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domingo, 28 de agosto de 2011

Polícia encontra carro de uma das vítimas assassinadas na Oscar Freire

Polícia encontra carro de uma das vítimas assassinadas na Oscar Freire
Publicada em 28/08/2011 às 10h08m
O Globo (opais@oglobo.com.br)
Com EPTV

SÃO PAULO - O carro do analista de sistemas Eugênio Bozola, de 52 anos, assassinado na Rua Oscar Freire, em São Paulo, foi encontrado na madrugada deste domingo, na Vila Aurea Gimenes, em Sertãozinho, a 334 km de São Paulo. O veículo será vistoriado pela Polícia Civil. O crime aconteceu na madrugada da terça-feira. O suspeito, Lucas Cintra Zanetti Rossetti, de 21 anos, continua foragido. As informações são do site da EPTV.
O veículo do analista, um Honda Civic, não foi encontrado na garagem da casa dele no dia do crime. No entanto, o carro passou no pedágio de São Simão, na região de Ribeirão Preto, às 5h30m.
O assassinato é investigado como latrocínio (roubo seguido de morte). Os corpos de Eugênio e do modelo Murilo Rezende da Silva, de 21 anos, foram encontrados por uma diarista.
As investigações chegaram ao suspeito por meio de imagens de uma pizzaria onde ele e as vítimas jantaram na noite anterior ao assassinato. Rosseti é de Igarapava e não tem antecedentes criminais. No entanto, há uma determinação judicial que o proíbe de chegar perto da ex-namorada, por causa de ameaças que fez contra ela.
Segundo a polícia, oi convidado a passar uma temporada em São Paulo. O crime teria acontecido no último dia da visita, e seria motivado por homofobia. Entre as mensagens no Twitter do suspeito estão:
"Eu não sou gay. Eu sou um espião.hahahahaha"
"Estou infiltrado no muno gay"
"Acordei com vontade de cometer um crime. O de pena mais longa"
"To com vontade de agredir alguém. Candidatos?"
"Twitter é coisa de gay"


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/cidades/mat/2011/08/28/policia-encontra-carro-de-uma-das-vitimas-assassinadas-na-oscar-freire-925231587.asp#ixzz1WMLaV0RA
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quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Que Homossexualismo é Este?

- Documento - Que Homossexualismo é Este?
dizjornal@gmail.com
Com os crescentes casos de agressões a homossexuais na cidade reabre-se o debate que se remete a uma questão central: o preconceito como caldo de cultura é mais arraigado e profundo do que se percebe? Existe um numeroso contingente silencioso, que se não aprova a agressão física, intimamente concorda que os homossexuais merecem punição?
É necessário ampliar o debate para melhor digestão do conceito, sem os disfarces do “politicamente correto”, que se esgueira nas vielas do pensamento conservador e de forma dissimulada estimula a discriminação. É como se diz: “tudo é permitido, desde que não seja na minha família.” Existem pais que dão “conselhos” a outros pais de homossexuais, mas jamais resistiriam que esta orientação sexual fosse escolha de um filho seu. Neste embuste sóciointelectual vão se formando os tecidos do comportamento na nossa sociedade como um todo que não é capaz de conter a fúria da intolerância e a visão do outro diferente da expectativa do padrão.
Em 2006, em Niterói, um jovem de 19 anos, Ferrucio Silvestro, teve o rosto desfigurado por agressores homofóbicos ao sair de uma boate gay em São Domingos, na Praça Leoni Ramos. O estudante ficou 4 dias internado no Hospital Antonio Pedro, enquanto o caso, intensamente divulgado, estendeu-se na rede de relacionamento Orkut, onde muita gente aplaudiu os agressores, inclusive dizendo que ele apanhou pouco e deveriam tê-lo matado.
Ao sair do hospital registrou queixa na 76ª DP. Depois de algum tempo “sem progresso e nem solução” o caso foi arquivado e mais uma vez os agressores ficaram impunes. Sem alternativas e sentindo-se ameaçado o jovem mudou-se da cidade.
De lá para cá, muitos casos aconteceram sem que um único episódio si quer tenha sido exemplarmente punido. Na semana passada, o estudante universitário (UFF) Silaedson Silva Junior, ao sair da mesma praça, (Leoni Ramos) ao chegar à altura do Clube Canto do Rio, foi capturado por 3 rapazes que o agrediram com tapas e pontapés. Ele conseguiu se desvencilhar e fugir, não chegando ao mesmo nível de contusões que teve o Ferrucio Silvestro. Mas, a agressão se configurou e o estado de constrangimento se estendeu até a delegacia. Ele alega somente ter conseguido registrar a agressão com caráter homofóbico acompanhado por um advogado.
O delegado da 76ª DP, Dr. Nilton Pereira Silva, declarou que o registro aconteceu e foi acolhido normalmente e sem qualquer dificuldade.
Numa entrevista que ele deu numa emissora de TV disse que o caso seria investigado, embora reconhecesse a dificuldade de identificar os agressores, e que iria buscar alguma gravação de câmeras de prédios da região para conseguir as pistas necessárias.
Voltamos sempre à mesma questão: há acolhimento da queixa, mas a incerteza da solução é sempre expressiva.
O comerciário M. que preferiu não ser identificado disse: “não é que não se consiga registrar a queixa. A questão é como os policiais se comportam perante o fato. Parece até que se divertem e fazem pouco caso da situação. Fica patente que não vão investigar nada e quem sabe, até aprovam a opressão que sofremos. Nos tratam como bichas, mesmo!”
A questão dos direitos do cidadão não diferem, por classe social, credo, raça ou mesmo orientação sexual. Trata-se apenas de um cidadão, e como tal, amparado constitucionalmente: a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais; ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante.
Entre o texto e a realidade existe um hiato de cultura e descaso. O homossexual, ainda que qualificado e até abastado financeiramente e de posição social privilegiada, não é visto da mesma forma quanto aos direitos da cidadania.
Sob um véu de dissimulação é relegado a um plano inferior. Uma espécie de “faz de conta” quanto ao exercício da legalidade. Os policiais, na sua grande maioria, apenas refletem o pensamento da nossa sociedade, e estão profissionalmente despreparados para lidar com situações onde impliquem em desigualdades.
Faz-se necessário re-equipar intelectualmente os nossos profissionais, tanto da Polícia Civil, quanto da Polícia Militar, caso contrário continuaremos na subnotificação dos casos, com a crescente impunidade e agravamento do quadro.
José Cardoso, bibliotecário disse: “muita gente não vai nem à delegacia. Apanha e fica por isso mesmo. As pessoas se sentem desencorajadas pelo constrangimento que são submetidas ao afirmarem que são homossexuais e que foram atacados. O rosário de perguntas é imenso, como se não desejassem caracterizar o fato como homofóbico. Registram com outras denominações, até de agressões, mas não como o caráter que deveriam ter. É homofobia, tem que ser reconhecido como tal.
Mas, a verdade é que em muitos casos fica difícil caracterizar; até por certa desconfiança que é imposta. Aí, preferem deixar para lá. E a porradaria continua!”
O projeto de lei que criminaliza a homofobia foi aprovado no plenário da Câmara. O texto prevê pena de prisão de até 5 anos para quem criticar os homossexuais publicamente, seja qual for a razão. E também estabelece punição a quem preterir homossexuais em uma seleção de emprego, por exemplo. Entretanto, está tudo como antes e tentam novas fórmulas tortas como desculpas mal apresentadas.
A Assembléia Legislativa de São Paulo aprovou em 2010 o projeto de lei n. ° 455, que proíbe a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero nos elevadores. Em seu Artigo 4º, o projeto recomenda ainda que o governo estadual desenvolva “ações de cunho educativo” e de combate a todas essas discriminações.
As tentativas de amenizar problemas desta espécie são tantas que se perdem nas divisões e classificações promovendo o esvaziamento e dispersão do foco de atuação contra a discriminação como um todo. A impressão que se tem é que para que se atue contra o problema específico da homofobia, precisa-se de outras motivações acopladas para dar conteúdo e contexto prático. A deputada Marta Suplicy (PT) que foi a relatora da Lei Contra a Homofobia, acrescentou outras questões, como racismo ao texto e deu uma espécie de salvo conduto aos religiosos nas suas pregações contra o homossexualismo dentro dos seus templos. Evangélicos e católicos alegam que o projeto cria uma casta privilegiada e fere a liberdade religiosa. Mesmo com a lei, há um revestimento renitente de preconceito e receio de enfrentar o problema abertamente, temendo-se as diversas oposições.
A questão objetiva é que dentro deste quadro de dificuldades de aceitação social de uma escolha ou orientação sexual, se dissimula cada vez mais a realidade. Existe muito mais gente que é homossexual, mas esconde a condição temendo a rejeição social. Este numeroso contingente de “enrustidos” ou bissexuais, como preferem se apresentar, estabelece outro nível de categoria ou tipo, se misturando na massa como uma espécie de mutantes ambulantes dissimulados.
O 3º Livro de Moisés, diz que é abominação um homem se deitar com outro; até ai tudo bem, mas não esqueçamos que em Levítico 11, 12 - diz que comer marisco é também abominação. É uma abominação maior ou menor do que a homossexualidade?
A segunda curiosidade é em relação ao homossexualismo feminino que não sofre o mesmo grau de agressão. Há discriminação, mas não há registros de agressões a lésbicas, pelo menos, fisicamente falando.
É novamente o preconceito supostamente machista. É mulher, pode e é até excitante, como dizem alguns. Atualmente há uma espécie de pacto, onde é possível haver um trio amoroso, com todos os requintes e práticas sexuais, compostos de duas mulheres e um homem.
Numa boate da Zona Sul detectamos alguns trios deste tipo. Conseguimos, muito maneirosamente, uma abordagem e questionamos o rapaz: Ele nos disse que uma delas era sua namorada e a outra era namorada dela. Indagamos se ele não tinha sentimentos de posse ou ciúmes, e ele respondeu que não. Só sentiria ciúmes se fosse outro homem. Aí, era um “caso de chifre” e ele não admitiria. No segmento da conversa ele nos afirmou, que não era o caso dele, mas que conhecia outros trios formados de maneira inversa: dois homens e uma mulher. Ela era namorada de um e o outro era namorado do namorado dela.
A verdade é que a diversidade existe e não pode ser simplesmente encarada pelo prisma moral ou religioso. Há toda uma humanidade e sociologia em jogo. Não se trata de costumes, pura e simplesmente. Ninguém se torna homossexual por indução de costumes. Ser homossexual é um fato intrínseco. Acreditamos que o individuo nasce homossexual, do mesmo jeito que outros nascem heterossexuais.
É uma questão de alma. De existência definida e indefensável. Para tanto, é preciso alargar os horizontes intelectuais para uma coexistência pacífica e livre.
Os seres humanos, são apenas humanos, independentes das suas origens e escolhas.
Niterói, 20/08 a 03/098/11 www.dizjornal.com

