- Indianas se submetem à escravidão para pagar dote do casamento
10/06/2011 - 17:51 - Atualizado em 10/06/2011 - 17:51
Jovens enfrentam jornadas de trabalho intermináveis e condições precárias na indústria têxtil para ganhar entre € 400 e € 800 após 3 anos. De 10% a 20% dessas meninas têm entre 12 e 14 anos quando são contratadas pelas fábricas
Redação ÉPOCA, com Agência EFE
O dote no casamento indiano tem levado milhares de jovens indianas a se submeterem a regimes de escravidão em empresas têxteis, aponta um relatório elaborado pelo Centro de Pesquisa de Empresas Multinacionais (Somo, na sigla em holandês) em colaboração com o Comitê da Holanda para a Índia (ICN). A promessa de que, ao término de três anos de trabalho, as jovens receberão o equivalente a cerca de € 500 atrai cada vez mais garotas.
Na Índia, o casamento é uma tradição cultural bastante forte, e o costume do dote diz que é a mulher quem deve pagá-lo ao marido. A maioria das jovens da pesquisa pertence à casta dos dalits, a mais baixa e pobre, e são recrutadas sob um sistema conhecido como “Sumangali” - palavra tâmil para se referir a uma mulher feliz no casamento e que vive com seu marido uma vida abençoada e plena, algo que está relacionado com o pagamento do dote.
O relatório “Presas pelo algodão” aponta que os fabricantes indianos vêm produzindo artigos têxteis no estado de Tamil Nadu, no sul da Índia, para importantes marcas estrangeiras como Bestseller, Diesel, Gap, Inditex (Zara), El Corte Inglés e Cortefiel. Embora algumas destas companhias tenham tomado "uma atitude no assunto", um grande número de "práticas abusivas continuam sendo adotadas", aponta o estudo.
As meninas 'sumangali' são recrutadas com a promessa de um salário decente e um alojamento confortável, além do incentivo de receberem uma soma de dinheiro após a finalização do período de trabalho que varia entre € 400 e € 800.
Mais de 120 mil mulheres teriam sido empregadas desta forma nos últimos dez anos, segundo a Somo. Para “evitar que se organizem e queiram lutar por seus direitos”, os postos de trabalho costumam ser temporários, e entre 10% e 20% dessas mulheres têm entre 12 e 14 anos quando são contratadas.
"As mulheres recebem a promessa de que terão boas condições de trabalho e alojamento, algo que não acontece porque trabalham demais e são confinadas durante o tempo restante em um centro de hospedagem", afirmou a ativista indiana Pallvi Mansingh.
Monika, uma dessas jovens, tinha 13 anos quando começou a trabalhar. "Ninguém vai trabalhar lá porque quer, algumas fazem porque os pais obrigam e outras pelas necessidades familiares", disse à Somo.
"Nas raras ocasiões em que têm permissão para sair, sempre vão acompanhadas, sem poder falar com ninguém de fora da empresa", disse Mansingh, que é também diretora do Centro para a Educação e a Comunicação em Nova Délhi. "Seu único contato verbal com o exterior são as visitas, esporádicas, de seus pais".
Outra jovem, Prithi, de 19 anos, também denunciou as condições deploráveis à organização holandesa. "Completei os três anos e me deram 30 mil rúpias (aproximadamente € 450). Quando terminei, estava muito doente e ao descobrir que tinha uma bola de algodão no estômago - por inalá-lo durante o trabalho - tive que ser operada", afirmou. "Gastei todo o dinheiro que tinha nas despesas médicas e meus pais tiveram que cancelar meu casamento por não poderem pagar o dote"
LH
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI240654-15228,00.html
sábado, 11 de junho de 2011
Usando GPS, marido denuncia professora e aluno de 15 anos em motel no Rio
10/06/2011 - 18h11
Usando GPS, marido denuncia professora e aluno de 15 anos em motel no Rio
No Rio de Janeiro
Uma professora de 38 anos foi detida na companhia de um aluno de 15 anos em um motel na Rodovia Lúcio Meira, em Barra do Piraí (RJ). Foi o marido da professora quem fez a denúncia à polícia e avisou à imprensa.
"Vai dar na primeira página de todos os jornais. Pode ir na delegacia, que ela já está lá", disse no telefonema dado no fim da manhã, numa atitude que surpreendeu até mesmo os policiais que registraram a ocorrência.
O casal vive em Volta Redonda, cidade vizinha de Barra do Piraí. Segundo a Polícia Militar (PM), desconfiado de que a mulher estava mantendo um caso extraconjugal, o marido instalou um aparelho GPS no carro dela e a seguiu até o Motel Chalé, no bairro Califórnia.
Os policiais que detiveram a mulher, sob suspeita de abuso sexual de menor, contaram que o marido chegou a arrombar a porta do quarto do motel. A professora, que dá aulas em um colégio particular de Volta Redonda, e o estudante foram levados para a delegacia.
Eles prestaram depoimento - o adolescente na companhia dos pais - e foram liberados. A legislação estabelece a presunção de violência para crianças de até 14 anos. Aos 15 anos, a relação sexual é considerada consentida. O caso foi registrado como "fato a apurar".
http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia/2011/06/10/usando-gps-marido-denuncia-professora-e-aluno-de-15-anos-em-motel-no-rio.jhtm
Usando GPS, marido denuncia professora e aluno de 15 anos em motel no Rio
No Rio de Janeiro
Uma professora de 38 anos foi detida na companhia de um aluno de 15 anos em um motel na Rodovia Lúcio Meira, em Barra do Piraí (RJ). Foi o marido da professora quem fez a denúncia à polícia e avisou à imprensa.
"Vai dar na primeira página de todos os jornais. Pode ir na delegacia, que ela já está lá", disse no telefonema dado no fim da manhã, numa atitude que surpreendeu até mesmo os policiais que registraram a ocorrência.
