segunda-feira, 25 de julho de 2011

O casamento acabou. Viva a amizade!

O casamento acabou. Viva a amizade!
Leia o depoimento de um ex-marido que mantém laços estreitos de amizade com as ex-mulheres. Será possível deixar de lado a frustração pelo casamento que não deu certo e transformar o vínculo amoroso em amizade?

Depoimento escrito por Miguel Soares.

Um casamento que deu certo não é só o que dura para sempre, mas também o que acaba e vira amizade. Ou acaba virando.

Tive três casamentos e meio. Todas as minhas ex-mulheres viraram minhas amigas. Inclusive aquela do “meio” casamento.

Chamo-o assim pela curta duração e pelo fato de não ter tido todos os ingredientes que caracterizam um casamento. Mas, o casamento é que foi pela metade, ela era inteira.

Pensando bem, se poderia também chamar de meio o atual, pois ainda não acabou e – madeira! – espero que nunca acabe.

O mais interessante não é terem se tornado minhas amigas, mas terem se tornado amigas entre si. Numa foto que guardo como um troféu, lá estou eu, feito um paxá, abraçado com três belas mulheres, em pleno exercício da “poligamia da amizade” ou de uma coisa ainda sem nome, a ser inventado. “Polifilia” é um horror. Mas, é por aí.

Naquela foto só falta uma, a do “meio” casamento, a única que mora em outra cidade. Mas já combinamos que na sua próxima vinda ao Rio, bateremos a foto completa.

As pessoas sempre estranharam essa situação e eu sempre estranhei que o fizessem. Estranho para mim é duas pessoas que dormiram juntos tantas vezes virarem inimigas pelo simples fato de terem parado de dormir juntas, morar juntas e dividir tarefas.

E o velho carinho? E as necessárias afinidades? E todo um período de suas histórias compartilhado? E as lembranças comuns? E até um certo dialeto que só os dois falam? Jogar esse patrimônio fora? Tô fora. Tudo bem, confesso que me excedi quando aceitei o convite da primeira ex e do marido dela, para juntos os três fazermos uma viagem de duas semanas ao exterior e – acreditem! – dividirmos um quarto de hotel, para ficar mais em conta.

O marido, a essa altura, já era um companheiro meu de cerveja e papos amenos. Apesar dos meus alertas de “isso-não-vai-dar-certo” , eles insistiam e eu, confesso, aceitei. Não deu certo. As razões não têm nada a ver com fato de dividir um quarto com a ex-mulher e o marido dela, mas com o próprio fato de dividir um quarto com alguém que não a sua mulher. Nem com pais e irmãos costuma dar certo.

Perdi alguns prazeres da viagem e o amigo. Isso prejudicou a relação com a primeira ex, mas não a ponto de ela deixar de ser ainda uma candidata forte para madrinha do meu filho de 10 anos, do terceiro e atual . (O segundo e o segundo e meio não renderam filhos).

A filha de 22 também é pagã e um dia cogitamos em fazer uma grande festa de batizado dos dois. Tirando o pequeno arranhão da tal viagem, continuamos amigos quase íntimos, eu e minha mulher, de todas as três.

A experiência me autoriza a dar vários conselhos para quem quer ficar amigo da ex-mulher ou do ex-marido. Mas fico em um só: o de ter cuidado com a reprodução involuntária de maus-hábitos do tempo do casamento. Amigos sim, mas não tão íntimos. Como disse Jânio Quadros para uma jornalista que o tratou por você: "Sra. jornalista, a intimidade gera filhos e aborrecimentos. E eu não quero ter nenhuma das duas coisas com a senhora!"

Filhos já tenho e tê-los tido foi uma dessas coisas que dão sentido à vida. Aborrecimentos, no momento estou dispensando. Viva o amor e viva amizade.
http://www.vaidarcerto.com.br/site/artigo.php?id=107

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