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terça-feira, 9 de julho de 2013

Egípcias enfrentam onda de ataques sexuais durante manifestações

09/07/2013 - 16h38

DA BBC BRASIL

Ao observar a multidão de manifestantes na Praça Tahrir, centro do Cairo, é possível notar algo diferente: no meio do protesto há um círculo rodeado por um corredor onde não há ninguém, exceto alguns homens vestidos de amarelo.
O círculo é formado por mulheres e, no corredor, os homens são guardas voluntários dispostos a proteger as manifestantes. Os homens do outro lado do corredor, os primeiros antes da grande massa masculina que participa da manifestação, também ajudam a isolar as mulheres.
Os guardas voluntários são necessários pois, para as mulheres do Egito, protestar pode ser arriscado: entre o dia 28 de junho, quando a última onda de protestos começou, e o dia 3 de julho, dia do golpe contra o presidente Mohammed Mursi, foram registrados 180 casos de ataques sexuais, segundo números da Anistia Internacional.
"Calculamos que são mais de 200 agora, sem incluir os muitos que não são registrados", afirmou à BBC Mundo Diana Eltahawy, investigadora da Anistia Internacional no Cairo.
O problema do abuso sexual não é novidade no Egito. "O que mudou foi o nível de violência mostrado", acrescentou Eltahawy.
RAPIDEZ
Hanan Razek, jornalista da BBC e autora do documentário "Mulheres na Praça Tahrir", explica que esses ataques sexuais e estupros são fenômenos relativamente novos. Ela diz que, na primeira revolução, que levou à queda do presidente Hosni Mubarak em fevereiro de 2011, não se viram tais incidentes.
Segundo a jornalista, a primeira vez que viu um círculo para proteger as mulheres em aglomerações no Egito foi em novembro de 2011, "após surgirem os primeiros casos de ataques sexuais em massa nos protestos".
O correspondente da BBC no país Aleem Maqbool afirma que há vídeos na internet que mostram como dezenas de homens de repente fazem um círculo em volta das mulheres durante manifestações e as levam, no meio da multidão, enquanto elas são tocadas e atacadas.
"Nunca imaginei o que me fariam em apenas alguns minutos. Fizeram um círculo fechado ao meu redor. Começaram a tocar cada parte de meu corpo, a violar cada parte de meu corpo. Estava tão traumatizada que só conseguia gritar. Não podia falar nem pedir ajuda, apenas gritar", afirmou Hania Moheeb, vítima de ataque em um vídeo gravado pela ONG internacional de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch.
"Se aproveitaram que eu estava no chão, me pegaram, me viraram, colocaram minhas pernas para cima e me estupraram como quiseram", relatou Yasmine El-Baramawy, outra vítima, no mesmo vídeo.
Segundo a analista da Anistia Internacional, no meio do caos é difícil saber quem está tentando salvar a vítima e quem está atacando.
"Todo mundo estava me agarrando, fingindo querer me tirar da multidão, mas na verdade estavam me atacando", disse Shorouk Al Attar há algumas semanas à BBC.
Shorouk foi vítima de um destes ataques junto com a irmã perto da praça Tahrir durante um protesto em 2012.
'NÃO SE PODE EVITAR'
Aleem Maqbool afirma que, nos últimos anos, as mulheres egípcias se acostumaram a ser vítimas de violência sexual, principalmente quando há grandes aglomerações. O feriado do Eid (festa religiosa muçulmana) é uma das mais perigosas.
"Agora parece que os grandes protestos na praça Tahrir, coração da revolução egípcia, se transformaram em uma grande fonte de atração para alguns jovens e meninos egípcios que querem olhar com lascívia, perserguir e até atacar sexualmente as mulheres", disse o correspondente.
"Se está aqui e vê uma menina vestida de forma indecente, o que vai fazer? Não se pode evitar", disse a Maqbool um jovem que estava na praça com outros jovens.
"Estamos deprimidos, não encontramos trabalho e nem temos dinheiro, o que você espera?", questionou outro.
Vários dos jovens com quem a BBC conversou confessaram que iam para a praça olhar as mulheres. E, apesar de não admitirem envolvimento em ataques graves, a atitude demonstra que eles não consideram a violência contra as mulheres um problema, e os estupros são até motivo de piadas.
Outros setores da sociedade egípcia suspeitam que, além do problema social que existe há tempos no Egito a respeito do abuso sexual de mulheres, alguns dos ataques na praça Tahrir visam gerar terror no país.
Segundo Maqbool, a ideia de que a Irmandade Muçulmana promoveu os estupros para evitar que as mulheres participem dos protestos é popular entre alguns ativistas e grupos de apoio a mulheres.
Mas não há provas, e a acusação foi negada pelo partido.
OS HOMENS DE AMARELO
Diante deste vácuo de segurança surgiram os grupos de guardas voluntários, como os homens de amarelo que cercam as mulheres na praça Tahrir.
Um destes homens é da organização chamada Operação contra Ataques Sexuais, que teve um papel crucial na denúncia dos casos de agressão, na proteção das manifestantes e no apoio às vítimas.
A organização também usa sua página no Facebook para alertar as mulheres sobre áreas perigosas e possíveis estupros.
Mas o que os voluntários pode fazer é limitado.
"O respeito e o medo das forças de segurança diminuiu desde a revolução, e é difícil imaginar como as mulheres poderiam estar livres do estupro em meio a uma grande multidão", afirmou Maqbool.
À medida que os protestos continuam no Egito, muitas mulheres procuram áreas onde podem se manifestar ou celebrar com mais segurança. Os arredores do palácio presidencial, onde há mais vigilância, é uma alternativa.
Mas, independentemente de quem são os estupradores e dos fatores sociais ou políticos que podem motivar estes ataques, segundo Maqbool "está claro que o tema dos abusos sexuais não está sendo levado em conta com a gravidade que merece, nem por políticos, nem pelos funcionários de segurança e nem pela sociedade egípcia em geral".
http://www1.folha.uol.com.br/bbc/2013/07/1308001-egipcias-enfrentam-onda-de-ataques-sexuais-durante-manifestacoes.shtml

domingo, 4 de novembro de 2012

Secretaria da Mulher de Rio Preto faz seminário sobre violência


04/11/2012 10h34 - Atualizado em 04/11/2012 10h34


Evento é gratuito e falará sobre o enfrentamento da violência contra mulher.
Seminário contará com mestre e psicóloga Maria Tereza Álvares, de Cuba.


