Preguiça para o sexo
Especialistas explicam por que muita gente prefere dormir a encarar maratonas sexuais
da redação
27/01/2010
Existem mil e uma maneiras de chegar ao orgasmo. Escolha ou invente uma. Na sociedade atual, sexo virou obsessão. Tanto que está chegando ao consultório dos analistas-gurus-terapeutas uma nova modalidade de neura: a preguiça para o sexo. Trata-se de gente que não sofre de impotência, tem parceiro fixo e é bem-resolvida, mas tira nota zero em matéria de disposição. Ou seja, quando cai na cama só pensa em dormir.
Os casais que passam por esse excesso de calmaria já sabem que sexo dá mais trabalho do que se pensa. E os especialistas em redimi-los dessa agonia tentam justificar o que ocorre. "Sexo exige dedicação e tempo para sonhar e fantasiar. Cada um precisa batalhar pelo clima, pelo toque, prestar atenção no momento de comunicar seus desejos e mágoas", adianta a psicóloga Eliane Cotrim. Segundo ela, as pessoas esperam muito a iniciativa do outro.
Longe das alcovas, mas fixados no que ocorre entre quatro paredes, os cientistas confirmam que o sexo está cada vez menos freqüente. Falta tempo, já que homens e mulheres encontram-se extremamente envolvidos pelo trabalho e a correria que a vida moderna acarreta. Pesquisa realizada pelo Centro de Estudos de Casais, na Itália, revelou que cerca de um terço dos maridos italianos não desejavam fazer sexo.
Para o psicólogo do Instituto Kaplan, Maurício Torselli, a decaída da vida sexual tem muitas razões, entretanto, não é possível mensurar a freqüência ideal de relações sexuais. "Existem os que precisam de muito, outros que se satisfazem com pouca quantidade e mais qualidade", sinaliza o psicólogo para o fato de se dar tanta importância ao tema.
Mas há quem sustente que a preguiça sexual pode ter raízes mais profundas. Em certos casos, por trás da moleza, pode até estar uma falta de motivação generalizada, associada a queda de hormônios ou a uma depressão, dizem os pesquisadores. "Pode também estar ligada, principalmente no caso das mulheres, a uma educação mais rigorosa ou punitiva, que negou por muito tempo o prazer sexual", lembra a terapeuta sexual da Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana (SBRASH), Ana Cristina Canosa. Nesses casos, é preciso coragem para rever valores e buscar melhor qualidade de vida, o que não se restringe ao plano sexual.
Segundo Eliane Cotrim, a sociedade que estimula o individualismo, o consumo e a satisfação pessoal acaba por influenciar no mal-estar da vida cotidiana, principalmente, no que diz respeito ao sexo. "Esquece-se que a sexualidade pressupõe a parceria e que, para o sexo ser bom, é preciso ser mais compassivo e menos preocupado com o próprio desempenho", diz.
A falta de informação e a ânsia pela própria satisfação sexual leva ao surgimento de mitos. Entre eles, o de que é preciso trocar de par para resgatar o desejo. "A mídia reforça a idéia de que nos casamentos não pode haver um reaquecimento da sexualidade", diz Ana Cristina. Segundo ela, ao driblar a canseira para ter mais contato com o próprio corpo e o do parceiro e reavivar a criatividade do relacionamento, percebe-se a vida muito mais colorida e solidária.
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