segunda-feira, 30 de maio de 2011

Religião deve ser levada em conta quando se trata de questões sobre sexualidade

É preciso buscar alternativas para conciliar o tradicionalismo da Igreja com visões mais modernas sobre o tema.
Três Lagoas-MS Segunda-feira, 30 de Maio de 2011
AGÊNCIA NOTISA – Questões relativas à sexualidade humana continuam sendo geradoras de polêmicas e discussões. Segundo o artigo “Orientações sobre o comportamento sexual e reprodutivo: princípios e práticas dos sacerdotes católicos”, publicado ano passado na Revista Latino-Americana de Enfermagem, isto se dá porque, além de mera atividade biológica, a sexualidade envolve questões de ordem social, cultural e familiar. Neste contexto, a religião, por ser ainda hoje manifestação importante em nossa sociedade, também tem um papel destacado na formação de considerações sobre comportamentos sexuais e reprodutivos tidos como adequados.

De acordo com os autores, Luiza Akiko Komura Hoga e equipe da Faculdade de Enfermagem da USP, não se pode ignorar a influência da religião católica em nosso país, onde, dizem no artigo, cerca de ¾ da população se declara católica, e 46,1% deles vão a missas pelo menos uma vez por semana. Assim, é preciso que profissionais de saúde e da educação adquiram “os fundamentos necessários para uma análise crítica dos fatores envolvidos em comportamentos sexuais e reprodutivos”, sendo tal conhecimento “necessário para permitir a adoção de uma postura ética, marcada pela abertura e despida de atitudes preconceituosas”, consideram.

A pesquisa foi realizada através de entrevistas com 13 padres católicos da cidade de São Paulo. De maneira geral, os pesquisadores perceberam que seus conselhos e guias seguiam uma linha conservadora e respeitosa aos ditos da Bíblia, porém “algumas instruções contrárias a estes princípios religiosos foram providenciadas por padres que acreditam que a realidade de hoje pede a consideração de um grupo de circunstâncias envolvidas nas esferas familiares e sociais”, notaram os autores. Alguns padres, por exemplo, não condenavam o uso de contraceptivos entre casais casados ou, mesmo posicionando-se contra o aborto, deixavam claro para aquelas que buscavam conselho sobre o assunto que esta é uma decisão pessoal.

Por fim, os autores mais uma vez lembram que posicionamentos quanto à sexualidade são influenciados por vários fatores, de maneira que “atividades educacionais de promoção à saúde, especialmente aquelas que envolvem direta ou indiretamente aspectos relacionados a práticas sexuais e reprodutivas, não devem ser desenvolvidos de maneira padronizada e rígida”, num sentido de buscar um consenso em que a saúde seja valorizada ao mesmo tempo em que o papel das crenças religiosas não é ignorado.

Para ver o artigo na íntegra, acesse: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-11692010000600026&lng=en&nrm=iso&tlng=pt.

Agência Notisa (science journalism – jornalismo científico)
http://www.jornaldiadia.com.br/jdd/cs/60304--religiao-deve-ser-levada-em-conta-quando-se-trata-de-questoes-sobre-sexualidade

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