31/10/2011 16:15, Por Adital
Análise crítica aosresultados da Enquete “Sexualidade, reprodução e desigualdades de gênero”. Esse é o título dolivro organizado por Movimento Manuela Ramos e Centro de Promoção e Defesa dosDireitos Sexuais e Reprodutivos (Promsex). Formado por sete artigos, a obraanalisa os dados da enquete realizada por Ipsos Apoyo em quatro cidadesperuanas: Ayacucho, Lima, Piura e Pucallpa.
Aideia da publicação é colaborar com o “avanço de direitos e liberdadesenfrentando as persistências excludentes para transitar até uma sociedadeplural na qual a diversidade seja riqueza e não dificuldade”. Para isso, combase nos resultados da enquete, analisa questões como: violência contra amulher, relações homossexuais, igualdade de gênero, relação entre mulher epolítica, adolescência e saúde sexual e reprodutiva, aborto, e métodosanticoncepcionais.
Aenquete, realizada entre os dias 18 de março e 1° de abril, apontou, porexemplo, que 55% das pessoas entrevistadas consideraram que a violência físicaé o principal problema enfrentado pelas mulheres no país. Das pessoasentrevistadas pela pesquisa, 96% afirmaram que os/as adolescentes devem teracesso a campanhas de educação sexual. Além disso, 48% consideraram que oaborto deve ser permitido em casos de violação sexual.
Essessão alguns dos dados analisados nos artigos presentes na publicação. O artigo”Todoencaja”, de autoria de Jorge Bruce, por exemplo, destaca a questão daviolência e da discriminação contra a mulher no Peru. De acordo com apublicação, cerca de 80% das pessoas entrevistas afirmaram que as mulherescontinuam sendo discriminadas no país, principalmente mulheres andinas eprostitutas.
Brucelembra que muitas mulheres são vítimas de discriminação e objetos de violênciatanto física quanto psicológica. “Na realidade, todas estas formas de violênciacontra a mulher estão intimamente ligadas. O fio condutor é o processo defabricação cultural de uma imagem desprovida de atributos humanos ou cidadãos,quer dizer, de direitos, situação de inferioridade que depois é naturalizada e,para culminar o processo, é invisível”, explica.
Oartigo do psicanalista ainda chama a atenção para as mudanças sociais e decomportamento. Ele aponta, por exemplo, o acesso gradual das mulheres aposições no mercado de trabalho que antes eram vetadas para elas. Ao mesmotempo em que ocorre essa mudança, ele aponta que o assédio sexual também se modifica.É mais comum, por exemplo, o homem assediar uma subalterna do que assediar umamulher em cargo de chefia.
“Épreciso apontar que, precisamente porque a hegemonia masculina se vê hackeadapelas mudanças que estão se produzindo em diversos paradigmas – trabalhistas,patriarcais, ideológicos – que legitimavam essas atitudes de violência, emcertos setores se pode apreciar uma intensificação da violência por medo deperder esses privilégios. Quanto mais precário o lugar social do homem, maisnecessita da mulher – e dos filhos – como objeto compensatório no qualdescarrega sua frustração depressiva”, comenta.
Oautor do artigo acredita que, para mudar a situação de discriminação e deviolência contra mulheres, é preciso que elas tomem conhecimento de seusdireitos desde a educação até os aspectos da legislação.
Essee os demais artigos do livro estão disponíveis em: http://www.manuela.org.pe/analisis-critico-encuesta-sexualidad-reproduccion-y-desigualdades-de-genero/
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