08/10/2011 |DENÚNCIA NO CHS
Funcionário do Conjunto Hospitalar de Sorocaba teria cometido o crime contra uma paciente de 22 anos
Notícia publicada na edição de 08/10/2011 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 9 do caderno A - o conteúdo da edição impressa na internet é atualizado diariamente após as 12h.
Adriane Mendes
adriane.mendes@jcruzeiro.com.br
A Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) investiga, desde quinta-feira, a denúncia de que um auxiliar de enfermagem do Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS), teria estuprado uma paciente de 22 anos, que há pelo menos 20 dias aguardava para amputar uma das pernas já necrosada em decorrência de problema vascular. Com fortes indícios de que o funcionário teria realmente cometido o crime contra vulnerável, a delegada titular da unidade especializada, Jaqueline Lílian Barcelos Coutinho solicitou ontem a prisão temporária do acusado, devendo a Justiça se manifestar até terça-feira. Com comportamento muito tranquilo, o que causou estranheza até mesmo entre os policiais civis, o auxiliar de enfermagem deixou a delegacia ontem à noite sem falar com a imprensa e escondendo o rosto com um saco plástico preto. De tão chocante que é o caso, seu desenrolar no dia de ontem mobilizou toda a imprensa local, que permaneceu na DDM entre 9h e 20h.
Segundo a denúncia feita pela mãe da paciente D.C.S.M., 22 anos, que ainda sofre com tumor cerebral e tem o lado esquerdo do corpo paralisado, o estupro teria ocorrido na noite de sexta-feira para sábado da semana passada. O funcionário M.T. teria entrado no quarto onde a vítima estava sozinha - outro paciente já havia recebido alta - e começado a fazer perguntas indiscretas sobre sua vida sexual.Na sequência, ele teria lhe dado um remédio desconhecido e a amarrado, passando então a acariciar partes íntimas da vítima. A jovem, conforme ela mesma relatou posteriormente para a delegada, teria dormido em função do remédio e acordado um tempo depois já debaixo do chuveiro, com o referido enfermeiro lavando suas nádegas.
Na manhã de sábado, sua mãe a encontrou amarrada, com diarréia e dores no ânus, além de grande sangramento na perna esquerda, que estava com diversos pontos estourados. Entretanto, por receio da reação da mãe, D. relatou o ocorrido apenas para dois irmãos e para a sogra, que no domingo contou tudo para a mãe da vítima, que então compareceu quinta-feira à DDM para formular a denúncia. Antes disso a mãe já havia ido ao hospital e teria apenas ouvido de uma enfermeira para "procurar seus direitos". A denunciante também esclareceu que demorou para fazer o boletim de ocorrência porque tentava agilizar a cirurgia da filha e que coincidentemente, na quinta-feira, "após a diretoria do hospital tomar conhecimento do ato praticado contra a vítima, autorizou a realização da cirurgia", enfatizou a mãe ao fazer a ocorrência.
Fortes indícios para prisão
Por ter ouvido a vítima após o ato cirúrgico, a delegada Jaqueline Coutinho resolveu voltar ontem ao hospital para novamente conversar com a vítima, pois no dia anterior ela poderia estar sob efeito da anestesia e com muita dor. Entretanto, o fato da jovem repetir ontem o mesmo depoimento, sem cair em nenhuma contradição, levou a delegada a crer que há "fortes indícios" do acusado não ser inocente. A delegada detalhou que há várias situações a serem apuradas: "paciente mais que vulnerável pelo estado de saúde, com restrição motora, e o fato do acusado ter tido acesso a ela".
Segundo uma enfermeira responsável pelo setor cirúrgico que estava de plantão naquela noite, o medicamento que teria feito a paciente dormir teria sido ministrado por uma psiquiatra. "Mas por que só naquela ocasião foi ministrado tal medicamento?". É o que a delegada também quer saber e pretende inclusive ouvir a médica.