A Secretaria Municipal dos Direitos e Políticas para Mulheres, Pessoa com Deficiência, Raça e Etnia de São José do Rio Preto (SP) promove a partir desta segunda-feira (5) um seminário com o tema Enfrentamento da Violência Contra a Mulher.
Os seminários têm o objetivo de programar melhorias na rede de serviços em Rio Preto e na região e formular políticas para combater a violência contra a mulher. O evento contará com participação de pessoas ligadas ao assunto como a professora Maria Teresa Díaz Álvarez, da Universidade de Havana, de Cuba. Ela é psicóloga e mestre em sexologia.
Serão realizados palestras e debates reflexivos, sobre a mulher em situação de violência de gênero e as políticas nacionais de enfrentamento a essa importante questão de violação dos direitos humanos. O evento é gratuito e a inscrição pode ser feita pelo telefone da Secretaria Municipal dos Direitos e Políticas para Mulheres, o (17) 3222-2041.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Grave: Aumenta violência no namoro



Rosa_Saavedra.jpg
“Temos notado um grande aumento de queixas de bullying e, sobretudo, de violência nos namoros”, afirmou ao Correio da Manhã a psicóloga Rosa Saavedra, da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV).

Mais de 4.700 ocorrências foram registadas em estabelecimentos de ensino em Lisboa, em 2010, no âmbito do programa “Escola Segura”, 611 das quais referentes a situações de violência, segundo dados divulgados pela APAV que, entre 2000 e 2010, recebeu 1.046 pedidos de ajuda envolvendo crimes sexuais sobre crianças. Só em 2010, a instituição tem registo de 68 menores abusados.

Rosa Saavedra falava na apresentação da nova campanha da APAV, “Corta com a violência: quem não te respeita não te merece”, destinada a jovens entre os 12 e os 17 anos e cujo objectivo é combater o bullying e a violência sexual.

No Feminino Negócios Contra a Violência no Namoro

Estas são situações absolutamente inaceitáveis e contra as quais é imprescindível agir. Os números agora divulgados são mais uma razão para o reforço do apelo do No Feminino Negócios a todas as nossas leitoras para que adiram, no Facebook, à causa “Contra a Violência no Namoro”. Com o vosso testemunho, apoio e ideias, vamos continuar a sensibilizar o País para necessidade de combater este flagelo inaceitável.

Caso Paco Bandeira: “Mau jornalismo, de sarjeta cor-de-rosa”


Uma incisiva análise à cobertura mediática feita por alguma imprensa cor-de-rosa ao caso “Paco Bandeira” que critica, em particular, a revista “Caras” por ter privilegiado a “defesa” da figura alvo de suspeita, descurando as vítimas de mais um caso revelador do flagelo da violência doméstica. O texto é do blogue “Crime, digo eu”.


JORNALISMO DE SARGETA
Caras.jpg
Acusado de agressões à sua segunda mulher, Maria Roseta, e de maus tratos à filha mais nova, Constança, de 12 anos, o cantor Paco Bandeira decidiu exprimir toda a sua indignação. «Creio, obviamente, que vou ser absolvido», afirma peremptoriamente na capa da revista “Caras”.

Esta é a segunda vez que o cantor de “Oh Elvas! Oh Elvas!” se vê envolvido numa situação do género. Em 1996 e após a morte por suicídio da sua primeira mulher, Maria Fernanda, Paco Bandeira viu-se confrontado com a hipótese de ter sido ele a desferir o tiro fatal, até porque o revólver utilizado era seu. A investigação policial concluiu, no entanto, tratar-se de suicídio. Paco chegou mesmo a processar o cunhado, residente em Elvas, que lançou várias suspeições sobre o cantor. A “Caras” privilegia a defesa da figura alvo de suspeita, descurando as vítimas, afinal, aquelas que sofrem. Um exemplo de mau jornalismo, de sarjeta cor-de-rosa.

Crime brutal

Naturalmente, não mereceu parangonas na “Caras”, até por que não é uma figura do jet set (sê-lo-á Paco Bandeira?): no Cacém, uma mulher levou quatro tiros do marido, um construtor civil, por se ter recusado a ter relações sexuais. A violência doméstica é um dos crimes em alta em Portugal e que deveria ser criminalizada de uma forma mais dura. No segredo das quatro paredes dos lares, muitos crimes vão sendo cometidos impunemente, sobre mulheres e os filhos (no caso dos homens também há relatos…) e impõe-se que a PSP e a GNR (as polícias de proximidade com os cidadãos) comecem a elaborar informações mais detalhadas sobre os vários casos que lhes vão sendo denunciados. 


in Crime, digo eu
http://nofemininonegocios.com/caso-paco-bandeira-mau-jornalismo-de-sarjeta-cor-de-rosa.phtml

domingo, 8 de janeiro de 2012

FBI reconhece homens como vítimas de estupro


7.01.2012, 14:07
© Flickr.com/dnewman8/cc-by

O FBI (Departamento Federal de Investigação) pela primeira vez em 83 anos tem atualizado a definição de esturpo, incluindo como vítimas homens e pessoas que não resistiram fisicamente à violação. Anteriormente, como um esturpo foi considerado apenas uma relação sexual com uma mulher cometido por força e contra a vontade dela.
O vice-presidente dos EUA Joe Biden, que levantou a necessidade de alterar a definição de esturpo em Julho de 2011, chamou a atualização de uma vitória para aqueles cujos sofrimentos não foram considerados durante mais de 80 anos.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Débito ou crédito conjugal?