O casal vive em Volta Redonda, cidade vizinha de Barra do Piraí. Segundo a Polícia Militar (PM), desconfiado de que a mulher estava mantendo um caso extraconjugal, o marido instalou um aparelho GPS no carro dela e a seguiu até o Motel Chalé, no bairro Califórnia.
Os policiais que detiveram a mulher, sob suspeita de abuso sexual de menor, contaram que o marido chegou a arrombar a porta do quarto do motel. A professora, que dá aulas em um colégio particular de Volta Redonda, e o estudante foram levados para a delegacia.
Eles prestaram depoimento - o adolescente na companhia dos pais - e foram liberados. A legislação estabelece a presunção de violência para crianças de até 14 anos. Aos 15 anos, a relação sexual é considerada consentida. O caso foi registrado como "fato a apurar".
http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia/2011/06/10/usando-gps-marido-denuncia-professora-e-aluno-de-15-anos-em-motel-no-rio.jhtm
Predador sexual seduz menina de 7 anos com brincadeiras
09/06/2011 - 22h00
Predador sexual seduz menina de 7 anos com brincadeiras
da Livraria da Folha
De forma sensível e delicada, a escritora Margaux Fragoso revela um fantasma de seu passado ao contar como foi abusada sexualmente durante dez anos pelo mesmo homem no livro "Tigre, Tigre" (Rocco, 2011). O volume mostra que a ausência de educação sexual das crianças e de atenção dos pais facilitam o crime.
Sem apoio dos pais, a escritora Margaux Fragoso sofreu abuso sexual durante infância e adolescência
Com um pai alcoólatra e uma mãe que sofre de problemas psiquiátricos, a autora foi seduzida desde os 7 por Peter Curran, nome fictício, de 51 anos, que se aproximou da família após conhecê-los em uma piscina pública.
Brincar de animais
Livro autobiográfico revela como age um pedófilo predador sexual
Com promessas de um mundo sem regras e as fantasias e o imaginário pertencentes ao universo infantil, Curran ganhou a afeição de Margaux. Para que ela ficasse nua, propunha que brincassem de animais. No jogo, a menina era sempre o tigre que dá nome ao volume.
Ao longo do tempo e com a chegada da puberdade, a jovem começou a perceber que havia algo de errado nos "carinhos especiais" que trocava com o homem. O predador começou a fazer chantagens emocionais para que ela não o abandonasse, com cartas desesperadas e ameaças de suicídio.
Ao se tornar dona de seu destino, aos 17 anos, a escritora deu um basta na conturbada relação. O homem cumpriu sua promessa, matou-se aos 66 anos, como Margaux revela nas primeiras páginas do relato.
Livro de estreia da autora, a obra foi elogiada pela critica do "New York Times" por sua franqueza e leveza.
*
"Tigre, Tigre"
Autora: Margaux Fragoso
Editora: Rocco
Páginas: 352
Quanto: R$ 34,90 (preço promocional, por tempo limitado)
Onde comprar: pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Livraria da Folha
http://www1.folha.uol.com.br/livrariadafolha/927027-predador-sexual-seduz-menina-de-7-anos-com-brincadeiras.shtml
Predador sexual seduz menina de 7 anos com brincadeiras
da Livraria da Folha
De forma sensível e delicada, a escritora Margaux Fragoso revela um fantasma de seu passado ao contar como foi abusada sexualmente durante dez anos pelo mesmo homem no livro "Tigre, Tigre" (Rocco, 2011). O volume mostra que a ausência de educação sexual das crianças e de atenção dos pais facilitam o crime.
Sem apoio dos pais, a escritora Margaux Fragoso sofreu abuso sexual durante infância e adolescência
Com um pai alcoólatra e uma mãe que sofre de problemas psiquiátricos, a autora foi seduzida desde os 7 por Peter Curran, nome fictício, de 51 anos, que se aproximou da família após conhecê-los em uma piscina pública.
Brincar de animais
Livro autobiográfico revela como age um pedófilo predador sexual
Com promessas de um mundo sem regras e as fantasias e o imaginário pertencentes ao universo infantil, Curran ganhou a afeição de Margaux. Para que ela ficasse nua, propunha que brincassem de animais. No jogo, a menina era sempre o tigre que dá nome ao volume.
Ao longo do tempo e com a chegada da puberdade, a jovem começou a perceber que havia algo de errado nos "carinhos especiais" que trocava com o homem. O predador começou a fazer chantagens emocionais para que ela não o abandonasse, com cartas desesperadas e ameaças de suicídio.
Ao se tornar dona de seu destino, aos 17 anos, a escritora deu um basta na conturbada relação. O homem cumpriu sua promessa, matou-se aos 66 anos, como Margaux revela nas primeiras páginas do relato.
Livro de estreia da autora, a obra foi elogiada pela critica do "New York Times" por sua franqueza e leveza.
*
"Tigre, Tigre"
Autora: Margaux Fragoso
Editora: Rocco
Páginas: 352
Quanto: R$ 34,90 (preço promocional, por tempo limitado)
Onde comprar: pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Livraria da Folha
http://www1.folha.uol.com.br/livrariadafolha/927027-predador-sexual-seduz-menina-de-7-anos-com-brincadeiras.shtml
Mulher denuncia prostíbulo após encontrar panfleto com marido
10/06/2011 - 16h35
Mulher denuncia prostíbulo após encontrar panfleto com marido
ANDRÉ CARAMANTE
DE SÃO PAULO
A reclamação de uma mulher enfurecida ao saber que o marido recebeu um panfleto com dois preservativos como propaganda de uma casa de prostituição durante uma feira comercial no Anhembi (zona norte de São Paulo), fez a Deatur (Delegacia Especializada em Atendimento ao Turista), da Polícia Civil, deter 40 homens e 20 garotas de programas nesta sexta-feira.
Ao revirar as coisas do marido, essa mulher achou o panfleto do prostíbulo e o entregou à Deatur, que passou a investigar o lugar no início deste mês. Depois de constatar a exploração da prostituição, 18 policiais da Deatur fizeram uma operação para fechar o local hoje.
