17/09/2011
Os efeitos emocionais
são os principais: intensos, devastadores e irrecuperáveis
"Pacientes que sobrevivem aos traumas
físicos ou psicológicos gerados por tais violências não merecem ser chamadas de
vítimas e sim de sobreviventes, segundo o médico Jefferson Drezett, um dos
maiores estudiosos brasileiros nesta área"
"Os efeitos emocionais são os principais:
intensos, devastadores e irrecuperáveis" A violência física ou sexual
contra as mulheres ainda é alarmante. Perdem-se mais anos de vida saudável, com
incapacidade gerada, do que em doenças graves como câncer da mama ou de colo de
útero.
Há doze milhões de crimes sexuais no mundo. Só
nos EUA, há 683 mil estupros por ano, enquanto que na cidade de São Paulo há o
registro de 42 mil estupros por ano.
Pacientes que sobrevivem aos traumas físicos
ou psicológicos gerados por tais violências não merecem ser chamadas de vítimas
e sim de sobreviventes, segundo o médico Jefferson Drezett, um dos maiores
estudiosos brasileiros nesta área.
O pior também é que apenas 13% das mulheres
que chegam ao IML-SP (Instituto Médico Legal de São Paulo) conseguem prova
material do estupro. Entre 28% a 60% das mulheres poderão desenvolver DST
(doença sexualmente transmissível). Já o risco de infecção de HIV gira em torno
de 0,8% a 2,7%, segundo literatura especializada. Tal risco é duas vezes maior
em gestantes.
É importante haver a quimioprofilaxia para
infecção de HIV, nos casos elegíveis e corretamente indicados. Outras DST,
assim como as hepatites B e C, também requerem acompanhamento médico.
Dados trágicos incluem também uma possível
gravidez por violência sexual, já que metade das mulheres estupradas está no
período fértil. A estimativa da taxa de gravidez por violência sexual tem uma
incidência de 1% a 5%. Só nos EUA, há cerca de 32 mil gestações anuais por
violência sexual.
Violência sexual e anticoncepcional de
emergência
Em tais gestações indesejadas, por conta do
estresse pós-traumático gerado e outros transtornos mentais ou comportamentais,
deve-se oferecer um amplo apoio psicológico aos envolvidos. Cabe ressaltar que
o anticoncepcional de emergência, com derivado de progesterona
(levonorgestrel), quando bem indicado, é uma prevenção contra a gravidez gerada
por violência. Não há quaisquer evidências científicas de que tal método anticoncepcional
seria abortivo, daí não precisar haver oposições neste sentido de grupos
religiosos preocupados com a polêmica questão do aborto.
Os efeitos emocionais são os principais:
intensos, devastadores e irrecuperáveis. Até mesmo alguns profissionais despreparados
que atendem tais pessoas podem, sem dúvida, agir de forma preconceituosa
agravando os danos psíquicos. Muitas dessas mulheres desenvolvem transtornos de
sexualidade. Cerca de 18% das sobreviventes têm pensamentos suicidas.
Acolhimento é de grande ajuda na reabilitação
psicossocial da mulher
Cabe a todos nós, como cidadãos, governantes
ou profissionais da saúde, uma ampla reflexão sobre tais agravantes. A
sociedade precisa se mobilizar para combater tal mazela. Os psicólogos têm que
tomar cuidado para não haver manipulação por parte dos abusadores, geralmente,
pais, tios e padrastos sedutores e educados. Devemos exigir a garantia do
cumprimento dos direitos humanos, protegendo a vítima com dignidade, respeito e
sensibilidade. O atendimento deve ser integral e ético, sem pré-julgamentos ou
críticas. O acolhimento é a melhor ferramenta na reabilitação psicossocial de
tais vítimas.
Autor: Joel Rennó Jr.
Fonte: Vya Estelar
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