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Know how gay de exportación

Know how gay de exportación
La CHA asesora a un centro cubano contra la homofobia. Es un intercambio académico y de experiencias en el marco de la nueva política de ese país sobre el tema.
Por Emilio Ruchansky
Página 12, Argentina
El activismo argentino viene fomentando el avance de los derechos relacionados con la diversidad sexual en Cuba, donde hay buenas chances de aprobar la unión civil para parejas del mismo sexo. “Las herramientas y argumentos que ofrecen son muy útiles y pueden ser aplicados a la realidad cubana adecuándolos a nuestras condiciones concretas”, dijo a este diario Alberto Roque, activo colaborador del Centro Nacional de Educación Sexual (Cenesex), dirigido por la sexóloga Mariela Castro Espín, hija del actual presidente cubano. Este organismo firmó un acuerdo de cooperación con la Comunidad Homosexual Argentina (CHA), que incluye el intercambio académico, de experiencias, y la publicación de libros y materiales educativos. El primer objetivo es “desterrar la homofobia” de la isla, a través de diferentes campañas informativas y hasta cine-debates.
“Lo meritorio, a diferencia de lo que pasó en Argentina, es que en Cuba la batalla cultural que involucra este tema se está dando desde ámbitos gubernamentales, no sólo desde las organizaciones civiles”, observó César Cigliutti, titular de la CHA. El diálogo, agregó, es constante y en esta primera etapa del intercambio el pedido del Cenesex pasa por materiales académicos relacionados con la adopción y las familias homoparentales.
“La idea es que legisladores, ministros y activistas sepan sobre los tratados internacionales y la jurisprudencia. Es la estrategia que usamos acá en el Senado y en la Cámara de Diputados”, señaló Cigliutti.
El acuerdo entre el Cenesex y la CHA firmado en abril pasado abarca tres directrices fundamentales. La primera es formativa e investigativa, con vistas al desarrollo de investigaciones relacionadas con la promoción de derechos humanos. La segunda se basa en el intercambio de experiencias, mediante talleres específicos sobre la promulgación de normas jurídicas en favor de la diversidad sexual. La última involucra la publicación de libros y materiales educativos. “La transformación que encaró Mariela Castro –aseguró el titular de la CHA– es muy profunda social y culturalmente.”
Ya pasaron cuatro años desde que circula el proyecto de ley de unión civil para parejas del mismo sexo y no de matrimonio, según Castro Espín le indicó por entonces a Página/12: “El matrimonio en Cuba no es una institución fuerte, lo que es fuerte es la familia”. Según explicó Roque, del Cenesex, “después de haber sido entregado por la Federación de Mujeres Cubanas y la Unión de Juristas de Cuba hace más de un año, el proyecto de ley del Código de Familia está en manos del Ministerio de Justicia, que establece el orden en que se debaten las propuestas legislativas en el Parlamento”. Paralelamente, desde el Cenesex vienen haciendo un trabajo de sensibilización en el Comité Central del Partido Comunista de Cuba.
“Esperamos que estos temas relacionados con la diversidad sexual se incluyan en la agenda de la Conferencia del Partido del próximo año”, agregó Roque, activista y médico de profesión. Mientras tanto, desde el Cenesex lanzaron un concurso de afiches publicitarios y de guiones para spots publicitarios y films para revertir la discriminación. Además, todos los años en La Habana hay jornadas sobre diversidad sexual. La última fue en mayo pasado y Castro Espín envió un mensaje contundente a la sociedad cubana y a los políticos. “Desterremos la homofobia y defendamos el socialismo como paradigma emancipador del ser humano”, dijo.
El trabajo de intercambio entre la CHA y el Cenesex comenzó con el aporte de la organización argentina de una guía de información técnica y jurídica titulada “Somos Familias”. Allí se señala que la negación de derechos a la comunidad LGTB incide en “una mayor violencia y estigmatización social para con las personas homoafectivas”. También se menciona la extensa legislación internacional que emana de las Naciones Unidas, la Comisión Americana de Derechos Humanos y el Consejo Europeo, entre otras organizaciones.
En este compendio, que involucra cifras y estudios científicos, se analizan temas como el derecho a la herencia, la crianza de niños en familias homoparentales, la adopción, la discriminación laboral. Por otro lado, también se repasan las estrategias de la CHA: su política de visibilidad, la lucha contra la represión policial, las marchas del orgullo, el enfrentamiento con la Iglesia, la confección de materiales como el cuadernillo Salí del Closet, presentado en 2008 y motivo en una campaña del área de jóvenes de la CHA.
Según Roque, la sanción de la ley de matrimonio igualitario en la Argentina fue recibida con entusiasmo en el Cenesex y por el activismo. “Los medios nacionales hicieron una tímida mención sobre el asunto a pesar de la amplia cobertura hecha por Telesur”, agregó. “¿Y qué lecciones dejó para ustedes?”, preguntó Página/12. “Sin dudas, fue un proceso donde aprendimos sobre la articulación de todas las fuerzas diversas y heterogéneas que inciden en lograr este triunfo. También aprendimos sobre la utilidad de crear alianzas políticas en el trabajo de abogacía por los derechos sexuales y lograr así su plena inclusión en las políticas”, respondió.
La noticia llegó en un contexto favorecedor porque, ese mismo año, Fidel Castro había reconocido que no se le prestó “la suficiente atención” al tema. Fue durante una entrevista del diario La Jornada, de México, publicada en simultáneo por Página/12, donde el líder cubano admitió que los homosexuales, por su sola elección sexual, fueron tildados de contrarrevolucionarios y enviados luego a campos de trabajo militar-agrícolas en los ’60. También asumió toda la responsabilidad por lo ocurrido.
La percepción cubana al respecto cambió de manera radical. Es lo que pudo comprobar Cigliutti, quien conoció y recorrió La Habana en los ’90, cuando gays y travestis se reunían disimuladamente en alguna esquina céntrica para citarse luego en fiestas en las afueras de la ciudad. “Ibamos en autos y taxis y en el medio de la nada, en un baldío poníamos música y bailábamos. Hoy la situación es totalmente distinta. Hay boliches gays y también playas”, señaló el presidente de la CHA, orgulloso del intercambio con Cuba porque implica la importación de la experiencia militante de la CHA, que ya lleva 27 años de reclamos y triunfos.
emilioru@pagina12.com.ar

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Casamento e homofobia: as torções do direito e os mastros da democracia

