sábado, 30 de julho de 2011

Sexualidade na Gravidez

Sexualidade na Gravidez
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Saúde e Bem-Estar - Psicologia
22-07-2011
Aumento do físico pode diminuir prazer

Por Erika Morbeck*

A Gravidez é uma experiência única que acarreta mudanças significativas, tanto na mulher, como no homem. O processo de gravidez é considerado uma crise não patológica, na medida em que constitui uma fase de mudança do «ciclo de vida do casal». Esta nova fase requer uma adaptação da forma de estar, dos papéis, da sexualidade, do compromisso, da cumplicidade, do amor, transformando não só o conceito de família, mas também a relação.



Cada mulher tem reacções físicas e emocionais diferentes durante o processo de gravidez. Alguns factores relacionados com as alterações e reacções emocionais são os motivos que levaram a mulher a decidir engravidar, as mudanças eminentes no estilo de vida, a sua relação com os outros, os seus recursos financeiros, a sua imagem e alterações hormonais, entre outros.

Durante os trimestres da gravidez ocorrem algumas mudanças naturais a nível físico, tais como, engordar, alterações hormonais, dificuldade na mobilidade; a nível social, o impacto sobre o trabalho, a forma e disponibilidade de estar com os amigos, os pais passam a ter mais acesso à casa e interferem directamente sobre as rotinas; e ao nível psicológico com inseguranças, ansiedade, expectativas, mudanças e adaptação a novos papéis, crenças associadas à gravidez e até, em alguns casos, depressão.

Embora numa gravidez saudável não existam motivos que impeçam o processo normal de uma vida sexual gratificante, também seria incorrecto e irrealista afirmar veemente que a sexualidade do casal continua, como se nada houvesse de diferente. Não existe ausência da sexualidade, mas sim uma mudança da dinâmica sexual.

Durante o período de gestação, a relação do casal atravessa diferentes estados emocionais, que podem contribuir para a diminuição do desejo sexual, e que ocorrem por insegurança, desconforto, ausência de reciprocidade sentimental e falta de amor. Quando a mulher está absorvida com a gravidez, é natural que a sua mente fique preocupada com a sua nova identidade e que sinta alguma ansiedade em relação ao bem-estar do bebé e do parto. Estas alterações irão afectar, em maior ou menor grau, cada casal, em função da informação que possui sobre o processo de gravidez, das experiências e expectativas prévias, da personalidade e estado psicológico e do nível de stress.

Em termos físicos e emocionais, cada trimestre é diferente. No primeiro trimestre, os três primeiros meses da gestação, há um acréscimo dos níveis hormonais de estrogénio e progesterona que provocam alguns efeitos físicos, como mudanças nas mamas e nos órgãos genitais, que podem afectar a sexualidade feminina. Todas essas modificações são súbitas e evidentes, podem provocar um estado de labilidade emocional (também causada pelo medo de abortar), razão pela qual a mulher necessitará de maior atenção e demonstração de amor por parte do seu parceiro. As alterações hormonais da gravidez podem também reduzir consideravelmente o desejo sexual da mulher, sobretudo, se sentir náuseas ou vómitos, obstipação, fadiga ou sonolência. É possível observar, a nível genital, um aumento da lubrificação vaginal, que se irá manter durante toda a gravidez e que facilitará o coito; por outro lado, o intumescimento dos tecidos da região pélvica, devido ao aumento do volume sanguíneo, pode ser o responsável pelo aparecimento de irritação e desconforto vaginal na penetração. O aumento da sensibilidade mamária, que é o sintoma mais característico deste trimestre, faz com que normalmente seja desagradável a estimulação, que antes era fonte de prazer.

O segundo trimestre é, para a grande maioria das mulheres, a fase mais agradável da gravidez. Já não há medo de perder o feto, aumenta o sentimento de felicidade e há maior adaptação ao processo de mudança. O bem-estar e o aumento da congestão pélvica podem aumentar o desejo sexual da mulher. O maior afluxo de sangue conduzido para a região pélvica, provocado pelas alterações hormonais da gravidez, é responsável pelo aumento da sensação de excitação sexual, facilitando o orgasmo, sendo que algumas mulheres experimentam orgasmos múltiplos pela primeira vez. A leucorreia, comum na gravidez, aumenta a lubrificação vaginal e facilita a penetração. Por outro lado, com o aumento do volume abdominal, próprio do segundo trimestre, algumas mulheres sentem-se preocupadas com o seu aspecto físico e, portanto, com a sua capacidade de despertar o interesse sexual do parceiro, o que pode afectar a auto-estima.

No terceiro trimestre, o aumento das queixas somáticas e o aumento do volume físico podem provocar uma diminuição de prazer e do interesse sexual. A mulher começa a preocupar-se com a preparação da chegada do bebé, com o parto e com o aspecto. Nesta fase, o orgasmo pode não ser pleno, devido à resposta fisiológica da sexualidade. O sexo é incómodo, pois a barriga atrapalha algumas posições sexuais.

Embora a mulher e o casal passem por estes processos em cada trimestre, a gravidez não impede a vivência e expressão da sexualidade. Fazer sexo não prejudica o bebé em nenhuma fase da gravidez, pois ele encontra-se protegido no interior do útero, mergulhado no líquido amniótico. Em alguns casos, de facto, poderá ser aconselhada a não ter relações sexuais pelo médico quando surgem algumas complicações, como hemorragia vaginal ou ameaça de parto prematuro. A gravidez é um momento único e um processo de transição no ciclo de vida do casal e na sua vida sexual.

Desde o teste positivo a indicar Gravidez até ao parto e o pós-parto, o casal sofre um processo de mudança e adaptação inerente à nova fase que deverá ser acompanhada por informações adequadas, científicas e promotoras de adaptação dos aspectos físicos, psicológicos, sociais, sexuais e relacionais. A informação e o apoio de profissionais, da família e do parceiro são importantes na vivência de uma gravidez e de uma sexualidade feliz e satisfatória.

* Psicóloga Clínica, Psicoterapeuta, Terapeuta Sexual e Sexóloga
www.erikamorbeck.info
http://sexoforte.net/mulher/artigos.php?id=3450&w=sexualidade_na_gravidez

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