O prostíbulo onde as mulheres eram obrigadas a fazer 20 programas todo dia, segundo a Deatur, funcionava na rua José Oscar de Abreu Sampaio, no bairro do Tatuapé (zona leste de SP).
Em média, cada programa custava R$ 130 (em dinheiro) ou R$ 140 (cartão de crédito ou débito). As mulheres admitiram à polícia que só passavam a ganhar com a prostituição a partir do do 13º programa de cada dia. Os outros 12 ficavam com os responsáveis pelo prostíbulo.
Todos os 40 clientes do lugar e as 20 mulheres serão interrogados pela Deatur e serão liberados até o fim do dia.
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/928294-mulher-denuncia-prostibulo-apos-encontrar-panfleto-com-marido.shtml
Mulher denuncia prostíbulo após encontrar panfleto com marido
ANDRÉ CARAMANTE
DE SÃO PAULO
A reclamação de uma mulher enfurecida ao saber que o marido recebeu um panfleto com dois preservativos como propaganda de uma casa de prostituição durante uma feira comercial no Anhembi (zona norte de São Paulo), fez a Deatur (Delegacia Especializada em Atendimento ao Turista), da Polícia Civil, deter 40 homens e 20 garotas de programas nesta sexta-feira.
Ao revirar as coisas do marido, essa mulher achou o panfleto do prostíbulo e o entregou à Deatur, que passou a investigar o lugar no início deste mês. Depois de constatar a exploração da prostituição, 18 policiais da Deatur fizeram uma operação para fechar o local hoje.
O prostíbulo onde as mulheres eram obrigadas a fazer 20 programas todo dia, segundo a Deatur, funcionava na rua José Oscar de Abreu Sampaio, no bairro do Tatuapé (zona leste de SP).
Em média, cada programa custava R$ 130 (em dinheiro) ou R$ 140 (cartão de crédito ou débito). As mulheres admitiram à polícia que só passavam a ganhar com a prostituição a partir do do 13º programa de cada dia. Os outros 12 ficavam com os responsáveis pelo prostíbulo.
Todos os 40 clientes do lugar e as 20 mulheres serão interrogados pela Deatur e serão liberados até o fim do dia.
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/928294-mulher-denuncia-prostibulo-apos-encontrar-panfleto-com-marido.shtml
sexta-feira, 10 de junho de 2011
Bailão do Dia dos Namorados para a terceira idade terá distribuição de camisinhas e materiais informativos em São Paulo
Bailão do Dia dos Namorados para a terceira idade terá distribuição de camisinhas e materiais informativos em São Paulo
10/06/2011 - 11h45
A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo promove nesta sexta-feira, a partir das 15h, no Instituto Paulista de Geriatria e Gerontologia (IPGG), um “bailão” para cerca de 1.000 idosos, em comemoração ao Dia dos Namorados. O evento, voltado para a população com 60 anos ou mais, é gratuito e será repleto de músicas românticas, criando o clima para a comemoração antecipada da data.
A equipe de enfermagem da unidade também irá distribuir, durante o baile, preservativos e folhetos com orientações sobre doenças sexualmente transmissíveis.
“Esta é uma ótima oportunidade para os idosos se divertirem e aproveitarem este dia tão especial ao lado de seu companheiro ou companheira. Ou, quem sabe, até encontrar um novo amor”, diz Nilton Guedes, coordenador do Centro de Convivência do IPGG.
O infectologista Jean Carlo Gorinchteyn, especialista em DST/aids na terceira idade, lembra que os idosos estão atingindo idades avançadas com boas condições físicas e com uma vida sexual mais ativa, muitas vezes ajudada pelo uso de remédios para distúrbios eréteis.
"Fala-se muito em gripe, mas esquecem o aumento considerável de idosos com aids", disse o médico que defende mais campanhas de prevenção para os idosos.
Serviço:
Baile do Dia dos Namorados
Instituto Paulista de Geriatria e Gerontologia
Endereço: Praça Padre Aleixo Monteiro Mafra (antiga Praça do Forró), 34, São Miguel Paulista.
Horário: das 15h às 19h.
Telefone: (0XX11) 2030-4000
Redação da Agência de Notícias da Aids
http://www.agenciaaids.com.br/noticias/interna.php?id=17050
10/06/2011 - 11h45
A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo promove nesta sexta-feira, a partir das 15h, no Instituto Paulista de Geriatria e Gerontologia (IPGG), um “bailão” para cerca de 1.000 idosos, em comemoração ao Dia dos Namorados. O evento, voltado para a população com 60 anos ou mais, é gratuito e será repleto de músicas românticas, criando o clima para a comemoração antecipada da data.
A equipe de enfermagem da unidade também irá distribuir, durante o baile, preservativos e folhetos com orientações sobre doenças sexualmente transmissíveis.
“Esta é uma ótima oportunidade para os idosos se divertirem e aproveitarem este dia tão especial ao lado de seu companheiro ou companheira. Ou, quem sabe, até encontrar um novo amor”, diz Nilton Guedes, coordenador do Centro de Convivência do IPGG.
O infectologista Jean Carlo Gorinchteyn, especialista em DST/aids na terceira idade, lembra que os idosos estão atingindo idades avançadas com boas condições físicas e com uma vida sexual mais ativa, muitas vezes ajudada pelo uso de remédios para distúrbios eréteis.
"Fala-se muito em gripe, mas esquecem o aumento considerável de idosos com aids", disse o médico que defende mais campanhas de prevenção para os idosos.
Serviço:
Baile do Dia dos Namorados
Instituto Paulista de Geriatria e Gerontologia
Endereço: Praça Padre Aleixo Monteiro Mafra (antiga Praça do Forró), 34, São Miguel Paulista.
Horário: das 15h às 19h.
