Na hora H
Saiba por que os homens têm problemas para atingir o clímax, depois dos 50. E como resolver o problema
da redação
28/12/2010
Apenas 47,3% dos homens com 61 anos ou mais se consideram bons no que se trata de sexo, contra 39,5% que se classificam como regulares, 5,4% como ruins e 7,8% como excelentes. Os dados são de uma pesquisa que envolveu 3.502 brasileiros de diferentes faixas etárias publicada no livro “Descobrimento Sexual do Brasil”, da especialista em medicina sexual da USP Carmita Abdo. Já os homens de 41 a 60 anos são mais confiantes e 60,8% estão satisfeitos com seu desempenho, enquanto 17,6% se consideram regulares, 1,6% ruins e 20% excelentes. Os motivos para tanto pessimismo são muitos, mas entre eles está a dificuldade para se ter um orgasmo, um problema nada incomum, mas sobre o qual há pouca conversa.
Boa parte dos homens passa seus 20 e poucos anos tentando demorar o máximo para alcançar o orgasmo, mas depois dos 50 alguns simplesmente não conseguem “chegar lá”, por mais o sexo esteja bom.
Segundo especialistas, a dificuldade para atingir o orgasmo e ejacular tem solução. O primeiro passo é entender o que pode estar por trás do problema. “É necessária uma investigação clínica e, descartado algum problema orgânico, fazer uma avaliação psicológica”, diz a sexóloga Laura Meyer, da Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana (SBRASH).
Na lista de possíveis culpados para a norgasmia masculina aparecem desde o processo natural do envelhecimento a complicações provocadas por estresse ou ansiedade. Conforme o homem envelhece, o pênis precisa de mais estímulo para poder ejacular. Isto é normal, mas pode ser embaraçoso. A idade também enfraquece os músculos da pélvis, cujas contrações ajudam na ejaculação. Quando estes músculos enfraquecem, a liberação do sêmem pode não dar mais tanto prazer quanto antes. Segundo Oswaldo Rodrigues, diretor do Instituto Paulista de Sexualidade (INPASEX), o acúmulo de vivências de difícil administração, as frustrações do relacionamento conjugal e as dificuldades de se expressar emocionalmente também podem interferir. “Esta preocupação pode gerar angústia e, com isso, o homem poderá ter dificuldades para gozar e até mesmo de ereção”, alerta Meyer.
Condições médicas. Complicações neurológicas (diabetes, paraplegia, esclerose múltipla, etc.) podem danificar os nervos que controlam o orgasmo. Cirurgias de aumento benigno da próstata não têm efeito no orgasmo, mas elimina a ejaculação. E há um teste bem simples que pode ser feito para saber se alguma condição médica está causando o problema. É só se masturbar e ver se consegue chegar ao orgasmo. “Se o homem se autoerotizar, manipulando-se o pênis, e obter uma ejaculação, então não existe uma doença que impeça a ejaculação no relacionamento coital”, diz Rodrigues. “Há de se entender que o orgasmo acontece através de estímulos nervosos cerebrais e mesmo que o paciente seja portador de doenças degenerativas, poderá ter orgasmos,” diz Alcione Alves, especialista da SBRASH.
Drogas e medicamentos. Antidepressivos são notórios prejudicadores do desempenho sexual. O álcool é mais associado à disfunção erétil, mas em alguns homens pode causar problemas com o orgasmo. Analgésicos, calmantes, uma série de remédios para a pressão, medicamentos psiquiátricos, entre outros, também podem afetar. “Muitos medicamentos psiquiátricos podem causar a inibição ejaculatória”, explica Rodrigues. Boa parte destes remédios são, portanto, usados no tratamento da ejaculação precoce. Se eles estiverem atrapalhando a vida sexual, a solução é mais simples do que parece. “Isto facilmente seria resolvido com mudança de medicação”, afirma o diretor do INPASEX.
Estresse. “Estresse pode dar problema de ereção, ejaculação e baixa libido”, diz Meyer. Vários fatores de estresse emocional podem estar associados com o problema. Raiva por parte de um dos parceiros, medo de gravidez ou doenças sexualmente transmissíveis (DST) e até mesmo fundamentalismo religioso são alguns exemplos. A ansiedade mantém o corpo em determinado modo físico. “Esta circunstância produz condições que atrapalham o desempenho sexual”, alega Rodrigues.
Dar sem receber. O sexo envolve dar e receber prazer, mas alguns homens podem se limitar apenas a tentar satisfazer a parceira e esquecer de si próprios. “É comum, mas não normal”, alerta Rodrigues. Se um homem presta muita atenção na experiência de sua parceira, ele pode perder o foco erótico, interferindo diretamente na ejaculação e no orgasmo. Este tipo de ação pode se tornar uma regra que escraviza o homem – e mulheres estão propensas a sofrer com esta sensação de ter a obrigação de dar prazer ao outro. “Dedicar atenção ao bem estar próprio sempre deve vir antes de poder dar prazer ao outro”, defende o diretor do INPASEX. “Cada um é responsável pelo seu prazer”, alerta Meyer. Se isto não acontecer, o organismo se programará para estar sempre atento e cuidando da outra pessoa, gerando ansiedade e atrapalhando o desempenho sexual.
