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No último domingo em Paris realizou-se uma manifestação em massas para protestar contra a legalização de casamentos entre pessoas do mesmo sexo e adoção de crianças por casais homossexuais. O reconhecimento legal dos direitos dos homossexuais foi um dos pontos do programa eleitoral de François Hollande.
A tolerância por pessoas de orientação sexual não tradicional, que às vezes chega ao absurdo, tornou-se o cartão de visita da Europa. Mas os cidadãos da França, pelo visto, decidiram que seu governo está evidentemente exagerando. Como assinalou o politólogo Mikhail Neijmakov, a tentativa de legalização das relações homossexuais na França pode ser uma espécie de eco aos processos de construção da nova Europa:
"A Europa contemporânea em muito se formou como resposta aos horrores da segunda guerra mundial e o desejo de não voltar àquela época. Os políticos e ativistas sociais, construindo a nova Europa, não quiseram ter quaisquer associações com o período da Alemanha nazista. Como se sabe os homossexuais eram perseguidos na Alemanha nazista".
Hoje na Europa impera a legalidade e respeito aos direitos humanos e é pouco provável que se possa falar em proibição ou limitação das relações homossexuais, inclusive familiares – supõe o presidente do Instituto Russo de Sexologia, Lev Sheglov. Ao mesmo tempo o especialista está convicto de que a adoção de crianças por tais casais, pode criar no futuro muitos problemas para elas:
"A questão das crianças é muito mais complexa e profunda. Eu estou convicto de que no mundo moderno estas pessoas terão sobrecarga psíquica complementar. Se o mundo fosse tolerante, se em torno existissem apenas pessoas boas, tudo seria ótimo. Mas o mundo é imperfeito, e um adolescente que tenha dois pais ou duas mães terá, sem dúvida, problemas muito sérios para sua mente e sua sobrevivência no mundo dos contemporâneos.
Pode-se encarar este problema também de outro lado. Mas não é segredo para ninguém que na Europa hoje a defesa dos direitos das minorias é, com freqüência, instrumento do jogo político. É perfeitamente possível que as intenções do gabinete de Hollande não passem de manobra para desviar a atenção – supôs o jornalista francês Dmitri de Koshko.
"Pode-se com questões sociais encobrir questões econômicas, inclusive as relações com a União Européia e as reformas de leis sociais na França. Acentuando a atenção em temas sociais e morais, pode-se agir mais livremente nas esferas política e econômica".
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