Casamento e homofobia: as torções do direito e os mastros da democracia

por Pádua Fernandes

O que irrompe quando juristas que costumam manter uma linha de argumentação racional, mesmo em seus erros, dão nós na razão e embaraçam-se nos fios torcidos? Que sentimentos entram em jogo sob o disfarce, no direito, da teoria constitucional?
Trata-se do instituto jurídico do casamento civil; ele deve permanecer um privilégio de certos casais ou não? Esses privilégios, muitas vezes de origem religiosa, vedaram a legitimação jurídica de uniões inter-raciais, de pessoas de religiões diversas, de castas diferentes – e de mesmo sexo.
Em países teocráticos, esse instituto simplesmente não existe. Porém, nos países que desenvolveram essa importante conquista para a pluralidade, o casamento civil, os argumentos para mantê-lo como privilégio de casais de sexo diferente encontram dificuldade de esconder sua origem em preconceitos religiosos – e, portanto, contrários ao espírito do direito de uma sociedade em que Estado e religião estão separados.
Qualquer direito que se assuma como religioso assume, só por essa razão, um caráter excludente, o que o torna dificilmente compatível com a democracia. É democrático que as pessoas tenham o direito de adotar uma religião; o Estado é que não deve fazê-lo.
A importância histórica dos Estados Unidos da América para o constitucionalismo é inegável. No entanto, Eve Kosofsky Sedgwick, em Epistemologia do Armário, bem pôde indicar, entre as diversas incongruências dos discursos sobre o gênero, a incoerência do Judiciário daquele país, a Suprema Corte inclusive, que legitima a vedação do acesso de homossexuais a certos empregos. Um professor de geografia do oitavo ano em Maryland, Joe Acanfora, havia sido afastado de suas funções docentes quando se descobriu que era homossexual. Inconformado, o professor chegou a ir à tevê e, com isso, foi definitivamente excluído. O tribunal considerou legal a demissão sob o argumento de ele ter divulgado sua própria sexualidade – o que atrapalharia o processo pedagógico!
O professor apelou. O tribunal superior, no entanto, ratificou a decisão com outro argumento: Acanfora não havia mencionado, no pedido de emprego, que havia sido membro de uma organização sexual na universidade. Se tivesse dado a informação, não teria sido contratado… A demissão, pois, era perfeitamente legal. A Suprema Corte, por sua vez, rejeitou a demanda de Acanfora, que perdeu o caso sob o argumento de que divulgou sua sexualidade e, depois, sob o argumento de que a ocultou. Tratava-se de “uma revelação simultaneamente obrigatória e proibida”, escreveu Sedgwick. Não havia como ganhar a causa.
A autora afirmou, porém, que os tribunais distinguiram entre a homossexualidade do professor, e a maneira inadequada com que teria divulgado sua “condição”; a homossexualidade, por si só, não teria sido o motivo da demissão. Creio que ela está equivocada nesse ponto: a escola não o teria contratado se soubesse que ele era homossexual e essa discriminação, fundada tão só em sua sexualidade, em vez de ter sido considerada inconstitucional, foi julgada legítima. Se não faz diferença, juridicamente, ocultar ou revelar certa condição, é porque ela constitui o problema, e não o seu ocultamento ou revelação.
Creio, pois, correta a National Education Association que, em declaração de 30 de setembro de 2009 sobre proibição de discriminação no emprego, citou o caso de Acanfora como exemplo de discriminação por motivo da sexualidade. Nos EUA, “legislação apropriada é extremamente necessária, não legislação que crie ‘direitos especiais’, e sim que crie ‘direitos iguais’ para que empregados LGBT fiquem livres de discriminação.”
Trata-se mesmo do nó da questão: como um ordenamento jurídico que apresente, em seus princípios gerais, o da igualdade, pode ser usado para legitimar a discriminação de homossexuais? Tortuosidades argumentativas e hermenêuticas costumam aparecer – afinal, como conciliar aquele princípio de origem iluminista com os preconceitos inspirados em livro religioso milenar? Há quem o faça, mas não são os ortodoxos.
O caráter abstrato desse princípio permite-lhe ser historicamente moldável e abrigar causas que não foram pensadas em 1789, mas que hoje são prementes, como o da união entre pessoas de mesmo sexo; como escrevi em meu livro Para que servem os direitos humanos?, trata-se da capacidade histórica dos direitos humanos de se transformarem sem a necessidade de alterações jurídicas formais.
Mais um exemplo de tortuosidade jurídica: o casamento deixou de ser um privilégio heterossexual em Portugal (assim como na Espanha, outro país católico). O jurista Carlos Pamplona Côrte-Real, em parecer de 2007, lucidamente apontou os extravios metodológicos de certos constitucionalistas lusitanos (entre eles, Canotilho e Jorge Miranda) que consideravam constitucional a proibição do código civil português de que homossexuais casassem. Para legitimar a vedação no código, inexistente no texto constitucional, eles interpretavam a Constituição de acordo com a legislação civil, invertendo a hierarquia das normas: a Constituição é que deveria, segundo as noções básicas, comezinhas da teoria do direito, servir de parâmetro normativo. Canotilho e Vital Moreira chegam ao extremo de dizer que o direito ao casamento seria “neutro” em relação ao recorte hetero ou homossexual. Pamplona Côrte-Real, muito cortês, não faz a indagação, mas seria de perguntar se aqueles constitucionalistas veria algum problema jurídico, em termos de direitos humanos, se o legislador vedasse o casamento entre pessoas de sexo diferente…
O parecer ataca o apriorismo na argumentação desses juristas ao tomarem o modelo do matrimônio católico como pressuposto do casamento civil, e vincula as inconsistências resultantes a um preconceito homofóbico.
Com efeito, esse tipo de repulsa é evidente nos argumentos de que a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo abriria portas para poligâmicos, incestuosos etc. Algo de semelhante pode ser lido no parágrafo 24 da Metafísica dos Costumes de Kant, em que o filósofo alemão compara a união entre seres humanos do mesmo sexo com a zoofilia sem apresentar razões para essa analogia, no mínimo esdrúxula para seres racionais. De fato, não era necessário para o leitor da época, apresentá-las: eram os preconceitos religiosos que irrompiam no discurso jurídico-moral kantiano e faziam-no comparar pessoas que amavam outras do mesmo sexo com seres irracionais, negando-lhes a dignidade humana.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil adotou linha de pensamento parecida em curiosa intervenção nas ações que o Supremo Tribunal Federal julgou sobre a extensão da união civil aos casais homossexuais (escrevi sobre essas ações julgadas pelo STF aqui e aqui. É interessante notar que a CNBB, nesse julgamento, foi a única entidade que comungou do entendimento de uma associação filo-nazista, que também se manifestou, nos autos e na sustentação oral, contrária ao reconhecimento jurídico das uniões entre homossexuais). Argumentos como esses já foram usados para a proibição do casamento entre pessoas de raças diferentes, como bem lembram, entre outros, os juristas Luís Duarte d’Almeida e William Eskridge Jr.
Este último jurista, estadunidense, realizou importantes pesquisas sobre o ativismo judicial dos movimentos sociais nos EUA, analisando as derrotas e vitórias desses movimentos no Judiciário. Em livro recente, lembrou que um clássico do pensamento jurídico, Jeremy Bentham (1748-1832), escreveu contra a perseguição de homossexuais em textos que ficaram inéditos (o filósofo temeu que o público não os aceitasse) até a segunda metade do século XX.
É realmente interessante lembrar de Bentham – um adversário do Iluminismo – neste debate. O filósofo utilitarista considerava que estávamos sob o império de dois princípios: a dor e o prazer. Útil seria toda lei que aumentasse o prazer e diminuísse a dor. Com esse fundamento, ele criticava toda lei que impusesse o ascetismo, bem como as leis de “antipatia”, isto é, as que se fundamentassem na repulsa a um grupo.
Leis de antipatia? Trata-se exatamente da questão da homofobia. E também do ascetismo, quando se defende que os homossexuais não precisam ser eliminados, mas não devem realizar-se afetivamente. Contudo, o que pode trazer de maléfico para os casais de sexo diferente que os outros casais também possam legalmente casar-se? Cito Bentham:
Permanecem, portanto, duas fontes, e não mais do que duas, das quais a soma de felicidade tomada em todas suas formas pode aumentar: uma é a diminuição do montante de dores; a outra é a remoção dos obstáculos que o erro e o preconceito opuseram ao aumento do estoque de prazeres que toda pessoa (homem ou mulher) tem em seu próprio poder.
Ele, em nome do princípio da utilidade, condenou a perseguição aos homossexuais (fora um iluminista, poderia tê-lo feito com base na dignidade), pois ela aumenta o montante de dor na sociedade, com a perseguição a essas pessoas – que não causam, com seu comportamento, dor ao restante da sociedade. Bentham recordou dos variados exemplos clássicos de amor viril (Virgílio, Suetônio, Alexandre o Grande…) e escreveu que não se pode condenar esse amor com base nas palavras de Jesus, pois o “advogado da adúltera” jamais o censurara, no que teria sido muito diferente do ascetismo legiferante de Moisés e de Paulo.
Com base no pensamento utilitarista, poderíamos até mesmo argumentar, em favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo, que, além de aumentar o prazer entre essas pessoas, ele tem como efeito diminuir a dor entre os heterossexuais, que deixarão de ser enganados por homossexuais que pretendem esconder sua orientação sexual em uniões de conveniência.
De fato, estamos em um campo em que os princípios da dignidade e o da utilidade convergem. Adversários de ambos, claro, defenderão outras posições. Exemplo recentíssimo, no Brasil, foi o de uma casa de legisladores municipais, antes conhecida somente pelos numerosos casos de corrupção que envolveram seus membros e por sua morosidade legislativa. Na atual legislatura, marcou-se também pela descoberta do patrocínio de vários de seus membros pelas empresas imobiliárias, interessadas em desfigurar o plano diretor, bem como em verticalizar e poluir ainda mais a cidade.
Essa casa, atuando como improvável pilar da moralidade nacional, resolveu em agosto de 2011 criar o “dia do orgulho hétero”, que ainda não foi sancionado ou vetado pelo prefeito. O apóstolo da medida justificou-se, afirmando em artigo na Folha de S. Paulo querer discutir os supostos privilégios dos homossexuais na sociedade brasileira. Escreveu: “Vejo nas novelas e na imprensa um tratamento especial dos gays.” De fato, o tratamento é especial, porém negativo: os únicos casais que não podem se beijar são os de pessoas do mesmo sexo.
Em seu arrazoado, menciona algo inexistente, num falso paralelismo com a homofobia: a “heterofobia”. Heterossexuais não são demitidos, espancados ou mortos pelo simples fato de sua orientação sexual – isso ocorre com os homossexuais. É ridículo tentar negar esse dado óbvio da realidade, mas alguns fazem do ridículo sua missão. O autor do projeto aprovado chegou ao ponto de criticar, em frase cujo óbvio símbolo fálico sugere a conveniência de consultar o psicanalista, “os intocáveis que hasteiam a bandeira gay e que quebram o mastro da bandeira da democracia.” (Grifo meu.)
No tocante ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, poder-se-ia, com alguma lucidez, falar em “direitos especiais”? Obviamente que não, mas de acesso aos mesmos direitos. Por esse motivo, parece-me infundada a posição de certos autores que acusaram o Supremo Tribunal Federal brasileiro de legislar quando reconheceu que pessoas do mesmo sexo também vivem em uniões estáveis. Afinal, não ocorreu a criação de um direito novo, nem de um “direito gay” específico, e sim apenas a extensão de um direito já existente a um grupo que era excluído, o que contrariava o princípio da igualdade previsto na Constituição e nos tratados internacionais de direitos humanos. Tal é a força normativa do princípio, que pouco importa que o parágrafo terceiro do artigo 226 do texto constitucional fale do reconhecimento como entidade familiar da união estável entre homem e mulher. Ademais, como se sabe, a hermenêutica dos direitos humanos segue o princípio de ampliar esses direitos, e não de restringi-los.
Por essa razão, e pela capacidade dos direitos humanos de se transformarem segundo o momento histórico, também não é relevante, para aplicar o princípio hoje, que os constituintes não tenham desejado esse alcance. Nos debates da Assembleia Nacional Constituinte, houve grande discussão sobre a proibição de discriminação por orientação sexual, prevista em emenda de José Genoíno. O relator da Comissão da Soberania e dos Direitos e Garantias do Homem e da Mulher, o então senador José Paulo Bisol, diante de acusações, defendeu aquela proibição em termos francamente homofóbicos:
Quanto ao problema da família, o nobre Constituinte estranhou a expressão “união estável”, como se ela incluísse a possibilidade de uniões entre homossexuais. Nobre Constituinte, não estou preocupado com as uniões dos homossexuais. Se eles querem fazer, que as façam! Desde que isto não se converta num escândalo social, é um direito deles. A palavra “casamento” também não evita, em si mesma essa expressão. Porque eles falam em casamento! Tenho lido nos jornais e até ouvi um Constituinte, aqui, falar: “Estamos permitindo casamento de homossexuais?” Meu Deus, não se trata disso! Apenas se trata de dizer que os homossexuais são seres humanos! E aqui disseram até que é uma questão de nascimento. Não vou a tanto. Acho que é mais um problema cultural e de formação. Mas, não entro em discussão. O que eu quero dizer é que os homossexuais não me perturbam. Acho que eles são pessoas humanas. E creio que ninguém tem o direito de não empregar um homem competente por ser ele um homossexual! É isto.
O “nobre” era o deputado José Mendonça de Morais, que, além de pregar a homofobia, foi um dos defensores da censura na Assembleia. Quanto a Bisol, há o que se dizer a seu favor, pois chegava ao ponto de considerar homossexuais “pessoas humanas” (no que superava diversos constituintes), embora com “problema”. De fato, tinham um problema, do qual esses constituintes faziam parte: a homofobia.
A emenda acabou rejeitada porque, de acordo com o discurso dominante, o princípio da igualdade e da proibição da discriminação já contemplaria, em seu conteúdo, a vedação à discriminação por orientação sexual. Esse argumento, embora assumido pelos homofóbicos, é-lhes contraproducente: se era verdade que não se precisava, para evitar a discriminação, mencionar explicitamente a orientação sexual no que se tornou o artigo 5º, por que cobrar hoje, para que os homossexuais não sejam discriminados no direito ao casamento, que a previsão constitucional da união estável seja explícita a respeito?
O uso seletivo do princípio da igualdade por esses hermeneutas corresponde a mais um exemplo de hipócrita torção constitucional, para que o princípio seja eficaz apenas para não mencionar grupos discriminados, e não para igualar direitos.
Por conseguinte, a adequação e pertinência da bandeira do casamento igualitário, assumida na Argentina, parecem-me inegáveis – e a resistência que sofre decorre do preconceito de que pessoas que amam dessa forma possam ter sua dignidade (e sua existência) igualmente reconhecida e respeitada. Não faz sentido algum afirmar que não se é contra os homossexuais, mas que se é contrário a que eles casem. Imaginem quão antimusical seria o maestro que dissesse nada ter contra violoncelistas, desde que eles não tocassem publicamente.
A lei argentina, como era esperado, não veio sem resistências. Alberto Arias, velho chefe de registro civil da cidade de Concordia (e único advogado canônico de toda a província, segundo ele mesmo ressaltou), declarou que preferiria casar Alfredo Astiz (conhecido como “anjo loiro da morte” da ditadura argentina, um “pobre homem” segundo o funcionário) a casais do mesmo sexo. Simples demonstração de velhos sentimentos contrários aos direitos humanos? Talvez, porém a comparação é reveladora: parece denotar que, na oposição à lei do matrimônio igualitário e no apoio ao genocida, encontra-se em certos corações mais pios a mesma lógica: a do extermínio.
A lei do matrimônio igualitário segue outro espírito. É significativo que ela sirva para uma das peças de propaganda eleitoral da presidenta da Argentina, que afirma que ninguém perdeu direito algum com aquela medida; pelo contrário, houve um ganho de direitos àqueles que estavam desprovidos. No Brasil, na campanha de 2010, nenhum dos três candidatos à presidência da república com mais votos ousou defender legislação igual. E apenas um dos representantes do povo no Congresso Nacional, deputado Jean Wyllis, assumiu-se publicamente homossexual. Sua plataforma de atuação fundamenta-se nos direitos humanos: a liberdade de culto na defesa das religiões de origem africana, o direito à educação, direitos dos indígenas… Nada mais coerente: é no âmbito dessa categoria jurídica que se põe a luta contra a homofobia.
Professor da Uninove, em São Paulo. Organizou diversas antologias e é autor, entre outros, do volume de poesia Cinco lugares da fúria (2008) e de Para que servem os direitos humanos? (2009).

Pádua Fernandes
http://www.amalgama.blog.br/08/2011/casamento-e-homofobia/

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

FORMAÇÃO DA SEXUALIDADE E PRECONCEITO


SEGUNDA-FEIRA, 8 DE AGOSTO DE 2011
FORMAÇÃO DA SEXUALIDADE E PRECONCEITO - POR OSWALDO RODRIGUES JR.
Alguns passam a ter desejo sexual por pessoas de outro sexo na fase da puberdade. Outros descobrem esse sentimento na adolescência. Há ainda aqueles que nunca conseguirão se classificar. Muitos são vítimas de preconceito e de exclusão. De acordo com o diretor do Instituto Paulista de Sexualidade (InPaSex), Oswaldo M. Rodrigues Jr., uma das necessidades mais importantes na vida de uma pessoa é o sentimento de pertencer a um grupo que o acolha e lhe dê proteção.
“Sentir-se excluído por qualquer razão será um motivo de sofrimento”, diz o psicólogo e psicoterapeuta sexual, que segue abordagem psicológica comportamental-cognitiva.
O InPaSex atua em questões relacioandas a disfunções sexuais e queixas relativas à sexualidade do ponto de vista da psicologia, fornecendo psicoterapia a indivíduos e casais que buscam superar problemas que vivenciam nestas áreas. O diretor Oswaldo Rodrigues fala sobre a formação sexual do ser humano e os impactos do preconceito contra crianças e adolescentes homossexuais.

