sábado, 30 de julho de 2011

A Sexualidade no Ciberespaço

A Sexualidade no Ciberespaço
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Saúde e Bem-Estar - Psicologia
17-06-2011
Diferentes formas de viver
Por Erika Morbeck*

O ciberespaço tem proporcionado aos seus utilizadores o conhecer e/ou vivenciar a sexualidade de diversas formas e com diferentes tipos de atitudes e comportamentos. Autores defendem que a sexualidade no ciberespaço foi a última revolução sexual obtida pelo Homem nos últimos tempos.



Na década de 90 tiveram início vários estudos para tentar perceber qual o impacto real da Internet sobre o comportamento sexual. Desde esta época os estudos variaram entre a descrição da Internet como meio que propicia o comportamento desviante e/ou aditivo, o uso da pornografia, o incentivo ao assédio sexual, pedofilia e tráfico de mulheres e crianças. No entanto, actualmente, classificam-se diferentes tipos de utilizadores, tais como recreativos (e. g. Apropriate e Inapropriate) e problemáticos (e. g. Discovery, Predisposed ou Lifelong Sexually Compulsive Group).

Ainda na década de 90 começou-se a olhar para a interacção via Internet como sendo benéfica, relativamente à promoção de contactos sociais, desenvolvimento de competências de comunicação, redução do isolamento social, promoção de comunidades virtuais e acesso fácil a informação sobre a sexualidade.

O ciberespaço passou de revolução a uma característica cultural dos tempos actuais. «A Internet, não tendo fronteiras geográficas, é um mundo livre e de fácil acesso, com custos reduzidos, que permite a existência de todas as formas de actividade sexual», nomeadamente de actividades sexuais online (ASO).

Na Internet, os indivíduos podem fazer o seu perfil fidedigno ou optar por adoptar o nome, o género, a etnia, a personalidade que pretendem, conseguindo disfarçar ou incrementar o que são na realidade. Trata-se de um ambiente privado, de fácil acesso, seguro, sem contacto e com forte probabilidade de manter o anonimato.

Estudos demonstram que cerca de 12 por cento dos estudantes universitários homens e 10 por cento das mulheres já participaram em cibersexo. Algumas actividades sexuais online são mais visualmente orientadas (e.g. filmes e imagens de adultos) enquanto outras são mais interactivas e/ou comunicativas (e.g. chatting, fóruns de discussão). A ASO pode existir no contexto de uma relação íntima real (ex: entre namorados geograficamente separados) ou entre indivíduos desconhecidos que se encontram no ciberespaço.

São reconhecidas algumas vantagens e desvantagens da utilização do ciberespaço. Como vantagens considera-se que a Internet contribui para a informação adequada sobre a sexualidade, possibilitando uma educação sexual com mais qualidade, permite satisfazer alguns desejos sexuais sem o risco de contrair infecções sexualmente transmissíveis ou de engravidar, é fisicamente seguro para os jovens experimentarem as suas ideias sobre sexo e emoções, é também útil para pessoas doentes (SIDA) ou infectadas (incluindo HIV) ou sem parceiro/a sexual obterem gratificação sexual de uma forma segura, não pondo em risco eventuais parceiros. Permite ainda a parceiros (reais) fisicamente separados manterem a intimidade sexual, pode ser útil para fornecer conteúdos a escritores que necessitem de cenas realistas de sexo, permite o acting out de fantasias «proibidas» ou irrealistas, bem como proporcionar o encontro e/ou formação de grupos, facilitando as relações entre as populações minoritárias eróticas. Algumas desvantagens ou perigos associados às ASO são que, apesar de não envolver contacto físico, as emoções envolvidas podem causar stress conjugal, especialmente quando a experiência culmina num romance cibernético, podendo resultar em divórcio. Por outro lado, existem cada vez mais pessoas com comportamentos aditivos, o anonimato relativo pode encorajar a busca de parceiros menores de idade, pois no decurso destas «conversas» estes indivíduos enviam pornografia infantil a outros ou arranjam encontros reais com menores. Daí que a transferência do cibersexo para a vida real possa ter consequências perigosas (e.g. rapto, violação…), consumir muito tempo e disponibilidade (isolamento e negligência no trabalho e outras responsabilidades). Além disso, como na Internet não é possível efectuar uma verificação fidedigna de idades, os menores poderão, facilmente, envolver-se em situações sexuais inapropriadas.

O uso do ciberespaço é volúvel, cabendo a cada utilizador fazer uma análise do tipo de uso que dá a esta ferramenta. Tente perceber a que grupo pertence e caso considere que é um utilizador de risco tente mudar o comportamento sozinho ou com ajuda especializada.

* Psicóloga Clínica, Psicoterapeuta, Terapeuta Sexual e Sexóloga

www.erikamorbeck.info
http://sexoforte.net/mulher/artigos.php?id=3287&w=a_sexualidade_no_ciberespaco

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