Ontem, o juiz Emerson Camargo, que respondia pela Vara Criminal, informou à delegada que daria vistas ao Ministério Público se manifestar e somente depois deferir ou indeferir o pedido de prisão temporária de cinco dias, que pode ser prolongado por mais cinco dias. A resposta final da Justiça deve ser conhecida entre segunda e terça-feira. Até o momento, o exame de corpo de delito apresentou resultado inconclusivo, e o legista pedirá exame complementar após 30 dias do primeiro exame feito. Em caso de condenação, a pena prevista varia de oito a vinte anos de prisão em regime fechado.
Apesar de ser um fator subjetivo, tanto a delegada como demais funcionários da DDM estranharam o comportamento "passivo até demais" para quem é acusado de algo tão grave. Depois de trabalhar no plantão noturno de quinta-feira, ontem pela manhã o auxiliar de enfermagem aceitou normalmente ser levado para DDM a fim de prestar depoimento. Nenhum parente ou mesmo advogado para sua defesa foi acionado. Ele trabalha no CHS desde 2007.
Ainda segundo a delegada, gera muita estranheza alguém se sentir atraído por alguém tão fragilizada, como no caso dessa paciente, mas que a "parafilia" explica tal comportamento. Esse desvio implica em todo tipo de perversão sexual e normalmente o autor tem como característica ficar acima de qualquer suspeita, ser excelente colega de trabalho e não possuir antecedentes criminais.
No site "Psique.Web - Portal da Psiquiatria" pesquisado pela reportagem, "parafilia é o termo atualmente empregado para os transtornos da sexualidade, anteriormente referidos como "perversões", uma denominação ainda usada no meio jurídico. Estudar as parafilias é conhecer as variantes do erotismo em suas diversas formas de estimulação e expressão comportamental.
CHS à disposição
A direção do Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS) esclarece que comunicou o ocorrido à polícia e que está à disposição para fornecer de imediato todas as informações necessárias. Internamente, a Unidade trabalha para apuração rigorosa dos fatos, além de encaminhar o caso ao Conselho Regional de Enfermagem. A Direção do CHS aguardará a conclusão do inquérito policial para poder se manifestar.
adriane.mendes@jcruzeiro.com.br
A Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) investiga, desde quinta-feira, a denúncia de que um auxiliar de enfermagem do Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS), teria estuprado uma paciente de 22 anos, que há pelo menos 20 dias aguardava para amputar uma das pernas já necrosada em decorrência de problema vascular. Com fortes indícios de que o funcionário teria realmente cometido o crime contra vulnerável, a delegada titular da unidade especializada, Jaqueline Lílian Barcelos Coutinho solicitou ontem a prisão temporária do acusado, devendo a Justiça se manifestar até terça-feira. Com comportamento muito tranquilo, o que causou estranheza até mesmo entre os policiais civis, o auxiliar de enfermagem deixou a delegacia ontem à noite sem falar com a imprensa e escondendo o rosto com um saco plástico preto. De tão chocante que é o caso, seu desenrolar no dia de ontem mobilizou toda a imprensa local, que permaneceu na DDM entre 9h e 20h.
Segundo a denúncia feita pela mãe da paciente D.C.S.M., 22 anos, que ainda sofre com tumor cerebral e tem o lado esquerdo do corpo paralisado, o estupro teria ocorrido na noite de sexta-feira para sábado da semana passada. O funcionário M.T. teria entrado no quarto onde a vítima estava sozinha - outro paciente já havia recebido alta - e começado a fazer perguntas indiscretas sobre sua vida sexual.Na sequência, ele teria lhe dado um remédio desconhecido e a amarrado, passando então a acariciar partes íntimas da vítima. A jovem, conforme ela mesma relatou posteriormente para a delegada, teria dormido em função do remédio e acordado um tempo depois já debaixo do chuveiro, com o referido enfermeiro lavando suas nádegas.