03/01/2012 às 16:15:25 - Atualizado em 03/01/2012 às 16:20:38

Maria Berenice Dias


Todo mundo acredita que existe o chamado "débito conjugal". Uma crença tão antiga que até dispõe de uma expressão latinadebitum conjugale.
Esta não é a única referência a esse "direito-dever" que advém do Direito Canônico, chamado de jus in corpus, ou seja, direito sobre o corpo. Claro que é o direito do homem ao corpo da mulher, para atender ao dogma "crescei e multiplicai-vos".
O fato é que o casamento sempre foi identificado com o exercício da sexualidade, pois servia para "legalizar" as relações sexuais. Era um remédio contra a concupiscência - remedium concupiscentiae - o que, segundo o dicionário, significa inclinação a gozar prazeres sexuais.
Até hoje há quem afirme que o casamento se "consuma" na noite de núpcias. Antigamente, tal ocorria pelo desvirginamento da mulher, fato que precisava ser provado publicamente, pela exposição do lençol marcado de sangue, como é visto em filmes de época. Mesmo com o fim do tabu da virgindade - que já serviu até de causa para o pedido de anulação de casamento - o mito continua.
Ainda que persista a crença que o débito conjugal existe, ninguém consegue definir do que se trata. Será a obrigação do exercício da sexualidade? Significa que os cônjuges são obrigados à prática sexual? De onde advém este dever?
Será que a desculpa feminina da dor de cabeça configura descumprimento da obrigação? E a ejaculação precoce ou a impotência - fantasmas que rondam todos os homens - seriam inadimplemento ou mau cumprimento desse dever? E a alegação da mulher de nunca ter sentido prazer, é causa suficiente da incompetência masculina para se desincumbir de seu encargo? E, se de uma obrigação se trata, pode ser executada por terceiros ou é uma obrigação infungível?
A sorte é que a lei não impõe o débito conjugal. O casamento estabelece comunhão plena de vida (CC 1.511) e faz surgir deveres de fidelidade, vida em comum, mútua assistência, respeito e consideração (CC 1.566). Nenhuma dessas expressões é uma maneira pudica de impor a prática sexual. Nem o dever de fidelidade permite acreditar que existe o encargo da prática sexual.
Mais serve é para gerar a presunção de paternidade dos filhos (CC 1.597), se tanto.
Nem entre as causas da separação - antigo instituto que não mais existe - havia a previsão de que a ausência de vida sexual autorizava o pedido de separação. A obsoleta culpa, que em boa hora foi abolida do sistema jurídico, autorizava o pedido de separação, sob a alegação de impossibilidade de vida em comum, em caso de adultério, injúria grave, conduta desonrosa (CC 1.573). Mas não há como chamar de injúria grave a resistência esporádica ou contumaz de manter relações sexuais.
De outro lado, a ausência de sexo não torna o casamento anulável.
Sequer se pode dizer que configura vício de vontade (CC 1.550 III) ou erro essencial sobre a pessoa do outro (CC 1.556) que diga respeito à sua identidade, honra ou boa fama, a tornar insuportável a vida em comum (CC 1.557 I). Também não pode ser identificada como defeito físico irremediável (CC 1.557 III).
De qualquer modo, mesmo quando há erro essencial, a coabitação valida o casamento (CC 1.559). Claro que esta referência não diz com a prática sexual, mas com a vida em comum sob o mesmo teto. Apesar de a anulação do casamento dispor de efeito retroativo (CC 1.563), enquanto perdurou, gera inúmeros reflexos, inclusive de ordem patrimonial, que não podem desaparecer. Mas, pelo que diz a lei, a anulação do casamento apaga tudo. Os casados voltam ao estado civil de solteiros e não persiste sequela alguma da união, ainda que tenha durado por três anos, que é o prazo prescricional da ação anulatória (CC 1.560 III).
Às claras que o casamento traz a expectativa da prática sexual, em face da imposição social e cultural de sua finalidade procriativa. Mas a abstinência sexual de um dos cônjuges não gera o direito à anulação do casamento. Não há como alegar afronta ao princípio da confiança que se identifica pela expressão venire contra factum proprium, nada mais do que vedação de comportamento contraditório que autoriza a busca de indenização de natureza moral.
Portanto, de todo desarrazoado e desmedido pretender que a ausência de contato físico de natureza sexual seja reconhecida como inadimplemento de dever conjugal. Forçar o exercício do "direito" ao contato sexual pode, perigosamente, chancelar a violência doméstica. É bom lembrar que, por muito tempo, prevaleceu a tendência de desqualificar o estupro conjugal.
Ainda assim, reiterados são os julgados anulando o casamento sob a alegação da impotência coeundi, mais uma expressão latina, e que significa impossibilidade de manter relações sexuais. Os fundamentos jurídicos são dos mais diversos, desde erro moral, erro essencial e injúria grave. Nenhum deles, no entanto, com respaldo legal.
Mas é a afetividade e o amor que levam as pessoas a casarem. Estes são os mais significativos ingredientes da affectio maritalis - para continuar invocando expressões antigas - presente nos vínculos familiares da atualidade!

Maria Berenice Dias é Advogada. Ex-Desembargadora do Tribunal de Justiça-RS. Vice-Presidenta Nacional do IBDFAM.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Livro analisa resultados da enquete “Sexualidade, reprodução e desigualdades de gênero”


31.10.11 - Peru
Karol Assunção
Jornalista da Adital
Adital
Análise crítica aos resultados da Enquete "Sexualidade, reprodução e desigualdades de gênero”. Esse é o título do livro organizado por Movimento Manuela Ramos e Centro de Promoção e Defesa dos Direitos Sexuais e Reprodutivos (Promsex). Formado por sete artigos, a obra analisa os dados da enquete realizada por Ipsos Apoyo em quatro cidades peruanas: Ayacucho, Lima, Piura e Pucallpa.
A ideia da publicação é colaborar com o "avanço de direitos e liberdades enfrentando as persistências excludentes para transitar até uma sociedade plural na qual a diversidade seja riqueza e não dificuldade”. Para isso, com base nos resultados da enquete, analisa questões como: violência contra a mulher, relações homossexuais, igualdade de gênero, relação entre mulher e política, adolescência e saúde sexual e reprodutiva, aborto, e métodos anticoncepcionais.