Com qual idade é comum uma pessoa descobrir sua sexualidade?
Existem várias partes do que se tem sido chamado de “sexualidade”. A sexualidade é composta de vários graus de identidades que se sobrepõe. A “identidade de gênero”, que significa descobrir se pertence ao grupo dos homens ou das mulheres, ocorre nos dois primeiros anos de vida e se confirma aos 7 anos. A maioria das pessoas desenvolve uma identidade de gênero de acordo com o sexo genital. A “identidade sexual social” é percebida com expressões e formas de fazer as coisas como masculino ou feminino. Estas características são aprendidas e assimiladas desde o nascimento e firmadas por volta dos 7 anos, quando a criança passa a exercitar o “ser homem” ou “ser mulher” a partir das expressões sociais e externas.
As designações “objeto sexual”, “opção sexual” e “orientação sexual” implicam gramaticalmente em qual deverá ser o objeto da satisfação sexual da pessoa. Precisamos observar um contínuo entre dois extremos, para começar: da heterossexualidade à homossexualidade, com vários graus de bissexualidade intermediários. Ainda existe a assexualidade e a preferência por objetos/partes do corpo. Estas formas são estados de ser que podem dominar a vida toda ou serem fases com durações mais ou menos prolongadas gerando identidades sociais diferenciadas. Algumas destas identidades são pronunciadas e visíveis de acordo com momento histórico, valores e mecanismos de tolerância à frustração por parte dos indivíduos de uma cultura.
Há 500 anos se ateava fogo a uma pessoa de genitália ambígua ou transexual. Há 100 anos se mandava para a prisão quem fosse homossexual. Ainda hoje há quem não acredite que bissexuais existam e se ridicularizam assexuados e parafílicos como pervertidos. Esta fase objetal implica em designar o outro como fonte de satisfação sexual ou de satisfação afetiva. Ambas as formas são consideradas sexualidade em nosso momento cultural, embora sejam qualitativamente diferentes. Algumas pessoas iniciarão esta fase ao redor da puberdade, outras na adolescência, e outras após os 18-20 anos de idade. Muitas passarão por momentos de variação ao longo de 5 ou 6 décadas de vida. De toda forma, não se pode dizer se uma criança terá orientação sexual hetero, homo, bi, assexual ou objetal. Muitos sequer conseguirão classificar-se mesmo sendo adultos (por mais que possam ser classificados pelo mundo externo).

Quando a criança descobre que é minoria entre os seus colegas, como ela se sente?
Uma das necessidades de importância na vida de uma pessoa será o sentimento de pertencer a um grupo que o acolha e lhe dê proteção. Sentir-se excluído por qualquer razão será um motivo de sofrimento. Este sofrimento poderá produzir uma capacidade de administrar as frustrações que ocorrerão ao longo de toda a vida, sendo um produto positivo de uma condição negativa. Porém, a maioria das pessoas reage de modo negativo, desenvolvendo o que se denomina de baixa autoestima, autoidentidades negativas e passa a associar-se adjetivos negativos que o conduzirão a comportamentos e atitudes negativas e contraproducentes sobre si e sobre o mundo. As pessoas que poderão aprender a administrar as frustrações destas exclusões, vivendo como minoria, serão os mais ilustres e mais bem-sucedidos daquele mesmo grupo. Assim, em determinado momento, sentir-se mal não é exatamente apenas negativo. Se a criança tem acolhimento em outras áreas, provavelmente ela se perceberá diferente, e não excluída, mesma que assim o seja.
A exclusão pode se dar não por ela ser diferente, mas pelo grupo necessitar de um bode expiatório, para os indivíduos do grupo sentirem-se bem. Assim são as histórias de crianças chamadas de “bicha”, que recebem toda a carga negativa que os colegas têm, não por ser homossexual, mas para servir de expiação dos problemas do grupo. O mesmo ocorre na família, onde pais e irmãos usam palavras negativas para sentirem-se bem e superiores. A criança assume a identidade homossexual não por desejar outro de mesmo sexo, mas para cumprir um papel de carregar as dificuldades da família. Mais provavelmente esta criança desenvolverá preferências homossexuais, pois o mundo já participa com determinantes coerentes ao epíteto designador.

É comum adolescentes tirarem sarro, implicarem e até praticarem bullying com os colegas. Como esse comportamento é visto dentro da psicologia?
A competição é um dos mecanismos para produzir características úteis na sociedade adulta. A competição entre crianças é moldada nos adultos que as cercam. Entre a idea de competição e uma agressão existe grande diferença que precisa de ponderação. Por isso o termo bullying. Uma criança hostil vem de lares hostis ou ela é perturbada em termos de personalidade. O mais comum é a criança copiar comportamentos que assiste em casa: violência de gênero. A criança repete o que vivencia, pois é assim que compreende que deve ser o mundo.

Quais cuidados as escolas devem tomar para que alunos homossexuais não sejam vítimas de bullying?
A discussão sobre as possibilidades de identidades de gênero, expressões sexuais sociais, formas e preferências sexuais deveria ser compreendida pelos professores, pois eles é que passarão esta compreensão para os alunos. Isto exige atuação cotidiana, não apenas em uma ou outra aula especial (como em muitas escolas ainda chamam inadequadamente de “educação sexual”). Isto ainda é e ainda será muito complicado, pois envolve discussões de valores pessoais e grupais para os adultos. O mundo se encontra em constante mudança. Parodiando Henry Havelock Ellis no começo do século XX: “se tudo no universo se encontra em constante movimento, porque o ser humano seria estático?”
Crenças e valores de adultos não são modificados com facilidade. Por isso existe a psicoterapia, um processo que permite mudanças e não é baseado em apenas informações e conhecimentos. A informação permite o debate, mas não muda crenças. Na maior parte das vezes as informações são utilizadas para manter crenças e não modificá-las. A construção das crenças estereotipadas socialmente é feita de modo pedagógico. Isto se diferencia do método psicológico, focado no indivíduo e não na informação. Assim, muitos dos professores que têm dificuldades em administrar o “diferente” precisariam aprender a mudar suas crenças para que convivessem com os diferentes. As crianças só copiam e seguem os modelos dos adultos.

Um estudo da Universidade de Columbia (EUA) mostrou que adolescentes gays têm até cinco vezes mais chances de se matar do que os heterossexuais. Existe alguma pesquisa como essa no Brasil que o senhor possa destacar?
Várias pesquisas brasileiras têm sido feitas e várias conclusões são tiradas há 30 anos. Grupos de apoio a adolescentes homossexuais têm sido tentados. Problemas legais de pais não aceitarem seus filhos não os permitindo sequer discutirem e compreenderem se realmente são ou não homossexuais apenas facilitaram o aumento destas estatísticas. Psicólogos que atendem adolescentes sabem disso ao verem seus pacientes trazerem estas discussões. Eles levam muitas semanas para confiarem no terapeuta, pois o mecanismo mais degradado é o da confiança em outros superiores.

Qual é o impacto que o preconceito pode ter na vida da criança e/ou do adolescente homossexual?
Isto sempre dependerá das características de personalidade que a criança e o adolescente estão desenvolvendo. Assimilar-se negativo ou positivo frente as adversidades será determinante para produzir um impacto e de que tipo.
Psicanalista Oswaldo Rodrigues Jr.
Fonte: G1
http://centauroalado.blogspot.com/2011/08/formacao-da-sexualidade-e-preconceito.html

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Pesquisa aponta que maioria dos brasileiros rejeita o beijo gay nas novelas

01/08/2011 - 12h55
Pesquisa aponta que maioria dos brasileiros rejeita o beijo gay nas novelas
Do UOL Notícias
Em São Paulo

Uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira (1º) pelo instituto Data Popular constata que os brasileiros se incomodam mais em presenciar um beijo gay ao vivo do que assisti-lo na TV. Dados mostram que seis em cada dez brasileiros rejeitam o beijo gay na novela. A rejeição é maior entre os homens (67%), embora seja alta também entre as mulheres (63%) consultadas pelo instituto.
O estudo se encaixa na recente discussão na mídia sobre os limites do que pode e o que não pode ser exibido numa telenovela. A polêmica surgiu com o beijo entre duas mulheres e a união de um casal de homens veiculados em folhetins de duas grandes emissoras de TV do país, durante o horário nobre.
Dados também apontam que, em relação ao beijo gay, homens são considerados mais preconceituosos que as mulheres. Enquanto 45% deles se incomodam ao presenciar um beijo gay em situações cotidianas, o índice feminino é de 41%.
Homens se mostraram mais intolerantes não só no cotidiano, mas também na família. Quando perguntados se se incomodariam ao descobrir que um filho ou filha é homossexual, 59% disseram que sim. O índice das mulher é menor que o dos homens, 47%, porém também alto.
http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2011/08/01/pesquisa-aponta-que-6-em-cada-dez-brasileiros-rejeitam-o-beijo-gay-nas-novelas.jhtm

Político de Gana manda prender todos os homossexuais do oeste do país

21/07/2011 - 12h14
Político de Gana manda prender todos os homossexuais do oeste do país
Do UOL Notícias
Em São Paulo

O administrador regional do oeste de Gana, Paul Evans Aidoo, mandou prender todos os homossexuais desta parte do país.
Aidoo pediu ajuda às forças de segurança do país para que busquem e capturem os gays ou até mesmo pessoas suspeitas de serem homossexuais.
"Todos os esforços estão sendo tomados para nos livrarmos dessas pessoas", afirmou.
A ação de Aidoo ocorre após meses de campanha do Conselho Cristão de Gana que fez um apelo à população, na semana passada, para que não votem em políticos que sejam à favor dos direitos dos homossexuais.
Muçulmanos e cristãos do oeste do país fizeram protestos desde que a mídia local estimou que cerca de 8.000 homossexuais viveriam na região.
O advogado Ernest Kofi Abotsie, da Universidade Kwame Nkrumah, questionou a legalidade da ação tomada por Aidoo.
Segundo Abotsie, o código penal do país é ambíguo já que proíbe "relações carnais não-naturais". Além disso, políticos não deveriam controlar a ação da polícia.
* Com informações do jornal ganês "Joy Online"
http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/internacional/2011/07/21/politico-de-gana-manda-prender-todos-os-homossexuais-do-oeste-do-pais.jhtm

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Profissionais não assumem homossexualidade por preconceito

29.07.11 | 04h34
Profissionais não assumem homossexualidade por preconceito
Para gays, policiais gays e lésbicas não conseguem assumir a opção sexual por conta do preconceito na corporação
IG

Embora a pesquisa Ibope divulgada nesta quinta-feira tenha mostrado que é pequena a resistência à presença de gays em profissões como médico, policiais e professores, o dia-a-dia de homossexuais que exercem essas profissões é delicado. "Na polícia, ninguém admite que é gay", afirma Yone Lindgren, vice-presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Travestis e Transexuais e coordenadora do Movimento Dellas. "Aqui no Rio, em nossos encontros regionais, temos seis mulheres policiais e gays. Mas elas não se assumem no meio profissional. Não por medo, mas para terem sossego e conseguirem trabalhar em paz", diz.

Yone destaca que as mulheres que optam pela carreira na polícia ou qualquer área ligada à segurança pública já enfrenta preconceito por ser mulher. "Eles ouvem piadinhas e isso é assédio moral. Imagina se falarem que além de mulheres são gays?", questiona. "No Fórum de Lésbicas temos pelo menos 15 mulheres policiais ou profissionais da área de segurança que são gays. Algumas têm até medo de admitir isso na corporação", conta.

Por meio da assessoria de imprensa, a Superintendência de Direitos Individuais, Coletivos e Difusos da Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos confirma a tese de que o preconceito inibe policiais gays a assumirem dentro da corporação sua opção sexual. "Realizamos o Seminário Nacional de Segurança Pública e Combate a Homofobia e não encontramos um policial, homem ou mulher, que tenha se assumido gay", informa a superintendência.

No dia 22 de junho, o professor Luiz Carlos da Silva, de 44 anos, oficializou sua união homoafetiva com o auxiliar de produção Anderson da Silva, de 24. Durante a cerimônia coletiva, com outros 42 casais gays, Luiz admitiu que precisou ser convencido pelo atual companheiro a casar. "A gente vive numa sociedade tão hipócrita, que eu não acreditava que fosse tomar essa decisão."

O professor, que mora em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, acredita que seus vizinhos saibam sobre sua opção sexual. "Nunca fomos vítimas de preconceito", afirma. Porém, ele diz que na vida profissional trata com discrição sua opção sexual. "Seria bom se todos pudessem sair do armário, mas no dia a dia não é assim", reconhece.
http://www.midianews.com.br/?pg=noticias&cat=8&idnot=58419

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Skinhead gay luta contra a homofobia pelas ruas de São Paulo

26/07/2011 - 16h04
Skinhead gay luta contra a homofobia pelas ruas de São Paulo
CRISTINA MORENO DE CASTRO
DE SÃO PAULO

Aos 16 anos, Danilo se interessou pela cultura skinhead, de suspensórios, coturnos, tatuagens e cabeças raspadas. Entrar nessa tribo teria sido fácil, não fosse por um detalhe: ele é gay.