Telefone: (0XX11) 2030-4000
Redação da Agência de Notícias da Aids
http://www.agenciaaids.com.br/noticias/interna.php?id=17050
La homofobia es violencia de género
La homofobia es violencia de género
Por Francisco Rodríguez Cruz (periodista del semanario Trabajadores y activista del Centro Nacional de Educación Sexual)
(Especial para No a la Violencia)
La ira le transformó el rostro y las expresiones verbales y los gestos fueron subiendo el tono de las amenazas hasta proponer a los amigos, que trataban de calmarle, tomar piedras para lanzarlas a aquella pareja de muchachos homosexuales que iban tomados de la mano y se daban un beso en la calle.
Afortunadamente, esta vez solamente se trataba de una dramatización en el ámbito de un taller sobre los derechos sexuales como derechos humanos, entre activistas y promotores de salud del centro provincial de prevención de las ITS/VIH/sida en Santiago de Cuba, que tuvo lugar como parte de las actividades de capacitación y debate en la reciente IV Jornada Cubana contra la Homofobia.
La violencia de la situación supuesta sorprendió incluso a uno de los improvisados actores, quien quedó asombrado y emocionalmente impactado al ver que un joven apuesto, dulce, varonil, aparentemente seguro de sí, podía de pronto convertirse no solamente en un hombre ofensivo, irracional, despreciativo del
Barómetro
Señales 7
derecho de otros a expresar en público su orientación no heterosexual, sino que ello le hizo perder el control hasta manifestarse como un peligroso agresor en potencia.
Esta forma extrema de violencia por prejuicios homofóbicos, aunque no podemos afirmar que sea una conducta frecuente en Cuba, está sin embargo en el imaginario popular de una parte de la población machista sobre todo masculina, presta a emerger cuando se dan circunstancias negativas adicionales como el consumo de alcohol u otras sustancias alienantes, el bajo nivel cultural y la marginalidad de los individuos involucrados en tales hechos.
Y aunque se trata de una conducta límite, ilustra muy bien la naturaleza de la homofobia, como expresión de la violencia de género.
Porque, en el fondo, detrás de cualquier comportamiento homofóbico es posible detectar, aislar casi como si fuera una prueba de laboratorio, un sistema de códigos que funcionan en nuestras sociedades heteronormativas y patriarcales, que actúan sobre la base de los estereotipos acerca de lo que deben ser y hacer un hombre y una mujer, siempre con una visión que considera inferior lo femenino.
La ruptura de la normatividad masculina y el binarismo de género, en el cual los roles para el hombre y la mujer tienden a ser con frecuencia bastante inflexibles, es tal vez una de las causas de la homofobia más fáciles de identificar.
Esta cualidad de subvertir los valores culturales y las normas sociales arraigadas por siglos son una de las razones más poderosas por las cuales se intenta la invisibilidad, la proscripción y, si es necesario, la represión de cualquier orientación sexual no heterosexual, o de una identidad de género que no concuerde con la apariencia genital.
Sencillamente, ser gay, lesbiana, bisexual, transexual o intersexual pone en crisis un sistema de pensamiento hegemónico que se consideró conveniente y ha dado muy buenos resultados, por cierto para reproducir socialmente las relaciones económicas y políticas de subordinación de las mujeres hacia los hombres.
Ante los ojos de las personas y de las estructuras sociales porque el asunto trasciende a los individuos para anclarse en las instituciones y otras formas organizativas constituidas, que detentan ese poder autoritario que se funda en la violencia de un género sobre el otro, los homosexuales varones cometerían la gran imprudencia políticamente inaceptable de no ser los machos dominantes ante las mujeres; las lesbianas asumirían una independencia vergonzosa para la primacía sexual y la subordinación material que, como mujeres, deberían concederles graciosamente a los hombres.
En el caso de la bisexualidad, el rechazo proviene por partida doble ante el riesgo de que se transgredan los roles de género, aunque podría hallar también una benevolente tolerancia en el caso de los sujetos masculinos, cuando reproducen desde esta orientación sexual el estereotipo del "depredador" que somete por igual a mujeres y hombres.
En el caso de una mujer bisexual, por el contrario, tendría que cargar también con el estigma de su presunta liviandad a partir del viejo e hipócrita cuestionamiento ético de doble rasero con que siempre se les juzga a ellas como prostitutas, cuando en materia de sexualidad expresan comportamientos similares a los que sirven para premiar con un inmerecido reconocimiento social a los varones.
La transexualidad y la intersexualidad son, sin dudas, las más subversivas de las variantes para este orden ideológico reinante y presumiblemente aceptado por una amplia mayoría, al hacer saltar en pedazos no ya solamente la relación de 8
supremacía entre hombre y mujer, sino incluso los paradigmas, los conceptos mismos de qué son la hombría y la feminidad.
La exclusión de todas estas variantes de la sexualidad humana, ya sea mediante el silenciamiento de su existencia, su patologización convertirlas en enfermedades, victimización, ridiculización, discriminación en todas sus variantes, hasta su castigo o punición de hecho o de derecho, es por ello, en última instancia, violencia de género.
La manera de combatir este tipo tan particular de actitudes y acciones violentas algunas tan sutiles y solapadas que ni siquiera es preciso alzar la voz para asumirlas o cometerlas, pero que igual dañan y provocan dolor y sufrimiento va más allá de la reprimenda moral o la sanción legal de los hechos que las tipifican, lo cual, por cierto, es urgente llevar cada día con más fuerza y claridad tanto al sistema de valores de la sociedad cubana como a su ordenamiento jurídico.
Solo en la medida que vayamos construyendo un nuevo tipo de sociedad, que supere las distorsiones históricas acumuladas en materia de (in)equidad de género, desaparecerán consecuentemente las causas últimas de la discriminación por motivo de la orientación sexual e identidad de género y, con ella, su variante más extrema como manifestación de violencia: la homofobia.