A enquete, realizada entre os dias 18 de março e 1° de abril, apontou, por exemplo, que 55% das pessoas entrevistadas consideraram que a violência física é o principal problema enfrentado pelas mulheres no país. Das pessoas entrevistadas pela pesquisa, 96% afirmaram que os/as adolescentes devem ter acesso a campanhas de educação sexual. Além disso, 48% consideraram que o aborto deve ser permitido em casos de violação sexual.
Esses são alguns dos dados analisados nos artigos presentes na publicação. O artigo "Todoencaja”, de autoria de Jorge Bruce, por exemplo, destaca a questão da violência e da discriminação contra a mulher no Peru. De acordo com a publicação, cerca de 80% das pessoas entrevistas afirmaram que as mulheres continuam sendo discriminadas no país, principalmente mulheres andinas e prostitutas.
Bruce lembra que muitas mulheres são vítimas de discriminação e objetos de violência tanto física quanto psicológica. "Na realidade, todas estas formas de violência contra a mulher estão intimamente ligadas. O fio condutor é o processo de fabricação cultural de uma imagem desprovida de atributos humanos ou cidadãos, quer dizer, de direitos, situação de inferioridade que depois é naturalizada e, para culminar o processo, é invisível”, explica.
O artigo do psicanalista ainda chama a atenção para as mudanças sociais e de comportamento. Ele aponta, por exemplo, o acesso gradual das mulheres a posições no mercado de trabalho que antes eram vetadas para elas. Ao mesmo tempo em que ocorre essa mudança, ele aponta que o assédio sexual também se modifica. É mais comum, por exemplo, o homem assediar uma subalterna do que assediar uma mulher em cargo de chefia.
"É preciso apontar que, precisamente porque a hegemonia masculina se vê hackeada pelas mudanças que estão se produzindo em diversos paradigmas – trabalhistas, patriarcais, ideológicos – que legitimavam essas atitudes de violência, em certos setores se pode apreciar uma intensificação da violência por medo de perder esses privilégios. Quanto mais precário o lugar social do homem, mais necessita da mulher – e dos filhos – como objeto compensatório no qual descarrega sua frustração depressiva”, comenta.
O autor do artigo acredita que, para mudar a situação de discriminação e de violência contra mulheres, é preciso que elas tomem conhecimento de seus direitos desde a educação até os aspectos da legislação.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Afegã é condenada a 12 anos de prisão por ter sido estuprada


Procurador geral disse que sexo entre a garota e o cunhado foi consensual
A afegã Gulnaz, de 21 anos, enfrentou um duro dilema recentemente. Ela precisou escolher entre permanecer na cadeia cumprindo uma pena de 12 anos por ter sido estuprada por um homem casado ou se unir ao agressor, o que lhe garantiria a liberdade. Pensando na filha de dois anos, que nasceu após o estupro, Gulnaz escolheu a segunda opção. 
Conforme contou à rede CNN, a afegã foi violentada pelo cunhado quando tinha 19 anos. “Ele estava com roupas nojentas, porque trabalha na construção civil. Quando minha mãe saiu, ele foi até a minha casa e fechou as portas e as janelas. Eu comecei a gritar, mas ele me calou, tapando minha boca com as mãos”, descreveu Gulnaz.
CNN/Reprodução

A única forma de Gulnaz recuperar a honra é se casando com o estuprador
A garota preferiu não denunciar o agressor, com medo de represálias, mas poucas semanas depois descobriu que estava grávida e o segredo foi revelado à família. Gulnaz foi julgada por adultério e condenada a 12 anos de prisão, assim como o cunhado.
No Afeganistão, uma mulher somente recupera a honra e a liberdade após um estupro ou adultério caso se case com o criminoso. O casamento legitimaria Gulnaz e a filha na sociedade afegã, de acordo com a reportagem da CNN
Nesta quarta-feira (23/11), porém, um tribunal de Cabul aceitou somente reduzir a pena de Gulnaz, de 12 para três anos, alegando que ela "demorou demais" para prestar queixa contra o cunhado. O porta-voz do procurador geral da capital afegã, Rahmatullah Nazari, disse à CNN que a investigação concluiu que o sexo foi consensual, por isso Gulnaz foi condenada por adultério. 
"Gulnaz alega que foi estuprada. Mas devido ao fato de que ela reportou o crime somente quatro meses depois, não conseguimos encontrar nenhuma evidência do ataque", afirmou Nazari. 

domingo, 13 de novembro de 2011

La violencia machista ya mata a una mujer por día


13/11/11 Son datos del Observatorio de Femicidios en Argentina. Los asesinos generalmente son o fueron sus parejas. Según los expertos, el lugar más inseguro para ellas es su propia casa. Piden más campañas de concientización. Son madres la mayoría de las víctimas

Quemada. Acuchillada. Degollada. Perforada por una bala. Ocurre prácticamente a diario: una mujer es asesinada por un hombre al que alguna vez amó y que acaso también sea el padre de sus hijos. La mayoría de estas mujeres asesinadas son madres y así, en esta espiral de locura y muerte, hay chiquitos que quedan huérfanos de un día para el otro. Chicos que no sólo son testigos sino también partícipes de una vida llena de violencia que culmina con una mamá enterrada y un padre preso o prófugo. Chicos marcados para siempre. Y que a veces vuelven a ser criados por esos hombres violentos. Femicidio no sólo son mujeres muertas. Son familias enteras rotas por relaciones absurdas y demenciales.
Las únicas estadísticas que hay son del Observatorio de Femicidios en Argentina de la Sociedad Civil Adriana Marisel Zambrano (una víctima). Dicen que en el primer sementre de 2011 murieron 151 mujeres, un 20% más que el año pasado. En la Casa del Encuentro, está Ada Rico. “Los femicidios siguen incrementándose”, dice apesadumbrada. Y cita el último 19 de octubre.
Ese día hubo cuatro mujeres asesinadas por hombres enfurecidos . “La víctima es la mujer, pero todo su entorno queda afectado. Por cada asesinato hay muchas vidas involucradas”, explica Ada como si hiciera falta .
No sólo aumentan las muertes. También aumentan las denuncias sobre violencia de género. Lo muestran los registros de las oficinas y comisarías de la mujer, que se están multiplicando en todo el país. De a poco, el tema se instala. La mujer se anima. Y denuncia.
Ahora nomás en Buenos Aires se hace el 3° Congreso Internacional de Violencia, Maltrato y Abuso. La psicóloga María Beatriz Müller preside el Comité Organizador: “Siempre se hace hincapié en la víctima, revictimizándola una y otra vez. Hay que dar un giro e indagar en el perfil de los victimarios. ¿Quiénes son? ¿Por qué actúan así? ¿Por qué reinciden? Es hora de estudiarlos a ellos”.
Son hombres violentos que empiezan con el desgaste psicológico, siguen con las piñas y terminan con fuego, cuchillos o cualquier arma que tengan a mano. “Son situaciones tremendas para la mujer. Tiene que estar muy preparada para denunciarlo. Sabe que si no tiene un golpe o una marca ni la escuchan. Y hasta le dicen que no le conviene, que si demoran al marido no le va a dar plata y los hijos se van a morir de hambre... O que va a volver a la casa más enfurecido aún por la denuncia”, dice Ada. Ella propone más campañas de concientización, capacitaciones con perspectiva de género para las personas involucradas en la atención de la mujer (policías, enfermeras, médicos), un subsidio temporal y crear más refugios para amparar a la mujer y sus hijos si no tiene donde ir. “ El lugar más inseguro para una mujer es su casa ”, dicen Ada y las estadísticas.
“Hay mucho por hacer desde la prevención -asegura Gimol Pinto, de Unicef Argentina-. Se debe trabajar en el sistema educativo, en los servicios de salud, en los mensajes de los medios de comunicación. Hay que fomentar hablar del tema y desnaturalizar el círculo de violencia. No se deben silenciar las primeras manifestaciones. Hay que apoyar el proceso y lograr que en el habla no se revictimice a la mujer”. Unicef apoya varios programas, como “Vivir sin violencia”, del Ministerio de Educación. Pinto habla del gran tema: la persistencia de la cultura patriarcal . Y Silvia Larrufa -directora de Coordinación de Políticas de Género del Ministerio de Seguridad y Justicia bonaerense- lo retoma: “Es fundamental reflexionar sobre la perspectiva de género para cambiar la cultura patriarcal que sigue vigente. Debemos lograr una sociedad de iguales”. Explica que en provincia hay 35 oficinas de atención a víctimas de violencia y 44 comisarías de la mujer.
En el Congreso, siete proyectos piden que la figura del femicidio entre al Código Penal. Más allá de los matices, la idea es que el homicidio cometido en razón de género sea agravado. Es decir, que la pena siempre sea prisión perpetua.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Site defende rapaz que quebrou braço de jovem em Natal e diz que "mulher é para apanhar"