Skinheads 'da paz' querem se livrar do estigma de racistas

"Eu pensava: não dá para eu falar que sou skinhead porque os caras não gostam de gay." Naquela época, alguns carecas já ocupavam as páginas policiais dos jornais, com seus ataques a negros.




Marisa Cauduro-30.jun.11/Folhapress








O skinhead Danilo, 29, que quebrou o braço durante confronto com policiais na marcha da maconha em SP


"Mas esses fascistas são minoria", assegura, apesar de ser alvo deles. Ele diz que a tribo cultural surgiu na Jamaica, nos anos 60, e se disseminou com imigrantes que foram trabalhar como operários na Inglaterra, no mesmo período em que o movimento punk também surgia nos subúrbios britânicos.

Ao explicar por que resolveu entrar para esse grupo, diz simplesmente: "Skinhead é um cara que gosta de ouvir ska, tomar cerveja e jogar futebol com os amigos."

Hoje, aos 29 anos, ele articula uma das vertentes que ajudou a criar, há dois anos: a Ação Antifascista, que reúne 136 pessoas na rede social Facebook.

O grupo também tem duas lésbicas skinheads, seis punks bissexuais e dois que se definem como assexuados. O restante é heterossexual, mas defende a luta contra a homofobia.

"Somos contra qualquer tipo de preconceito e lutamos pelas liberdades."

Eles costumam se reunir em botecos, semanalmente, mas agora terão uma sede própria, com direito a eventos para tentar desmistificar a ideia de que todo skinhead e punk é brutamontes.

Desde que foi criado, o grupo já participou de uma marcha contra a homofobia que ocorreu no fim do ano passado (depois que garotos atacaram homossexuais com lâmpadas fluorescentes na avenida Paulista), de marchas contra o aumento do preço do ônibus, a favor da legalização da maconha e, mais recentemente, esteve na Parada Gay.

Pela primeira vez, eles participaram do evento em grupo, empunhando uma faixa que dizia que punks e skinheads estavam juntos --o que já é raro-- contra a homofobia --o que foi surpreendente para muita gente, que chegou a aplaudir o grupo durante o desfile.

Até policiais se surpreenderam: os membros da Ação Antifascista chegaram a ser enquadrados minutos antes de começar a Parada e foram detidos quando se reuniam para organizar a participação, na quinta-feira anterior.

Em maio, na marcha da maconha que terminou em confronto com a polícia, Danilo quebrou um braço ao tentar fugir de uma bomba de efeito moral. Ficou uma semana internado e, três dias depois de sair do hospital, foi atacado por uma gangue neonazista chamada Front 88.

Hoje ele evita a Galeria do Rock, a rua Augusta, a Paulista e a Liberdade, onde essas gangues se reúnem, por ser alvo fácil: "É como se eu andasse com uma setinha: aqui, anarquista, skinhead e homossexual, bata nele."
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/949886-skinhead-gay-luta-contra-a-homofobia-pelas-ruas-de-sao-paulo.shtml

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Homossexualidade de filhos evidencia preconceito nas famílias

Homossexualidade de filhos evidencia preconceito nas famílias
Por: Luiz Braz, da Rede Brasil Atual
Publicado em 12/07/2011, 19:51
Última atualização às 19:51

São Paulo – Em um contexto em que se discute a criminalização da homofobia, dentro das próprias famílias ocorrem casos de violência motivada pela orientação sexual. Por falta de compreensão, muitos pais e mães acreditam que se trata de uma doençaou de uma fase, adotando posturas drásticas, como tentar proibir o adolescente de conviver com seus amigos ou até lançar mão de agressões físicas.
Quando o assunto édespertado, as reações variam de acordo com a família. A psicológa especializada em crianças e jovens Yara Garguziconta ter presenciado situações de desespero dos pais. Quando um de seus pacientes “que achava que erahomossexual” decidiu contar para o pai, ela recebeu um telefonema desesperado. “O pai me dizia que o filho não poderia ser homossexual porque ninguém nacasa dele era e que ninguém aceitaria isso”, comenta.
Yara afirma que teve de lidar com uma mãe que sabia da orientação sexual do filho, embora ele não tivesse comunicado aos pais. Nem por isso faltavam motivos de preocupação. “O desespero delaera de não deixar que o pai descobrisse”, relata.
A exemplo do que ocorre no ambiente escolar, a forma de se lidar com a homossexualidade é uma questão para as famílias. Não por acaso, parte da trama da novela das 21h da TV Globo, Insensato Coração, gira em torno de um jovem que assume sua orientação para a mãe. Entre a revelação e as reações, dois capítulos devem ir ao ar, nesta terça (12) e quarta-feiras (13).
A tensão criada pelos autores, Gilberto Braga e Ricardo Linhares, coloca uma mãe que, embora aceite que o filho tenha um amigo gay – e até seja sócio de um bar cuja decoração remete ao arco-íris e a outros símbolos da comunidade LGBT – muda de postura ao ser comunicada sobre o episódio familiar.
Esse padrão de conduta é relativamente comum e faltam referências para saber sobre como lidar com a informação. A professorauniversitária aposentada Edith Modesto criou oGrupo de Pais de Homossexuais (GPH) em 1999. O objetivo dela, também autora de livros relacionadosa diversidade sexual, era auxiliar famílias que sentem necessidade deconversar e trocar experiências a respeito da sexualidade dosfilhos.
Edith revela que a dificuldade do jovem emassumir a homossexualidade envolve, em muitos casos, o medo de reações violentas e de rompimento com o núcleo familiar. Em uma conversa com umjovem homossexual de 14 anos, ela conta ter sugerido que seria bom para o convívio com os pais que ele contasse para amãe sobre a sua sexualidade. “Ele, apavorado, me falou: ‘Vou falarprimeiro para o meu melhor amigo, porque se eu perder, vou ficarmuito triste, mas eu posso arrumar outro. Eu não possoperder o amor da minha mãe’.”
Leia também:
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http://correiodobrasil.com.br/homossexualidade-de-filhos-evidencia-preconceito-nas-familias/268161/

terça-feira, 12 de julho de 2011

Crimes de ódio homofóbico em ascensão no mundo

Crimes de ódio homofóbico em ascensão no mundo

17/5/2011 11:12, Por Rádio ONU

Alta Comissária da ONU para Direitos Humanos faz alerta por ocasião do Dia Internacional Contra a Homofobia e Transfobia.

Preconceito maior no Brasil

Yara Costa, da Rádio Onu em Nova York.

Os crimes de ódio contra lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros estão subindo em todo o mundo. A declaração foi feita pela Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, nesta terça-feira, em que se celebra o Dia Internacional Contra a Homofobia e Transfobia.

Brasil

Segundo ela, as estatísticas indicam que os crimes de ódio homofóbico “aumentaram em muitas partes do mundo, de Nova York para o Brasil e Honduras para África do Sul.”
Pillay fez um apelo aos governos para que trabalhem mais para eliminar a discriminação e o preconceito baseado em orientação sexual ou identidade de gênero.

Preconceito

Numa mensagem vídeo por ocasião da data, Pillay disse que a homofobia e a transfobia não são diferentes do sexismo, racismo ou xenofobia.

Ela disse “que enquanto essas últimas formas de preconceito são universalmente condenadas pelos governos, a homofobia e a transfobia são muitas vezes esquecidas”.

Homossexualidade

Em mais de 70 países, a homossexualidade ainda é uma ofensa criminal. No entanto, a Alta Comissária disse que a homossexualidade tem estado presente em todas as sociedades ao longo da história humana.

Ela acrescentou que as normas internacionais de direitos humanos já incorporaram o princípio de que ninguém deveria sofrer discriminação em função da sua sexualidade ou identidade de gênero.

Unaids

Em outra mensagem, o diretor executivo do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV /Aids, Unaids, disse que o estigma e a discriminação enfrentados por muitas lésbicas, gays, bissexuais ou transgêneros estava prejudicando uma resposta eficaz para a doença.

“A resposta à Aids tem mostrado que quando as pessoas são estigmatizadas devido à sua orientação sexual ou identidade de gênero, elas são menos propensas a ter acesso aos serviços de HIV que precisam”, disse Michel Sidibé.

Sidibé pediu aos governos que criem ambientes sociais e legais que assegurem o respeito pelos direitos humanos e acesso universal à prevenção, tratamento e apoio.
http://correiodobrasil.com.br/crimes-de-odio-homofobico-em-ascensao-no-mundo/240937/

Apesar de avanços, homossexualidade ainda é tabu em escolas

Apesar de avanços, homossexualidade ainda é tabu em escolas
10/7/2011 7:16, Por Rede Brasil Atual
Por: Luiz Braz, da Rede Brasil Atual
São Paulo -Mesmo com avanços em relação ao respeito à orientação sexual, a homossexualidade continua sendo tabu ou uma questão difícil para ser tocada em espaços como a escola. De acordo com professores ouvidos pela Rede Brasil Atual, a forma como os educadores lidam com os comportamentos homofóbicos dos alunos é determinante para evitar episódios de preconceito e violência.

Manifestações preconceituosas e de intolerância continuam a ocorrer com frequência, especialmente entre adolescentes. A dificuldade em debater o assunto em sala de aula levou o Ministério daEducação (MEC) e a Organização das Nações Unidas para a Educação,Ciência e Cultura (Unesco) a formularem um kitpara instruir professores e alunos sobre sexualidade. Mas a iniciativa enfrenta sérias resistências para seguir adiante.

Apesar de atiragem prevista inicialmente ser de apenas 6 mil exemplares – opaís tem 51,5 milhões de estudantes em escolas públicas – areação foi grande. A contracampanha incluiu parlamentares dabancada evangélica do Congresso Nacional e alcançou tal dimensãoque a presidenta Dilma Rousseff decidiu intervir e deixar o materialde lado.

Para a professora de escolapública de Suzano, município da região metropolitana de São Paulo, Andréia Calçada, a postura doprofessor e a forma de abordagem são as melhores ferramentas para adiscussão do assunto em sala de aula. “A escola é um lugar onde acriança forma seu caráter, tem um papel decisivo na formação doaluno”, destaca. Ela acredita que tratar em sala de aula que homossexualidade não é doença nem algo anormal favorece que a criança assimile a importância da tolerância com naturalidade.”A escola tem o dever de promover a diversidade no dia a dia, e nãosó quando alguma coisa acontece.”

A mestre em educação Elisabete Oliveira lembra que não é difícil encontrar professores que, por despreparo, protagonizam atitudes homofóbicas. Em outros casos, pode-se exagerar na dose na hora de tentar conter o preconceito. “Existem professores que lavam aboca do aluno com sabão como forma de punição, por algumabrincadeira ingênua. Mas como você vai saber se, com quatro ou cinco anos, acriança tem a orientação sexual definida?”

Em maio deste ano, a reação de uma professora na Bahia ganhou projeção nacional. A vice-diretora de uma unidade estadual suspendeu um aluno por dois dias por tê-lo visto mexendo no cabelo de outro menino. O gesto da criança foi entendido por ela como “indecência” e “ousadia”. A vice-diretora recomendou ainda “atenção” à mãe do menino, que decidiu prestar queixa à Secretaria Estadual de Educação. O órgão decidiu exonerar a vice-diretora por considerar que a conduta foi inadequada.

Novo momento

A decisãodo Supremo Tribunal Federal de validar os direitos de casaishomossexuais à união civil estável, em junho deste ano, e aretomada, no Congresso Nacional, da discussão do projeto de lei122/2006, que prevê a criminalização de atos homofóbicos, acentuam a necessidade de levar o tema aos bancos escolares.

Na análise da professora Cecília Rolim, coordenadora de escola, o debate sobre a homossexualidade deveria ocorrer no início da adolescência. “Tudo tem a sua hora, onde uma criança de quatro, cinco anos vaientender isso? Existem assuntos que você pode falar a partir damaturidade do aluno. Com oito, nove anos ela pode já começar acompreender o assunto.”

