sábado, 23 de julho de 2011

Lamentações na Cama...

SÁBADO, 23 DE JULHO DE 2011
Lamentações na Cama...

Satisfação plena no sexo, convenhamos, não é coisa muito garantida. As peças do quebra-cabeças do prazer nem sempre se encaixam perfeitamente e o resultado é uma sensação de "quase lá". Mas alguns desencaixes extrapolam quando se tornam rotina. São as famosas queixas sexuais que, nos consultórios de sexologia ou nos animados papos de banheiro feminino, marcam presença em busca de uma solução - que precisa ser tomada dentro e fora da cama.
Os mitos e mistérios do orgasmo ainda são, segundo os sexólogos, as maiores fontes de dúvidas e queixas sexuais. A dificuldade e a pouca frequência com que se chega do clímax raramente têm causas orgânicas. Fatores educacionais e culturais repressores são as maiores razões para a anulação do prazer. "Eu acho que só fui gozar uns cinco anos depois de perder a virgindade. Mas só aprendi como a coisa funciona pela masturbação. Vi como meu corpo reagia, o que eu gostava, o que não gostava. Hoje em dia sei bem as posições que me favorecem mais", comenta a bancária Mirian Bregman.
O sexólogo e ginecologista Gerson Lopes confirma que se permitir a esse conhecimento é a melhor forma de se proporcionar o clímax. "É muito mais fácil quando se sabe o funcionamento do próprio corpo e isso se dá com mais sucesso fantasiando a partir do toque. Depois, com o parceiro, ela vai buscar estímulos mais efetivos no clitóris, como sexo oral ou uso de massageadores e vibradores. Eu só não recomendo o uso do lençol ou da fricção entre as coxas porque isso vai criar a dependência de um artifício", recomenda.
Gerson ressalta a crueldade do que chama de "ditadura do orgasmo". "Ela é uma das maiores violências domésticas que nós temos hoje. Vejo mulheres entrando em depressão porque não conseguem chegar até ele", comenta. O problema começa entre os mitos que rondam o prazer feminino. "Entre as jovens, a internalização dessa obrigação é maior. O orgasmo vem permeado de uma série de mentiras como de que existem dois tipos, clitoriano e vaginal; que tem de ser simultâneo; que tem de ser no coito. E a confusão de que orgasmo e prazer são sinônimos. Não são", comenta.
“A diminuição do desejo passa a ser causada pela incapacidade do indivíduo de lidar com situações novas, diferentes ou problemáticas. Podemos dizer que é uma dificuldade de administração”
Outra queixa constante nos consultórios diz respeito à baixa libido. Como nas dificuldades orgásticas, são os aspectos psicológicos que acabam levando vantagem em cima da biologia. Para o psicólogo Oswaldo Rodrigues Jr, do Instituto Paulista de Sexualidade, os problemas ligados à falta de apetite sexual estão relacionados às incapacidades individuais de superar certas circunstâncias da vida. "Algumas pessoas que se queixam disso entram em ansiedade e não desenvolvem o comportamento sexual. Então, a diminuição do desejo passa a ser causada pela incapacidade do indivíduo de lidar com situações novas, diferentes ou problemáticas. Podemos dizer que é uma dificuldade de administração", acredita.
Por ironia do destino, as mulheres que gerenciam casa, filhos e trabalho, são as maiores vítimas dessa dificuldade. "A sexualidade feminina está muito ligada ao estado psicológico. A mulher precisa de estímulos preliminares mais demorados e intensos e precisa estar mais acessível à sexualidade para poder exercê-la", diz a sexóloga Glene Faria, incluindo a menopausa na discussão. "É um período de transição, de conflitos emocionais e questionamentos. Tudo isso ajuda na diminuição do desejo", afirma.
Glene, entretanto, ressalta um fenômeno recente: se antes, as queixas sobre baixa libido vinham em sua maioria de mulheres mais experientes, o problema agora começa a incomodar também os mais jovens. "Os casais hoje, com maior liberdade comportamental, começam a se relacionar sexualmente desde cedo e caem na chamada rotina ainda dentro do namoro. O quadro das mesmas duas pessoas fazendo sexo do mesmo jeito é a raiz da questão", comenta ela. E o ponto de partida para a solução é na psiquê feminina. "Velas perfumadas, música, lingeries, ambiente diferente. Estímulos que façam a mulher pensar em sexo. Quando isso acontece, o corpo responde", acrescenta ela.
As reclamações não exatamente sobre a própria sexualidade mas sim sobre o desempenho do parceiro, se acaloram nos clubes da Luluzinha. Entre as reincidências masculinas, a que incomoda maior parte de mulheres é o, digamos, excesso de pragmatismo. "Eu detesto homem que chega e só quer saber da penetração ou forçar o sexo oral. Parece que nunca foram para cama com uma mulher na vida e não sabem como funciona. Todo mundo sabe que a gente gosta de envolvimento, preliminares quentes, demoradas, pra relaxar, curtir e fazer o que dá vontade", comenta a secretária executiva Alessandra Daniel.
“Se depois de seis meses de relacionamento, com o cara sabendo especificamente do que você gosta e mesmo assim ele só fazendo o que lhe interessa, não tem jeito”
A advogada Gabriela Trindade também tem trauma desse tipo de comportamento. "Tive um namorado que era assim na cama e era um inferno. Me sentia um objeto, uma boneca inflável. Não me sentia transando com o cara que eu amava e que me amava também. Toda vez em que a gente ia pra cama, eu tinha que pedir pra ele fazer o que eu queria e muitas vezes sentia que ele ia de má vontade. Se depois de seis meses de relacionamento, com o cara sabendo especificamente do que você gosta e mesmo assim ele só fazendo o que lhe interessa, não tem jeito. É incompetência ou egoísmo", reclama ela.
Mas quem acha que, ao menos depois que a coisa acaba, cerram-se os problemas está muito enganado. "A transa pode ter sido até muito boa, mas quando o cara goza, vira pro lado e dorme, fico arrasada", queixa-se a engenheira mecânica Carolina Montaz. Ela é das que acha que "depois do amor", é hora de ficar juntinho na cama, trocar palavras apaixonadas e comer frutas. "Eu sei até que minha exigência é um pouco forte, mas eu acho um momento crucial. Embora eu entenda o cansaço físico do cara e a descarga energética que acontece ali. Eu mesmo quando estou com sono, não consigo ficar lutando contra ele", pondera ela.
A sexóloga e terapeuta de casais Margareth Labate conclui, lembrando a importância do diálogo dentro e fora da cama. "Não é só na hora do ato em si que a gente descobre o que é bom ou ruim para a gente e para o outro. É preciso tratar o sexo com honestidade e ter um diálogo aberto com o parceiro sobre o comportamento do casal", diz ela, comentando que o sexo pode até ser ainda um tabu na sociedade, mas que é o respeito e a conversa entre quatro paredes as soluções para tantas queixas.
Fonte: http://msn.bolsademulher.com/sexo
http://saborsensual.blogspot.com/2011/07/lamentacoes-na-cama.html?zx=be6f3ebd0dd28ae5

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