Na manhã de sábado, sua mãe a encontrou amarrada, com diarréia e dores no ânus, além de grande sangramento na perna esquerda, que estava com diversos pontos estourados. Entretanto, por receio da reação da mãe, D. relatou o ocorrido apenas para dois irmãos e para a sogra, que no domingo contou tudo para a mãe da vítima, que então compareceu quinta-feira à DDM para formular a denúncia. Antes disso a mãe já havia ido ao hospital e teria apenas ouvido de uma enfermeira para "procurar seus direitos". A denunciante também esclareceu que demorou para fazer o boletim de ocorrência porque tentava agilizar a cirurgia da filha e que coincidentemente, na quinta-feira, "após a diretoria do hospital tomar conhecimento do ato praticado contra a vítima, autorizou a realização da cirurgia", enfatizou a mãe ao fazer a ocorrência.
Fortes indícios para prisão
Por ter ouvido a vítima após o ato cirúrgico, a delegada Jaqueline Coutinho resolveu voltar ontem ao hospital para novamente conversar com a vítima, pois no dia anterior ela poderia estar sob efeito da anestesia e com muita dor. Entretanto, o fato da jovem repetir ontem o mesmo depoimento, sem cair em nenhuma contradição, levou a delegada a crer que há "fortes indícios" do acusado não ser inocente. A delegada detalhou que há várias situações a serem apuradas: "paciente mais que vulnerável pelo estado de saúde, com restrição motora, e o fato do acusado ter tido acesso a ela".
Segundo uma enfermeira responsável pelo setor cirúrgico que estava de plantão naquela noite, o medicamento que teria feito a paciente dormir teria sido ministrado por uma psiquiatra. "Mas por que só naquela ocasião foi ministrado tal medicamento?". É o que a delegada também quer saber e pretende inclusive ouvir a médica.
Ontem, o juiz Emerson Camargo, que respondia pela Vara Criminal, informou à delegada que daria vistas ao Ministério Público se manifestar e somente depois deferir ou indeferir o pedido de prisão temporária de cinco dias, que pode ser prolongado por mais cinco dias. A resposta final da Justiça deve ser conhecida entre segunda e terça-feira. Até o momento, o exame de corpo de delito apresentou resultado inconclusivo, e o legista pedirá exame complementar após 30 dias do primeiro exame feito. Em caso de condenação, a pena prevista varia de oito a vinte anos de prisão em regime fechado.
Apesar de ser um fator subjetivo, tanto a delegada como demais funcionários da DDM estranharam o comportamento "passivo até demais" para quem é acusado de algo tão grave. Depois de trabalhar no plantão noturno de quinta-feira, ontem pela manhã o auxiliar de enfermagem aceitou normalmente ser levado para DDM a fim de prestar depoimento. Nenhum parente ou mesmo advogado para sua defesa foi acionado. Ele trabalha no CHS desde 2007.
Ainda segundo a delegada, gera muita estranheza alguém se sentir atraído por alguém tão fragilizada, como no caso dessa paciente, mas que a "parafilia" explica tal comportamento. Esse desvio implica em todo tipo de perversão sexual e normalmente o autor tem como característica ficar acima de qualquer suspeita, ser excelente colega de trabalho e não possuir antecedentes criminais.
No site "Psique.Web - Portal da Psiquiatria" pesquisado pela reportagem, "parafilia é o termo atualmente empregado para os transtornos da sexualidade, anteriormente referidos como "perversões", uma denominação ainda usada no meio jurídico. Estudar as parafilias é conhecer as variantes do erotismo em suas diversas formas de estimulação e expressão comportamental.
CHS à disposição
A direção do Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS) esclarece que comunicou o ocorrido à polícia e que está à disposição para fornecer de imediato todas as informações necessárias. Internamente, a Unidade trabalha para apuração rigorosa dos fatos, além de encaminhar o caso ao Conselho Regional de Enfermagem. A Direção do CHS aguardará a conclusão do inquérito policial para poder se manifestar.
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