Longe derepresentar “risco” de crianças se “transformarem” em homossexuais, como alega a bancada religiosa no Congresso, a discussão do tema nas escolas ajuda a refletir sobre tolerância. Para Elisabete Oliveira, a sociedade ainda é bastante preconceituosa comos homossexuais. Brincadeiras de mau gosto são frequentes, sejano cotidiano escolar da criança, seja em casa. “A nossa sociedadesempre foi diversa e plural, mas a maneira que você lida comessa diversidade vem mudando ao longo da história, iniciativas como adecisão do STF e a cartilha anti-homofobia, oriundas demovimentos sociais e do poder público devem perpetuar movimentos afavor da diversidade”.

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‘Aceitar ainda é difícil, mas respeito é fundamental’, diz Toni ReisGoverno recua em temas de direitos humanos diante do avanço conservador Dilma pode ter se baseado em “kit errado” ao vetar cartilha contra homofobiaAssociação LGBT entrega 100 mil assinaturas a favor do projeto que criminaliza a homofobiaBrasil tem 60 mil casais homoafetivos, diz Censo 2010Julgamento no STF sobre união homoafetiva é aguardado com otimismo
http://correiodobrasil.com.br/apesar-de-avancos-homossexualidade-ainda-e-tabu-em-escolas/266773/

Pesquisa mostra que 87% das escolas têm preconceito contra homossexuais

Pesquisa mostra que 87% das escolas têm preconceito contra homossexuais

24/7/2009 10:11, Redação, com ABr

Nas escolas públicas brasileiras, 87% da comunidade – sejam alunos, pais, professores ou servidores – têm algum grau de preconceito contra homossexuais. O dado faz parte de pesquisa divulgada recentemente pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP) e revela um problema que estudantes e educadores homossexuais, bissexuais e travestis enfrentam diariamente nas escolas: a homofobia.

O levantamento foi realizado com base em entrevistas feitas com 18,5 mil alunos, pais, professores, diretores e funcionários, de 501 unidades de ensino de todo o país.

– A violência dura, relacionada a armas, gangues e brigas, é visível. Já o preconceito a escola tem muita dificuldade de perceber porque não existe diálogo. Isso é empurrado para debaixo do tapete, o que impera é a lei é a do silêncio – destaca a socióloga e especialista em educação e violência, Miriam Abromovay.

Um estudo coordenado por ela e divulgado este ano indica que nas escolas públicas do Distrito Federal 44% dos estudantes do sexo masculino afirmaram não gostariam de estudar com homossexuais. Entre as meninas, o índice é de 14%. A socióloga acredita que o problema não ocorre apenas no DF, mas se repete em todo o país.

– Isso significa que existe uma forma única de se enxergar a sexualidade e ela é heterossexual. Um outro tipo de comportamento não é admitido na sociedade e consequentemente não é aceito no ambiente escolar. Mas a escola deveria ser um lugar de diversidade, ela teria que combater em vez de aceitar e reproduzir – defende.

A coordenadora-geral de Direitos Humanos do Ministério da Educação (MEC), Rosiléa Wille, também avalia que a escola não sabe lidar com as diferenças.

– Você tem que estar dentro de um padrão de normalidade e, quando o aluno foge disso, não é bem-compreendido naquele espaço – disse.

Desde 2005 o MEC vem implementando várias ações contra esse tipo de preconceito, dentro do programa Brasil sem Homofobia. As principais estratégias são produzir material didático específico e formar professores para trabalhar com a temática.

– Muitos profissionais de educação ainda acham que a homossexualidade é uma doença que precisa ser tratada e encaminham o aluno para um psicólogo. Por isso nós temos pressionado os governos nas esferas federal, estadual e municipal para que criem ações de combate ao preconceito – explica o presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Toni Reis.

As piadas preconceituosas, os cochichos nos corredores, as exclusões em atividades escolares e até mesmo as agressões físicas contra alunos homossexuais têm impacto direto na autoestima e no rendimento escolar desses jovens. Em casos extremos, os estudantes preferem interromper os estudos.

– Esse aluno desenvolve um ódio pela escola. Para quem sofre violência, independentemente do tipo, aquele espaço vira um inferno. Imagina ir todo dia a um lugar onde você vai ser violentado, xingado. Quem é violentado não aprende – alerta o educador Beto de Jesus, representante na América Latina da Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersexo (ILGA).

Especialistas ouvidos pela Agência Brasil acreditam que, para combater a homofobia, a escola precisa encarar o desafio em parceria com o Poder Público.
http://correiodobrasil.com.br/pesquisa-mostra-que-87-das-escolas-tem-preconceito-contra-homossexuais/152712/

Aceitar ainda é difícil, mas respeito é fundamental’, diz Toni Reis

Aceitar ainda é difícil, mas respeito é fundamental’, diz Toni Reis

25/6/2011 9:31, Por Rede Brasil Atual

‘Aceitar ainda é difícil, mas respeito é fundamental’, diz Toni Reis

Presidente da ABGLT, considera que decisão do STF a favor da união homoafetiva estável ajuda a destravar preconceitos



Por: João Peres, Rede Brasil Atual



Publicado em 25/06/2011, 12:13

Última atualização às 12:13

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Toni Reis e Marta Suplicy, durante ato contra homofobia em SP (Foto: ©Elisabete alves/Marta Senadora/Flickr)

Curitiba – O Executivo evoluiu. O Judiciário evoluiu. O Congresso resiste a ampliar o debate sobre a igualdade no Brasil. Na segunda parte da entrevista à Rede Brasil Atual, o presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Toni Reis, avalia que essa resistência segue existindo, mas tem diminuído, e há espaço para uma discussão séria no Legislativo.

“Nós até brincamos que temos bons generais lá para essa nossa guerra contra a homofobia, contra o preconceito e a incitação à violência”, afirma, em referência a parlamentares como Jean Wyllys (PSOL-RJ) e Marta Suplicy (PT-SP).

Reis avalia que existe é fundamental aprovar o Projeto de Lei 116, de 2002, que classifica como crime a discriminação a homossexuais. Ao mesmo tempo, indica que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de autorizar a união estável entre pessoas do mesmo sexo se inscreveu como um passo importante no combate ao preconceito. “Quem estava em dúvida quanto aos nossos direitos poderá ‘sair do armário’”, diz, a partir da conclusão (por incrível que pareça, óbvia) da Suprema Corte do país, de que todos são iguais perante a lei.”

Confira aqui a primeira parte da entrevista: Parada LGBT é o momento de dar visibilidade à luta

Confira a seguir a continuidade da conversa com o ativista, realizada em Curitiba.

RBA – Antes do julgamento (do STF) havia uma expectativa de que aquela avaliação fosse um marco na luta (do reconhecimento dos direitos civis de homossexuais e contra todos os preconceitos). Passadas algumas semanas, você acha que a gente já pode enxergar dessa maneira?

Já diminuiu quem se manifeste contra nós, a não ser os radicais, que vão continuar, e é muito normal para uma democracia. No entanto, os radicais já estão diminuindo a crítica à nossa comunidade, e isso é importante porque os votos no STF foram bastante profundos e com muita lógica, principalmente na lei baseada na igualdade, na dignidade humana, na segurança jurídica, na liberdade e no livre arbítrio. Para a gente foi muito importante e já está se percebendo no meio acadêmico uma outra postura. Quem estava em dúvida quanto aos nossos direitos poderá sair do armário porque a Suprema Corte do país falou que nós somos iguais perante a lei.

Foi uma coisa que lavou a nossa alma e nossa cidadania, nós estamos muito mais brasileiros, cientes de que a gente tem de confiar na justiça. Foi um passo histórico, foi emblemático, a maior vitória para a nossa comunidade no Brasil, sem sombra de dúvida, mas nós vamos ter que trabalhar muito.

RBA - Apesar do grande avanço, no Congresso parece haver uma resistência maior, e é por ali que terão de passar algumas propostas. Como destravar essa resistência?

Primeiro eu vejo que o nosso Executivo evoluiu. A nossa presidenta Dilma, no último 8 de maio, convocou a segunda conferência LGBT, que vai ser realizada em Brasília no mês de setembro. Isso é importante, teremos um plano nacional organizando essas ações. A violência precisa ser colocada e temos de confrontá-la, expor os radicais e ganhar deles no voto. Não vai haver unanimidade. Nosso Legislativo está muito atrasado e costuma tratar essas questões com entendimento limitado. Mas a partir da decisão do STF há uma estrutura a nosso favor.

Leia também:
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RBA – As chegadas de Jean Wyllys à Câmara e da Marta Suplicy ao Senado ajudam.

Nós já tínhamos pessoas que nos defendiam muito bem. Mas é importante ter uma pessoa como o Jean Wyllys, que é muito popular e é o nosso principal líder. A Marta também, porque é uma pessoa que entende de sexualidade, entende de psicologia e tem uma experiência política e segurança muito grandes. Nós até brincamos que temos bons generais lá para essa nossa guerra contra a homofobia, contra o preconceito e a incitação à violência.

RBA - Para vocês, o que representaria como próximo passo oficializar o casamento entre pessoas do mesmo sexo?

A Constituição é clara, as uniões estáveis devem ser transformadas em casamento. Eu e meu companheiro, que já vivemos há 21 anos juntos, já estamos com nossos advogados constituídos para transformar nossa união, logo após a decisão, em casamento. Já temos garantido o casamento a partir da decisão do STF. Com certeza os juízes da primeira e segunda instância aprovarão casamentos.

RBA - Há muito oportunismo na discussão do kit contra a homofobia?

O preconceito acontece em situações dentro e fora do contexto. As pessoas não conhecem o material. Quando viram um vídeo, distorceram as informações. Claro que pessoas querem aparecer, mas nós trabalhamos de uma forma muito tranquila e já temos a maioria de apoio. As pesquisas colocam de uma forma bem clara: 40% dos meninos têm dificuldade de lidar com questões de um gay ou uma lésbica dentro de sala de aula, e isso causa o problema de evasão escolar na nossa comunidade. Então é necessário trabalhar isso nas escolas, esse material é uma resposta à essa violência.

Com relação aos opositores a gente percebe que há um oportunismo, um exagero, distorções e mentiras. O material é para escolas de segundo grau, ninguém vai sair distribuindo. Vai ser para profissionais de educação, depois de passarem por capacitação com governos e secretarias estaduais. Quer dizer, vamos treinar os profissionais de educação para utilizar os materiais, que não têm absolutamente nada de imoral, ou pornográfico, ou o que o valha.

RBA – Você acha que homofobia e machismo são mais tolerados do que o racismo pela sociedade?

Eu vejo que são sim, mas é tudo ‘uma família’, machismo e homofobia. Geralmente uma pessoa que é machista tem uma grande tendência a ser homofóbica e racista. A gente precisa combater esse tipo de questão em todos os níveis.

Sempre coloco que o respeito é fundamental. Aceitação é mais difícil, mas o respeito é fundamental. Temos de trabalhar isso no nível da educação, com as crianças, os adolescentes. A partir do momento que uma pessoa nasce, ela é um ser humano e precisa ser respeitada. Geralmente, com todos os políticos com quem a gente tem conversado, quando ele é machista, também é racista e homofóbico.
http://correiodobrasil.com.br/aceitar-ainda-e-dificil-mas-respeito-e-fundamental-diz-toni-reis/259126/

Gays…Pastor é enxotado de emissora cristã de televisão por homofobia.

Gays…Pastor é enxotado de emissora cristã de televisão por homofobia.

11/6/2011 7:25, Por CMI Brasil

Por militante gay 11/06/2011 às 10:02

CRISTÃOS PODEM FALAR MAL À VONTADE[liberdade de expressão?…,então posso amar um gay a vontade , não?… MAS NINGUÉM PODE CRITICAR a homofobia maldade evangélica?

