Sexualidade em transição
O erotismo permanece: entenda e aproveite as mudanças no corpo depois dos 50 anos
11/12/2009
Por Ana Maria Heinsius*
Ainda hoje, apesar da chuva de informações, tem gente que pensa que a sexualidade acaba com a menopausa e alguns preconceituosos condenam a sexualidade das pessoas maiores, presos aos modelos televisivos de juventude e beleza. Logo agora, que tanto a mulher como o homem têm a oportunidade e o tempo de encontrar com calma e sem cobranças a satisfação sexual tão desejada?
O ato sexual é complexo, intervêm nele o corpo, a mente, os sentimentos, os preconceitos, os modelos sociais, etc. Podemos conservar a capacidade sexual por toda a vida, se o estado de saúde assim o permite. Mas é necessário destacar que essa sexualidade não será igual, pelo contrário, ela muda com o passar do tempo. Talvez a mudança maior seja da quantidade para a qualidade.
O encontro amoroso se torna mais duradouro, com mais tempo para as carícias, mais centrado no prazer de dar e receber, sem tanta urgência de penetração, sem obsessão pela ereção, o prazer da masturbação, os vídeos, os aparelhos, em fim, a imaginação.
Agora que os filhos saíram da casa, que não existem preocupações laborais ou econômicas, o casal deve encontrar um novo modelo de fazer sexo. Velhos símbolos eróticos (calcinha minúscula, baby-doll, etc.) serão substituídos pela confiança do parceiro que conhece e ama também o lado interior desse corpo que há tantos anos dorme ao seu lado.
Cada um sabe do que gosta e como, embora possam existir ainda preconceitos e tabus, que estará na hora de deixa-os de lado porque todo vale para atingir o orgasmo.
O tempo passa e o corpo muda, como já mudou na puberdade com aquela invasão de hormônios, agora se produzem também algumas mudanças e também os hormônios são os responsáveis.
No homem, podemos falar de uma "andropausa" ou climatério masculino: as ereções tornam-se mais lentas, precisando de mais estímulos para conseguí-las e o tempo entre uma e outra é mais prolongado, a ejaculação também se modifica em sua força e volume, em geral, o desejo sexual pode ter uma diminuição. Quando o homem reconhece estas mudanças e convive bem com elas, sabendo se desprender de velhas exigências, do medo de falhar, da preocupação com a performance e outros preconceitos arcaicos, sem dúvida continuará curtindo os prazeres do sexo.
A mulher pode se angustiar com a demora na ereção do companheiro, pode pensar que já não o excita como antes, pode se sentir insegura, às vezes, até evita jogos prévios por vergonha de mostrar seu corpo que mudou e não mais se encaixa nos padrões de beleza da revista Playboy.
Antigamente, se pensava que com a menopausa acabava a vida sexual da mulher. As mudanças fisiológicas, tais como dor no coito por causa da diminuição ou perda da lubrificação vaginal, adelgaçamento das paredes da vagina e diminuição da sensibilidade do clitóris (o grande órgão excitável do aparelho genital feminino), hoje em dia tem solução com dezenas de produtos especiais. Além desses produtos, vale prolongar os jogos preliminares ao coito e experimentar posições mais cômodas durante a penetração.
Às vezes, por causa da dor na relações sexuais (e a falta de informação) a mulher se afasta do sexo e pode parecer que já não tem desejo sexual. Embora o comportamento sexual dependa basicamente de aspectos psicológicos e culturais, os hormônios influenciam, principalmente a testosterona . Ela é a responsável por manter o desejo sexual tanto em homens como em mulheres, e esse hormônio continua estável na menopausa.
Pesquisas nos Estados Unidos demostraram que a testosterona é a responsável pela sensibilidade erótica do clitóris e dos seios femininos. Por- tanto, como o desejo sexual aumenta com a satisfação, a estrutura vaginal se mantém com a prática, pois aquelas mulheres que têm uma vida sexual prazerosa conservam melhor a mucosa e os músculos vaginais.
Como vemos, aqueles velhos fantasmas da menopausa, se devem mais a repressões e proibições herdadas, medos aprendidos e mudanças físicas. Conhecendo-os, se aceitam sem dificuldades as mudanças de um corpo que continua sendo erótico: desejante e desejável. Preconceitos e desinformação podem ser os únicos inimigos desta nova geração de meia idade, for ever young.
*Ana Maria Heinsius é psicóloga formada pela Universidade de Buenos Aires, mestre em Educação pela UFRJ, professora de Psicologia do Desenvolvimento, e dinamizadora de grupos de Terceira Idade e de Orientação Vocacional.
http://www.maisde50.com.br/editoria_conteudo2.asp?conteudo_id=7635
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