sábado, 19 de fevereiro de 2011

O baixo QI da traição

Folha Universal - Matéria de Capa
O baixo QI da traição

Por Andrea Dip
andrea.dip@folhauniversal.com.br

Pesquisa associa a infidelidade à baixa inteligência e causa polêmica entre estudiosos que apontam outros motivos para essa atitude que provoca sofrimento e desagregação

Homens que traem são menos inteligentes. É o que garante um estudo divulgado recentemente por uma das mais respeitadas escolas de economia e ciências políticas do mundo, a London School of Economics. Para chegar a essa conclusão, foram cruzados dados de duas grandes pesquisas norte-americanas que avaliaram atitudes sociais e quociente de inteligência (QI) de milhares de adolescentes e adultos.

Assim se percebeu que as pessoas que acreditam na importância da fidelidade para uma relação têm QI mais alto. Outra conclusão da pesquisa é que assumir uma relação de exclusividade é uma novidade na evolução da espécie humana, e que homens inteligentes são mais propensos a adotar novas ideias.

Quanto às mulheres, o estudo mostra que a fidelidade não está ligada ao QI porque elas sempre foram relativamente monogâmicas.

A pesquisa animou mulheres do mundo inteiro, mas grande parte dos especialistas tem outra leitura sobre os resultados: “Os testes de QI foram desenvolvidos para designar uma capacidade de aprendizagem masculina e são mais ligados a um raciocínio matemático.

Hoje sabemos que há vários tipos de inteligência, tanto que algumas pessoas se destacam mais nas áreas humanas e outras nas exatas”, explica Oswaldo Rodrigues Jr, diretor do Instituto Paulista de Sexualidade.

“Há também a inteligência emocional, que é diferente das outras. Então é preciso, em primeiro lugar, saber que metodologia foi utilizada nestes testes”, acrescenta. Outra que discorda é a antropóloga Mirian Goldenberg, que estuda temas relacionados à traição há mais de 20 anos e já lançou diversos livros sobre o assunto (veja entrevista abaixo): “Acho que não é possível generalizar. Cada um tem seus próprios motivos.

Na minha pesquisa, 60% dos homens traem. Será que 60% dos homens têm o QI baixo? Acho que é um problema mais cultural do que do cérebro”, questiona.

De qualquer maneira, a traição é um assunto que sempre levanta polêmica e assusta quem ama, por ter o poder de transformar a vida do casal em um verdadeiro pesadelo. Foi o que aconteceu com a química Marta*, de 32 anos.

Ela conta que, 2 anos após o casamento e com um filho pequeno, flagrou o marido e a irmã dela namorando na sala de casa. “Fiquei chocada, fora de mim. Eles ainda tiveram a coragem de dizer que não era nada daquilo, que eu estava louca. Após muito insistir acabei arrancando a confissão do meu marido.

Resolvi seguir com o casamento, porque o amava muito, porém disposta a dar o troco.” A traição foi seguida por várias outras, das duas partes. “Eu me sentia vingada, mas isso não acabava com o vazio e a mágoa que tinha dele.

A cada briga, tudo era posto novamente”, lembra. Para justificar as sucessivas escapadas, o marido de Marta jogava a culpa no instinto masculino: “Ele me dizia que me amava e que tinha me traído porque os homens traem mesmo.

E que, no meu caso, eu poderia ter evitado por ser mulher.”mente existirem homens que se dizem naturalmente poligâmicos, eles não são a maioria: “A grande parcela dos homens que traem fazem isso em função de uma crise pessoal ou no casamento. Já a mulher diz trair invariavelmente por vingança ou carência.

” Para a psicóloga Olga Tessari, um passo muito difícil a ser tomado quando a traição é descoberta é tentar entender a própria parcela de culpa. “O mundo cai e a tendência é que a pessoa traída se vitimize, ache que o outro é um crápula e esqueça que, se a relação não está bem, ela também precisa reavaliar sua conduta.”

Recentemente, um dos maiores jogadores de golfe da história, o norte-americano Tiger Woods, viu sua vida desmoronar após confessar publicamente diversos casos extraconjugais.

Woods perdeu importantes patrocínios, a mulher dele, Elin Nordegren, chegou a sair de casa e ele ficou com a imagem – até então impecável – totalmente abalada.

O atleta se desculpou publicamente, dizendo que tinha compulsão por sexo e se internou em uma clínica de reabilitação. Conquistou o perdão de sua mulher, mas ainda não voltou a jogar e alguns prejuízos em sua vida profissional provavelmente serão irreversíveis.

Menos de duas semanas depois de ganhar o Oscar, a atriz Sandra Bullock ficou sabendo que o marido, com quem estava havia 6 anos, a traiu com uma modelo enquanto ela filmava “Um sonho possível”, pelo qual levou o prêmio.

Ela deixou a casa onde moravamOutro caso de traição que passou de uma simples crise conjugal foi o da então esposa do lateral Wayne Bridge, do clube inglês Manchester City, a modelo francesa Vanessa Perroncel, com o zagueiro do Chelsea John Terry.

Os dois jogadores dividiam os gramados pela seleção inglesa e eram amigos próximos. Quando o caso veio à tona, Bridge desistiu de participar da Copa do Mundo de 2010 na África do Sul. Terry, por sua vez, perdeu a braçadeira de capitão da seleção e teve de se esforçar para conquistar o perdão da mulher.

Para não ter de passar pelo sofrimento que uma traição pode causar, a dica dos especialistas aos casais é conversar muito e sempre: “Falar ao outro o que o incomoda e também saber ouvir é essencial para um relacionamento saudável”, adverte Olga Tessari.

“Estabeleçam os limites do relacionamento, acertem o que consideram traição. Porque muitas vezes o que um acredita ser traição não é nada demais para o outro”, acrescenta Rodrigues Jr. E ser feliz, perdoando ou dando um basta, é a primeira regra. “É preciso se respeitar acima de tudo”, finaliza Olga.

*Os nomes foram alterados a pedido dos entrevistados

Eu fui casado duas vezes. Da primeira vez, casei muito novo, aos 19 anos, porque minha namorada, na época com 17, engravidou. Quis ser um cara responsável, cuidar do filho que iria nascer. Mas eu e ela não tínhamos nada em comum.

Logo conheci uma garota que começou a me paquerar descaradamente. Me ligava, pedia para me encontrar. Era divertido estar com ela, tínhamos afinidades, gostávamos das mesmas coisas. Foi a primeira traição.

Me sentia mal, mas me apaixonei. Tanto que larguei a mãe do meu filho para ficar com ela. Casei novamente e fiquei 15 anos com essa pessoa.

Tivemos mais dois filhos e eu permaneci fiel a ela durante os primeiros anos de nossa união. Em determinado momento, ela não queria mais saber de sexo. E de tanto eu perguntar e insistir, ela me disse para procurar outras mulheres e deixá-la em paz. Foi o que fiz. Fiquei com várias e depois soube que ela também me traiu diversas vezes, inclusive com amigos nossos. É claro que não deu certo.

Depois de tantos anos nos separamos e fui viver a vida de solteiro. O tempo passou e eu conheci minha atual esposa. Estamos juntos há 5 anos e nunca pensei em traí-la. Nos damos bem, namoramos, conversamos e nos divertimos juntos. Acho que o homem trai quando falta alguma coisa no relacionamento. Mas eu aprendi que o medo de ser descoberto e o ciúme que a traição causa não valem a pena. Se não está bom, o melhor é terminar e cada um ir para o seu lado. Talvez as circunstâncias da vida tenham aumentado o meu QI.
Traidor arrependido
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