19/10/2011 - 18h43
Aliny GamaEspecial para o UOL Notícias
Em Maceió
Site defende agressor e ofende mulheres
Site defende agressor e ofende mulheres

A agressão à estudante de direito Rhanna Umbelino Diógenes, 19, que teve o braço quebrado em uma boate em Natal depois de se recusar a dar um beijo no jovem Rômulo Manoel Lemos do Nascimento, 22, ganhou mais um capítulo.
Além de ter sido agredida fisicamente, a jovem está sendo vítima de agressão virtual em um site apócrifo, de supostos amigos do agressor. Família e OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) pediram a retirada da página do ar.
Intitulado como Silvio Koerich, o “rei dos búfalos viris”, o site traz uma montagem com a foto de Rômulo segurando uma metralhadora e diz que ele está sofrendo “bullying judicial e midiático”, por ter “quebrado o braço de uma vadia baladeira.”
O site diz achar “louvável” a atitude de Rômulo e afirma que ele tem “total apoio” para não só quebrar o braço da jovem, como espancá-la. “Ela não deveria ter ficado apenas com o braço quebrado, mas sim levado muito soco na cara, pra quando olhar no espelho se lembrar de deixar a vagabundagem de lado e procurar algo útil para fazer”, diz o texto.
Em um dos trechos comentados sobre a agressão que a estudante sofreu, o autor do site acha “engraçado” o estado do braço da jovem, que, devido à fratura do antebraço, teve de implantar duas placas de titânio e 14 pinos, e manda um recado para as garotas que gostam de sair para baladas.
“Nosso amigo Rômulo Lemos não merece esse tipo de perseguição midiática, pois apenas fez bem em quebrar o braço de uma baladeira que rejeita o homem branco; agora ela fica se vitimizando na internet e na mídia – com o intuito de conseguir fama nacional”, afirma.
O site diz ainda que Rômulo está sofrendo perseguição nacional e assinala que “enquanto vagabundas estiverem em circulação, torço para que haja mais ‘Rômulos Lemos’ para contê-las, pois mulher merece apanhar”.

Pedido de retirada do ar

Diante das ofensas e frases racistas, advogados da estudante já ingressaram com pedido de investigação no MPF (Ministério Público Federal) no Rio Grande do Norte para que descubra o responsável pela página e peça a retirada do conteúdo da internet.
Na solicitação ao MPF, o pai da jovem, Kennedy Diógenes, atribuiu o conteúdo do site como uma “ofensa contra a sociedade brasileira”. Em entrevista ao UOL Notícias, ele critica a ocorrência de sites com conteúdo criminoso.
“É um crime um site daquele está na internet. É uma agressão e uma ofensa à sociedade. Ele não só agrediu minha filha como outras pessoas e cometeu vários crimes federais como racismo a nordestinos e apoio a estupros, entre outras atrocidades”, disse.

OAB repudia conteúdo

O presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) no Rio Grande do Norte, Paulo Eduardo Teixeira, afirmou que está endossando a representação dos advogados de Rhanna no MPF e informou que nesta quinta-feira (20) o conteúdo do site será discutido no Conselho Seccional da OAB.
Teixeira disse que vai cobrar dos órgãos competentes que sejam aplicadas as penalidades cabíveis para o autor do site, além da retirada da internet.
A pedido do UOL Notícias, Teixeira analisou o conteúdo do site nesta quarta-feira (19) e destacou que traz conteúdos racistas, discriminatórios e ainda incita a violência contra a mulher.
Para ele, o conteúdo extrapola os direitos humanos, além do direito individual e coletivo. “Entendo que aquilo ali é uma violação aos direitos humanos. O conteúdo é bastante ofensivo por incitar a violência contra a mulher, os nordestinos. Rhanna é mais uma das vítimas desse site difamador, e ele tem de ser tirado do ar. Vamos tomar todas as medidas necessárias para coibir essa prática criminosa”, informou.

http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2011/10/19/site-defende-rapaz-que-quebrou-braco-de-jovem-em-natal-e-diz-que-mulher-e-para-apanhar.jhtm

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Pesquisas sobre Violência Contra as Mulheres


Seminário: Pesquisas sobre Violência Contra as Mulheres da Faculdade de Medicina da USP - 03/10/2011



A rede intersetorial de serviços específicos e a rota crítica percorrida pelas mulheres: caminhos percorridos e desafios futuros.
  
Lançamento da atualização do miniguia (impresso) e do sistema de busca (on line) dos serviços de atendimento às mulheres em situação de violência.

Colaboração Brasil-Reino Unido: desigualdade social e resposta das mulheres à violência doméstica
Ligia Kiss - London School of Hygiene and Tropical Medicine

A rede de serviços específicos em São Paulo e Recife 2000 a 2010: desenvolvimento e desafios
Ana Flávia P. L. d’Oliveira - Faculdade de Medicina da USP

Tendências históricas das mortalidades por homicídios, registros nas Delegacias de Defesa da Mulher e vigilância epidemiológica em Recife e São Paulo – 2000 a 2010
Ana Paula Portella - Universidade Federal de Pernambuco

Comentarista: Lilia Blima Schraiber - Faculdade de Medicina da USP

Não há necessidade de inscrições prévias.