Asociación SEMlac-Oficina SEMlac Perú: semlac@redsemlac.net / www.redsemlac.net
Coordinación-Oficina SEMlac Cuba: semcuba@ceniai.inf.cu / www.redsemlac-cuba.net
Por Francisco Rodríguez Cruz (periodista del semanario Trabajadores y activista del Centro Nacional de Educación Sexual)
(Especial para No a la Violencia)
La ira le transformó el rostro y las expresiones verbales y los gestos fueron subiendo el tono de las amenazas hasta proponer a los amigos, que trataban de calmarle, tomar piedras para lanzarlas a aquella pareja de muchachos homosexuales que iban tomados de la mano y se daban un beso en la calle.
Afortunadamente, esta vez solamente se trataba de una dramatización en el ámbito de un taller sobre los derechos sexuales como derechos humanos, entre activistas y promotores de salud del centro provincial de prevención de las ITS/VIH/sida en Santiago de Cuba, que tuvo lugar como parte de las actividades de capacitación y debate en la reciente IV Jornada Cubana contra la Homofobia.
La violencia de la situación supuesta sorprendió incluso a uno de los improvisados actores, quien quedó asombrado y emocionalmente impactado al ver que un joven apuesto, dulce, varonil, aparentemente seguro de sí, podía de pronto convertirse no solamente en un hombre ofensivo, irracional, despreciativo del
Barómetro
Señales 7
derecho de otros a expresar en público su orientación no heterosexual, sino que ello le hizo perder el control hasta manifestarse como un peligroso agresor en potencia.
Esta forma extrema de violencia por prejuicios homofóbicos, aunque no podemos afirmar que sea una conducta frecuente en Cuba, está sin embargo en el imaginario popular de una parte de la población machista sobre todo masculina, presta a emerger cuando se dan circunstancias negativas adicionales como el consumo de alcohol u otras sustancias alienantes, el bajo nivel cultural y la marginalidad de los individuos involucrados en tales hechos.
Y aunque se trata de una conducta límite, ilustra muy bien la naturaleza de la homofobia, como expresión de la violencia de género.
Porque, en el fondo, detrás de cualquier comportamiento homofóbico es posible detectar, aislar casi como si fuera una prueba de laboratorio, un sistema de códigos que funcionan en nuestras sociedades heteronormativas y patriarcales, que actúan sobre la base de los estereotipos acerca de lo que deben ser y hacer un hombre y una mujer, siempre con una visión que considera inferior lo femenino.
La ruptura de la normatividad masculina y el binarismo de género, en el cual los roles para el hombre y la mujer tienden a ser con frecuencia bastante inflexibles, es tal vez una de las causas de la homofobia más fáciles de identificar.
Esta cualidad de subvertir los valores culturales y las normas sociales arraigadas por siglos son una de las razones más poderosas por las cuales se intenta la invisibilidad, la proscripción y, si es necesario, la represión de cualquier orientación sexual no heterosexual, o de una identidad de género que no concuerde con la apariencia genital.
Sencillamente, ser gay, lesbiana, bisexual, transexual o intersexual pone en crisis un sistema de pensamiento hegemónico que se consideró conveniente y ha dado muy buenos resultados, por cierto para reproducir socialmente las relaciones económicas y políticas de subordinación de las mujeres hacia los hombres.
Ante los ojos de las personas y de las estructuras sociales porque el asunto trasciende a los individuos para anclarse en las instituciones y otras formas organizativas constituidas, que detentan ese poder autoritario que se funda en la violencia de un género sobre el otro, los homosexuales varones cometerían la gran imprudencia políticamente inaceptable de no ser los machos dominantes ante las mujeres; las lesbianas asumirían una independencia vergonzosa para la primacía sexual y la subordinación material que, como mujeres, deberían concederles graciosamente a los hombres.
En el caso de la bisexualidad, el rechazo proviene por partida doble ante el riesgo de que se transgredan los roles de género, aunque podría hallar también una benevolente tolerancia en el caso de los sujetos masculinos, cuando reproducen desde esta orientación sexual el estereotipo del "depredador" que somete por igual a mujeres y hombres.
En el caso de una mujer bisexual, por el contrario, tendría que cargar también con el estigma de su presunta liviandad a partir del viejo e hipócrita cuestionamiento ético de doble rasero con que siempre se les juzga a ellas como prostitutas, cuando en materia de sexualidad expresan comportamientos similares a los que sirven para premiar con un inmerecido reconocimiento social a los varones.
La transexualidad y la intersexualidad son, sin dudas, las más subversivas de las variantes para este orden ideológico reinante y presumiblemente aceptado por una amplia mayoría, al hacer saltar en pedazos no ya solamente la relación de 8
supremacía entre hombre y mujer, sino incluso los paradigmas, los conceptos mismos de qué son la hombría y la feminidad.
La exclusión de todas estas variantes de la sexualidad humana, ya sea mediante el silenciamiento de su existencia, su patologización convertirlas en enfermedades, victimización, ridiculización, discriminación en todas sus variantes, hasta su castigo o punición de hecho o de derecho, es por ello, en última instancia, violencia de género.
La manera de combatir este tipo tan particular de actitudes y acciones violentas algunas tan sutiles y solapadas que ni siquiera es preciso alzar la voz para asumirlas o cometerlas, pero que igual dañan y provocan dolor y sufrimiento va más allá de la reprimenda moral o la sanción legal de los hechos que las tipifican, lo cual, por cierto, es urgente llevar cada día con más fuerza y claridad tanto al sistema de valores de la sociedad cubana como a su ordenamiento jurídico.
Solo en la medida que vayamos construyendo un nuevo tipo de sociedad, que supere las distorsiones históricas acumuladas en materia de (in)equidad de género, desaparecerán consecuentemente las causas últimas de la discriminación por motivo de la orientación sexual e identidad de género y, con ella, su variante más extrema como manifestación de violencia: la homofobia.
