As mineiras vivem e estudam mais do que os homens e não querem casar. Em Minas, a esperança de vida para as mulheres é de 78 anos e três meses, exatamente sete anos de vida a mais do que a população masculina. O levantamento faz parte da pesquisa Síntese dos indicadores sociais 2007 – Uma análise das condições de vida da população, divulgada quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A expectativa de vida do brasileiro cresceu em três anos na última década e passou de 69,3 anos para 72,7 anos, sendo que a mulher vive mais. De acordo com o analista do IBGE, Antonio Braz de Oliveira e Silva, o aumento se deve à melhoria das condições de saúde, habitação e renda.
No vigor dos 30 anos, a bailarina e produtora cultural mineira Fabiana Santos Martins tem uma certeza, segundo ela, inabalável: nunca vai se casar. Ela confirma os dados do IBGE que mostram queda na taxa de nupcialidade, que identifica o número de casamentos, por ano. Há 10 anos, eram 9,1 matrimônios para cada grupo de mil pessoas e, hoje, a taxa caiu para 6,8. Ela garante que não é trauma, nem desistência de namorar pessoas do sexo oposto. “Nunca fui casada e quero namorar, mas desde que seja cada um em sua casa.”
Seus planos vão em outra direção: recomeçar a faculdade, cuidar da filha de pouco mais de 1 ano e investir em projetos profissionais. “Aquela divisão de contas e uma relação dentro da mesma casa desgastam o amor e o casamento nos leva a abrir mão de muita coisa. Já tive um namorado que falou que queria uma casa e uma mãe”, diz, afirmando que mandou o sujeito voltar para a casa da mamãe. Em Minas, 16,3% das famílias são formadas apenas por mulher e filhos.
Leia também: Filhos ficam para depoisElas já são maioria também entre os chefes de família da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Em 52,9% dos lares, a mulher é a referência financeira. No país, a estrutura é praticamente empatada: 50,14% dos homens e 49,9% das mulheres.
Prova de que as mulheres freqüentam mais as escolas é que a média de escolaridade dos homens, no estado, é de 6,6 anos e das mulheres, de 7,8 anos. Podem chamar de clube da Luluzinha, mas a universitária Fabiana Ramos Castro Baggio, de 27, nem liga. “Quero estudar e ter a minha independência.” Em sua sala de aula e em outras da mesma faculdade, mulheres são a maioria. Dos 658 mil universitários mineiros, 56,5% são do sexo feminino.
IdososOs dados do IBGE apontam também para um aumento acelerado no número de idosos. “Eles foram as crianças da década de 1940, a geração baby boom, época do pós-guerra, em que os valores eram outros. Os casamentos eram mais longos e o número de filhos, maior. A estimativa de vida cresceu para essa população, porque em todo o país houve melhorias nas condições de habitação, como maior acesso ao saneamento básico, aumento da produção de remédios e serviços de saúde”, afirma o analista Antonio Braz.
Subiu a expectativa de vida, mas diminuiu a taxa de fecundidade. O número de filhos por mulher passou de 2,54 para 1,95. Em Minas, o número atual é 1,84. O primeiro impacto do aumento dos idosos – relacionado à maior expectativa de vida – e redução do número de filhos será na Previdência Social. “Quando terminarmos esta década, já teremos de enfrentar o problema de quem sustentará aqueles que pararam de trabalhar, com a inversão da pirâmide etária, pois as pessoas economicamente ativas estarão em quantidade inferior em relação aos aposentados”, diz Antonio Braz. No Brasil, os maiores de 60 anos representam 10,5% da população, o que equivale a 19,9 milhões. E, em Minas, são 2 milhões de idosos, representando 11,1% da população.
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