Data: 3 de outubro de 2011
Horário: das 18h às 20 h
Local: Anfiteatro do Departamento de Medicina Preventiva
Faculdade de Medicina de Universidade de São Paulo - FMUSP
(Av. Dr. Arnaldo, 455, segundo andar - Estação Clínicas do Metrô)

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

La violencia sexual de la represión

A partir de la proyección en la ex ESMA del documental Lesa Humanidad, investigadoras y víctimas del terrorismo de Estado analizaron las particularidades de los delitos sexuales y su silenciamiento durante años.
 Por Alejandra Dandan
El panel de discusión fue organizado por el Instituto Espacio para la Memoria (IEM).
Imagen: Guadalupe Lombardo.
¿Cómo operaron las relaciones de poder desde la perspectiva de género entre los genocidas? ¿Por qué no se habló de la violencia sexual en los casos tomados por el Nunca Más y durante el Juicio a las Juntas? ¿Por qué la Justicia no lo tomó como delito específico? Algunas de esas preguntas integraron el debate que abrió la proyección del documental Lesa Humanidad, presentado por un grupo de mujeres cordobesas, militantes de los ’70, que exige que la violencia sexual del terrorismo de Estado sea considerada una violación a los derechos humanos. La proyección realizada en la ex Escuela Mecánica de la Armada condensó en pocas horas una discusión que atraviesa a quienes estuvieron dentro y fuera de los centros clandestinos, un debate que intenta buscar diferencias ante una dictadura que homogeneizó a las víctimas.
El documental producido por un colectivo de mujeres cordobesas entre septiembre de 2009 y marzo de 2011 está estructurado en bloques articulados por la voz de Liliana Herrero: cuatro mujeres subrayan en sus relatos formas y efectos específicos de la violencia sexual durante el terrorismo de Estado. Violaciones. Abusos. Con todas las palabras, hasta alcanzar lo insoportable. Intentan dar cuenta de lo que no se dijo. Pero ese camino está antecedido por los relatos de sus historias desde una perspectiva novedosa porque ya no sólo son ellas las que se pronuncian como militantes, sino que releen en clave de trayectorias políticas las vidas de sus padres, del país, de la familia que intentaron construir.

Violencia en debate

“El documental fue abordado como una herramienta de reflexión militante a partir de un nuevo marco de escucha en esta nueva etapa”, indicó Dinora Gebennini, coordinadora del Programa Violencia de Género en Contextos Represivos. “Pero cuando intentamos abordar esto –aclaró– nos preguntaron si no estábamos revictimizando, nos decían que no hay que volver a poner a las víctimas en ese lugar, que es un momento traumático, nos preguntaron si teníamos psicólogos y montones de cosas que tendieron a quitarnos la posibilidad de hacerlo.”
Las discusiones sobre la violencia sexual bajo la represión aparecen hace tiempo. En las salas de audiencias de los juicios orales de lesa humanidad los organismos de derechos humanos y sobrevivientes que declaran en todo el país reclaman en muchos casos que la Justicia la considere como delito autónomo y de lesa humanidad. Hasta ahora la batalla jurídica obtuvo resultados importantes, pero aislados. Un fallo en Mar del Plata y otro en Tucumán. Semanas atrás, el juez Sergio Torres a cargo de la causa ESMA abrió por primera vez una causa con el acuerdo de las querellas a nombre de las víctimas, sobrevivientes y desaparecidas. Las diferencias aparecen no sólo en la Justicia, sino entre académicos e incluso las y los sobrevivientes.
Delia Galara, una de las protagonistas del documental, ex militante de Montoneros, explica los años de silencio. “Cada vez que intentaba hablar con el psiquiatra me preguntaba: ‘¿Qué hacés con tus hormonas?’. Y yo le contestaba que era un pelotudo. Yo le estaba contando una experiencia terrible y él me preguntaba qué hacía con mis hormonas: ¿qué carajo le importa qué hago con mis hormonas?” Son esos tiempos de oídos sordos los que ellas dicen que cambiaron.
María Sondereguer, que es investigadora de la Universidad de Quilmes, se preguntó por qué el silencio duró tantos años. Por las perspectivas de género y poder en la dictadura, por su propio olvido de los testimonios del Nunca Más. “La violencia sexual –dijo Sondereguer–, en los casos de los varones, los destituye de su masculinidad, es una forma de feminizarlos. En el caso de las mujeres, comienza antes del campo, porque es un tema que está en la ciudad y está condensada en los campos y perduró luego por fuera del terrorismo de Estado, por eso tal vez permaneció invisibilizado.” Hasta 1999, dijo, la violencia sexual estuvo tipificada como delito contra la honestidad y después contra la integridad: “No es un delito de acción pública, sino de acción privada, es decir: el comienzo de la investigación o la denuncia debe ser impulsado por la persona agredida, se deposita en la voluntad de la víctima el reconocimiento del crimen y pone en el ámbito privado algo que debería ser de lo público”. Entonces, siguió: “¿Por qué se privatiza la violencia sexual? ¿Es posible diseñar un protocolo de indagación específica para que las víctimas reconozcan eso que sufrieron como violencia? ¿Se puede repensar la reparación? ¿Qué es en este caso lo reparable?”.
Las preguntas sirvieron para alimentar un debate que incluye preguntas sobre roles: quedó claro que la violencia sexual no sólo se ejerció sobre mujeres, sino también sobre varones, un dato que intenta ser mirado en el interior de los juicios orales a partir de los aún escasos datos que aparecen.
Miriam Lewin, sobreviviente de la ESMA, escuchó en el documental los relatos pronunciados “como quien toma un remedio amargo”. “Lo que conspiró al silencio fuimos las víctimas, me culpabilizo como víctima por no haber reconocido los delitos sexuales contra mí y mis compañeras y reconozco que muchos años tuvimos una venda sobre los ojos.”
¿Fue así? ¿Por qué culpabilizarse otra vez como si no hubiese ya suficientes culpas? ¿No será que se privilegiaron otras búsquedas? O que, como dijo otra de las sobrevivientes, en aquellos años había que salir a probar primero hasta la existencia de los desaparecidos y los centros de exterminio.
Miriam Lewin explicó cómo en algún momento, adentro de la ESMA, una de sus compañeras le habló de una violación, y ella le respondió con una pregunta sobre otra cosa, como sucedió años después con el testimonio de Elena Alfaro ante la Conadep. “La concepción era que eso era la mínima parte de lo que nos pasaba –dijo–; como era obsceno pensar en reclamar por los bienes materiales cuando nos habían arrebatado la vida.” Como buenas mujeres, dijo, educadas en el sometimiento, “los delitos sexuales eran menores; si nos sacaban la vida, a nuestros hijos, ¿cómo nos íbamos a atrever a denunciar una tocadita, una violación?”. A eso la dictadura agregó otro estigma con el que las mujeres vienen trabajando. “Las mujeres tenían el doble castigo –dijo Miriam–: terminan siendo las víctimas y cargando con la culpa de haber provocado una situación que deja marcas de por vida.”