Asociación SEMlac-Oficina SEMlac Perú: semlac@redsemlac.net / www.redsemlac.net
Coordinación-Oficina SEMlac Cuba: semcuba@ceniai.inf.cu / www.redsemlac-cuba.net
Pornô à brasileira
Pornô à brasileira
Publicado em 10 de junho de 2011
No Brasil, a indústria da pornografia mescla transgressão e estereótipos
Em "Nas Redes do Sexo", a antropóloga colombiana María Elvira Díaz-Benítez registra a primeira pesquisa sobre pornografia no Brasil
Embora se alimente de tudo aquilo que significa transgressão no território dos prazeres eróticos, a estética do cinema pornô brasileiro é conservadora quanto à questão do gênero, valorizando o machismo, a mulher-objeto e reafirmando estereótipos diversos no campo da sexualidade. A conclusão é da antropóloga social colombiana María Elvira Díaz-Benítez, pesquisadora do Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos, no livro de sua autoria "Nas Redes do Sexo - Os bastidores do pornô brasileiro" (Zahar). A autora realizou seu estudo tendo por base a "observação participante", método antropológico no qual o pesquisador convive com as pessoas envolvidas, participando de seu cotidiano.
Desde o Renascimento, segundo ressalta María Elvira, eram feitas representações de sexo explícito que feriam o pudor dos puritanos de plantão. Posteriormente, no século XVII, o ousado Marquês de Sade abalou a filosofia e a sociedade com suas atitudes e descrições literárias consideradas "obscenas". Mas se essa antiga produção erótica tinha como objetivo criticar as principais instituições sociopolíticas da época (igreja, nobreza, forças militares, burguesia, ou até mesmo o povo), tal procedimento hoje se transformou no consumo da obscenidade modernizada, que tem o sexo como um produto e o prazer como uma mercadoria em si, tudo unido a certo alheamento das questões políticas. A pornografia renasceu sob o viés da cultura de massa e do entretenimento.
A trajetória mais recente desse tipo de indústria teve início no Brasil ao despontar dos anos 1980, com o declínio das chamadas pornochanchadas cinematográficas, que não apresentavam cenas de sexo explícito. No início, os filmes pornôs ainda mostravam esboços de uma trama narrativa, mas na atualidade adotam a "estética" de influência estadunidense e eliminam o enredo, limitando-se somente a mostrar cenas de relações sexuais.
Categorias definidas
Existem três tipos de filmes pornôs com o objetivo de atender aos distintos mercados: heterossexual, gay e travesti. Recrutadores especializados no aliciamento de novos atores, em meio à frenética rotina de substituição e sede de novidades que é uma das características do gênero, visam em primeiro lugar às mulheres, em seguida aos rapazes e, em menor escala, aos travestis ou "she-males" (como a categoria é chamada no mercado internacional).
Os homens seriam facilmente recrutados nas ruas e praças de badalação das metrópoles, bem como em cinemas, saunas e sites de "acompanhantes". Já as mulheres são de mais difícil acesso, segundo a autora. Mesmo quando exercendo a prostituição, geralmente elas não querem ser vistas como vulgares ou promíscuas, nem excluídas de vagos conceitos e paradigmas sobre qual seria o correto comportamento sexual e social do sexo feminino. Por isso, há na indústria pornográfica certo "comodismo" quanto ao recrutamento de rapazes, numa atitude diametralmente oposta à aceleração constante em busca de mulheres.
Durante as filmagens, é estabelecido um clima de pretensa seriedade profissional: atores que assediam as atrizes fora do contexto das cenas, ou lhes dirigem comentários considerados agressivos e indecorosos, são eliminados pelos produtores e logo ganham a má fama no circuito.
Signos e fetiches
Existem signos de grande relevância no cinema pornô, dentro de um tipo específico de estética associada à sedução. Peças íntimas de tamanho mínimo, ligas femininas, botas e sapatos de salto alto figuram entre os principais exemplos de fetiches apreciados pelo público masculino. Tais peças representam exemplares de clichês do universo "kitsch", os quais se instituíram socialmente como provocadores de excitantes fantasias. No âmbito do cinema pornô, elas contribuem para a incorporação da "figura dramática".
Outra preferência dos brasileiros é o sexo entre mulheres brancas e homens negros, nos quais se procura enfatizar "o excesso libidinal, a sexualidade incontrolável, as proezas eróticas, o exotismo e as aberrações genitais que têm caracterizado as formas como são historicamente representados o corpo e a sexualidade da raça negra, associando-a à bestialidade".
Vários produtores nacionais sustentam suas principais redes internacionais de distribuição e venda graças ao mercado do fetiche, enquanto a produção tida como "normal" é basicamente comercializada no Brasil. Afirma a antropóloga que a grande vantagem fornecida por esse segmento alternativo reside na abrangência da demanda existente quanto ao fetiche e na heterogeneidade da oferta no que diz respeito a temáticas, práticas e estilos. Países como a Holanda, Suécia, Hungria, Alemanha, Itália e Inglaterra consomem bastante as produções protagonizadas por mulheres gordas, idosas, grávidas, ou participantes de cenas escatológicas e de zoofilia. São os chamados filmes bizarros, que não têm muita receptividade no mercado brasileiro.
Um detalhe a observar é que os espectadores habituais não conseguem projetar-se nas imagens pornográficas feitas com a linguagem visual do cinema comum, porque esta os distancia da situação narrada. O sexo precisa ser apresentado na tela de maneira minuciosa, dando a ideia de que a cena pertence a um universo imediato e real. Como diz o sociólogo e filósofo francês Jean Baudrillard, "no pornô em si, o fundamental é a alucinação do detalhe".
Famosos em cena
Um impacto recente na indústria do cinema pornô brasileiro foi causado pela adesão de nomes conhecidos da mídia, mas já com a carreira em declínio. Alexandre Frota, ex-ator da Rede Globo e ex-marido de Cláudia Raia, foi o pioneiro desse novo mercado, seguido pela antiga "chacrete" Rita Cadillac, Matheus Carrieri, Gretchen e sua filha Tammy, Leila Lopes e Marcelo Ribeiro, que contracenou famosa cena erótica, aos 12 anos de idade, com a apresentadora de TV Xuxa, no filme "Amor Estranho Amor", de Walter Hugo Khoury. Essas presenças têm rendido lucros bastante significativos, em produções que costumam superar os orçamentos tradicionais do pornô nacional.
