domingo, 16 de janeiro de 2011

Investigadora diz que Brasil desistiu de imagem «exótico-erótica»

Investigadora diz que Brasil desistiu de imagem «exótico-erótica»

Mudança prende-se com aumento de exploração sexual

Por: tvi24 | 28- 4- 2010 21: 12Carnaval em S. Paulo, Brasil

O Brasil vendeu de si uma imagem de país de «mulatas», mas desistiu dessa estratégia turística por causa dos efeitos que teve no aumento da exploração sexual, indicou esta quarta-feira em Lisboa uma investigadora do Instituto de Ciências Sociais, noticia a Lusa.

Mariana Gomes afirmou que o «imaginário construído» do Brasil como um país de mulheres «exóticas» começou com as descrições feitas pelo explorador Pêro Vaz de Caminha e que ao longo dos séculos serviu para legitimar «relações de poder», principalmente entre o homem europeu e a mulher brasileira.

«O Governo [brasileiro] desistiu da imagem exótico-erótica», que ao longo do século XX começou a ser cada vez mais contestada, entre outros grupos, «por feministas e activistas negros», afirmou Mariana Gomes num debate realizado no Instituto sobre «Imigração, Género e Sexualidade».

Entre as medidas defendidas por Beatriz Padilla, do Centro de Investigação e Estudo de Sociologia, para combater a exploração sexual em destinos como Fortaleza e Salvador estão a «responsabilização dos agentes turísticos» e evitar «as causas da pobreza» que muitas vezes está por trás do recurso à prostituição, por parte de mulheres e mesmo de crianças, com a conivência das famílias.

Mariana Gomes frisou que «não é só a pobreza e a falta de educação» que fomentam a exploração sexual, afirmando que é preciso «analisar a questão do lado de quem procura».

João Caldas, médico da unidade de doenças infetocontagiosas, afirmou que aparecem naquele serviço «portugueses com doenças venéreas, vindos de Fortaleza, Natal, como antes apareciam vindos da Ásia», equiparando o Brasil ao que se passa em países como a Tailândia.

No documentário «Cinderelas, Lobos e um Príncipe Encantado», do realizador brasileiro Joel Zito Araújo, apresentado esta quarta-feira, a realidade é ilustrada através de mulheres que se prostituem e de europeus que procuram os destinos de praia com o único intuito de ter sexo com «garotas de programa».

Em alguns casos, este turismo sexual procura crianças, por vezes com anuência de hotéis e guias turísticos.

Por outro lado, mulheres brasileiras que entendem a Europa como um lugar de mais oportunidades procuram «príncipes encantados» entre os clientes europeus.

Em alguns casos que o realizador encontrou, conseguiram casamentos mais ou menos felizes; em outros, foram vendidas como escravas sexuais.

http://www.tvi24.iol.pt/portal-iol/brasil-brasileiras-exploracao-sexual-estudo-tvi24/1158748-5281.html


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