El afuera

¿Qué es lo que se habilita a partir de que pueda pensarse la violencia sexual en estos términos? ¿Los juicios? ¿Solamente? El documental pareció dar cuenta de esas preguntas. En la primera parte de la película, las cuatro mujeres subrayan el deslumbramiento con la vida de las militancias en clave de rescate político de sus organizaciones de pertenencia. Pero reconstruyen también las trayectorias familiares de padres y madres en un mundo atravesado por la vida cotidiana de una militancia que generaba problemas, pero también portaba valores.
Soledad Edelveis García Quiroga es una de las protagonistas. Se presenta como parte de una familia entrerriana de Villaguay, mudada a Córdoba cuando empezó la facultad. “Mi infancia siempre estuvo muy atravesada por un padre peronista, en la resistencia, luchó siempre, vivía mucho en cana después del ’55 y mi madre, más bien, era no peronista por decirlo sutilmente.” Y agrega: “Pero no nos educó nunca para casarnos, ser mujeres que se aplicaran a la casa, a la cocina, a estas cuestiones. Lo que yo más amo de mis padres es el tremendo sentido de la libertad: mi vida estuvo muy marcada por no apegarme a ningún mandato masculino, no fue fácil pero fue parte de un tránsito personal y político complejo, pero siempre lo personal estuvo muy unido a lo político”.
Gloria di Renzo muestra sus fotos de familia. Se presenta como militante del PRT-ERP, trabajadora de comercio, estudiante de historia y de música. “Hasta 1973, cuando vinieron las elecciones, mi familia nunca fue peronista, así que yo tampoco, era bastante gorila, pero dije: ‘Mirá vos, si todos votan acá, capaz por algo debe ser’”. Nilda Jelenic es otra de las protagonistas: “Mi papá en una época fue socialista, después se hizo radical, estaba bien informado en política, viví a través de mi hermana todo lo que fue la lucha de laicos y libres. Por eso digo que las historias no son contradictorias, no son lineales”.
Para Dinora Gebennini cada cosa parece una clave. Las mujeres subrayan parentescos. Trayectorias políticas de familia. Padres. Hermanas. Madres. La idea de los mandatos. Y Gebennini habla de esa determinada condición femenina que persiguió particularmente la dictadura: “Porque ellas generaron rupturas con los estereotipos del género, mantenían otro tipo de relación, no la de la familia nuclear, sino la de la familia militante donde los hijos también eran puestos en función de un proyecto de desarrollo colectivo de libertad, de justicia, de transformación cultural, que era lo que nos movía”.
Meses atrás, en una audiencia por el plan sistemático de apropiación de bebés, Victoria Montenegro planteaba esa misma dualidad con medias palabras. Robada por un coronel del Ejército, en la audiencia recordó lo que él le decía de las Abuelas de Plaza de Mayo, los desaparecidos y la dictadura: decía que las Abuelas con las “mentiras de los desaparecidos” intentaban “destruir a las familias que eran la salud de la sociedad”. Una idea que se replicaba en las propagandas políticas y en las formas en las que intentaron extender un consenso frente al cual aún hoy esas mujeres que se presentan como militantes de los ’70 sienten que deben dar una batalla de sentido todavía pendiente.

http://www.pagina12.com.ar/diario/elpais/1-177069-2011-09-19.html

Consequências da violência sexual contra a mulher

17/09/2011

Os efeitos emocionais são os principais: intensos, devastadores e irrecuperáveis

"Pacientes que sobrevivem aos traumas físicos ou psicológicos gerados por tais violências não merecem ser chamadas de vítimas e sim de sobreviventes, segundo o médico Jefferson Drezett, um dos maiores estudiosos brasileiros nesta área"

"Os efeitos emocionais são os principais: intensos, devastadores e irrecuperáveis" A violência física ou sexual contra as mulheres ainda é alarmante. Perdem-se mais anos de vida saudável, com incapacidade gerada, do que em doenças graves como câncer da mama ou de colo de útero.

Há doze milhões de crimes sexuais no mundo. Só nos EUA, há 683 mil estupros por ano, enquanto que na cidade de São Paulo há o registro de 42 mil estupros por ano.

Pacientes que sobrevivem aos traumas físicos ou psicológicos gerados por tais violências não merecem ser chamadas de vítimas e sim de sobreviventes, segundo o médico Jefferson Drezett, um dos maiores estudiosos brasileiros nesta área.

O pior também é que apenas 13% das mulheres que chegam ao IML-SP (Instituto Médico Legal de São Paulo) conseguem prova material do estupro. Entre 28% a 60% das mulheres poderão desenvolver DST (doença sexualmente transmissível). Já o risco de infecção de HIV gira em torno de 0,8% a 2,7%, segundo literatura especializada. Tal risco é duas vezes maior em gestantes.

É importante haver a quimioprofilaxia para infecção de HIV, nos casos elegíveis e corretamente indicados. Outras DST, assim como as hepatites B e C, também requerem acompanhamento médico.

Dados trágicos incluem também uma possível gravidez por violência sexual, já que metade das mulheres estupradas está no período fértil. A estimativa da taxa de gravidez por violência sexual tem uma incidência de 1% a 5%. Só nos EUA, há cerca de 32 mil gestações anuais por violência sexual.

Violência sexual e anticoncepcional de emergência

Em tais gestações indesejadas, por conta do estresse pós-traumático gerado e outros transtornos mentais ou comportamentais, deve-se oferecer um amplo apoio psicológico aos envolvidos. Cabe ressaltar que o anticoncepcional de emergência, com derivado de progesterona (levonorgestrel), quando bem indicado, é uma prevenção contra a gravidez gerada por violência. Não há quaisquer evidências científicas de que tal método anticoncepcional seria abortivo, daí não precisar haver oposições neste sentido de grupos religiosos preocupados com a polêmica questão do aborto.