Estima-se que o lucro anual advindo da pornografia atinge US$ 10 bilhões nos EUA e 350 milhões de dólares no Brasil, o que representa um volume de dinheiro considerável na economia de ambos os países. Mas a construção de uma carreira profissional sólida dentro da área é bastante difícil, em decorrência de diversos fatores, sendo a principal delas de ordem estrutural: a necessidade de renovação dos elencos, exigida pelo público consumidor. Esse movimento ininterrupto dificulta uma permanência prolongada no mercado. Alguns diretores chegam mesmo a dizer que "o tempo de vida" de um ator ou atriz pornô não supera 40 cenas. Embora os famosos como Alexandre Frota e Rita Cadillac cobrem cachês elevados, os desconhecidos e novatos recebem, por cena filmada, entre R$ 300 e 1 mil, dependendo dos dotes físicos e da performance.
Sonho de liberdade
Entre os atores entrevistados e analisados por María Elvira Díaz-Benítez, ela encontrou, com frequência, o que considera um surpreendente item, digno de registro. Muitos deles perseguem apenas "uma aventura": o desejo de viver experiências inexistentes em suas cidades de origem, geralmente interioranas, e de transitar por ambientes nos quais possam expressar suas subjetividades e opções sexuais com menos constrangimento.
Ao trocarem suas pequenas cidades natais pelo Rio ou por São Paulo, inúmeros jovens estão numa busca intensa de liberdade, tanto para experimentar estilos de vida que afrontam as normas sociais tradicionais quanto pela possibilidade de transitar por diversos domínios, manipulando de forma eficaz as apresentações de seu verdadeiro "eu". A cidade grande lhes permite um anonimato relativo, ou, segundo Robert Park, "um mosaico de pequenos mundos que se tocam, mas não se interpenetram". Nesse contexto, no qual o mundo do pornô assume função destacada, existe uma bem maior abertura para pessoas provenientes de universos altamente estigmatizados.
Fique por dentro
Sexo na cidade
Somente no Centro de Fortaleza existem mais de 20 salas exibidoras de vídeos pornôs, algumas delas funcionando 24 horas por dia e recebendo um público masculino bastante eclético, onde se encontram representantes dos mais diversos segmentos sociais citadinos, do vendedor ambulante a executivos e profissionais graduados. Os nomes dos locais exibidores geralmente apresentam apelos eróticos, tais como "Tentação", "Sedução", "Eros", "Êxtase", "Sexy", "Ponto de Encontro". Os mais frequentados, por contarem com o recurso de telões, bar privativo e ar condicionado, são o "Star" e o "Majestick". No popular "Betão", são comuns as festas temáticas promovidas por jovens residentes nas áreas nobres de Fortaleza e ávidos de curtir, como está em moda nas grandes metrópoles, o lado "underground" da cidade.
JOSÉ AUGUSTO LOPES
REPÓRTER
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=994766
Publicado em 10 de junho de 2011
No Brasil, a indústria da pornografia mescla transgressão e estereótipos
Em "Nas Redes do Sexo", a antropóloga colombiana María Elvira Díaz-Benítez registra a primeira pesquisa sobre pornografia no Brasil
Embora se alimente de tudo aquilo que significa transgressão no território dos prazeres eróticos, a estética do cinema pornô brasileiro é conservadora quanto à questão do gênero, valorizando o machismo, a mulher-objeto e reafirmando estereótipos diversos no campo da sexualidade. A conclusão é da antropóloga social colombiana María Elvira Díaz-Benítez, pesquisadora do Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos, no livro de sua autoria "Nas Redes do Sexo - Os bastidores do pornô brasileiro" (Zahar). A autora realizou seu estudo tendo por base a "observação participante", método antropológico no qual o pesquisador convive com as pessoas envolvidas, participando de seu cotidiano.
Desde o Renascimento, segundo ressalta María Elvira, eram feitas representações de sexo explícito que feriam o pudor dos puritanos de plantão. Posteriormente, no século XVII, o ousado Marquês de Sade abalou a filosofia e a sociedade com suas atitudes e descrições literárias consideradas "obscenas". Mas se essa antiga produção erótica tinha como objetivo criticar as principais instituições sociopolíticas da época (igreja, nobreza, forças militares, burguesia, ou até mesmo o povo), tal procedimento hoje se transformou no consumo da obscenidade modernizada, que tem o sexo como um produto e o prazer como uma mercadoria em si, tudo unido a certo alheamento das questões políticas. A pornografia renasceu sob o viés da cultura de massa e do entretenimento.
A trajetória mais recente desse tipo de indústria teve início no Brasil ao despontar dos anos 1980, com o declínio das chamadas pornochanchadas cinematográficas, que não apresentavam cenas de sexo explícito. No início, os filmes pornôs ainda mostravam esboços de uma trama narrativa, mas na atualidade adotam a "estética" de influência estadunidense e eliminam o enredo, limitando-se somente a mostrar cenas de relações sexuais.
Categorias definidas
Existem três tipos de filmes pornôs com o objetivo de atender aos distintos mercados: heterossexual, gay e travesti. Recrutadores especializados no aliciamento de novos atores, em meio à frenética rotina de substituição e sede de novidades que é uma das características do gênero, visam em primeiro lugar às mulheres, em seguida aos rapazes e, em menor escala, aos travestis ou "she-males" (como a categoria é chamada no mercado internacional).
Os homens seriam facilmente recrutados nas ruas e praças de badalação das metrópoles, bem como em cinemas, saunas e sites de "acompanhantes". Já as mulheres são de mais difícil acesso, segundo a autora. Mesmo quando exercendo a prostituição, geralmente elas não querem ser vistas como vulgares ou promíscuas, nem excluídas de vagos conceitos e paradigmas sobre qual seria o correto comportamento sexual e social do sexo feminino. Por isso, há na indústria pornográfica certo "comodismo" quanto ao recrutamento de rapazes, numa atitude diametralmente oposta à aceleração constante em busca de mulheres.
