quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Livro analisa resultados da enquete “Sexualidade, reprodução e desigualdades de gênero”


31.10.11 - Peru
Karol Assunção
Jornalista da Adital
Adital
Análise crítica aos resultados da Enquete "Sexualidade, reprodução e desigualdades de gênero”. Esse é o título do livro organizado por Movimento Manuela Ramos e Centro de Promoção e Defesa dos Direitos Sexuais e Reprodutivos (Promsex). Formado por sete artigos, a obra analisa os dados da enquete realizada por Ipsos Apoyo em quatro cidades peruanas: Ayacucho, Lima, Piura e Pucallpa.
A ideia da publicação é colaborar com o "avanço de direitos e liberdades enfrentando as persistências excludentes para transitar até uma sociedade plural na qual a diversidade seja riqueza e não dificuldade”. Para isso, com base nos resultados da enquete, analisa questões como: violência contra a mulher, relações homossexuais, igualdade de gênero, relação entre mulher e política, adolescência e saúde sexual e reprodutiva, aborto, e métodos anticoncepcionais.

A enquete, realizada entre os dias 18 de março e 1° de abril, apontou, por exemplo, que 55% das pessoas entrevistadas consideraram que a violência física é o principal problema enfrentado pelas mulheres no país. Das pessoas entrevistadas pela pesquisa, 96% afirmaram que os/as adolescentes devem ter acesso a campanhas de educação sexual. Além disso, 48% consideraram que o aborto deve ser permitido em casos de violação sexual.
Esses são alguns dos dados analisados nos artigos presentes na publicação. O artigo "Todoencaja”, de autoria de Jorge Bruce, por exemplo, destaca a questão da violência e da discriminação contra a mulher no Peru. De acordo com a publicação, cerca de 80% das pessoas entrevistas afirmaram que as mulheres continuam sendo discriminadas no país, principalmente mulheres andinas e prostitutas.
Bruce lembra que muitas mulheres são vítimas de discriminação e objetos de violência tanto física quanto psicológica. "Na realidade, todas estas formas de violência contra a mulher estão intimamente ligadas. O fio condutor é o processo de fabricação cultural de uma imagem desprovida de atributos humanos ou cidadãos, quer dizer, de direitos, situação de inferioridade que depois é naturalizada e, para culminar o processo, é invisível”, explica.
O artigo do psicanalista ainda chama a atenção para as mudanças sociais e de comportamento. Ele aponta, por exemplo, o acesso gradual das mulheres a posições no mercado de trabalho que antes eram vetadas para elas. Ao mesmo tempo em que ocorre essa mudança, ele aponta que o assédio sexual também se modifica. É mais comum, por exemplo, o homem assediar uma subalterna do que assediar uma mulher em cargo de chefia.
"É preciso apontar que, precisamente porque a hegemonia masculina se vê hackeada pelas mudanças que estão se produzindo em diversos paradigmas – trabalhistas, patriarcais, ideológicos – que legitimavam essas atitudes de violência, em certos setores se pode apreciar uma intensificação da violência por medo de perder esses privilégios. Quanto mais precário o lugar social do homem, mais necessita da mulher – e dos filhos – como objeto compensatório no qual descarrega sua frustração depressiva”, comenta.
O autor do artigo acredita que, para mudar a situação de discriminação e de violência contra mulheres, é preciso que elas tomem conhecimento de seus direitos desde a educação até os aspectos da legislação.

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