terça-feira, 24 de maio de 2011

O que fazer quando eles falham

O que fazer quando eles falham

Expectativa e ansiedade, excesso de álcool ou depressão. Muitas vezes, um desses motivos explica por que o homem perde a excitação na hora H

Por Silvana Tavano

Uma relação sexual pode começar e continuar mesmo que a mulher não esteja suficientemente excitada. Mas, se o homem não consegue ter uma ereção, nada acontece. Ou melhor, acontece: na maior parte das vezes, eles ficam constrangidos e inseguros; já as mulheres se sentem frustradas e fantasiam que o problema tem a ver com elas. Em alguns casos, pode ser verdade que não exista mais interesse. Mas o inverso é possível, porque o problema também acontece justamente quando o parceiro sente uma forte atração.

Homens que nunca tiveram qualquer dificuldade funcional às vezes perdem a ereção inesperadamente, e por inúmeras razões. "Não há dúvida de que o lado emocional compromete o desempenho físico", diz a terapeuta sexual Carla Zeglio, do Instituto Paulista de Sexualidade. Na prática, o homem fica com a responsabilidade de fazer a relação sexual dar certo -e esse fardo pesa mais ainda se ele estiver sob forte ansiedade ou com muitas expectativas. Nessas situações, falhar na hora do sexo abala a auto-estima e a imagem de sua própria virilidade. "Existe uma crença de que o homem está sempre pronto para satisfazer a parceira com um pênis ereto, em qualquer circunstância. Como se a ereção fosse um atributo natural, dispensando clima e estímulos, e também não tivesse ligação com outros aspectos da vida desse homem", explica Oswaldo Rodrigues Júnior, psicólogo e terapeuta sexual, autor de "Disfunção Erétil - Esclarecimentos Sobre a Impotência Sexual" (Expressão e Arte Ed., 105 págs., R$ 10). Além da frustração, muitos passam a temer problemas mais sérios. "Mas perder a ereção eventualmente é uma coisa, ser impotente, é outra. A chamada difunção erétil situacional é uma dificuldade passageira, quase sempre ligada a questões do momento", explica Carla Zeglio.

Os médicos relacionam algumas das causas mais comuns dessas falhas ocasionais:
CAMISINHA Para muitos, ter de usar preservativo durante a relação sexual ainda é um grande problema. "A idéia de que a camisinha prejudica a sensibilidade acaba interrompendo a excitação", explica a especialista. Segundo ela, é comum ouvir dos pacientes que esse tipo de exigência de certa forma põe em dúvida as suas escolhas sexuais. "Muitos concluem que a parceira não está segura a respeito de sua masculinidade", diz Carla.
INIBIÇÃO Também há quem fique inibido ou inseguro num primeiro encontro. "Fazer sexo com uma mulher muito bonita pode intimidar. A cobrança com relação ao próprio desempenho dispara a produção de adrenalina, que, por sua vez, interfere no trajeto do sangue até o pênis", explica Carla.
ANSIEDADE O excesso de expectativa costuma ter esse mesmo efeito. "Às vezes, o homem fica ansioso porque está muito envolvido (e vê naquela mulher uma possível companheira) ou porque vai fazer sexo com uma mulher que deseja há muito tempo", diz a terapeuta. Segundo ela, até determinado ponto, a ansiedade é positiva, pois mobiliza e ajuda a agir; mas, ultrapassado o limite, o efeito se inverte -a pessoa fica paralisada por sentimentos de medo e insegurança. "O homem tem desejo, fica excitado e, muitas vezes, até consegue uma ereção, que logo cede a um fluxo de pensamentos negativos, como o de não ser capaz de dar prazer à mulher", explica Oswaldo Rodrigues. Segundo os médicos, existem alguns procedimentos básicos: quem está muito ansioso não precisa nem deve fazer sexo na primeira noite -nesses casos, a abstinência sexual só ajuda.
BEBIDAS ALCOÓLICAS Um ou dois copos de vinho no jantar ajudam a esquentar o clima, mas o consumo excessivo de álcool é contra-indicado. "Se o homem bebeu demais, o melhor a fazer é deixar o sexo para depois", diz a terapeuta.
ESTRESSE E DEPRESSÃO Uma demissão ou a morte de um ente querido afetam a vida em todos os níveis, inclusive o sexual. Mesmo quem vive um relacionamento estável não escapa do risco de falhar nessas circunstâncias -muitas vezes a tristeza afeta o próprio desejo, que é um estágio anterior à ereção. "Mas essas situações normalmente duram um tempo, prazo que varia de pessoa para pessoa. Já os estados depressivos tendem a se prolongar e, aqui, sim, uma das conseqüências pode ser a impotência", explica Rodrigues. Se as falhas se tornam freqüentes e atrapalham a vida sexual é preciso buscar ajuda médica ou terapêutica.
http://revistamarieclaire.globo.com/Marieclaire/0,6993,EML625942-1744,00.html

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