Durante as filmagens, é estabelecido um clima de pretensa seriedade profissional: atores que assediam as atrizes fora do contexto das cenas, ou lhes dirigem comentários considerados agressivos e indecorosos, são eliminados pelos produtores e logo ganham a má fama no circuito.
Signos e fetiches
Existem signos de grande relevância no cinema pornô, dentro de um tipo específico de estética associada à sedução. Peças íntimas de tamanho mínimo, ligas femininas, botas e sapatos de salto alto figuram entre os principais exemplos de fetiches apreciados pelo público masculino. Tais peças representam exemplares de clichês do universo "kitsch", os quais se instituíram socialmente como provocadores de excitantes fantasias. No âmbito do cinema pornô, elas contribuem para a incorporação da "figura dramática".
Outra preferência dos brasileiros é o sexo entre mulheres brancas e homens negros, nos quais se procura enfatizar "o excesso libidinal, a sexualidade incontrolável, as proezas eróticas, o exotismo e as aberrações genitais que têm caracterizado as formas como são historicamente representados o corpo e a sexualidade da raça negra, associando-a à bestialidade".
Vários produtores nacionais sustentam suas principais redes internacionais de distribuição e venda graças ao mercado do fetiche, enquanto a produção tida como "normal" é basicamente comercializada no Brasil. Afirma a antropóloga que a grande vantagem fornecida por esse segmento alternativo reside na abrangência da demanda existente quanto ao fetiche e na heterogeneidade da oferta no que diz respeito a temáticas, práticas e estilos. Países como a Holanda, Suécia, Hungria, Alemanha, Itália e Inglaterra consomem bastante as produções protagonizadas por mulheres gordas, idosas, grávidas, ou participantes de cenas escatológicas e de zoofilia. São os chamados filmes bizarros, que não têm muita receptividade no mercado brasileiro.
Um detalhe a observar é que os espectadores habituais não conseguem projetar-se nas imagens pornográficas feitas com a linguagem visual do cinema comum, porque esta os distancia da situação narrada. O sexo precisa ser apresentado na tela de maneira minuciosa, dando a ideia de que a cena pertence a um universo imediato e real. Como diz o sociólogo e filósofo francês Jean Baudrillard, "no pornô em si, o fundamental é a alucinação do detalhe".
Famosos em cena
Um impacto recente na indústria do cinema pornô brasileiro foi causado pela adesão de nomes conhecidos da mídia, mas já com a carreira em declínio. Alexandre Frota, ex-ator da Rede Globo e ex-marido de Cláudia Raia, foi o pioneiro desse novo mercado, seguido pela antiga "chacrete" Rita Cadillac, Matheus Carrieri, Gretchen e sua filha Tammy, Leila Lopes e Marcelo Ribeiro, que contracenou famosa cena erótica, aos 12 anos de idade, com a apresentadora de TV Xuxa, no filme "Amor Estranho Amor", de Walter Hugo Khoury. Essas presenças têm rendido lucros bastante significativos, em produções que costumam superar os orçamentos tradicionais do pornô nacional.
Estima-se que o lucro anual advindo da pornografia atinge US$ 10 bilhões nos EUA e 350 milhões de dólares no Brasil, o que representa um volume de dinheiro considerável na economia de ambos os países. Mas a construção de uma carreira profissional sólida dentro da área é bastante difícil, em decorrência de diversos fatores, sendo a principal delas de ordem estrutural: a necessidade de renovação dos elencos, exigida pelo público consumidor. Esse movimento ininterrupto dificulta uma permanência prolongada no mercado. Alguns diretores chegam mesmo a dizer que "o tempo de vida" de um ator ou atriz pornô não supera 40 cenas. Embora os famosos como Alexandre Frota e Rita Cadillac cobrem cachês elevados, os desconhecidos e novatos recebem, por cena filmada, entre R$ 300 e 1 mil, dependendo dos dotes físicos e da performance.
Sonho de liberdade
Entre os atores entrevistados e analisados por María Elvira Díaz-Benítez, ela encontrou, com frequência, o que considera um surpreendente item, digno de registro. Muitos deles perseguem apenas "uma aventura": o desejo de viver experiências inexistentes em suas cidades de origem, geralmente interioranas, e de transitar por ambientes nos quais possam expressar suas subjetividades e opções sexuais com menos constrangimento.
Ao trocarem suas pequenas cidades natais pelo Rio ou por São Paulo, inúmeros jovens estão numa busca intensa de liberdade, tanto para experimentar estilos de vida que afrontam as normas sociais tradicionais quanto pela possibilidade de transitar por diversos domínios, manipulando de forma eficaz as apresentações de seu verdadeiro "eu". A cidade grande lhes permite um anonimato relativo, ou, segundo Robert Park, "um mosaico de pequenos mundos que se tocam, mas não se interpenetram". Nesse contexto, no qual o mundo do pornô assume função destacada, existe uma bem maior abertura para pessoas provenientes de universos altamente estigmatizados.
Fique por dentro
Sexo na cidade
Somente no Centro de Fortaleza existem mais de 20 salas exibidoras de vídeos pornôs, algumas delas funcionando 24 horas por dia e recebendo um público masculino bastante eclético, onde se encontram representantes dos mais diversos segmentos sociais citadinos, do vendedor ambulante a executivos e profissionais graduados. Os nomes dos locais exibidores geralmente apresentam apelos eróticos, tais como "Tentação", "Sedução", "Eros", "Êxtase", "Sexy", "Ponto de Encontro". Os mais frequentados, por contarem com o recurso de telões, bar privativo e ar condicionado, são o "Star" e o "Majestick". No popular "Betão", são comuns as festas temáticas promovidas por jovens residentes nas áreas nobres de Fortaleza e ávidos de curtir, como está em moda nas grandes metrópoles, o lado "underground" da cidade.
JOSÉ AUGUSTO LOPES
REPÓRTER
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=994766
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