domingo, 4 de setembro de 2011

Ansiedade natural e neurótica e a vida sexual


Coluna Sobre Sexualidade: Ansiedade natural e neurótica e a vida sexual
Psic. Oswaldo Martins Rodrigues Junior – Psicólogo (CRP06/20610),
O organismo humano expressa-se através de energia física e emocional. Para organizar-se internamente e ao mundo ao redor, o organismo deve expressar-se através do que costumamos chamar preocupações. Existem necessidades básicas a serem satisfeitas: comer, beber, dormir e reproduzir. Depois que estas necessidades estão satisfeitas, outras surgem: pertença (a um casal, a uma família, a um grupo e a uma sociedade)...
O mecanismo para motivação é o de produção de ansiedade. Ansiedade é a preocupação. Mas existe uma diferença: a ansiedade que mobiliza e ajuda a resolver o problema é sadia, natural, necessária. A ansiedade que impede a solução do problema, dificulta a ação, é neurótica, errada.
Somente após os desprazeres serem desfeitos é que nos dedicamos à busca de prazer. Estas são normas biológicas.
O sexo é o aspecto da vida humana que será mais afetado pelas oscilações da família, trabalho, do cotidiano. O sexo que não seja reprodução não é prioritário para a vida humana. A sexualidade é uma forma de expressão humana com finalidades secundárias e não primárias. A sexualidade serve para a busca do bem estar e a troca emocional afetiva. As buscas de satisfações de necessidades primárias não são superadas pela expressão da sexualidade, portanto, quaisquer ansiedades de outras fontes atrapalharão a expressão sexual.
O sexo ainda é uma coisa complicada para a humanidade, mesmo no séc 21. Complicada por não ser uma atividade social ou de aprendizado social e pedagógico. O aprendizado é individual e dificultado, necessitando do desenvolvimento de características cerebrais de abstração, o que não ocorre para muitos antes dos 20 anos de idade... assim uma pessoa já passou por muitos aprendizados sociais e de maneira pedagógica, mas pode não ter se estruturado internamente para desenvolver os outros aspectos necessários para a sexualidade.
Isto é mais complicado para as mulheres, pois ainda são as mulheres que são responsáveis pela reprodução, o homem é apenas um anexo. Ainda se torna necessário que a sociedade dirija a satisfação das necessidades primárias das mulheres, controle a reprodução, antes dela poder dedicar-se à expressão da sexualidade como fonte de prazer individual.
Aprender a administrar as ansiedades de quaisquer fontes é uma necessidade para vencer as oscilações naturais que criam ansiedades, mas é mais difícil administrar as ansiedades produzidas por nossas formas de compreensão do mundo que podem ser distorcidas, e isto dificulta esta administração de modo racional. Ao distorcermos a realidade não o fazemos percebendo, fazemos considerando que esta é a forma correta. Assim distorcemos a realidade.
O dedicar-se às atividades sexuais, dedicar tempo cotidiano, observar as várias formas de expressão da sexualidade e podermos se podemos experimentar, experienciar novas variações auxilia em muito como ter mais atividades sexuais e como vencer problemas.
A pressuposição de que sexo é natural é um dos fatores de compreensão que mais atrapalha o vencer os problemas. Se é natural não precisamos fazer nada, não temos que nos esforçar. E sexo não tem mais finalidades reprodutivas, portanto é preciso aprender. O sexo reprodutivo é natural, mas a sexualidade e a atividade sexual com finalidades de prazer são aprendidas, precisam ser aprendidas, saibamos disso ou não, concordemos com isso ou não.
Quando tempos um problema o desejo sexual é o mais prejudicado. O desvio da atenção através do pensamento preocupado, focado em outros aspectos que não o sexo que esteja ocorrendo não permitirá o desejo se desenvolver. Isto dificulta a excitação sexual, o orgasmo... e o bem estar que viria após!
Existem pessoas que desenvolvem formas de expressão emocional, através das quais conseguem superar as adversidades, não entrar em ansiedades neuróticas, diminuir as ansiedades naturais aos momentos necessários para que superem os problemas e isto não interfira na sexualidade. Estas pessoas tem mais facilidade em dedicar-se à vida a dois, intimidade, afetividade, sexo e prazer.
A vida sexual produz bem estar. Com o bem estar constante e renovado as pessoas tendem a enfrentar melhor os problemas, de modo mais equilibrado no cotidiano. É como se o bem estar produzisse energia extra. As pessoas sentem-se mais confiantes em si mesmas, reconhecem mais facilmente os limites corporais e emocionais, conseguem enfrentar mais os problemas sem sofrer.
A vivência sexual regular ajuda a equilibrar as ansiedades naturais e mesmo as neuróticas. Aprender a controlar as emoções, administrar as ansiedades para viver bem e viver sexualmente.
Postada 29 Aug 2011 por Sabuguinho

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