Os efeitos emocionais são os principais: intensos, devastadores e irrecuperáveis. Até mesmo alguns profissionais despreparados que atendem tais pessoas podem, sem dúvida, agir de forma preconceituosa agravando os danos psíquicos. Muitas dessas mulheres desenvolvem transtornos de sexualidade. Cerca de 18% das sobreviventes têm pensamentos suicidas.

Acolhimento é de grande ajuda na reabilitação psicossocial da mulher

Cabe a todos nós, como cidadãos, governantes ou profissionais da saúde, uma ampla reflexão sobre tais agravantes. A sociedade precisa se mobilizar para combater tal mazela. Os psicólogos têm que tomar cuidado para não haver manipulação por parte dos abusadores, geralmente, pais, tios e padrastos sedutores e educados. Devemos exigir a garantia do cumprimento dos direitos humanos, protegendo a vítima com dignidade, respeito e sensibilidade. O atendimento deve ser integral e ético, sem pré-julgamentos ou críticas. O acolhimento é a melhor ferramenta na reabilitação psicossocial de tais vítimas.

Autor: Joel Rennó Jr.

Fonte: Vya Estelar

sábado, 17 de setembro de 2011

Meninas camaronesas têm os seios achatados para dissimular a puberdade e evitar estupros e gravidez

15/09/2011 -
Charo Nogueira
Pedras quentes sobre os seios que começam a crescer. Às vezes usam a madeira de socar cereais, às vezes outros objetos planos, mas sempre quentes. É o achatamento dos seios, pelo qual passa uma em cada quatro meninas em Camarões. As mães e outras mulheres da família são as encarregadas de praticá-lo, acreditando que isso atrasa o crescimento dos peitos de suas filhas e, portanto, as distancia das relações sexuais, consentidas ou não, as protege dos olhares libidinosos dos homens e pode evitar uma gravidez indesejada.
É preciso apertar forte sobre os pequenos seios que começam a se desenvolver. Para cima e para baixo, como se estivesse passando roupa. Mas trata-se de um corpo infantil que é obrigado a suportar a dor desses golpes que danificam os tecidos, causam feridas, abcessos, infeções e, eventualmente, podem causar uma predisposição ao câncer. Isso acontece dia após dia, até que se obtenha o resultado desejado. Às vezes, o método escolhido é a bandagem com tecidos quentes. Costumam ser vários meses de tortura. Trata-se de uma tradição antiga em algumas regiões do oeste da África, e mais conhecida no caso de Camarões, país que chega perto dos 20 milhões de habitantes.
Esta forma de “mutilação feminina”, como é qualificada pela agência oficial de cooperação alemã GTZ, que teve um papel pioneiro ao revelar a prática e lutar contra ela, aflige pelo menos 24% das mulheres de Camarões, segundo a organização. Quanto mais cedo, maior é o risco. “Quanto antes os seios começam a se desenvolver, maior probabilidade de a menina sofrer esta forma de mutilação. Metade das meninas cujos seios começam a se desenvolver antes dos nove anos sofre o achatamento”, afirmou um trabalho de 2007 da GTZ.
O Departamento de Estado norte-americano, em informe sobre os direitos humanos em Camarões em 2010, também falou sobre o problema em termos parecidos e acrescentou que a prática “provoca queimaduras, deformidades e problemas psicológicos”. A agência alemã realizou em 2006 uma ampla investigação com entrevistas com 5.700 mulheres de 10 a 82 anos. O estudo revelou que metade das meninas cujos peitos começam a crescer antes dos nove anos sofre esta prática, mais frequente nas cidades do que no campo. Cerca de 53% das meninas de Duala, a maior cidade do país, foram alvo dela, segundo o estudo.
Com frequência, o doloroso achatamento não atinge seu objetivo de proteger as meninas: muitas ficam grávidas, o que imediatamente as afasta da escola. Elas se casam ou se transformam em mães solteiras. Algumas podem tentar um aborto clandestino (o aborto só é permitido em caso de estupro ou se a saúde da mãe está em risco). Em Camarões, três em cada dez mulheres estão grávidas ou já tiveram pelo menos um filho ao completar 20 anos, segundo a GTZ, e só 26% das mulheres casadas utilizam métodos contraceptivos.
A idade mínima para se casar é estabelecida em 15 anos para as mulheres, mas segundo o informe norte-americano, muitas famílias casam suas filhas aos 12. O relatório também assinala o aumento dos estupros, cujas vítimas têm uma idade média de 15 anos. Além da gravidez precoce, a Aids também é uma ameaça em Camarões. A incidência é alta. De cada mil pessoas entre 15 e 49 anos, 53 são soropositivas, segundo a Organização Mundial da Saúde. A expectativa de vida neste país - com 40% de animistas, a mesma quantidade de cristãos e cerca de 20% de muçulmanos - é de 51 anos.
Alguns especialistas acreditam que por trás da prática do achatamento está o tabu de falar de sexo com os filhos, e que talvez a solução possa vir daí. E é exatamente este um dos caminhos que foram escolhidos para tentar impedir este costume. As tias (“tantines”, no carinhoso diminutivo francês) das meninas são as encarregadas. Não são da família, e sim adolescentes que tiveram gravidez indesejada entre os 12 e 18 anos (algo que se estima que acontece a 21% das meninas).
Inscritas em mais de 250 associações ligadas à organização Renata, cerca de 15 mil jovens receberam formação para educar os adolescentes em saúde reprodutiva e sexual, inclusive em prevenção da Aids. Com o apoio da cooperação alemã, as tantines levaram aos meios de comunicação a campanha “Digam não ao achatamento dos seios”.
Em seu site (www.tantines.org), as ativistas explicam com clareza as causas por trás da sórdida prática do achatamento. “As pessoas acreditam que os seios vão atrair os homens, que os seios vão fazer com que as meninas tenham relações sexuais precoces que podem engravidá-las, que as meninas podem crescer normalmente e continuar seus estudos depois do achatamento, que as meninas se livrarão da vergonha por já terem peitos”, explicam.
Elas também abordam as consequências de uma prática que “causa muita dor e pode destruir os seios totalmente”, causar um forte trauma e provocar problemas fisiológicos.
De cidade em cidade, de bairro em bairro, elas pregam contra uma prática que destrói a puberdade feminina e cujo segredo está se rompendo pouco a pouco.
Tradução: Eloise De Vylder