terça-feira, 17 de maio de 2011

Qual é a melhor hora para explicar tudo ao seu filho?

Educação sexual
por Sylvio Netto | 13/05/2011
Qual é a melhor hora para explicar tudo ao seu filho?

Muitos são os tabus quando o assunto é sexualidade, ainda que isso pareça estranho em pleno século XXI. Quando está associada às crianças, então, a questão ganha maior dimensão e muitos pais preferem evitar que os filhos tenham contato com o tema. No entanto, a curiosidade dos pequenos desencadeia a necessidade do início da educação sexual. Afinal, que mãe nunca se surpreendeu com a pergunta: "De onde vêm os bebês"?

A principal questão é quando começar a falar sobre o tema. Dentro de casa, o interesse dos filhos é que vai ditar o tempo certo para a conversa. "Quando eles começarem a fazer perguntas, discuta o assunto. E as respostas devem ser de forma simples e verdadeira, sem historinhas", ensina a psicóloga especializada em sexualidade humana Katia Horpaczky.

Nas escolas, a educação dos alunos passa por uma metodologia. "Idealmente, o tema deve ser iniciado a partir do sétimo ano do ensino fundamental, dentro da grade escolar. No entanto, em casos como a gravidez de uma professora, por exemplo, acontece o que caracterizamos de forma episódica. Por conta disso, teremos algumas aulas relacionadas ao tema", aponta o psicopedagogo especializado em educação sexual em escolas Ênio Brito Pinto.

Em meio ao desenvolvimento do corpo e da mente, é natural que a curiosidade das crianças se volte aos seus órgãos sexuais. Por isso, a psicopedagoga Ieda Cury, especialista em educação infantil, mostra como, desde sempre, o assunto pode ser tratado com leveza e sem criar tabus. "A criança tem que aprender a lidar com o seu corpo desde seus primeiros anos na escola. Eles têm muitas dúvidas, inclusive sobre a sua sexualidade. Nessa hora, a família e a escola precisam estar preparadas para responder tudo", destaca.

Cooperação família e escola

A simbiose entre os pais e o estabelecimento de ensino é a peça-chave para colher bons resultados. "Deve ser a relação mais aberta possível, passando pela aprovação dos pais e estabelecendo limites bem esclarecidos", reitera Pinto. Para Cury, a escola não deve ser a primeira a levantar o assunto e, sim, os pais. "Se eles não souberem abordar o tema, existe uma excelente literatura que pode auxiliar. Nas reuniões de pais, a escola pode promover também alguns encontros para ensiná-los", diz.

A metodologia é conseguir associar um tema sério a formas lúdicas de informação, evitando que se transformem em tabus. "É preciso alternar a seriedade com o bom humor, que um bom professor sabe bem conduzir. E deve-se levar sempre em conta as influências do grupo social, o nível de cultura e as diferenças individuais" destaca Pinto.

Conversa, paciência e literatura adequada são ótimas ferramentas para ajudar pais e professores. "Livros, filmes, palestras, debates em sala de aula. Tudo que possa proporcionar conhecimento a todos", indica Horpaczky.
Informação

Os problemas de moral e bons costumes, responsáveis pelos tabus, já estão fora de moda. A questão é informar os alunos sobre os inúmeros transtornos decorrentes da má educação sexual. "Existe uma enorme gama de temas: gravidez, aborto, DSTs, pedofilia. Todos são assuntos muito sérios e não podem ser ignorados pelo currículo escolar", salienta Cury.

As fases da educação sexual começam na infância, no conhecimento do corpo, passam pela higiene, proteção e funcionamento do aparelho reprodutor até atingir as relações sexuais. "Dar o conhecimento é a maior das armas, e aí entra o papel da escola. Já a decisão de como utilizá-lo é de cada um", decreta Cury.

Um dos maiores temores dos pais é que, ao se tocar muito no assunto, os filhos se sintam livres para fazer o que quiserem. "Muitos pensam que, por isso, o jovem vai sair fazendo sexo por curiosidade. Ou que vai despertar a curiosidade da criança antes da hora", explica. Mas, na opinião dos orientadores, é um processo natural. "Ninguém diz para o menino que ele deve sentir desejo pela menina. Existem os hormônios que entram em ação e despertam esse interesse", comenta Cury. Pinto corrobora: "Eles próprios são o objeto de estudo. É algo que já está acontecendo com eles. São os exemplos vivos da didática. E cabe a nós orientá-los".

Clareza e objetividade

Mãe de dois filhos, de dois e quatro anos, a diretora da Universidade da Saúde, Fernanda Santaguida, sabe do desafio de lidar com a sexualidade, mas aposta num jogo às claras. "A informação é sempre a melhor alternativa. Evita gravidez indesejadas, previne doenças, cria seres mais capacitados para se relacionar com outros sem medos e preconceitos", acredita. Sobre a influência da televisão e da internet, ela sabe que não pode estar 24 horas na cola dos filhos. "Eles já cantam músicas de duplo sentido e, mesmo que ainda não entendam, é uma questão de tempo. Não dá para desligar a TV ou não acessar a internet", reconhece.

Palavras curtas, claras e muito objetivas, sem restrição ou vergonha para falar de sexo. Para Santaguida, essa é a forma de instruir as crianças de maneira saudável. "Cresci numa casa em que a minha mãe agia assim comigo e nem por isso virei uma ninfomaníaca ou engravidei adolescente ou quis experimentar o sexo antes da hora. Assim vou agir com meus filhos, sempre entrando em consenso com o meu marido", ressalta.

Para Cury, a desmistificação deve acontecer primeiro no imaginário dos pais. "Os pais já devem ter isso esclarecido internamente. Eu, como mãe, sei que sempre pensamos que nossos filhos são ainda novos e inocentes, e queremos protegê-los. No entanto, os pais entregam os filhos às escolas, e as escolas recebem os alunos. Aí é que está a diferença. Cada um cumpre o seu papel", conclui a psicopedagoga.
http://www.bolsademulher.com/familia/educacao-sexual-105702-2.html

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