Seção: Comportamento

“Os homens mais jovens têm medo dessas mulheres independentes. Só depois de mais maduros eles conseguem perceber que não existe nenhum problema em discutir vontades e opiniões femininas”, acredita o professor.
Ao perder o papel de provedor da família, o homem se vê sem rumo, pois ao mesmo tempo em que gosta de ter a ajuda financeira da mulher, sofre com a pressão de terceiros e mesmo com os valores intrínsecos para tomar de volta seu lugar. Sem os papeis pré-definidos, o casal não consegue se compor de forma tranquila. É aí que pode surgir a competitividade entre os dois, um dos motivos que leva à separação. “Se não há vontade bilateral de ver o outro crescer, aparece o mal-estar e a impossibilidade de convivência”, avisa a psiquiatra e sexóloga Carmita Abdo.
Defesa e acusação
Claro que o problema não está apenas na ala masculina.
Claro que o problema não está apenas na ala masculina.
“As mulheres estão reacionárias e autoritárias. Acham-se no direito de abrir caixa de e-mail e xeretar no celular de seus namorados e maridos. Isso causa uma série de conflitos e separações prematuras.” Manter a família a qualquer preço também ficou no passado. Se as gerações passadas deixavam a afetividade em segundo plano por não admitirem a separação e a volta para a casa dos pais, hoje é perfeitamente possível sair de uma relação e se manter financeiramente. “O nível de tolerância dos casais está menor. Dificilmente eles desejam trabalhar as diferenças”, diz Carmita Abdo.
Se as mulheres já conquistaram um espaço tipicamente masculino, o do trabalho, os homens estão em vias de dominar o espaço tradicionalmente visto como o mais feminino de todos: a casa.
Pais participam das tarefas domésticas e dos cuidados com os filhos. E isso pode ser ótimo porque livra a mulher de uma carga muitas vezes bastante pesada, mas pode passar dos limites e tirá-la de um papel do qual ela não está preparada para abrir mão: o de mãe. “Anular a mulher em casa e anular o homem na rua têm o mesmo efeito danoso para as relações”, analisa Luiz Antonio.
A longevidade, mais uma vez, influencia as mudanças sociais que vêm acontecendo. Antes, quando um casamento não ia bem, não havia muito tempo para pôr fim ao relacionamento e buscar a felicidade em outro. A decisão de se separar vinha com a resignação de que a mulher acabaria sozinha. “As escolhas aos 20 anos são muito diferentes das escolhas aos 40 ou 50 anos. É natural que um relacionamento que estava bom quando se era mais jovem mude com o passar dos anos”, lembra Ana Maria Zampieri.
Isso quer dizer que o segundo casamento tem mais chances de dar certo? Teoricamente sim.
Tanto por causa da maturidade quanto pelo fato de que os primeiros erros tendem a evitar os erros seguintes. “Isso só funciona para aqueles que não se divorciam na primeira dificuldade. Porque esses têm a ilusão de que o problema só está no outro”, diz a psicóloga.
A vida sexual, que tinha data marcada para terminar, hoje faz parte do cotidiano da terceira idade. Medicações para homens e reposição hormonal para as mulheres garantem longevidade sexual. O oposto também é verdade: se a vida sexual entre o casal não está fluindo, é natural buscar um par mais satisfatório, não importa a idade.
Fonte: Cáren Nakashima e Livia Valim, especial para o iG São Paulo
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