BURLINGTON, Ontario, Canadá, 2 de fevereiro de 2011 (Notícias Pró-Família) ? Uma importante emissora cristã de televisão do Canadá cancelou de forma permanente o programa Word TV (TV da Palavra), apresentado pelo proeminente pastor evangélico Charles McVety, depois que um órgão de inspeção da indústria de televisão anunciou em dezembro seu parecer de que o programa descriminava os homossexuais.

Olha, homofobia a parte, não sei de onde alguém tirou a conclusão de que um gay nasce gay. E como querer pensar que um padre nasce celibato, um eunuco nasce castrado, uma mulher nasce com pré-disposição genética de ser copulada por um macho, uma lésbica nasce sem pré-disposição a transa heterossexual, e que a população mulçumana nasceu com pré-disposição genética a poligamia 4×1 enquanto a crista nasceu com o gene da monogamia 1×1, e por ai vai. Imagina se amanha forem testar as dezenas de centenas de milhares de gays do mundo para saber quem NÃO tem o gene gay, e obrigar o pobre coitado a deixar de dar o próprio rab* e obrigá-lo a comer rab* feminino (desculpem pelo termo) porque ele não tem o “gene”… Eu queria ver o Rick Martin nascendo na Arábia Saudita e afirmando que a natureza o fez gay para enfrentar a imolação…

Bom eu acho certo o que fizeram com esse pastor… Gente vamos acabar com o preconceito e amar e respeitar mais o Próximo, pois essa não seria a vontade de Deus…

Seria muito legal se a natureza já tivesse resolvido para cada um de nos a nossa opção sexual, e assim ninguém teria de sofrer em fazer as próprias escolhas, e seria bom demais não ter liberdade de escolher com quem se vai fazer sexo e/ou amor porque bastaria só decifrar o código genético… imagina que constrangimento para os bissexuais terem de ficar se explicando que não são aberrações da natureza, porque eles resolveram gostar de meninas e meninos indistintamente…

Não sei o que é pior, homofobia escrachada ou homossexual se desculpando pelas escolhas afetivas, amorosas e sexuais que fez na vida. Daqui a pouco vão querer acreditar que a escolha do gosto do sorvete e também determinação genética. Quem você gosta de copular e’ problema seu, escolha sua, gosto seu, opção sua e aqui vale apenas uma regra: “gosto não se discute” e “se você gosta de mel e eu de melão” não tem porque discordarmos. Mas não mete a “natureza” como condicionante de suas escolhas, porque isto e um desrespeito a luta de gerações e gerações pelo reconhecimento do direito de viver livremente a própria sexualidade.
http://correiodobrasil.com.br/gays-pastor-e-enxotado-de-emissora-crista-de-televisao-por-homofobia/253077/

Estudo baseado no Enem aponta aumento da homofobia nas escolas

Estudo baseado no Enem aponta aumento da homofobia nas escolas

20/6/2011 15:31, Por Vermelho

É mais com raiva que saudade que o tradutor e editor de livros Alexandre Camarú, de 41 anos, lembra do ensino médio. Naquele período, foi perseguido e humilhado por colegas de sala e professores por ser gay. Foram tempos difíceis no ambiente escolar, de exclusão e angústia, que o tempo não ajudou a reduzir – não para os adolescentes homossexuais.
Um levantamento inédito, feito com base no questionário socioeconômico do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), entre 2004 e 2008, mostra um crescimento de 160% no número de pessoas que se declararam vítimas de homofobia no estado de São Paulo.

O índice é superior à média do País, cujo aumento foi de 150%, e coloca o Estado na lista dos cinco mais homofóbicos do Brasil – atrás de Santa Catarina (211%), Paraná (175%), Rio Grande do Norte (162,5%) e Alagoas (164,7%).

Em 2004, 1,5% dos estudantes paulistas afirmou ter sofrido preconceito por causa de sua orientação sexual. Quatro anos depois, o porcentual passou para 3,9%. Foram analisadas as respostas de 6,4 milhões de estudantes concluintes do ensino médio, com idades entre 16 e 25 anos, que prestaram o Enem entre 2004 e 2008. Após esse ano, as questões relativas à homofobia foram retiradas dos questionários.

Mais denúncias. Para especialistas em diversidade sexual, o aumento da homofobia está relacionado à maior consciência da discriminação por parte das vítimas – o que faz aumentar as denúncias.

Outra hipótese relaciona o crescimento da discriminação ao maior número de adolescentes que assumem a sua homossexualidade desde cedo.

“Esse é um problema de influência de vários níveis, de como a escola se organiza e da cultura”, afirma Josafá Cunha, da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), um dos pesquisadores. “A reação dos nossos colegas nos ajuda a saber que comportamentos estão corretos e quais não são tolerados pela sociedade. As crianças adotam esses valores como reflexo da cultura e os replicam na escola”, continua.

O problema é que a discriminação e a violência causada pela intolerância à diversidade sexual fazem da escola um ambiente muito menos acolhedor. Em uma escala de zero a dez pontos, a percepção da qualidade do ensino foi, em média, meio ponto maior entre os que não relataram perseguição homofóbica.

Vítimas relatam anos de sofrimento

Ainda criança, quando nem sabia o que eram sexualidade e desejo, Alexandre Camarú, de 41 anos, sentia atração pelos meninos e não entendia, ao mesmo tempo, por que era “tão diferente” deles.

Os anos da pré-adolescência não foram “idílicos”, mas não chegaram a ser sofríveis como os dois primeiros anos do ensino médio, em uma escola particular da capital paulista, onde estudou com bolsa.

“Os meninos da sala eram homofóbicos. E dois deles, especialmente, eram piores. Mas tinha ao menos um professor que fazia piada sobre mim na sala de aula”, conta o tradutor e editor.

Dois colegas furtaram seus passes e documentos. Foi o único alvo da sala durante o intervalo. Foi a gota d”água para pedir transferência para uma instituição da rede estadual.

“Mas o pior preconceito que enfrentei foi com o meu pai. Faz 20 anos que não nos falamos. Ele simplesmente me excluiu da família”, conta.

O editor de vídeos D.M.A., de 24 anos, também era vítima das piadas dos colegas de escola. “Eu queria ser como eles e tentava ser igual, para conviver com os outros garotos”, relembra D, que pediu para ter sua identidade preservada. “Mas era totalmente excluído e não entendia o porquê”, afirma.

Depois de passar alguns anos sofrendo calado as humilhações por causa de sua orientação sexual, D. se rebelou. Assumiu-se HOMOSSEXUAL e passou a se defender das agressões verbais com a mesma intensidade com que as recebia.

As recordações dos tempos de colégio, para ele, também não são das melhores. “Olho para trás e não sinto falta de nada. Vejo o D. de antes e sinto pena daquele garoto inocente e indefeso”, conclui.

“As escolas precisam ensinar o valor das pessoas não por serem gays ou lésbicas, mas como humanos, simplesmente”, defende Josafá Cunha, professor do Departamento de Psicologia da Unicentro.

Capacitação. Para Araci Asinelli, professora de pós-graduação em Educação na Universidade Federal do Paraná (UFPR), “a escola e os professores têm um papel preponderante na formação da personalidade”. Por isso, “é preciso olhar para os professores e capacitá-los”, diz.

“As escolas devem ensinar que a única diferença entre homos e heterossexuais é a orientação do desejo”, afirma Sandra Vasques, psicóloga e coordenadora de projetos do Instituto Kaplan, especializado em sexualidade humana.

Fonte: O Estado de S. Paulo, por Isis Brum
http://correiodobrasil.com.br/a-historia-de-homens-que-precisam-esconder-sua-orientacao-sexual/255476/

quinta-feira, 7 de julho de 2011

É normal ser Gay? Depoimento.

27 JUNE 2011

É normal ser Gay? Depoimento.
*RESPOSTA DO SENHOR MARCO MAIA AO MARCELO TAS (E PRETA GIL)*

Leiam o interessante texto-resposta ao sensacionalista do CQC...

Tenho 42 anos, sou gay, advogado e moro em Londres. Nunca sofri nenhum tipo
de discriminação em virtude de minha orientação sexual. E como gay, penso
que tenho alguma autoridade nesse assunto.

Primeiramente - e já contrariando a turba - gostaria de expressar minha
sincera simpatia pelo Sr. Bolsonaro, que no fundo deve ser uma pessoa de uma
doçura ímpar, apesar de suas manifestações "grosseiras e/ou politicamente
incorretas". Vou direto ao assunto.

Nunca tive problemas em ser homossexual porque sou uma pessoa normal, como
qualquer heterossexual. Esse negócio de viver a vida expressando
diuturnamente sua sexualidade é uma doença. A sexualidade é algo que se
encontra na esfera da intimidade e não diz respeito a ninguém.

Não tenho trejeitos e não aprecio quem os tem. Para mim, qualquer tipo de
extremo é patológico. Minha vida é dedicada e focada em outras coisas.
Outros, como doentes que são, vivem a vida focados na sexualidade. O machão
grosseiro e mulherengo ou a bicha louca demonstram bem estes extremos.
Qualquer tipo de pervertido ou depravado (como a Preta Gil), o pedófilo,
etc, estão neste barco.

Nunca fui numa parada gay e jamais irei, pois para mim aquilo é um circo de
horrores, uma apologia à bizarrice e à cocaína - sejam francos e falem a
verdade! Hoje aplaudimos o bizarro e a perversão doentia e ainda levamos
nossos filhos pra assistir. Se a parada gay realmente fosse um ato político,
relembrando sua real importância histórica, muita bem caberia no carnaval -
abrindo o desfile das escolas de samba. Muito mais apropriado.

Está rolando sim, um movimento das bichas enlouquecidas, no sentido de
transformar o mundo num grande puteiro-hospício gay. Eu tenho um sobrinho de
11 anos e nunca senti a necessidade de explicar para ele que o "titio é gay"
- isto é uma palhaçada. As crianças devem ser educadas no sentido de
respeitar o próximo e ponto. Isto engloba tudo.

Se pararmos para olhar como o mundo se encontra, temos que reconhecer que o
modelo de educação que se desenvolve há décadas foi criado no sentido de
deseducar e desestruturar cultural e intelectualmente as massas.
Universidades por todo mundo vomitam milhões de pseudos-intelectuais todos
os anos, mas tudo piora a cada dia e caminhamos a passos largos para o
buraco. Todos os governos do mundo conspiram contra seus próprios cidadãos e
se transformaram em grandes máfias, junto com os Bancos e as Corporações
estão levando tudo, inclusive (e principalmente) nossa própria humanidade. A
corrupção se alastra pelo globo e nunca vimos tantas guerras e descrições
que vão desde o aspecto moral, até o material - a destruição de nosso
próprio planeta.

A coisa está tão feia, mas tão feia, que somente uma intervenção "divina" é
capaz de frear nossos insanos governantes e a turba alucinada. Vejam a
quantidade de manifestações de OVNIS pelo mundo. O “disclosure” é iminente.
2012, como símbolo de transformação está aí e a peneira vai passar.

Não crucifiquemos o pobre do Bolsonaro. Tenhamos o entendimento de que seu
comportamento é um grito de agonia de alguém que está lá para fazer o seu
papel, pois se ninguém disser um chega BEM ALTO a coisa sairá dos limites -
como já está saindo. Ele é sim a expressão de milhares e milhares de
pessoas, para não dizer milhões. Ele pode ser meio atrapalhado, mas não está
errado não. E tenho certeza que esse blá-blá-blá de dar porrada no filho se
for “viado” é só da boca pra fora. Ele é uma pessoa boníssima. Eu tenho
certeza disso.

O mundo precisa de amor e filosofia, não de mais ódio e fanatismo.

