sábado, 30 de julho de 2011

Sexualidades Atípicas ou Parafilias

Sexualidades Atípicas ou Parafilias
----------------------------------------------------------------------------
Saúde e Bem-Estar - Psicologia
29-07-2011
Parafilias são fantasias, comportamentos ou impulsos sexuais recorrentes

Por Erika Morbeck*

Actualmente a normalidade é definida pela norma estatística. Desta
forma, o critério de normalidade baseia-se na frequência de dado
comportamento sexual, dos padrões culturais e do período histórico.

Durante muitos anos as condutas sexuais raras ou invulgares foram
consideradas «anormais», «aberrações» ou desviantes. O termo científico sexualidades atípicas ou parafilia veio substituir estas terminologias baseadas em julgamentos morais.



As parafilias são marcadas por fantasias recorrentes sexualmente excitantes,
impulsos sexuais ou comportamentos sexuais que implicam, geralmente,
excitação sexual como resposta a estímulos invulgares, tais como, objectos
não humanos, sofrimento ou humilhação do próprio e do seu parceiro, crianças ou outras pessoas sob coacção.

Os parafílicos normalmente possuem impulsos persistentes e recorrentes, que variam de intensidade, são compulsivos ou de difícil controlo, tal como os adictos de drogas. Em alguns casos, isto é explicado, devido a comorbilidade entre a parafilia e a Perturbação Obsessivo-compulsiva.

Para alguns parafílicos, o comportamento, os estímulos sexuais atípicos ou as fantasias parafílicas são o único meio de conseguir satisfação sexual ou excitação erótica. Tipicamente, a pessoa com parafilia reproduz o acto parafílico em fantasias sexuais para se estimular e excitar durante a masturbação ou nas relações sexuais. Noutros casos, as preferências parafílicas ocorrem apenas episodicamente, enquanto noutras ocasiões a pessoa é capaz de funcionar sexualmente sem as fantasias ou estímulos sexuais atípicos. Sendo que, depois de algum tempo, a pessoa sente necessidade de viver a realidade de outro acto parafílico, flutuando entre
diversos tipos de parafilia.

As parafilias estão classificadas entre as predominantemente não agressivas, considerando que existe consentimento do outro, pouca ou nula agressividade, tais como vomerofilia, sinforofilia, gerontofilia, hibristofilia, autogonistofilia, infantilismo, fetichismo, travestismo, asfixia auto-erótica, manipulação uretral, sado-masoquismo, zoofilia, formicofilia, necrofilia, clismafilia, olfactofilia, misofilia, urofilia, coprofilia, vampirismo, escotofilia, narratofilia, crematistofilia e saliromania. Outras parafilias são consideradas predominantemente agressivas, quando não existe consentimento do outro, com presença de comportamento agressivo ou sentimento de agressividade pelo outro (desvios individuais patológicos), tais como, exibicionismo, telefonemas obscenos, voyerismo, frotteurismo, pedofilia e stalking.

Não é clara a percentagem de parafilias na população geral, sendo que, com
excepção do masoquismo sexual, todas as parafilias se manifestam quase
exclusivamente nos homens (20♂:1♀).

Os estudos sobre as causas da parafilia não são conclusivos. De acordo
com Abel (1995), o comportamento sexual atípico é desenvolvido em quatro
fases: quando a criança é exposta a estímulos sexuais directos (contacto
físico) ou indirectos (observar, ouvir), envolve um ensaio cognitivo do que foi experienciado com consequências imaginárias positivas ou negativas,
passagem ao acto do comportamento, experimentando as consequências

positivas e negativas e dependendo das consequências da experiência, o
comportamento será repetido e variado ou modificado sendo reforçado.

Janssen (1997) e Bancroft (1998) defendem que existem marcadores biológicos específicos, tais como, factores neurofisiológicos que diferenciam um parafílico de um comportamento sexual atípico, aceita-se a teoria de que os factores causais são biopsicossociais, comportamentos sexuais são auto reforçados pelo prazer nos pensamentos, rituais de antecipação, pela redução da ansiedade, diminuição dos sintomas depressivos e a gratificação e prazer na passagem ao acto.

Money (1989), desenvolveu um modelo teórico integrativo entre factores biológicos e psicossociais que envolve o conceito de Love Maps,
desenvolvido na infância e formuladas através de experiências sexuais
neste período, estas experiências são cravadas na memória da pessoa
(template), como também especula que os factores hormonais podem
influenciar a susceptibilidade da criança.

O comportamento atípico no que diz respeito a sexualidade deve ser
considerado uma cultura específica. Trata-se da forma como cada pessoa
vive a sua sexualidade. Desde que o mesmo respeite o outro e as
leis vigentes, não pode ser considerado um problema. Em alguns casos o
comportamento parafílico, principalmente o predominantemente agressivo
irrompe a lei, subjuga e causa sofrimento ao outro ou para si próprio. Nestes casos, convém fazer uma avaliação e consequente terapia.

* Psicóloga Clínica, Psicoterapeuta, Terapeuta Sexual e Sexóloga
www.erikamorbeck.info
http://sexoforte.net/mulher/artigos.php?id=3481

Nenhum comentário:

Postar um comentário