Uma vez que a causa for identificada, é a hora de saber como lidar com a situação.
O primeiro passo é consultar um médico. Ele deve investigar possíveis infecções, questões envolvendo drogas ou medicamentos, dores, problemas neurológicos, etc. Se a culpa for de antidepressivos, vale pedir a prescrição de um que não tenha tanto impacto na vida sexual.
Praticar o exercício de Kegel. É um exercício simples e discreto que tonifica os músculos pélvicos, intensificando o orgasmo e reforçando a ejaculação. Para praticá-lo, basta contrair e descontrair o músculo pélvico. Para maiores informações, é só consultar o médico. “A musculatura mais forte proporcionará uma melhor qualidade e intensidade do orgasmo”, diz Alves. Meyer explica que o exercício também pode ajudar a ereção e aumentar a libido.
Dar valor ao contexto erótico. Homens mais jovens podem funcionar sexualmente quase sob qualquer circunstância, mas depois dos 50 a importância do contexto só aumenta. A dica é identificar, com a ajuda da parceira, qual situação sexual é ideal e tentar criá-la sempre que a hora H estiver se aproximando. “Permitirá melhor desempenho sexual, e aumento do prazer”, explica Rodrigues.
Valorizar o próprio prazer. A função do homem no sexo não é apenas dar prazer à mulher, mas também buscar satisfação para si mesmo. Ele tem todo o direito de conversar sobre isso e pedir à parceira que o ajude na busca pelo prazer. Com a idade, a penetração vaginal pode não ser mais suficiente para a ejaculação. “Alguns homens sentem necessidade da uma maior pressão exercida sobre o pênis, como na masturbação manual”, afirma Alves, que explica que a pressão exercida pela vagina é menor e pode até ser suave, o que dificulta a sensação de prazer, atrasando a ejaculação e o orgasmo. Não é nenhuma vergonha precisar de estimulação manual ou oral.
Ensinar a parceira. Não é preciso ter medo de dizer ou mostrar à mulher exatamente o que se considera excitante e funciona na hora do sexo, e ensiná-la a fazer do jeito que se gosta. Falar sobre algo que geralmente é privado pode gerar timidez, mas além de ajudar a melhorar o sexo, esta conversa envolve auto-revelação, que faz bem para a intimidade do relacionamento. “Dizer com todas as palavras e de modo direto sempre será o melhor a fazer”, diz Rodrigues. “É importante o diálogo entre o casal para que cada um possa ir sinalizando o que lhe dá prazer”, afirma Meyer.
Respirar fundo. Inspirar, expirar... Uma boa respiração equilibra os batimentos cardíacos e dá uma maior sensação de relaxamento, além de acalmar o sistema nervoso. Está aí um ótimo modo de facilitar a ejaculação e o orgasmo. “Respirar bem sempre será bom”, defende Rodrigues. “Simplesmente por eliminar a ansiedade”, completa Alves.
Focar em fantasias. Relembrar as fantasias sexuais que serviram para excitar no passado também ajuda, mesmo que elas não incluam a amante. Elas só precisam dar aquela animada. Assistir a filmes adultos também pode funcionar. “Provavelmente os homens que conseguem ejacular na masturbação fazem bom uso das fantasias sexuais, do uso do espaço mental para elaborar idéias, imagens mentais e contextos que facilitam a excitação”, afirma Rodrigues. Levar estas fantasias para o sexo pode ser de grande ajuda. “Fantasias são o combustível que movimenta o cérebro para o erotismo e o prazer sexual”, diz Alvs.
Usar lubrificante. Lubrificantes genitais deixam os órgãos sexuais mais sensíveis ao toque e, portanto, mais propensos ao prazer. E ainda auxiliam na penetração, tanto vaginal quanto anal. Alves atenta para a importância de se escolher lubrificantes a base de água, que são fisiologicamente melhores.
Consultar um terapeuta sexual. Se a assistência médica e a auto-ajuda não forem o suficiente para aliviar o problema, terapeutas sexuais podem facilmente ajudar os homens a lidar com a situação. “A gama de benefícios é extensa”, diz Alves, que cita como exemplos a aceitação e a exploração do corpo, o estímulo do toque e a indicação de filmes e livros relacionados ao assunto.
http://www.maisde50.com.br/editoria_conteudo2_t3.asp?conteudo_id=8111
Nenhum comentário:
Postar um comentário