequência, nem com a mesma expectativa dos primeiros encontros, mas a intensidade do momento a dois pode ser mantida.
Há uma piadinha, sem graça para alguns talvez, a qual diz que um homem, ao se deitar, ofereceu para a esposa um copo de água e um comprimido. A mulher, recusando a “oferta”, disse “Mas eu não estou com dor de cabeça!”. “Era isso que eu precisava saber”, respondeu o marido.
Essa desculpa da tal dor de cabeça é mesmo emblemática; atire o primeiro comprimido quem nunca se valeu dessa estratégia em um dia – ou noite – em que tudo que se desejava era fechar os olhos e dormir.
Querem saber? Há dias em que um pedaço de bolo de chocolate é mais prazeroso para nós que uma noite de amor; e tenho certeza de que muitos homens, dependendo do momento, preferem futebol e cerveja a sexo.
Pronto; escrevi. Qual o problema em se assumir isso?
Mesmo um casal que se ama pode ser que não esteja a fim um do outro em algum dia e isso não quer dizer que precisem de uma sessão de terapia.
Sexo não é pecado; não precisa ser tabu; não deve ser encarado apenas como uma fonte inesgotável de prazer pessoal.
Ter coragem de discutir sobre isso, de forma madura e coerente, sem receio do que os outros vão pensar, pode ser um primeiro passo para que nossos momentos na “horizontal” sejam cada vez melhores.