E essa Preta Gil é o fim. Vai ser vagaba assim na pqp.
http://boaspraticasfarmaceuticas.blogspot.com/2011/06/e-normal-ser-homosesual-depoimento.html

"orientação sexual pedófila"

01 JULY 2011

"orientação sexual pedófila"
A liberdade deve ser garantida para expressar os mais diversos pensamentos (ministro Celso de Mello)
O vereador Carlos Apolinário,, apresentou proposta para criar em São Paulo, o dia do "orgulho hetero", levando o projeto para votação às vésperas da Parada Gay.
A Marcha para Jesus virou palco de repúdio à decisão judicial que garantiu a união estável homoafetiva,
A deputada Myriam Rios, fez pronunciamento na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro propagando a expressão "orientação sexual pedófila". Dizia ter medo da proximidade de uma babá lésbica a filhas pequenas ou do assédio de um motorista travesti sobre seus meninos.
Porque a incorporação de direitos civis aos homossexuais está incomodando tanto assim aos ativistas religiosos?
Não são eles os primeiros que deveriam se destacar pela defesa do amor, da solidariedade e do abrigo aos mais vulneráveis?
Onde estão as tradicionais preocupações com desigualdades sociais e manifestações de fraternidade?
Há quem diga que os grupos religiosos se sentiram intimidados com a proposta de criminalizar a homofobia.
Paradoxo dos paradoxos, pois a punição do preconceito é justamente o combustível para a liberdade de crença.
Em algum lugar do mundo, membros das mais diversas religiões já sentiram na pele o terror do preconceito e da intolerância. Como reproduzi-lo, então?
Depois da decisão do STF que autorizou a Marcha da Maconha, reconhecendo o legítimo direito à manifestação, muitos disseram em um misto de birra e revolta: se vale defender a maconha, vale falar qualquer coisa. Acabou-se a mística da homofobia.
É uma ideia equivocada.
Como bem explicou o ministro Celso de Mello, em voto primoroso, a liberdade deve ser garantida para expressar os mais diversos pensamentos. Mas nunca para ferir -o Pacto de San José da Costa Rica, que o país subscreveu, exclui do âmbito protetivo da liberdade de expressão todo estímulo ao ódio e ao preconceito.
Propor a legalização da maconha é legal. Dizer que os homossexuais são promíscuos, não.
Reverenciar o "orgulho hetero" também não é o mesmo que fazer uma parada gay -assim como prestigiar a consciência negra não se equipara em louvar o "orgulho branco", típico dos sites neonazistas.
A diferença que existe entre eles reside na situação de poder e de vulnerabilidade.
Os movimentos negros e gays se organizam pela igualdade e procuram combater a discriminação - o "poder branco", memória do arianismo, busca exatamente reavivá-la. Não quer igualdade, quer supremacia.
Basta ver que a proposta do "orgulho hetero" se impõe como um resgate da "moral e dos bons costumes", tal como uma verdadeira cruzada.
Por fim, mas não menos importante, a absurda vinculação entre homossexualidade e pedofilia.
Não é grave apenas pelo que mostra -um profundo desconhecimento da vida. Mas, sobretudo, pelo que esconde.
Jogar o defeito no outro, no diferente, naquilo que não nos pertence, é o primeiro passo para esconder o mal que nos cerca, e assim evitar sua punição.
Em vinte e um anos de judicatura criminal, vi inúmeros padrastos molestaram sexualmente suas enteadas, tios violentarem suas sobrinhas e até mesmo pais condenados por estupros seguidos em meninas de menos de dez anos. Na grande maioria dos casos, os crimes são praticados por heterossexuais.
Não se trata de tara, perversão ou qualquer outro atributo de fundo moralista. É simplesmente violência.
Misturar as estações não é ruim apenas por propagar um preconceito infundado. Mas por nos distanciar do problema e, em consequência, da solução.
Quando um dogma supera as lições que a vida nos traz, quando o apego à filosofia é maior que o amparo a dor, quando até o sempre solidário cerra os punhos, um sinal de alerta se acende.
É preciso relembrar que somos todos humanos.

Marcelo Semer
http://boaspraticasfarmaceuticas.blogspot.com/2011/07/orientacao-sexual-pedofila.html

domingo, 3 de julho de 2011

Aceitar as diferenças

14/05/2011
Aceitar as diferenças


“Toda pessoa tem o direito de constituir família, independentemente de orientação sexual ou identidade de gênero. Não pode um estado democrático de direito conviver com o estabelecimento entre pessoas e cidadãos com base em sua sexualidade. É inconstitucional excluir essas pessoas”. Foi com essa frase que o ministro Celso de Mello, do STF, votou a favor da união homoafetiva, na última quinta.

Este posicionamento do Supremo Tribunal Federal foi uma vitória, não apenas para aqueles que estão nesta situação de não reconhecimento dos direitos de uma união estável, mas para toda a sociedade brasileira, que reconhece o Estado laico, livre das amarras do falso moralismo e da Igreja.

Pois como o próprio ministro afirmou: “A República é laica e, portanto, embora respeite todas as religiões, não se pode confundir questões jurídicas com questões de caráter moral ou religioso”.

O nosso país está caminhando para a evolução intelectual e para a dissolução de antigas amarras que só serviam para nutrir o preconceito e a violência. Aceitar não significa ser partidário, aceitar significa respeitar. O respeito é necessário na vida de todas as pessoas, o respeito está relacionado à dignidade. E hoje, o respeito à diversidade é palavra de ordem.

A palavra diversidade significa no dicionário on-line: “tudo aquilo que diferencia de algo ou de outro”. Segundo consulta à enciclopédia livre Wikipédia, diversidade é um conceito amplo, com aplicação em diferentes campos da vida humana, como na antropologia cultural: a diversidade de hábitos, costumes, comportamentos, crenças e valores, e a aceitação da diferença no outro (chamada de alteridade). No campo da política internacional, da diplomacia ou da economia: a manifestação da diversidade se dá por meio do multiculturalismo.

Na sexologia, a diversidade de manifestações sexuais, ou simplesmente “diversidade sexual”. Nos campos da biologia e do meio ambiente, a diversidade biológica ou biodiversidade.

No campo da lógica, a diversidade de soluções para um mesmo problema, usando ferramentas como a criatividade e a originalidade. Na psicologia, as ideias de heterogeneidade e de singularidade.

No campo do direito, a diversidade de decisões judiciais sobre um mesmo assunto; e no direito comparado internacional, a diversidade de legislações sobre um mesmo tema. E no campo da publicidade e da propaganda, a difusão do discurso pró-diversidade.

Portanto, se o mundo é tão diverso, em todos os âmbitos, por que não respeitar todas as diferenças e eliminar o preconceito e a ignorância de nossas vidas?

Juliana de Souza, mestre em filosofia, é professora da Universidade do Sagrado Coração.
E-mail: engenhodeideias@yahoo.com.br
Juliana de Souza
Professora da USC e mestranda em Filosofia pela UNESP-Marília, atua nas áreas de teoria crítica, ética e estética
http://www.redebomdia.com.br/Artigo/2317/Aceitar+as+diferencas

ABGLT sobre as declarações de Myrian Rios: “Equivocadas e irresponsáveis”

28 de junho de 2011 às 9:11
ABGLT sobre as declarações de Myrian Rios: “Equivocadas e irresponsáveis”
Nota Oficial de Descontentamento da ABGLT sobre Declarações da Deputada Estadual do Rio de Janeiro, Myrian Rios (PDT/RJ)

A Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), em nome de suas 237 ONGs afiliadas, vem por meio expressar seu extremo descontentamento diante das afirmações equivocadas e irresponsáveis sobre as pessoas homossexuais feitas pela deputada estadual Myrian Rios (PDT/RJ) no plenário da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro durante debate sobre o Projeto de Emenda Constitucional 23/2007 que inseriria a “orientação sexual” no rol de direitos fundamentais da constituição do Estado do Rio de Janeiro, garantindo que ninguém seria discriminado, prejudicado ou privilegiado em razão da mesma.

Lamentável observar mais uma vez uma parlamentar descumprir seu dever como legisladora de se pautar pelo princípio da laicidade do estado e pelo cumprimento dos preceitos fundamentais da Constituição, sendo que a mesma optou e escolheu – ao contrário – basear-se em sua convicção de “missionária católica”.

Pior ainda foi a manipulação proposital e antiética da opinião pública por parte da deputada Myrian Rios em fazer uma associação direta, incorreta e perversa entre a homossexualidade e a pedofilia. Ora, tem sido comprovado cientificamente que a maior ocorrência de abuso sexual de crianças e adolescentes se dá pelos próprios pais e por figuras de autoridade que detêm a confiança dos mesmos. Este consta entre os principais motivos da destituição do pátrio poder. Os estudos científicos também confirmam que não há diferença entre o grau de incidência do abuso sexual de crianças e adolescentes por adultos heterossexuais ou homossexuais. Não há, portanto, fundamento cientificamente comprovado que possa respaldar as afirmações preconceituosas e discriminatórias da deputada de que seus filhos pudessem vir a ser vítimas de pedofilia por parte de funcionários homossexuais eventualmente contratados por ela. A deputada afirma que não é preconceituosa e que não discrimina, porém tacha as pessoas homossexuais de “pedófilas”, alegando assim “proteger crianças e adolescentes inocentes”. Esta afirmação se enquadra tão somente em ato de discriminação e de incitação ao ódio e à violência às pessoas homossexuais.

Queremos indagar: a deputada defenderia seu “direito de demitir uma pessoa”, se esta pessoa fosse negra, como base no raciocínio de que “não está de acordo com a minha” cor? O teor discriminatório do discurso da deputada se encontra neste paralelo, que por sua vez revela precisamente a justiça do propósito do PEC 23. Enquanto o racismo já se encontra criminalizado, a discriminação homofóbica permanece impune. E a deputada se vale desta omissão perversa para se cobrir de uma suposta “razão”, baseada num senso comum sem qualquer fundamento, se não o puro preconceito.

As pessoas lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, assim como as pessoas heterossexuais, NÃO ESCOLHEM e nem OPTAM por ter a sexualidade que têm. Faz parte de sua personalidade, e só. Para quê a deputada – cuja função deveria ser legislar de acordo com os princípios constitucionais – invoca o livro Gênese da Bíblia? O Brasil não é um estado teocrático. Não é regido pela Bíblia. O Brasil é um estado laico, regido por uma Constituição. É a obrigação dos/das parlamentares legislarem conforme a Constituição. Caso contrário, suas proposições não seriam aprovadas, devido à própria inconstitucionalidade. É por isso que existem nas casas legislativas as Comissões de Constituição e Justiça – para garantir a conformidade das propisições.

O Projeto de Emenda Constitucional 23/2007 não permitiria nem a discriminação e nem o privilégio por orientação sexual ou identidade de gênero. Tinha apenas o objetivo de garantir o cumprimento do preceito constitucional da igualdade de todos e todas, indiscriminadamente. Aliás, foi este o princípio que norteou a decisão do Supremo Tribunal Federal em equiparar as uniões estáveis homoafetivas às uniões estáveis entre casais heterossexuais. No estado brasileiro, laico e regido pelos princípios da igualdade e da não discriminação, há de se garantir a igualdade de direitos aos heterossexuais e aos homossexuais, “sem distinção de qualquer natureza”.

Imperam, em qualquer esfera que seja – federal, estadual, municipal – os preceitos fundamentais da Constituição.

O Projeto de Emenda Constitucional 23/2007 não tem o propósito de restringir o direito da liberdade de expressão. Apenas visa a garantir o preceito constitucional da não discriminação.

Posto isto:

* exigimos do Partido Democrático Trabalhista (PDT) a tomada imediata de medidas internas em relação ao pronunciamento da deputada estadual Myrian Rios, com base na afirmação deste partido publicada em seu site de que o “PDT assumirá, dentre seus compromissos prioritários, a causa das mulheres, dos negros, das populações indígenas e o combate a todas as formas de discriminação, buscando a democracia e a justiça social através da igualdade de oportunidades.” Compromisso este que foi claramente contrariado pela deputada Myrian Rios.

* pedimos que o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro instaure inquérito quanto aos pronunciamentos acima citados da deputada estadual Myrian Rios acerca do PEC 23.

* pedimos que a Superintendência de Direitos Individuais, Coletivos e Difusos do Governo de Estado do Rio de Janeiro tome todas as medidas judiciais cabíveis em relação aos pronunciamentos da deputada estadual Myrian Rios acima citados.

Curitiba, 27 de junho de 2011

Toni Reis

Presidente da ABGLT – Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais
http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/abglt-sobre-as-declaracoes-de-myrian-rios-equivocadas-e-irresponsaveis.html