sábado, 30 de julho de 2011

Violência no Namoro

Violência no Namoro
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Saúde e Bem-Estar - Psicologia
01-07-2011

Um gesto que tende sempre a repetir-se

Por Erika Morbeck*

A violência doméstica tem sido um assunto cada vez mais abordado e o número de mulheres que procura auxílio tem aumentado. Actualmente existem Associações de Apoio à Vítima, como a APAV, e a violência doméstica passou a ser um crime público, podendo qualquer cidadão fazer denúncia diante de episódios de violência doméstica.



A violência no namoro, por lei, também se integra na violência doméstica. No entanto, por vezes, este assunto é negligenciado. A violência não acontece apenas com adulto e/ou nos casamentos/união de facto e, na fase do namoro, pode ser precursora de um caso de violência entre casais, constituindo um factor de risco para violência marital.

Há uma tendência em descurar os sinais de agressões nas relações de namoro, pois ainda está associado a alguns mitos, tais como a violência no namoro não é uma situação comum nem séria; as adolescentes gostam dessas relações ou não continuariam com o namoro; um rapaz grita ou bate porque gosta da namorada, caso contrário não tinha ciúme; de alguma forma, o outro provocou a agressão, pois são imaturos; quando alguém conta sobre a agressão, é exagero ou mentira, é uma chamada de atenção.

Trata-se de um assunto sério, um problema social e de saúde que deve ser tratado com todo o cuidado e apoio. Estima-se que entre 20 e 30 por cento dos adolescentes já tenham vivido situações de violência em relacionamentos de namoro. Entre os jovens adultos, esta percentagem sobe para os 50 por cento.

A violência não conhece fronteiras de estratos sociais, faixas etárias, géneros, religiões, etnias e ocorre em todos os casais (heterossexuais e homossexuais). Existe violência quando, numa relação amorosa, um exerce poder e controlo sobre o outro, com o objectivo de obter o que deseja. Esta pode-se manifestar de várias formas: física: acção ou omissão que coloque em risco ou cause dano à integridade física de uma pessoa; psicológica: ameaça directa ou indirecta, humilhação, isolamento, ou qualquer outra conduta que implique prejuízo à saúde psicológica, à autodeterminação ou ao desenvolvimento pessoal e/ou; sexual: acção que obriga uma pessoa a manter contacto sexual, físico ou verbal, ou participar de outras relações sexuais com o uso da força, intimidação, manipulação, ameaça ou qualquer outro mecanismo que anule ou limite a vontade pessoal.

Geralmente existem sinais específicos que configuram a violência no namoro. Os pais, amigos e familiares devem ficar atentos a sinais como beliscões, empurrões, arranhões…, ordens ou tomadas de decisões sozinho/a, sem valorizar ou ouvir a do/a namorado/a, não valorização das opiniões do/a namorado/a, ciúme exagerado, sentimento e comportamento de posse e de controlo, humilhação (insultos, diz que nada seria sem ele/ela, etc.), culpabilização do outro pelos seus comportamentos violentos, ameaças ao ponto do outro ter medo da reacção mediante o que diz ou faz, pressão para ter relações sexuais (às vezes sem protecção ou práticas sexuais não desejadas pelo outro), pressão para consumir álcool ou outras drogas que poderão desinibir sexualmente, intimidação e não-aceitação que o outro ponha termo à relação, oferta de prendas em excesso, especialmente após um comportamento violento.

Por vezes, os episódios de violência estão associados ao consumo e/ou abuso de substâncias e psicopatologias. Regra geral, a violência não é uma constante na relação, acontece ocasionalmente, e após o episódio de violência existe a chamada fase de calma. Nesta fase o agressor procura desculpabilizar-se e desresponsabilizar-se, pedindo desculpa, oferecendo presentes e prometendo que não voltará a acontecer.

As vítimas não estão com o namorado/a por gostarem de sofrer ou ser agredido/a. Costumam achar que gostam realmente do namorado/a, acreditam que a violência vai acabar e que poderá mudá-lo/a. Por vezes, sofrem a pressão do grupo, no que se refere aquilo que os/as amigos/as pensam e por querer sentir-se aceite, sentem vergonha (de contar à família e amigas/os o que se está a passar) e medo (das represálias, perseguições, ameaças…).

Conhecer os sinais e ficar atento são bons princípios para ajudar as vítimas. Caso conheça algum caso, pode denunciar à polícia, indicar a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV – 707 2000 77) e incentivar a vítima e o agressor a procurarem apoio psicológico.

* Psicóloga Clínica, Psicoterapeuta, Terapeuta Sexual e Sexóloga

www.erikamorbeck.info

http://sexoforte.net/mulher/artigos.php?id=3450&w=sexualidade_na_gravidez

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